Marvel’s Guardians of the Galaxy: The Telltale Series | Na fossa, episódio 1! (Impressões)
Estreou no último final de semana o novo filme dos Guardiões da Galáxia – Vol. 02 – colocando os personagens novamente em evidencia ao redor do globo. Alguns dias antes, no dia 18 de abril, não por coincidência a Telltale Games também lançou o primeiro episódio de Marvel’s Guardians of the Galaxy: The Telltale Series, seu mais novo projeto dentro do gênero em que o estúdio vem apostando nos últimos anos: aventuras narrativas na qual o jogador toma decisões que definem os rumos da história.
O game chega ao Brasil totalmente legendado, tal como suas últimas produções lançadas em nosso mercado, com o primeiro título chamado Na Fossa, enquanto no original o nome é Tangled Up in Blue. Um pouco diferente, não? Na verdade não sei muito bem se entendi qual é a do título original em inglês, mas Na Fossa acaba representando mais a respeito do desfecho do primeiro episódio em si. Mas sem me adiantar demais, deixe-me começar com outros pontos iniciais.
A primeira coisa que os fãs de Guardiões da Galáxia talvez queiram saber é que a nova série com o grupo na Telltale é algo paralelo a tudo que tem se construido no universo desses personagens, seja nos quadrinhos, desenhos ou filmes. É uma historia própria, em sua própria bolha e sem se comunicar com nenhuma outra história em outra mídia. Não existe tal pretensão.
Isso talvez fique bem claro quando logo em um dos primeiros momentos do game um importante personagem desse universo acaba sendo morto, e até onde dá a entender será por definitivo (até… bem, deixa isso para depois também).
Não significa que a Telltale não se inspirou um pouco no que já existe sobre estes personagens em outras mídias. O próprio design e visual de todos lembra bastante o figurino dos filmes, ainda que os rostos de cada personagem, em especial do Peter Quill (Star-Lord) em nada lembre o rosto de Chris Pratt, que interpreta o personagem nos filmes.
O próprio elenco de dublagem para o game é totalmente novo para estes personagens: Scott Porter como Star-Lord, Emily O’Brien como Gamora, Nolan North como Rocket Raccoon, Brandon Paul Eells como Drax, e Adam Harrington como Groot. E isso é um demérito? De forma alguma. Todo o elenco soa coerente com tais personagens, ou ao menos no que as pessoas conheceram deles em outras mídias. Gostei em particular do belo trabalho de voz com Drax e Rocket, já que ambos possuem linhas de diálogos bem importantes nesse primeiro capítulo.
Assuma a liderança
No game o jogador controla sempre a perspectiva e decisões de Peter Quill, enquanto ele tenda liderar esse grupo de estranhos amigos com diferentes objetivos em mente. Não há um controle livre, neste primeiro episódio ao menos, de outros personagens do grupo, ainda que nas cenas de ação o jogador interaja com todos, porém é naquele esquema já conhecido dos games da Telltale: o já (nem tão empolgante) Quick Time Event.
É possível que nos episódios posteriores o jogador assuma o controle de outros membros do grupo, pois o que dá a entender pelas sinopses de todos os episódios (que já podem ser lido no menu do game), cada um vai dedicar a um momento específico para cada personagem, enquanto uma trama maior acontece entre todos os episódios.
Tal trama se resume a um artefato que acaba indo parar nas mãos dos Guardiões da Galáxia, a Forja da Eternidade, o que tudo indica pode trazer os mortos de volta à vida – então aquele cara que morre nesse primeiro episódio pode não ficar morto até o final do último episódio.
Não vou dar spoilers significativos, mas basta saber que o primeiro capítulo é centrado justamente na decisão do grupo no que fazer em relação a tais eventos que envolve a captura desse artefato. Eles ainda não sabem, mas isso irá colocar a cabeça do grupo em evidência para perigosos adversários.
