Não é uma loucura pensar que já fazem mais de 7 anos que Batman Arkham Asylum foi originalmente lançado? Tente pensar como era a sua vida há sete anos atrás. Para o público mais jovem, setes anos é quase uma passagem importante da vida adolescente para a vida adulta. Sete anos. Uau.
É interessante como Arkham Asylum sobreviveu bem ao tempo. Foi um título famoso ao longo de toda a geração passada, sendo jogado por quase todo dono de um PlayStation 3 ou Xbox 360. Ele e suas sequências aliás, Arkham City e Arkham Origins. E nesta geração já há um novo game dessa franquia: Batman Arkham Knight. É um belo legado então, iniciado lá em 2009 e que até hoje outras empresas e estúdios ainda tentam replicar esse sucesso com outros games de super heróis, mas não acho que alguma tenha conseguido superar os méritos da série Arkham da competente Rocksteady Studios, estúdio que cuidou de todos os games da franquia, exceto Arkham Origins (desenvolvido pela WB Games Montréal, e não tão bem aclamado quanto os demais).
Agora posso revelar um pecado pessoal aqui? Sim, eu nunca joguei apropriadamente a série Arkham. Cheguei a ter Batman Arkham Asylum no meu Xbox 360, mas nunca o terminei. Fiquei ali, estacionado nas primeiras horas do game e nunca retornei para encerra-lo. Não por falta de interesse, mas porque a geração passada foi realmente uma loucura pra mim. Foram mais games do que conseguia dar conta, fora as centenas de horas em sessões multiplayer online, descobrindo a beleza de se jogar online. Enfim, chega de lamentações.
É muito legal então que a WB Games tenha dado essa nova oportunidade para casos perdidos, como eu, de poderem realmente conhecerem toda a série Arkham agora nesta geração, ao menos os títulos na qual a empresa diz que importam (afinal Arkham Origins foi varrido para baixo do tapete). Eis que então no último dia 17 de outubro foi finalmente disponibilizado para as plataformas do PlayStation 4 e Xbox One a coletânea chamada Batman Return to Arkham, contendo as sagas Asylum e City, os dois primeiros games da franquia, remasterizados e com todos os DLCs previamente lançados.
Return to Arkham – Parte 1 – Asylum
Para as impressões de hoje, quero abordar apenas Batman Arkham Asylum, deixando para o futuro impressões dedicada a Batman Arkham City, que também nunca joguei e quero terminá-lo antes do ano de 2016 acabar (e Batman Arkham Knight está na fila para o primeiro trimestre de 2017). Por ora, estou impressionado e extasiado com o fato de ter encerrado Asylum pela primeira vez, sendo que nunca havia assistido o seu gameplay (exceto os trailers oficias da época) ou ter visto suas horas finais no You Tube (algo tão comum hoje em dia entre a turma mais nova, o que acho bizarro, mas isso é papo para outro dia). Assim, para mim foi realmente tudo 100% inédito, como se este game tivesse sido lançado justamente este ano.
E sabe o que impressiona mais? Não tendo muito conhecimento prévio do game, apenas conhecendo suas mecânicas básicas, das poucas horas que joguei na geração passada, o título não parece ter sofrido muito com o passar dos anos. Não soa como um game envelhecido ou ultrapassado. Pelo contrário, o achei ótimo!
Há relatos de reviews internacionais de que a coletânea deixou ambos os títulos remasterizados mais claros, tirando um pouco a escuridão característica dos games originais. É difícil pra mim fazer esse tipo de comparação, porém o que posso dizer é que não foi um elemento que foi perceptível pra mim. Não senti que o game estava claro demais para um título do Cavaleiro das Trevas. Tampouco percebi a queda de framerate ou o fato de Arkham Asylum não rodar a 60 FPS, ao menos na versão que joguei, para Xbox One.
