Ninja Pizza Girl | Sem cuecas, sem pizza! (Impressões)
A vida de uma pessoa que entrega pizza não é fácil. É tão raro o recebimento de um elogio. Você pede a pizza naquele sabadão de noite e ela parece que só vai chegar no domingo, fica se perguntando o que diabos o maldito entregador está fazendo que não chega logo. E se você está dirigindo, fica indignado quando a moto do entregador passa rasgando na sua frente. Vamos lá, é só entre nós, pode admitir que você já fez isso… E entregar pizzas é o que fazemos em Ninja Pizza Girl! É mais um game indie que recebemos para mostrar para você, querido leitor!
É óbvio que entregar pizzas é um trabalho vital para a humanidade, pois sem isso coisas terríveis poderiam acontecer, como por exemplo deixar as Tartarugas Ninja com fome e sem forças para nos salvar dos mais bizarros perigos. E esse trabalho é feito pela nossa (às vezes) simpática protagonista adolescente Gemma. Ela tem 16 anos e trabalha na pizzaria do seu pai. Sim, é um negócio de família, então leve isso em consideração e coloque uma motivação a mais para se sair bem nesse jogo, afinal de contas família é um negócio sério.
E fala sério, que raios aconteceu com esse mundo sem chão, que obriga Gemma a ter que arriscar a sua vida entre arranha-céus para chegar o mais rápido possível com a pizza na porta dos clientes? E o quão bizarro é perceber que é no alto desses prédios que a população mais pobre e carente tem que viver? Pois é, no mundo de Ninja Pizza Girl as megacorporações controlam o mundo e deixaram as coisas malucas assim!
Pense numa mistureba entre a correria de Faith em Mirror’s Edge com o jeitão de percorrer as fases no velho e bom estilo 2D do velho e bom Sonic The Hedgehog. Consegue imaginar? É bem por aí a proposta desse indie game financiado via Kickstarter. Você na pele de Gemma recebe o pedido de uma pizza e tem que correr (e muito!) para entregar a pizza na porta da residência do seu nem sempre legal cliente. Para conseguir isso, você tem que desviar de obstáculos, pular em plataformas, deslizar sob rampas, usar camas elásticas, e sim, enfrentar coisas como ninjas. Sim, ninjas. E são ninjas irritantes adolescentes!
O level design do game consegue abraçar variados tipos de jogadores, desde aqueles que querem entregar a pizza o mais rápido possível, até aqueles obcecados que querem pegar todos os colecionáveis da tela. A dificuldade do jogo consegue equilibrar bem esses dois tipos de jogadores, e eu sempre gosto quando o jogo me permite usar caminhos diferentes para alcançar o objetivo, me permitindo jogar de acordo com o meu humor naquele momento.
Falando em humor, ele define a “barra de vida” da Gemma. Se você erra muito, leva dano de um inimigo ou outras coisas irritantes, o mundo ao seu redor fica mais feio, perdendo as cores, ganhando ares tristes. Enfim, tudo fica um saco… Então cabe a você jogar bonito, pegar itens, e fazer nossa heroína sentir uma vibe boa contigo.
Tudo no game lembra como ser adolescente é difícil. Quando você erra no jogo e tem um ninja próximo, ele ri da sua cara que nem daquela vez que você era adolescente e cometeu uma bobeira e escutou aquela mesma risadinha terrível entrando no seu cérebro para sempre. Erre apenas uma vez e não importará quantas vezes tenha feito coisas legais. Definitivamente, bullying é o pior inimigo desse jogo!
Para quem gosta de jogos desafiantes, Ninja Pizza Girl é uma boa opção. Para conseguir uma pontuação alta, o jogador precisa ser muito preciso, conhecer bem cada uma das possíveis rotas que a fase possui, e otimizar seu tempo escolhendo as rotas que permitam chegar com a pizza quentinha na porta do cliente no menor tempo possível. E claro, vamos lembrar que é um jogo feito por um pequeno estúdio familiar, com um valor de produção modesto. A arte do jogo eu achei particularmente muito feia, o som no geral é apenas ok, as músicas não ficam martelando na cabeça depois de jogar não, mas por outro lado não cheguei a me deparar com nenhum bug, o que é sempre ótimo. A única coisa que de fato fez meu mundo perder a cor como se houvessem ninjas adolescentes rivais rindo de mim foi quando experimentei o modo de visão em primeira pessoa. Não joguem assim, é sério, é desanimador mesmo. Mas voltei ao modo de jogo normal, escolhi uma boa rota, e as cores voltaram.
O game hoje pode ser apreciado em computadores, consoles e celulares, dê uma procurada na sua plataforma de preferência, se encontrar o jogo em promoção, ajude Gemma a passar dessa difícil fase que é a adolescência de uma entregadora de pizzas ninja em um mundo controlado por uma megacorporação!