Depois de muito adiar, resolvi na última semana de 2016, colocar em dia a minha leitura do mangá de Ataque dos Titãs (Shingeki no Kyojin), que vem sendo lançado bimestralmente nas bancas aqui do Brasil pela Panini. Coleciono o título desde que o mundo descobriu a obra em virtude de seu animê, cuja a primeira temporada foi lançada em 2013.
Como na época a animação terminou em uma grande interrogação ao seu final, e as expectativas de que sua segunda temporada demoraria a acontecer – o que de fato aconteceu – resolvi migrar para o mangá. Poderia ter lido online, mas a Panini o começou a lançar logo em seguido e eu queria muito colecioná-lo, tendo em vista que na ocasião achava a obra realmente impressionante e bem diferente de tudo que já havia assistido e lido no meio de animês & mangás.
Inicialmente a arte do Hajime Isayama, autor da obra, me assustou bastante de tão irregular que é. Até hoje, passados 19 volumes, ainda há momentos em que as vezes acabo me confundindo com rostos de personagens. Se não fosse as linhas de diálogo e personalidade singular de cada um dos personagens da série, o traço do autor seria um grande problema para o mangá. Felizmente não é.
Ao fim me apaguei ao mangá. Com a iminência da chegada da segunda temporada, agendada para abril deste ano, me senti obrigado – e pressionado – a colocar a leitura em dia. Isso porque Ataque dos Titãs não é um título que me agrada ler um volume a cada dois meses. Gosto de deixar acumulá-lo, para ler numa pancada só.
O último volume que havia lido foi o de número 13, contendo aproximadamente os eventos que – coincidentemente (ou não) – foram tratados em um dos últimos textos publicados a respeito da obra aqui no site, pelo Rafael Gaara, lá na distante data de setembro de 2013. Ou seja, recentemente devorei os eventos do volume 14 até o mais recente lançado pela Panini, o volume 19, contendo até o capítulo de número 78 da obra.
Isso significa que não estou pau a pau com o Japão, que salvo engano está no capítulo 88 (lançado em dezembro), sendo que o 89 deve já estar saindo por lá. Bem, estou próximo dos eventos japoneses, mas ainda assim não me afobarei. Vou continuar lendo a versão impressa mesmo, pois não teria saco para ler um capítulo por mês. Não saciaria a minha ânsia pela série. E como tenho muitos outros títulos que também acompanho, não vejo problema em deixar este mangá acumular um pouco.
Bom que Ataque dos Titãs não é, normalmente, uma série que os fãs ficam dando spoilers de forma gratuita pelas redes sociais ou em grupos de discussão de animês e mangás.
A única série que realmente vejo as pessoas entregando spoilers na web é com One Piece, que hoje é o único mangá que sigo acompanhando online, mas que um dia, com a Panini colando um pouco mais perto dos capítulos japoneses, gostaria de ler apenas por meio dos encadernados impressos, parando de ler online.
Enfim – após essa volta enorme – com a chegada do segundo ano do animê, que quero muito assistir pela qualidade da animação em si, resolvi avançar a leitura do mangá. Garantindo assim que a animação não me dará spoilers em torno do mangá na qual curto acompanhar.
Pensando que o primeiro ano cobriu apenas os eventos dos primeiros oito volumes do mangá, duvido muito que a segunda temporada vá ultrapassar os eventos após o volume 19. A temporada deve estacionar um pouco depois dos eventos da caverna, com Eran, Krista e seu pai (meados do volume 17). Deixando assim, uma terceira temporada para cobrir futuramente o restante da história (que dizem por aí que está para chegar ao fim no Japão).
O que há para se dizer de Ataque dos Titãs após 78 capítulos?
Antes de começar, acho que vale dar o recado: a partir deste ponto vai ser inevitável dar spoilers sobre a trama futura da série. Quem não acompanha o mangá e quer muito ver a segunda temporada sem qualquer tipo de spoiler não tem como você continuar lendo esse texto. Pare por aqui e volte futuramente, quando a segunda temporada tiver encerrado. Vai ser mais proveitoso, eu garanto. Esteja alertado!
Vou evitar um pouco mencionar os momentos prévios na qual o Rafael Gaara já comentou no texto de 2013, pois é um texto muito bom e ele disse tudo que tinha para ser dito sobre as revelações de quem no fim acabou sendo o Titã Blindado e o Titã Colossal. Eu já havia suspeitado sobre o Reiner muito antes dele se revelar, especialmente depois da Annie se revelar como a Titã Fêmea. O Bertold não cheguei a imaginar na época, mas depois vi que era bem óbvio, ainda que até hoje me impressione um pouco como um cara como o Bertold tem uma versão titã tão assustadora.
Porém preciso dizer que do volume 14 até o 19, ou seja, capítulos 55 até o 78, há uma barrigada grande do autor em termos de enrolação. Há todo esse momento da conspiração do Erwin e do segredo envolvendo a Krista que… putz, como a trama demora a se desenrolar. Os Titãs praticamente somem da história. Fica um momento de politicagem que estava me dando nos nervos (e sono).
É uma passagem bem necessária, fica mais crível com os eventos que irão culminar na caverna, com Eren e Krista, mas sei lá. Não é algo que me deixou empolgado. Nem pela aposta do Erwin, já que tudo poderia dar errado, seja ao dramalhão do esquadrão do Levi se tornando foragidos.
