A notícia veio do nada. Não havia rumores ou indícios de que a Microsoft estaria planejando um programa de assinatura semelhante ao que ocorre com a Eletronic Arts e o EA Access, mas eis que foi exatamente isso que aconteceu na terça-feira, dia 28 de fevereiro. Uma data a ser lembrada?
As informações ainda não estão completas. Existem pontos que precisam ser comentados e mencionados. Porém, calma, volte um pouco comigo. O que é o Xbox Game Pass?
Trata-se de um serviço mensal pago que irá disponibilizar títulos digitais da biblioteca do Xbox One e do Xbox 360 a seus assinantes. É tipo a EA Access. É tipo a Netflix. Porém com suas peculiaridades e particularidades.
Primeiro, esqueça a ideia de jogos via streaming. Sendo assinante do Xbox Game Pass, é dado o direito ao jogador fazer o download do game em seu console e desfrutá-lo o quanto quiser, sem limitações de tempo de uso ou conteúdo apenas parcial. É importante ressaltar isso porque caso contrário nem todo mundo teria conexão de internet para rodar um Halo 5 Guardians via streaming, especialmente fora dos Estados Unidos.
Baixar e jogar. Okey, excelente. O que mais? Neste momento foi anunciado apenas o preço do serviço nos Estados Unidos: 10 dólares mensais. Enquanto estiver pagando, a licença do jogo estará ativada na sua gamertag, tal como os games do programa Games With Gold da Xbox Live Gold.
E olha só: 10 dólares mensais lá fora. A Microsoft ainda não falou no lançamento do serviço em uma escala global ou seus preços. Não se sabe se chegará ao Brasil e quanto custará. Muito menos se haverá um plano de pagamento anual, tal qual a EA Access (o preço do plano anual compensa em relação ao mensal).
O comunicado oficial da Xbox Game Pass menciona algo como 100 títulos sendo disponibilizados em seu lançamento. Entre eles jogos de Xbox One e retrocompatíveis do Xbox 360. Olha aí a importância de aumentar ainda mais os títulos da retrocompatibilidade…
Importante! Aparentemente a lista de títulos selecionados será cíclica, ou seja, games irão entrar e sair desse catálogo. Tal como ocorre na Netflix no que diz respeito a conteúdo que não seja da própria empresa. Não significa que exclusivos do Xbox One, desenvolvidos pelos estúdios da Microsoft não irão entrar e sair também. Esse é um ponto a se ficar de olho.
Esse aspecto é diferente da EA Access, já que até o momento o serviço de assinaturas da EA nunca retirou um título de seu catálogo após o mesmo ter sido adicionado ao Vault do programa. O que talvez seja um indício de que a Microsoft não queira os jogadores pensando “ah, não irei comprar esse jogo agora porque em breve ele entra de forma permanente no programa de assinatura de games digitais“. Isso acontece hoje em dia com alguns lançamentos da EA, sendo comum encontrar comentários em comunidades e fóruns de jogadores dizendo que preferem esperar o título chegar ao EA Access por ser justamente assinante do serviço.
Assim como não está claro o tempo em que os títulos irão ficar em catálogo. Fala-se em mudanças mensais no catálogo. Não fica claro se haverá, entretanto, títulos que serão disponibilizados apenas por 30 dias — o que particularmente acharia ruim. De qualquer forma, haverá descontos para aqueles que foram assinantes do Xbox Game Pass e quiserem adquirir a licença permanente de um título (20%) ou DLC (10%) em catálogo.
Lembrando também que o Xbox Game Pass foi anunciado como um serviço a parte do Xbox Live Gold. Ser assinante do Xbox Game Pass não dará direito ao jogadores de jogarem online, por exemplo. Ou aos títulos da Games with Gold. Serão dois programas separados e distintos. O que não fica claro é se assinantes da Live Gold terão algum tipo de descontos para serem também assinantes do Xbox Game Pass — deveriam, na minha opinião.
