Nintendo Switch | Tudo bem não ter ficado empolgado? (Opinião)

Vou ser meio prático hoje. Se você perdeu (porque foi dormir) a conferência da Nintendo que aconteceu na madrugada desta quinta para sexta-feira, às 2 da madrugada, a respeito de seu próximo console, o Nintendo Switch, recomendo dar um pulo neste link da IGN Brasil que tem diversos links para muitas das novidades anunciadas.

Isso porque não vou listar todas as novidades ou esmiuçar certos detalhes sobre o console e sua line-up. Quero mais é deixar aqui os meus receios e os pontos na qual quero ficar de olho para os próximos meses, antes de me decidir se irei ou não comprar um Nintendo Switch em um futuro ainda a ser definido.

Não é segredo nenhum que sou um daqueles gamers que cresceu possuindo consoles da Nintendo desde criança, estando o Super Nintendo, o Nintendo 64 e o Nintendo GameCube no rol dos meus consoles favoritos da vida.

Já contei aqui inúmeras vezes que me frustrei com o Nintendo Wii de uma maneira que jamais imaginei que um videogame poderia me frustrar. Não tive, e agora nem devo ter, um Nintendo Wii U. Quer dizer, até tinha planos de ter, mas depois que a Nintendo abandonou o Brasil, eu abandonei ainda mais a Nintendo. Se ela não me quer, eu não a quero. Ou algo assim…

O fato é que ainda olho com desconfiança para esta atual Nintendo que não quer mais ser o console principal da casa de um gamer, estando conformada em ser um segundo console. Foi assim como Wii, com o Wii U e o Switch não deu qualquer sinal de que isso será diferente.

Sendo assim vou deixar aqui alguns pontos que não me agradaram em torno de tudo que agora já se sabe a respeito do Nintendo Switch. É claro que alguns destes pontos podem mudar ou serem aprimorados eventualmente. Mas até lá, sido com esse reveio de como o mercado e o futuro dessa geração fará com tal console.

Memória Interna

Há uma nota na IGN Brasil a respeito disso. O Switch terá 32GB de memória interna. Não é de doer um pouco? Quer dizer, os consoles da atual geração começaram, quando lançados, com 500GB no mínimo. Hoje, eu já tenho um Xbox One com 2,5TG de armazenamento e mais da metade da minha biblioteca se encontra desinstalada por falta de espaço.

Haverá a opção de adquirir cartões de memória de até 200GB para turbinar o espaço do Switch (cartões que – cotando hoje – custam entre 250 a 380 reais no Mercado Livre). E mesmo assim, me parece muito pouco. Não há indícios no momento de que o Switch terá suporte a HDD Externos.

Tendo em mente que a tela é removível e pela praticidade de locomoção da mesma, não acredito que o sistema permitirá esse tipo de dispositivo externo, sendo muito mais prático os pequenos cartões de memória.

Atualização Vi a notícia no site do Jovem Nerd de que sim, o Switch terá a opção de expandir sua memória por HDD Externo. Melhora um pouco a situação, mas não mata totalmente o problema. Gera outras dúvidas aliás. Como a provável impossibilidade da portabilidade de um game digital armazenado no HDD Externo da base. Ou o fato do jogador ter que pensar em ter um HDD Externo e também um bom cartão de memória, além de ver como será o tempo de resposta para trocar o armazenamento do game digital da base para o dispositivo portátil.

Você até pode argumentar que os jogos do Switch não irão possuir o tamanho que os games de Xbox One e PlayStation 4 possuem hoje em dia. Bem, isso provavelmente é verdade. Mas também significa que a Nintendo vai passar mais uma geração chupando o dedo de franquias multiplataformas que estarão na concorrência e não em seu console, pois se estiverem… a memória interna ou adicional do sistema não vai dar conta!

“— Ah, mas o jogos estarão todos nos cartuchos!”. Sim, é verdade. Mas só para quem ainda compra-os em mídia física. O mercado digital já é bem forte nas demais plataformas por conta das promoções recorrentes, algo que tem uma vantagem enorme em países como o Brasil, onde os games tendem a ser bem caros. Me parece que o Switch não terá um apelo forte a mídia digital dessa forma.

Presumindo, claro, que os cartuchos não precisarão ser instalados dentro da memória do console. Não acho que serão necessário, já que isso sim seria muito bizarro. Já é bizarro na concorrência, com games adquiridos por mídia física.