De fato tenho poucos deméritos a fazer sobre Batman Return to Arkham. De todos os aspectos, há apenas dois que acho necessário dizer. O mais óbvio talvez seja o fato de se lançar uma coletânea remasterizando uma franquia da geração passada para a atual e deixar Batman Arkham Origins ausente de tal iniciativa. Meio que não importa se o título não foi desenvolvido pelo mesmo estúdio, ou se não foi tão bem recebido pelo público na época. Acho que caberia aos jogadores de hoje decidirem se gostariam ou não jogar uma versão remasterizada de Batman Arkham Origins, após passarem por Asylum e City.
O segundo, e último ponto que se faz necessário comentar é sobre as animações e expressões dos personagens nas cutscenes do game. O trabalha da remasterização é sim de se elogiar, atualizando os games da Unreal Engine 3 para a 4, entretanto a única coisa, ao menos aqui em Arkham Asylum, que entrega a idade do game são justamente as cenas em que os personagens precisam expressar emoções e o game dá um close em seus rostos. Os jogos atuais já fazem isso de uma maneira bem mais incrível. O Coringa, entretanto, por ser um personagem bem caricato, não sofre muito desse problema, mas me incomodou um pouco esse Batman sem emoções em certos momentos.
Entretanto se a coletânea peca em um ou dois pontos, ela também leva vantagem em outros. Por exemplo, esta é a primeira vez que os jogadores podem jogar Batman Arkham Asylum localizado com legendas em português! E isso é incrível! E não estou falando apenas dos diálogos da campanha, mas tudo está realmente localizado com textos em português, menus, missões e até mesmo as entrevistas em áudios, que são um dos melhores tipos de colecionáveis que um game como este poderia receber.
Além disso há uma outra vantagem que Batman Return to Arkham trouxe para a plataforma do Xbox. Esta é a primeira vez que a plataforma recebe o conteúdo adicional com o Coringa, já que na geração passada estes desafios extras de Asylum eram totalmente exclusivos para o PlayStation 3. E é muito legal ter a chance de jogar com o Coringa neste primeiro game que já se tornou um clássico.
No que diz respeito ao preço, 230 reais (preço das versões digitais) talvez parece demais para dois games da geração passada, independente de estarem remasterizados e com todo seu conteúdo adicional vendido à parte nas plataformas anteriores inclusos aqui, entretanto não é um valor absurdo no que diz respeito a qualidade de ambos os games. Acho uma pena que ele apenas tenha sido lançado tão próximo aos blockbusters de final de ano. Certamente a janela inicial, que previa que o game seria lançado em junho, teria atraído muito mais jogadores no hype do lançamento. Em todo caso, é uma coletânea que para aqueles que não jogaram os games na geração passada, e não tem como jogar agora nelas, vale totalmente a pena adquirir assim que houver uma chance nesta geração. São dois títulos indispensáveis para quem curte jogos de super heróis, em terceira pessoa e mesclando combate frenético e exploração de ambiente.
UPDATE 24.11.2016 – Senti a necessidade de fazer um adendo em relação ao parágrafo acima. Isso porque acabei notando (em pesquisas para a Black Friday que está em vias de começar) que a versão em mídia física de Return to Arkham já pode ser encontrada no Brasil entre as faixas de preço entre 89 reais (link 2) até 159 reais. E esse sim é um preço realmente excelente para a coletânea! E o melhor é que a versão física traz como bônus o blu-ray de Batman Assalto em Arkham, que até já fiz impressões aqui no site. Aí sim! Então quem ainda não liga de ter o jogo em mídia física, certamente vale a pena correr atrás dela e evitar a versão digital com esse preço inflado. Fim do update!
14 horas de Arkham Asylum
Esse foi o tempo aproximado que levei para encerrar a campanha de Batman Arkham Asylum. É um tempo realmente considerável, especialmente para um título da geração passada e para o gênero de games de super heróis. Isso definitivamente me impressionou. Quando o comecei não imaginei que o mesmo levaria tanto tempo assim.
