É curioso pensar que Ultimate Marvel vs. Capcom 3 é um dos melhores (e maiores) games de luta da geração passada e que quando lançado em fevereiro de 2011, ainda como Marvel vs. Capcom 3: Fate of Two Worlds, o título foi duramente criticado pelos primeiros reviews e também pelos fãs.
Não é de se estranhar – ou talvez seja – que a Capcom veio alguns meses depois, em novembro do mesmo ano, com a versão Ultimate do game, aprimorando algumas técnicas de combate e combos, mexendo no balanceamento de certos personagens, aprimorando o sistema online e adicionando mais 12 personagens aos 36 personagens inclusos na primeira versão do game, totalizando 48 personagens; além de outros 2 que continuaram sendo vendidos na geração passada via DLC, Jill Valentine e Shuma-Gorath.
E nem assim Ultimate Marvel vs. Capcom 3 ficou isento de novas críticas. O game melhorou consideravelmente, abriu novas possibilidades ao expandir seus personagens, permitindo criar novas estratégias de times e equipes, porém ausência de novos modos, incluindo modos mais clássicos desse gênero de game, continuaram sendo sentido pelos fãs.
2011 passou. A geração Xbox 360 e PlayStation 3 acabou (ainda que isso seja relativo em mercados como o Brasil, na qual muitos ainda não conseguiram migrar para a atual geração Xbox One e PlayStation 4). E assim a Capcom já anunciou que um novo Marvel vs. Capcom está em desenvolvimento, sob a alcunha de Marvel vs. Capcom Infinite (Teaser & Gameplay), que deve ser lançado em algum momento de 2017 – muito provavelmente no segundo semestre dado o fato de não se ter muito mais notícias a respeito do game desde seu anúncio em dezembro do ano passado.
Enquanto isso, para ir aquecendo os motores, alimentando o hype, o estúdio achou uma boa ideia (e de fato é) relançar Ultimate Marvel vs. Capcom 3 para a atual geração. Para PlayStation 4 e PC o título foi disponibilizado no mesmo dia do anúncio de Infinite, em dezembro passado, enquanto que o Xbox One acabou recebendo o game somente agora, em 7 de março (versão utilizada para estas impressões).
A grande sacada da Capcom foi ter decidido lançar o game em um preço mais amigável. Afinal não se trata de um remaster ou remake. Ultimate Marvel vs. Capcom 3 chegou exatamente do jeito que ele se encontra nos consoles da geração passada. Assim o game custa tentadores 56 reais na Steam, enquanto no PlayStation 4 e no Xbox One o preço foi fixado em 77 reais em ambas as plataformas. Está ótimo, vai!
Miniposts
— Ao longo das últimas semanas publiquei pequenos vídeos de gameplay do game, tecendo alguns comentários a respeito de certos aspectos do jogo, pelas redes sociais do site. Isso gerou dois miniposts aqui no site. Veja aqui os clips 1-5 e aqui os os clips 6-9.
Vale a pena?
Eu sei que você está se perguntando: com a iminência de Marvel vs. Capcom Infinite, será que vale a pena pegar seu antecessor? Se você pode, não vejo porque não deveria. Primeiro porque Infinite não será idêntico ao Ultimate. Algumas mudanças já foram anunciadas, como a dinâmica das batalhas que não serão mais batalhas de 3 versus 3 personagens e sim de 2 contra 2.
Serão mecânicas e estilos diferentes de jogo. Ainda que obviamente terá certas semelhanças, claro. O sistema de combos aéreos, por exemplo, deve permanecer. Mas não apostaria no modo principal de história de Infinite culminando em mais uma batalha contra o Galactus, ao menos não como ocorre em Ultimate. Há coisas que só podem ser apreciadas em Ultimate e que não devem se repetir em Infinite. Minha aposta, é claro.
Fora que o próximo game terá novos personagens (e alguns retornos, como Mega Man X), deixando assim alguns personagens presentes em Ultimate de fora, tal como ocorre em qualquer sequência de qualquer jogo de luta.
E não espero que no lançamento de Infinite vá ter, digamos, 50 personagens jogáveis tal qual Ultimate possui hoje. Se acredito que haverá uma posterior versão Ultimate de Infinite nos moldes do que ocorreu com Marvel vs. Capcom 3? Não sei. Diria que de acordo com a história da Capcom as chances existem, ainda que a empresa tenha prometido não fazer mais isso em Street Fighter V e tem cumprido sua palavras desde então. De qualquer forma, se não fizer outra versão, certamente haverá conteúdos adicionais posteriores ao lançamento de Infinite.