Hoje em dia é bem comum jogos com 10GB. Na memória interna do aparelho, apenas 3 game caberiam. Logo, o jogador se veria obrigado a gastar para adquirir mais cartões de memória. Isso me preocupa.

Jogos Multiplataforma

Tenho que dizer… me deu um aperto no coração ver Skyrim sendo mostrado na conferência do Switch como algo que deveria ser festejado. Sério mesmo, gente? Um game de sucesso sim, mas da geração passada! Tendo a Bethesda distribuído Fallout 4, DOOM, Dishonored 2 nestes últimos anos e em 2017 irá lançar Prey. E a Nintendo está comemorando a chegada de Skyrim no Switch? Isso me deixa muito triste.

Já não estamos discutindo isso há anos? O fato dos multiplataformas não chegarem nos consoles da Nintendo da mesma forma que chega em todas as demais plataformas? Vamos passar por mais uma geração dizendo que um console da Nintendo não pode ter Final Fantasy, Call of Duty, Battlefield, Assassin’s Creed, Mass Effect porque o console não dá conta destes blockbusters de alto calibre? Aí não.

Não que o Switch pareça que não vai ter nada. O recém lançado Steep da Ubisoft, por exemplo, está na lista dos lançamentos. Fifa também foi anunciado. Fora que muitos estúdios indies estão ao longo do dia de hoje avisando sobre a portabilidade de seus títulos, como The Binding of Isaac: Afterbirth+ ou Wonder Boy: The Dragon’s Trap, para o Switch. A chegada destes games é importante sim, mas não será o suficiente para suprir a ausência dos grandes blockbusters dessa geração.

Sei lá. Espero estar muito errado nesse ponto, e que tudo possa chegar de uma certa fora ao Switch. Não parece que vai ser assim, mas é o caso de se aguardar e ver como os multiplataformas irão realmente se comportar daqui em diante.

Serviço Online Pago

Quando se trata de serviços online a Nintendo sempre mandou muito mal. Talvez alguns não compartilhem dessa minha opinião, mas com certeza há muitos que vão concordar. E o Switch vai passar a seguir o modelo que redes como a Xbox Live e a PlayStation Network seguem, ou seja, o jogador terá que pagar (mensal ou anual) para jogar online.

Não há valores, mas não deve ser muito dissonante do que a Microsoft e a Sony cobram por tal serviço (60 dólares por ano). O que se sabe é que a Nintendo fará como a concorrência, possuindo planos para promoções e descontos exclusivos aos assinantes e também dará um game de NES ou SNES por mês.

O serviço ainda será gratuito agora no lançamento de março, provavelmente para que a empresa teste e veja como sua rede online irá se comportar após liberada para uso a nível global. Porém o atual presidente já avisou que esse período de testes só de deve permanecer até o final desse ano. Depois disso, só pagando para jogar online.

Torço muito para a empresa pense muito bem sobre os benefícios de sua assinatura premium. No Xbox, a Microsoft promove descontos de games toda semana, que podem varia de 20% até 60%, incluindo blockbusters e jogos exclusivos da plataforma. E isso porque a biblioteca é gigantesca. Espero que a Nintendo não venha com descontinhos de 5% ou 10% tal qual a mesma faz na atual eshop quando faz promoções. Sendo que seus próprios games raramente entram nestas promoções e desconto.

Fora que um game antigo, de NES ou SNES, não me parece ter o mesmo apelo de um indie game ou game mais antigo desta geração, que são os títulos que a concorrência oferece nessa geração. Foda pensar que um mês tem quatro títulos sendo oferecidos de graça para o Xbox One e no Switch terá um joguinho de NES daqueles que ninguém realmente curtia no passado. Dá para se desconfiar.

Também fiquei chateado com o fato de em nenhum momento a empresa ter mencionado sobre o Virtual Console ou os games via Eshop que os jogadores compraram nessa geração do 3DS e do Wii U. Por que não os tornar retrocompatíveis e permitir alguns deles no Switch? Nada disso ainda foi mencionado.

E apesar de um novo Mario ter sido anunciado, esperava que ao menos uma versão de Super Mario Maker, dado seu sucesso no Wii U, iria aparecer no lançamento do Switch. E não rolou.

Line-up do lançamento

O Nintendo Switch chega em 2 meses. No lançamento há o tão inflado esperado The Legend of Zelda: Breath of the Wild que deve ser sim toda essa delícia que os fãs estão querendo que seja. Eu apenas não me importo muito porque nunca fui um fã incondicional de Zelda.