E é mais impressionante ainda perceber o quão linear é a a campanha deste primeiro Batman. Claro existe um forte elemento de exploração, em grande parte por conta dos desafios, troféus e segredos do Charada espalhados por toda a ilha de Arkham, mas mesmo assim a sensação é de que o jogador está sempre avançando na história. Nunca dá para ficar muito tempo parado, em paralelo a trama ou fazendo o que games de mundo aberto categorizam como missões paralelas. A exploração e a caça aos colecionáveis andam de mão dada com o avançar da campanha, exceto por uma ou outra área que o jogador pode voltar a explorar se assim o desejar para completar 100% todos os colecionáveis (algo que não senti a necessidade de fazer).
Melhor que isso é a sensação de progressão. O game tem um ótimo timing para apresentar ao jogador novos equipamentos, e por consequência novas habilidades, para o Batman. Do início ao fim novos mecanismos de exploração e movimentação são adicionados ao inventário, e tirando um exagero ou outro, como a de chamar um jato (dentro de um prédio) para lhe entregar um mero item, tudo acaba sendo introduzido no momento certo, de uma maneira adequada a necessidade do roteiro naquele ponto da história.
Há que se dizer também do gameplay. Batman Arkham Asulym tem um ritmo e dinâmica que não cansa, não entendia o jogador. Não se tem a impressão de estar fazendo a mesma coisa a cada 15 minutos. Sim, as lutas baseadas em combos são todas bem parecidas, ainda que o game vá escalonando o número de inimigos e adicionando alguns mais letais aos poucos, mas é um sistema divertido de se jogar, baseado em ataque e contra-ataque (e as vezes esquiva). E elas não acontecem a todo o momento. O jogo sabe equilibrar momentos de ação, plataforma, furtividade, narrativa (por corredores como ocorre em Gears of War), batalhas contra vilões famosos da galeria do personagem e explorar os diversos ambientes da ilha Arkham, incluindo uma batcaverna em seu subsolo.
Claro que com tudo isso, o jogo tem sim algumas gordurinhas. Alguns pontuais momentos na qual ele enrola mais do que deveria. A parte da biblioteca de Arkham, por exemplo, achei um pouco maçante. Foi um ponto que acabei interrompendo a campanha e fiquei sem jogar o game por alguns dias, sentido que precisava descansar um pouco dele. Os pesadelos do Espantalho foi outro dos momentos que por vezes são incríveis, especialmente as partes das alucinações (a primeira vez que isso acontece é fabuloso – e aterrorizante), mas a parte de fugir do Crane gigante é legal apenas na primeira vez em que ocorre. Nas demais, me pareceu apenas estender mais o tempo de jogo do que o necessário. Não tira o brilho do game, e fazem sentido na época em que o mesmo foi lançado, especialmente quando se olha para campanhas de outros jogos hoje em dia e se percebe que mesmo com gordura e enrolação, as vezes estas campanhas não conseguem durar nem 9 horas de gameplay.
Além disso é de se aplaudir em pé a iniciativa da Rocksteady Studios de imaginar e criar um universo totalmente novo para esta franquia do Batman. Vilões reimaginados em novos visuais, mais agressivos, mais adultos (esta Arlequina acabou virando o visual padrão da personagem em outras mídias) e mais sombrios. Dizer isso agora parece chover no molhado, mas tente voltar para 2009 e pensar que a Rocksteady teve todo esse trabalho de reformular o Batman, Arkham e seus vilões em uma nova trama, que é muito boa por sinal, é muito, mas muito espetacular mesmo. A série Arkham acabou inspirando quadrinhos, animações e a forma como muitos fãs veem o Batman nos dias de hoje. É sim uma parada muito grande, graças a este primeiro título.
Fico até meio envergonhado de dizer que levei tanto tempo para finalmente começar a prestar a devida atenção a essa franquia. Terminei sedento para começar a sequência (e o farei assim que publicar esta primeira parte de Return to Arkham). Quem até hoje se encontra nesta mesma situação em que me encontrava precisa jogar Batman Arkham Asylum. Vale muito a pena, pois o jogo ainda demonstra uma qualidade incrível para um título desenvolvido há mais de 7 anos. Certamente é um marco na história dos games que quem ainda não experimentou precisa corrigir tal erro!