O Levi aliás é um personagem tão bacana, mas que sinto que as vezes ele se perdeu dentro da história. O autor parece só o manter porque ele é realmente um personagem querido pelos leitores. Putz, ele perdeu todo mundo. Acabou se tornando capitão da turminha escolar do Eren, o que o torna as vezes um peixe fora d’água. Gostava tanto da ligação que ele tinha com seus primeiros companheiros… me incomoda um pouco o Levi atual.
Fiquei interessado pela ligação de sangue que ele possui com a Mikasa, e espero que isso desenvolva mais ambos os personagens, já que a Mikasa é outra que deu uma apagada total na trama, servindo mesmo apenas nas horas do aperto.
Passado a trama política, que convenientemente não surgiu nenhum Titã para atrapalhar, eis que surge o momento na qual o mangá volta a brilhar. É chegado a hora de retomar a Muralha perdida! Aí as coisas voltam a ficar boa, mesmo que ainda sinta que no começo da série, o autor era mais corajoso para matar personagens. Tem pouca gente do elenco principal morrendo atualmente, o que tira um pouco aquela sensação de perigo e suspense que havia no começo do mangá.
Antes de avançar, preciso voltar um pouco. O fato do mangá já ter 19 volumes e ter revelado muitas coisas sobre os segredos da série e como ainda assim é interessante como há outras que permanecem enigmáticas. Quem é o Titã Bestial e toda a situação que envolve humanos sendo transformados em Titãs irracionais devoradores de humanos e esse grupinho que quer a queda da humanidade?
E tipo, me incomodou um pouco esse lance de poderes especiais. O grito de Eren e o poder de alterar a memória da família da Krista, por exemplo. Acho que o autor levou parte da trama para algo difícil de tornar crível até onde os parâmetros vinham sendo tecidos. Ficou soando, pra mim, como um recurso narrativo para resolver um nó na trama de uma forma muito simplista. Poder de apagar memória, poder de roubar poder, poder exclusivo de liderar o poder… fora essa coisa de reencarnar a vontade do primeiro rei e deixar os Titãs existindo.
São elementos meio bizarros, que complicaram coisas que achava que não precisavam se complicar. No fim, parece que a chave deste mistério ainda resulta no porão da casa do Eren, que admito: não achei que o autor demoraria tanto tempo para resolver isso. Estando há 10 capítulos atrás do Japão, fico torcendo para que isso seja sanado nos próximos volumes lançados aqui no Brasil.
Há também toda essa suposta ciência em torno das habilidades e poderes dos Titãs. O poder que iluminava a caverna, o poder que deu a Eren o poder do endurecimento… todo esse processo de criar para Titãs, tal como aconteceu com a mãe do Connie ou então lhes dar habilidades singulares. Isso até acho legal, e condizente com os elementos apresentados até agora, mas não deixa de ser estranhos. Me agradam, ainda mais agora, com o embate do volume 19, ficou bem claro que os Titãs são muito mais organizados e úteis do que inicialmente achava.
Eu realmente vibrei com a revanche da luta do Reiner e Eren. Fiquei tenso com a análise da situação de Armim antes do ataque. E praticamente roí todas unhas das minhas mãos quando Bertolt entrou na ação. Mas achei meio vacilo do autor essa comodidade do Reiner mandar suas ondas cerebrais para o Titã e assim sobreviver, mas tudo bem. Tudo em pró do show, certo?
No geral estou empolgado com Ataque dos Titãs novamente. Posso dar uma dica extra? Se você não acompanha o spin-off chamado Antes da Queda, procure dar uma olhada. Inicialmente não havia entendido a proposta da série, mas também a estou lendo atualmente (volume 8 no momento em que escrevo este texto) e estou gostando muito da forma como a série tem se dedicado a mostrar a origem do equipamento que o Esquadrão de Reconhecimento no mangá original usa para combater os titãs. Pretendo escrever um segundo texto sobre Ataque dos Titãs – Antes da Queda por aqui daqui algumas semanas. Aguardem!
No mais acho que é isso. Disse tudo, ou quase tudo, que gostaria de dizer sobre os eventos recentes de Ataque dos Titãs – achei que seria legal finalmente opinar um pouco a respeito. Gostaria de ter grandes sacadas ou teorias sobre os segredos e futuros da série, mas sinceramente não tenho. Leio o mangá meio como diversão e entretenimento. Para vibrar com a ação, sem me preocupar muito com coerências ou dicas dos segredos deixados pelo autor. Há um charme no mistério, mas certamente os momentos de ação ainda são de tirar o fôlego quando surgem.
E o autor consegue se reinventar nessa parte. Sempre encurralando os protagonistas, criando Titãs bizarros ou mostrando o quão imbatíveis eles podem ser dentro de um cenário imprevisível. Os mocinhos devem ganhar ao fim, mas não significa que todos irão viver para ver isso. Ao menos quero acreditar que alguns vão acabar morrendo em pró do toque dramático e emotivo que a série precisa em momentos de ápice da trama.
Mas imagine que legal seria descobrir que no fim, existem outras muralhas espalhadas pelo mundo da série, com outros personagens e território de outros Titãs? Certamente seria um final que permitiria uma segunda série com outros personagens e novas situações… eu gostaria de ver Eren viajando pelo mundo e descobrindo que a humanidade não estava encurralada somente nas três grandes muralhas. Mas não acho que isso irá acontecer.
Imaginar que a humanidade irá conquistar a sua liberdade ao fim do mangá até que é fácil, porém o difícil será ver o que será preciso sacrificar para que essa guerra seja vencida. E é isso que torna Ataque dos Titãs tão bom. A tensão do suspense e os segredos do mundo.