Só que colocando o Zelda em lugar na primeira fileira, destaque mais do que merecido, o que sobra? Mario Kart 8 Deluxe chega somente em abril, e nem é um título zero Km (saudades de Mario Kart Double Dash). Splatoon 2 chega nesse semestre, mas não foi dado data. O novo Mario só no final do ano.

Aquele terrível 1-2-Switch, que me fez ter pesadelos de quanto odiava essa linha casual da Nintendo na geração do Wii chega no lançamento, porém o tal ARMS, que é mais legalzinho, chega em algum ponto do primeiro semestre, tal qual Splatoon 2.

Não me parece uma line-up de lançamento fraquíssima? Tirando alguns outros games de outros estúdios, alguns multiplataforma e outros indies, não me parece uma frente de lançamento muito emblemática. Não era esse outro dos pontos que a Nintendo sofreu na geração Wii U? Poucos games? Começar com o Switch dessa forma me preocupa, independente do fato de que Zelda obviamente roubará os holofotes de qualquer outra coisa que for lançado para o console em março e meses seguintes.

Resta ver os planos da Nintendo para o segundo semestre. Ao menos Super Mario Odyssey parece genuinamente interessante. Ainda que alguns sites por aí tenha exagerado no “oh, um Mario de mundo aberto”, como se todo game 3D do personagem não fosse exatamente assim. Mario 64, Mario Sunshine, Mario Galaxy. Todos seguiram essa exata fórmula. Tirando os gráficos lindos, ainda é cedo para dizer o que mais Odyssey irá oferecer. E dito isso, e tendo visto os novos controles… não cabe ao Switch um Super Mario Galaxy 3? Eu acho que os fãs iriam pirar…

Brasil segue de fora da festa

Um último ponto, o mais óbvio. O Nintendo Switch chega em 3 de março na América do Norte, Europa e Japão. A gente aqui no Brasil, que tem uma comunidade tão apaixonada segue sem qualquer notícia sobre a possibilidade do retorno da empresa em nosso território. Bem, tem essa notinha bem vaga lá na Uol Jogos, e que não diz muito a respeito da gente, mas da América Latina em si.

Aí não tem ânimo que ajude. Sigo achando uma falta de respeito o sumiço da Nintendo no mercado brasileiro. Especialmente sabendo da luta da Microsoft e Sony por aqui. Dizer que temos potencial e fugir do país? Eu ainda tenho esse ressentimento sim.

O console custando 300 dólares lá fora (o que eu acho um pouco demais), o fará chegar por aqui custando em torno de R$ 1.800 a R$ 2.500. No mercado cinza, é claro. Porém não duvido que no lançamento, dado a demanda, o preço chegue a 3 mil reais.

O que nem é mesmo um problema acredito. O mais chato na falta do mercado oficial acaba sendo os preços dos acessórios e dos jogos. Já deu uma olhada no absurdo que são os preços dos games de Nintendo 3DS e Nintendo Wii U aqui no Brasil? Estão bem acima dos de Xbox One e PlayStation 4. O que me faz imaginar que não será diferente com o Nintendo Switch.

Fora que o console custa 300 dólares, mas não custa apenas isso. A IGN Brasil também lançou uma nota sobre o preço dos acessórios oficias e bem, o controle Pro, que não vem no console, custa a bagatela de 70 dólares. Você consegue imaginar ter um Switch com aqueles controles minúsculos e não ter um controle Pro de verdade para jogar certos tipos de games? Eu não.

Finalizando

Enfim, alguns vão dizer que estou sendo pessimista, que estou sendo ista, que sou bobão, babão e bundão. Talvez seja tudo isso mesmo. A Nintendo vem me desagradando desde o final da geração GameCube e isso certamente magoa mesmo.

Entretanto não acho que meus pontos sejam tão irracionais assim. São coisas que as comunidades de gamers por aí discutem por anos já e que parece, a princípio, que o Nintendo Switch não irá resolver todos os problemas que parecem existir com o formato de hardware na qual a Nintendo vem apostando nestes últimos anos.

Por fora, digo que o Nintendo Switch parece lindo. É uma ideia incrível sim. Mas ter uma boa ideia e saber executá-la não são exatamente a mesma coisa. O próprio Wii U também era uma boa ideia (de péssimo nome), e deu no que deu. É preciso ver o que a Nintendo errou na última geração e se perguntar se ela sou consertar todos estes erros para o lançamento do Nintendo Switch. Acha que ela conseguiu? Eu não estou muito confiante…

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