— Resident Evil 7 está entre nós! E esta é a primeira parte (de duas) de seu review!
Hoje, terça-feira, 24 de janeiro de 2017 é um excelente data. É a data em que a Capcom consertou tudo que havia de errado nos últimos Resident Evil. E não que eles fossem totalmente ruins. Há quem goste deles. Ora, eu gosto deles! Só que não há como negar que muita gente queria, pedia, sonhava com um retorno às origens da franquia. Com o terror, a tensão, a claustrofobia e o mistério que Resident Evil possuía em sua trilogia inicial, lá na distante década de 90.
E Resident Evil 7 consegue entregar tudo o que se pode esperar no que diz respeito a trazer de volta aquele sentimento dos primeiros games da franquia. Para isso é primordial a experiência cega para com o game. Se você está pensando, antes de comprar o game, em olhar alguns vídeos de gameplay dele no You Tube, por favor, não faça! Especialmente da primeira hora do game.
É serio, isso vai estragar e muito a sua experiência se resolver jogar o título. É por isso que decidi dividir este review em dois. Hoje, você não me verá falar muito sobre a história ou detalhes específicos do que irá encontrar dentro do game. Me limitei ao máximo para não estragar a sua surpresa. Mais perto do final desta semana, ou no começo da próxima, aí sim sairá a segunda parte deste texto, com alguns spoilers e discussões a respeito de momentos pontuais sobre a campanha principal. — e não se preocupe, pois editarei este texto com o link para a segunda parte do review.
— Um recado de sua esposa: fique longe! É exatamente assim que Ethan irá se envolver em um mistério que irá mudar para sempre a sua vida! Bem vindo à Resident Evil 7!
No momento em que escrevo este texto ainda não terminei por completo o game. Estou me aproximando de 6 horas de campanha. E já entendendo o padrão e o ritmo do game, sinto como se estivesse no segundo ato de um jogo que aparente ter três atos.
Há relatos e até vídeos que vazaram antes da queda do embargo oficial do game mostrando que é possível virar o jogo em até 4 horas de campanha. Há quem já tenha feito em 3 horas! Isso significa que o game é curto? De forma alguma! Sendo bem sincero, acho muito difícil qualquer pessoa virar o game pela primeira vez em menos destas quatro horas. E se o fez, é porque deixou parte da experiência do título em pró da corrida contra o relógio.
Sabendo para onde ir, o que fazer, como resolver os puzzles e os itens espalhados pelo mundo do game, eu imagino sim que seja possível terminá-lo nessa margem de tempo. Mas apenas se o jogador já souber exatamente o que deve ser feito. O que para uma primeira experiência com o game não é possível.
Então, de cara, quem está preocupado com a experiência de Resident Evil 7 ser pequena, fique sossegado. Pelo que vi nestas últimas 24 horas que precederam o lançamento do game, com a liberação dos primeiros reviews, é de que a média do game perdura entre 8 a 10 horas. Eu não duvido que no meu caso possa levar algumas horinhas a mais, pois sou muito lento nesse gênero de jogo.
No que diz respeito a experiência na visão em primeira pessoa, que parece ter dividido opiniões, também é outro ponto que deve ser apaziguado. A princípio pode parecer que a decisão de tornar Resident Evil em um game de visão em primeira pessoa o faça soar como se estivesse banalizando a série, trazendo ela para um gênero já saturado no mercado de games. Não pense assim. Definitivamente Resident Evil 7 não é um FPS (first person shooter).
O fato é que para que a proposta do survival horror voltar a funcionar talvez fosse mesmo necessário retirar a série do modo aventura e ação em terceira pessoa que estava assolando a franquia principal. E não é como se a Capcom não tivesse tentando puxar o assustador para alguns games da série, como o Resident Evil Revelations 2. Funciona, mas somente até certo ponto. E nem se compara com a sensação de angústia e medo dos primeiros games da franquia. Era preciso trazer isso de volta, mas em uma linguagem que funcione nos games atuais. E a visão em primeira pessoa é perfeita para isso.
— Nada de sustos aqui, é apenas um rolé por um dos ambientes iniciais do game. Um dos grandes atrativos de Resident Evil 7, sem dúvida alguma, são os cenários e ambientes do game. A nova engine que permite esse visual meio fotorrealismo realmente deixou o game mais assustador, fazendo o clima ficar pesado, tenso… repleto de suspense. A baixa luminosidade também ajuda muito a manter o game sombrio e resgata muito bem o clima e sensações dos primeiros Resident Evil.
Não dá para negar que Resident Evil 7 está bebendo de outras fontes, olhando a grama do vizinho e aprendendo com ele a ter um gramado tão verde quanto. Outlast, o próprio P.T. (que seria um novo Silent Hill se não tivesse sido cancelado) entre outros do gênero. A imersão da primeira pessoa tem funcionado em muitos outros gêneros além dos games de tiro. E aqui funciona como uma experiência nova, ainda que sabiamente feito com base em bons exemplos atuais do mercado.
O fato é que a câmera em primeira pessoa funciona agora tão bem quanto a visão da câmera fixa funcionava no primeiro Resident Evil. Ver pelos olhos do protagonista lhe deixa tenso, angustiado. Esperando o susto vir de qualquer direção. Retorna aquela sensação de claustrofobia, de estar preso em um ambiente na qual você não sabe o que pode acontecer a cada passo dado.
Não é um jogo como Alien, Doom ou Dead Space. Não são corredores e arenas de zumbis para atirar e sobreviver. A experiência de Resident Evil 7 é mais linear, mais narrativa. O jogador está preso e tentando sobreviver a eventos que estão além de seu controle. Não há faca, arma ou punhos que vá resolver todos seus problema aqui. Resident Evil 7 é um jogo de sobrevivência. É preciso saber quando se esconder, quando correr e quando explorar. Não dá para sair matando tudo, limpando a área e só aí sair explorando. Resident Evil 7 é um game de gato e rato. E o gato vai te pegar e lhe chacoalhar algumas vezes, isso eu lhe garanto!