O lançamento do serviço deve acontecer ainda neste semestre de forma oficial. Não existe ainda uma data oficial. Neste momento alguns (poucos) jogadores do programa Xbox Preview (grupo Alpha) estão tendo acesso ao serviço de forma experimental. Uma lista de títulos está liberada nesse momento. Os títulos são poucos, pois são provisórios e para teste, mas são:
- A Kingdom for Keflings (Xbox 360)
- Banjo-Kazooie (Xbox 360)
- Comic Jumper (Xbox 360)
- Dark Void (Xbox 360)
- Defense Grid 2 (Xbox One)
- Gears of War Judgement (Xbox 360)
- Gears of War Ultimate Edition (Xbox One)
- Halo: Spartan Assault (Xbox One)
- Hexic 2 (Xbox 360)
- Jetpac Refuelled (Xbox 360)
- Kameo (Xbox 360)
- Max: The Curse of Brotherhood (Xbox One)
- Monday Night Combat (Xbox 360)
- Ms. Splosion Man (Xbox 360)
- Operation Flashpoint: Dragon Rising (Xbox 360)
- Perfect Dark Zero (Xbox 360)
- Sacred 3 (Xbox 360)
- Sam & Max Beyond Time (Xbox 360)
- Sunset Overdrive (Xbox One)
- The Maw (Xbox 360)
- Viva Piñata (Xbox 360)
Achou a lista fraca? Bem, novamente reforço que é só um catálogo provisório para alguns jogadores muito seletos do programa Xbox Preview. Só para que testem a funcionalidade dos títulos e do app do serviço em si. A boa do Xbox Game Pass é que eles não irão se limitar somente a títulos da Microsoft Studios. Já estão confirmado games de estúdios como 2K Games, Bandai Namco, Capcom, Sega, SNK e Warner Bros.
Não se mencionou Indie Games, mas imagino que o grande potencial desse serviço seja justamente o catálogo para os indies, já que estes estão chegando em um volume e quantidade que é até mesmo impossível de conseguir acompanhar. Tê-los em catálogo temporariamente pelo serviço seria interessante (resta saber se seria lucrativo aos pequenos desenvolvedores dos mesmos).
E é meio que isso. Acredito que tenha coberto todos os pontos e elementos anunciados até o momento. Minha opinião? Parece algo incrível, mas também arriscado. Fora que repleto de questionamentos normais desse tipo de novidade em um mercado que segue evoluindo em novas formas de se ter games.
Gostei da ideia, e é muito provável que me torne um assinante. Só espero que haja algum tipo de assinatura anual, pois me sentiria mais confortável pagando pelo catálogo de games dessa forma do que mensalmente, ainda mais sentido o backlog de títulos pesar em minha consciência.
Há que se esperar o catálogo, o tempo de rotatividade dos títulos – títulos maiores ficam mais tempo, enquanto indie games ficam menos tempo, dado que normalmente podem ser finalizados mais rapidamente? – e principalmente o preço nacional. Se chegar por aqui custando em torno de 30 reais, ainda que mais caro do que a Netflix, talvez dê certo. Se vier a 50 reais, certamente muitos irão preferir guardar esse valor por três meses e adquirir um lançamento ou dois games mais antigos.
No geral o Xbox Game Pass me parece uma excelente proposta ao perfil do jogador que não tem condições de comprar games todos os meses. Imagino que exista uma parcela enorme de jogadores que adquirem somente um ou dois games a cada três ou quatro meses. E olhe lá. Esse é um serviço que beneficia muito esse público.
Pais que não querem comprar muitos games aos filhos pequenos. Jogadores que gostam de testar antes de comprar. Aqueles que jogam, zeram e nunca mais jogam novamente o mesmo game. Quem tem mais de uma plataforma e não consegue manter títulos em todas. Há potenciais interessados para todos os lados.
Xbox Game Pass pode ser uma parada realmente incrível. Certamente vai fomentar a busca por mais espaço externo no Xbox One, com aquisições de HDD externos, vai abrir o plano de games digitais para quem ainda tem receios com o formato, buscar um formato novo de mercado para games.
Vejo potencial. Resta esperar seu lançamento, os primeiros meses, e as respostas para as indagações aqui comentadas. Espero que dê certo, que possa virar uma opção a mais nesse mercado, quem sabe em mais plataformas — eu assinaria fácil um serviço assim para meu Nintendo 3DS, por exemplo.
Jogada ousada, Microsoft. Vamos aguardar para ver seu resultado.