Ou seja, se o jogador está procurando um game completo, recheado de personagens, e que não vai mais sofrer patchs ou updates que irão aprimorar ou mexer em suas mecânicas, Ultimate Marvel vs. Capcom 3 é uma boa (e barata) opção. Sem mencionar que visualmente os gráficos não parecem ter sofrido qualquer envelhecimento nestes últimos 6 anos. Eles se sustentam de forma bem impressionante.
Qual a qualidade do port nesta geração?
O mais correto é realmente chamar Ultimate Marvel vs. Capcom 3 nos atuais consoles de port, afinal nada no game se mexeu. Não se remasterizou nada, não se adicionou novos modos, extras ou melhorias. Sistema de combos e layout de controles também permanecem idênticos. É o exato game na geração passada.
Para não ser injusto, a única adição ao título foi ter incluído os DLCs da Jill e de Shuma-Gorath nesse port, sem a necessidade do jogador ter que adquiri-los de forma separada. Uma boa iniciativa sem dúvida alguma. Eu mesmo não cheguei a jogar com estes dois personagens no tempo em que passei com o título no Xbox 360 e foi divertido conhecê-los somente agora. Deu um frescor inicial ao game nas primeiras em que o joguei que não achei que seria possível.
Outro aspecto que vale mencionar é o modo Heroes & Harold, que existia na geração passada e que foi lançado como um DLC gratuito um mês após o lançamento da versão Ultimate. Quem jogava o título offline na geração passada, não teve isso em disco.
Esse modo é realmente divertido, pois trata-se de um modo de domínio de áreas, vencendo batalhas, enquanto o jogador coleciona cartas que aprimoram status de combate (mais ataque, mais defesa, barras de especiais que enchem mais rapidamente etc) enquanto também há uma tabelinha de bingo que marca oponentes derrotados.
Conforme o jogador vai vencendo e chegando perto de dominar uma área em 100% o nível das batalhas vai escalonando sua dificuldade. Novas cartas, que são representadas por diversos personagens do universo Marvel e Capcom vão sendo destravados e novos deck, mais estratégicos, podem ser montados para nivelar essa dificuldade de dominação completa.
E o modo permite controlar o lado dos heróis ou o lado dos vilões. Então há duas perspectivas para sempre jogadas.
É um modo bem vindo, já que uma das maiores críticas que o game recebeu diz respeito justamente a ausência de modos mais clássicos, como um Modo Challenge e Trials, modalidades mais arcades e até mesmo um modo de treinamento mais robusto. Eu mesmo não gosto do modo de treinamento (chamado mission) do game, acho-o que ele não ensina o jogador da forma como deveria. Chega a ser frustrante tentar acertar alguns dos combos que esse modo impõem, sem escalonar apropriadamente o ensinamento dos mesmos ao jogador.
Claro que não desmereço o modo história (arcade) de Ultimate Marvel vs. Capcom 3. Que é bem agressivo mesmo na dificuldade normal. Especificamente nas últimas rodadas e especialmente contra o Galactus. Não é fácil derrotar esse último chefe com alguns personagens do game para ver o final específico daquele que dá o último golpe. Não me envergonho de dizer que há alguns personagens que até consegui tal proeza. Foi um modo realmente criado para ser difícil, mesmo no modo normal.
Agora há algo que precisa ser mencionado: o modo online. Em se tratando de um port, significa que o modo online de Ultimate Marvel. vs Capcom 3 rodando nos atuais consoles possui a mesma estrutura da geração passada, o que já dá para sentir o peso disso.
É um matchmaking lento, burocrático e sistemático. Já havias críticas a isso na geração passada e aqui elas ficam um pouco mais agravantes. Afinal games online de luta precisam de boas conexões e estabilidades em sua rede e servidores. Não tem nada pior do que lutar com lag esse gênero de game. E isso aconteceu direto aqui.
Fora isso há o problema da escassez de jogadores. Não sei dizer, por exemplo, se a versão de PlayStation 4 e Xbox One estão emparelhando jogadores dos atuais consoles com dos antigos consoles ou se apenas partidas só podem acontecer com mesmos consoles, como por exemplo, Xbox One com Xbox One.