O game respeita muito as mecânicas e origens da série. Tem combate? Tem. Tem segredos? Tem. Tem puzzles? Você só avança se os resolver. Tem inimigos? Mortais e imortais. Tem susto? Tem. Tem vísceras, violência, sangue, tripas e tudo aquilo que vai lhe deixar meio mal? Tem. Tem ervas para cura? Tem. Tem combinação de itens? Tem. Tem aqueles baús mágicos que compartilham o compartimento entre si em diverso lugares do game? Tem. Tem a sensação de progressão do arsenal? Tem. Viu? Tem um pouco de tudo que é consagrado na série, porém adaptado a uma nova proposta, um novo jeito de vivenciar Resident Evil.
— Aqui, em uma área um pouco mais avançada (porém conhecida para quem jogou o demo Lantern), já dá para ver que o inventário, a pistola e mapa, elementos clássicos da série se fazem presentes. Insetos gigantes? Pois, é. Aqueles mosquitos da dengue na parede também podem dar problemas se o jogador marcar bobeira.
— As vezes o mais legal em Resident Evil 7 são os pequenos detalhes. Os sons, o suspense e até mesmo o abrir das portas do game, que remete muito aquele momento dramático dos primeiros jogos. É legal que não se aperte um botão para abrir uma porta, basta se aproximar dela que Ethan vai colocar a mão para abri-la. Mas ele nunca a abre por completo, deixando que o jogador dê aquela espiada antes de entrar.
Se faz necessário também elogiar a engine gráfica do jogo. Os cenários foto realistas são de impressionar. Por serem tão reais, também podem ser bem assustadores. E escondem segredos, muitos segredos. Seja colecionáveis, seja pedaços da história do game que precisa se encontrado para contextualizar parte do enredo.
História é algo que não quero entregar nada por aqui. Há alguns trailers que já deram indícios, então acho que isso posso comentar. Você está preso dentro de uma casa por conta de uma mulher, a esposa de Ethan. E há essa família, os Baker. Há algo errado com eles. Muito errado. Mas você não vai querer saber disso aqui. O objetivo dado ao jogador é bem claro: FUJA! Saia da casa, sobreviva. No decorrer da campanha, você descobrirá muito mais sobre o mistério acerca do game.
E é tão bom que Resident Evil 7 não exija do jogador saber sobre a cronologia da série. Resident Evil 7 ainda está contextualizado dentro do universo da franquia – sim, está confirmado isso, mas você não vai querer saber mais sobre disso agora. O caso é que Resident Evil 7 funciona como uma história própria, como seu próprio conto de terror. É algo novo, que casa perfeitamente com a proposta de renovar e refrescar a franquia.
Se Resident Evil 7 tem alguns problemas, ainda não os encontrei. Não a ponto de estragar a experiência que o game proporciona. Alguns puzzles são fáceis, ou óbvios? Bem, sim. Porém digo que ficaria realmente frustrado se o jogo me travasse dentro da campanha e não me deixasse avançar por conta de um puzzle presente no mesmo.
A meu ver, os enigmas e puzzles aqui são para criar momentos narrativos. Fazer o jogador ir e vir para pontos chaves na qual a trama precisa ser desenrolada, ao mesmo tempo em que honra a memória da série, já que as origens de Resident Evil sempre esteve nos puzzles para destravar áreas fechadas de modo que o jogador possa avançar, enquanto tenta sobreviver ao que quer que esteja lhe caçando.
E portas! Putz como não falar de pequenos detalhas. Amei o que a Capcom fez aqui. Com o protagonista abrindo portas assim que o jogador se aproxima delas. Não é preciso apertar um botão. Isso é feito de forma intuitiva. E como cria um suspense terrível, pois a porta não abre por completa. Ela fica entre aberta, com aquela frestinha para espiar. E as vezes tem/há coisas atrás destas portas!
Enfim, acho que fiz minhas ponderações iniciais sobre o game. Tudo que posso, e quero dizer nesse momento e que não vá estragar a sua surpresa com o game. Talvez eu tenha jogado um pouco de gasolina na sua fogueira de hype, mas nesse caso é merecido.
Se possível, jogue com alguém do seu lado. Ver a minha esposa me vendo jogar e em duas ocasiões vê-la gritando porque tomou um susto do game é um daqueles momentos impagáveis. Não que eu não tenha tomado meus sustos (apenas não cheguei ao ponto de gritar). Porém não vou bancar o machão. Eu não tive coragem de jogar Resident Evil 7 à noite, no escuro e sozinho. Não senhor. Sou cagão sim. Só o joguei de dia, ainda que com fone de ouvidos. Sabendo que os sustos vem muito mais fáceis assim. Resident Evil 7 é uma baita experiência de terror.
E pensar que o game está todo disponível para uma experiência VR (Virtual Reality – Realidade Virtual). Só sei que eu JAMAIS toparia colocar um aparelho de VR para jogar esse ou qualquer outro game de terror. Não acho que o meu coração (e mente) aguentaria. Mas é incrível o fato da Capcom ter feito isso e saber que há corajosos (e meio malucos) que encaram de boa esse desafio. Você jogaria Resident Evil 7 em VR se pudesse?
Bem, assim termina essa primeira parte das impressões de lançamento do game! Volto em alguns dias, para uma conversa com um pouco mais de spoilers, para aqueles que irão começar o game agora que o mesmo foi lançado.
Bem vindo de volta Resident Evil!