O que o jogador decide ao longo desse episódio não me pareceu tão significativo quanto as decisões iniciais tomadas, por exemplo, no game do Batman da Telltale lançado ano passado. Aqui basicamente as decisões envolvem Peter apoiar um ou outro membro do grupo, criando um vínculo de confiança com um e fazendo com que o outro queira abandonar o grupo.
Guardiões da Galáxia tem esse quê de lance de família. Peter é o chefe e qualquer decisão que ele toma não vai agradar a todos, gerando assim as intrigas típicas desse tipo de cenário. Decisões estas que nem me soaram tão difíceis assim. É o caso de decidir quem é Peter Quill: um cara egoísta e escroto ou alguém que está tentando andar na linha em pró do grupo? Pra mim não soou como algo tão complicado: Peter Quill é um cara do bem. Ele dá seus escorregões, mas no geral não acho que ele trairia seus companheiros.
Nesse sentido era de se esperar que as decisões nesse primeiro episódio fossem mais complicadas, porém não são. Só que ainda é cedo para definir o rumo da história e o que afetará em relação as decisões dos próximos episódios. Por sinal é essa a graça desses games da Telltale, não? O mistério em torno das decisões em relação ao final da história.
Considerações em torno do primeiro episódio
Uma coisa que começa a me incomodar nesses games da Tellate são seus gráficos. Não parece que o estúdio vem atualizando sua engine com o avançar dessa geração. Guardians of the Galaxy: The Telltale Series tem momentos de altos e baixos nesse sentido.
Há momentos onde o background do game é inacreditável, porém é só uma pintura de fundo, sem que o jogador tenha algum tipo de interação. Sendo um game narrativo, com poucos momentos na qual o jogador é solto para investigar algo, o game acaba usando muitas cutscenes, então imagino que um alto poder gráfico seja realmente complicado para esse tipo de jogo. Só que a Telltale não pode esquecer que há outros estúdios hoje em dia fazendo games dentro desse gênero e usando e abusando de estilos gráficos diferentes, como Life is Strange. Será que já não passou da hora de modernizar seu estilo gráfico? Todo game da Telltale precisa realmente ter a mesma cara?
No que diz respeito aos Quick Time Events, eles ocorrem em momentos de ação da trama e são mais do que bem vindos para não fazer o jogador cansar de segurar o controle e nada fazer. O problema é que esse recurso não causa qualquer tipo de consequência narrativa. E talvez devesse causar. Também não me agradou muito a forma como os QTE são alertados na tela de que o jogador os ativou, em especial os comandos com o direcional + ABXY. Não há um indicador visual ou sonoro de que o jogador apertou os botões no tempo certo.
A impressão é de que este primeiro episódio foi lançado um pouco acelerado, para chegar alguns dias antes do novo filme nos cinemas. Ele é até bem curtinho, podendo ser concluído em uma hora e meia. E não que haja um problema nisso, mas vem ficando mais claro que a Telltale Games está precisando modernizar alguns dos elementos dentro desse gênero na qual a mesma colocou em evidência nestes últimos anos.
Se vale a pena pegar o game agora? É difícil dizer e afirmar algo assim, especialmente sem ter o conhecimento do conteúdo e tempo dos demais capítulos. Não é um jogo ruim e para quem está na vibe de Guardiões da Galáxia, é um título mais do que bem vindo. Entretanto está claro que o game ainda tem que se provar mais um pouco nos próximos capítulos, que ainda não possuem uma data certa para serem lançados.
Vale pelo hype, pela ótima trilha sonora, por alguns pontos bem interessantes da trama (Peter Quill no passado foi muito legal – não sei se fiz certo prometer o que prometi nesse momento) e pela potencialização do que pode vir a ser a série como um todo. E não é um título que possui um preço absurdo, os capítulos podem ser comprados de forma individual (apesar de que saem mais caros assim) e se você estiver com a verba e curta os games da Telltale, certamente vai se sentir em casa.
Agora se você ficou desconfiado, quer ver o que mais esse game pode fazer, recomendo esperar ao menos o segundo episódio, que será baseado em um dos personagens mais legais do grupo: Rocket Raccon!
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