Nos testes que fiz tomei vários chá de cadeiras esperando encontrar oponentes. Testes estes que foram realizados na versão do Xbox One, que talvez por ter sido recém lançado, tenha uma movimentação menor de jogadores do que a de PlayStation 4, lançada no hype do anuncio de Infinite (e por consequência deve ter ou teve mais jogadores interessados).
Não que isso seja um grande problema pra mim. Na verdade não sou um grande fã de games de luta online. O desbalanceamento, mesmo nos games que prometem emparelhar jogadores de um mesmo nível, é sempre muito grande. As surras que tomei nas poucas partidas que encontrei foram realmente embaraçosas e vergonhosas (e mesmo assim as mostrei nesse minipost).
E faz sentido, afinal são aqueles jogadores que realmente curtem e jogam muito o game é que vão estar no modo online dele, procurando adversários que correspondam a altura de suas técnicas. Ou é o que presumo que deve ser, já que é muito fácil para um novato jogar duas ou três partidas contra um veterano e perceber que o modo online não é tão divertido quanto possa soar.
Sendo bem franco, se o jogador não manda bem, há desafio de sobra nos modos presentes no game na qual o adversário é a CPU mesmo. Enquanto a inteligência artificial do game estiver lhe dando um couro, significa que já se tem um bom adversário para se treinar e superar.
Considerações finais
Em resumo, Ultimate Marvel vs. Capcom 3 é tão somente um port e está tudo bem assim. Para um game que pode ser considerado um dos grandes títulos da geração passada, ele ainda é totalmente válido para se adquirir em pleno ano de 2017, seja as vésperas ou não da chegada de Marvel vs Capcom Infinite.
Claro que quem teve essa versão na geração passada talvez agora o título não tenha o mesmo brilho, mas só se tiver sido realmente a versão Ultimate. Digo isso porque me lembro de muitos jogadores revoltados em 2011, dizendo que não comprariam a versão Ultimate e ficariam com a primeira versão mesmo. Quem estiver dentro dessa situação acho válido pegar o game agora, completinho e com mais conteúdo. Não é uma decisão que vá se arrepender, já que há sim um enorme salto entre tais versões.
Sem contar que Ultimate Marvel vs. Capcom 3 pertence a esse gênero de jogo que nunca realmente envelhece. Você pode reunir amigos hoje e pegar qualquer (bom) título de lutinha de qualquer geração do passado, como Street Fighter II ou qualquer King of Fighters da década de 90. Até mesmo esses jogos geram boas partidas e disputas entre amigos.
Tudo bem que os controles e mecânicas de Ultimate Marvel vs. Capcom 3 não são exatamente amigáveis para disputas entre jogadores veteranos e jogadores inexperientes. Eu até hoje não sei se gosto desse layout de combate com 3 botões de golpe e um botão de ação especial (que normalmente arremessa o jogador para cima). Ainda estranho o fato dele não ter 3 comandos e soco e 3 comandos de chute, mas esse sou eu. Muita gente se adaptou a isso e foi um dos pontos elogiados desse título em questão.
Existe essa modalidade de combos e combos aéreos que são bem difíceis de serem quebrados dentro da engenharia de combate do game. Talvez apenas tenha me acostumado mal com Killer Instinct dessa geração, que tem quebra de combos bem acessíveis (se você der sorte de ver o movimento do golpe antes dele acontecer).
De toda forma isso não invalida a diversão que as batalhas proporcionam no jogo. Em parte porque é legal ter 50 opções de lutadores, cada um com habilidades especiais, podendo criar muitas misturas das mais diferentes equipes.
Que fique claro, Ultimate Marvel vs. Capcom 3 não é o game perfeito. Há várias falhas e escorregões nos planos de desenvolvimento do game. Sistema de combos agressivos, personagens que são meio desbalanceados, ausência de modos de jogos alternativos e afins. Só que o mérito do título é que mesmo com tudo isso, ele ainda é um dos pontos altas da geração passada. Um game que quase todo mundo jogou ou quis jogar. Que quase todo mundo teve ou quis ter.
E agora os fãs e interessados receberam uma nova oportunidade de testá-lo, de tê-lo em sua biblioteca de games. Completo, preço acessível, e bem fiel a aquilo que ele se propôs a ser na geração passada. E há um certo charme nisso, convenhamos.