Lá no começo da vida do Xbox One, em algum daqueles trailers que mostravam vários games a serem lançados futuramente para o sistema, pude ver o trecho de um game chamado Lifeless Planet, onde um astronauta caminhava sobre um planeta. Em poucos segundos, aquilo já despertou minha curiosidade e coloquei o game na minha lista de observação de games para serem jogados. A espera foi maior do que eu esperava, até que por volta do meio de 2015 finalmente o game chega ao Xbox One, com preço promocional e tudo. Hoje o game já se encontra disponível no Steam e no PlayStation 4 também.
Infelizmente não tinha dinheiro na época, e somente alguns meses depois o jogo entrou em promoção e pude comprar esse jogo, terminando-o em duas etapas, na primeira jogando cerca de umas cinco horas, e meio que esqueci dele, retomando uns dois meses depois. No total, levei 17 horas para terminá-lo, o que parece ser um tempo demasiado longo, já que uma das Conquistas dele exige terminá-lo em menos de 4 horas.
O motivo dessa demora é algo particular a mim, pois adoro explorar bem os cenários do game que estou jogando, o que é terrível de se fazer em jogos como The Witcher, Zelda, GTA, e similares. Facilmente me vejo apenas andando a esmo, movido pela curiosidade de ver as coisas. E em Lifeless Planet, fiz muito disso. Definitivamente nesse jogo é preciso caminhar muito pelo planeta desconhecido, os cenários são simples, a ambientação é desolada, e vontade de descobrir alguma coisa atrás daquela montanha é enorme.
Algumas pessoas consideram esse game como parte daquilo que se convencionou chamar de gênero Walking Simulator. Eu estou com elas. Nesse jogo, você é um astronauta russo que precisa explorar um planeta desconhecido e que supostamente deveria ser rico em vida. O pouso não é perfeito e sozinho descobrirá que humanos já estiveram naquele planeta antes, e esse é apenas um dos mistérios que começam a surgir…
Criador e Criatura, ambos solitários
Criado por David Board (sim, um cara só!) e financiado pelo KickStarter, Lifeless Planet é um jogo honesto, de visuais e mecânicas simples, tendo a trilha sonora talvez como parte mais interessante. Definitivamente, não é um jogo que consegue agradar a maioria das pessoas, mas me agarrei nos pequenos pontos de interesse que o jogo despertou em mim, e posso dizer que valeu a pena investir nele.
A sensação de estar perdido naquele planeta, tendo que caminhar muito, me preocupar com minha sobrevivência, a curiosidade sempre atiçada por descobrir coisas naquele ambiente, tudo me cativou de maneira similar ao filme Perdido em Marte (2015). Não que precisei fazer tantas coisas como Mark Watney, e no fim a minha história naquele planeta foi muito diferente da dele em Marte, mas houve uma conexão íntima entre nós. Assim como Watney, eu queria muito sobreviver.
Reforçando um ponto, Lifeless Planet não é um jogo difícil, boa parte das mortes que tive nele se deram por conta da jogabilidade não tão precisa, então caí muito em abismos e buracos. O jogo tem uma Conquista para aqueles que terminam sem morrer, e CONSIDERO TAL CONQUISTA ALGO REALMENTE DIFÍCIL. Tanto que apenas 2% daqueles que jogaram fizeram isso.
Então o meu conselho é simplesmente mergulhar fundo no game, ser mais objetivo do que eu fui, e pensar na vida enquanto joga. Sim, enquanto você caminha para ir atrás daquele monte para ver se tem algo lá, e se estiver bem imerso na atmosfera do game, você ganha algumas reflexões sobre si mesmo. E enquanto você caminha para o final do game, mais e mais coisas estranhas passam a acontecer, o suficiente para dar o empurrão que falta para esquecer dos problemas do jogo e descobrir o que são aquelas malditas coisas que passam a te atormentar.
Vale a pena vestir o macacão espacial?
Se você realmente gosta da premissa, gosta de explorar, e não se incomoda com as limitações de um jogo de baixo orçamento, é possível que Lifeless Planet valha a pena. Eu penso em como o jogo poderia ser tão mais legal se tivesse um orçamento mais generoso, se tivesse uma proposta de exploração mais ambiciosa, se tivesse um roteiro mais recheado de elementos mais reflexivos, se não precisasse de tantos “se” a mais.
Ainda assim, vale a pena lembrar que é tudo feito por uma pessoa só! E é sempre bom matar uma curiosidade e a minha por Lifeless Planet assim está, morta na imensidão do vasto espaço da minha mente.