Sob Pressão | Guardians of the Galaxy The Telltale Series – Ep. 2 (Impressões)
Resolvi esperar um pouco para continuar jogando o game dos Guardiões da Galáxia desenvolvido pela Telltale Games. Sinto que fiz uma sábia escolha, pois o primeiro episódio foi lançado em abril naquela euforia pela estreia do segundo filme da franquia nos cinemas e não causou o impacto que estava esperando. Passado alguns meses desde o lançamento do episódio 2, intitulado Sob Pressão, lançado em 6 de junho, eis que finalmente resolvi apreciá-lo.
Faço isso – por pura coincidência – quase às vésperas do lançamento do terceiro episódio, agendado para o próximo dia 22 de agosto, que terá como título (em inglês) More Than a Feeling. Para quem ficou curioso e quer saber mais, infelizmente no momento em que publico estas impressões ainda não há imagens ou trailers divulgados desse próximo episódio. Resta aguardar mais um pouco.
Bem, antes de continuar vale a pena recomendar o texto com as impressões feitas do primeiro episódio de Marvel’s Guardians of the Galaxy: The Telltale Series lá no início de maio. Aqui irei relatar um pouco da minha experiência com o segundo episódio e evitarei spoilers o máximo que puder, mas será impossível não dar uma ideia geral do que está acontecendo na trama que a Telltale está criando.
No segundo episódio as consequências da trama se intensificam em torno do que é e o que a Forja da Eternidade pode realmente fazer. O misterioso artefato realmente pode trazer alguém que morreu de volta à vida? E se o artefato pode fazer isso, paira o mistério daqueles que podem retornar e quais serão as consequências disso.
Dividido entre a lógica e a compaixão
Uma das principais críticas que fiz no review do primeiro episódio dizia a respeito da insignificância do peso nas decisões que o jogo fez com que eu tomasse no primeiro episódio, pedindo basicamente para escolher qual membro da tropa Peter Quill deixaria irritado. Achei que aqui, no segundo episódio o valor no que Peter precisa decidir é muito mais impactante ao jogador. Há um maior significado, é mais difícil de ser decidido.
Cria-se a típica situação onde não existe resposta certa. Todas são erradas, seja no que diz respeito ao ponto de vista da urgência e momento em que são feitas, seja na hora de considerar os sentimentos de um membro dos Guardiões acima do que está acontecendo dentro da trama. Basicamente o game me pede para escolher entre a lógica de um evento que vai me causar problemas imediatos, talvez irreversíveis, e aquela que envolve uma promessa feita antes de tudo explodir no ventilador, me pedindo para demonstrar compaixão para com um companheiro que está claramente sofrendo devido ao trauma de seu passado que volta a lhe assombrar.
Como imaginei que aconteceria este segundo episódio dá ao jogador a opção de seguir a história de um outro personagem, tomando as decisões por ele. Assim o game apresenta o passado de Rocket Racoon, na qual é preciso tomar decisões que moldam seu passado. E moldar não é mudar. A tragédia pessoal na qual Rocket vivenciou vai acontecer, não se pode mudar isso, mas como isso ocorrerá caberá ao jogador tomar algumas tristes e pesadas decisões.
Sei que existe um momento ao final deste episódio na qual o jogo realmente conseguiu me emocionar. Pedir o ar por alguns segundos. Lidar com sentimento de morte e luto sempre mexe um pouco comigo. Como consolar, o que dizer, como agir quando alguém está passando por um período tão ruim assim em sua vida? Não existe resposta óbvia nestas situações.
Este foi um episódio em que joguei ancorado pela compaixão e solidariedade para com o Rocket, ainda que isso tenha criado uma outra situação ruim com o restante do grupo, o que aliás é meio tosco como apenas Peter Quill parece ter entendido os sentimento do Rocket. Tudo bem que parte disso ocorre por meio de uma conversa particular, mas logo fica bem claro o que está acontecendo. Para uma tribulação que se diz ser uma família, rola uma certa falta de solidariedade do restante do grupo. Nesse ponto achei o roteiro meio mal amarrado.
Confiar é sempre um risco
O que não estava esperando neste segundo episódio é todo um pedaço do arco envolvendo Nebulosa, irmã de Gamora. Achei que isso começaria a ser desenvolvido somente no terceiro episódio, porém é exatamente esse o elo de urgência que surge inesperadamente aqui neste episódio, o que faz certo sentido. Não se trata de uma apressada de roteiro a meu ver.
A história cria um cenário na qual Nebulosa se faz necessária e cabe ao jogador confiar ou não na personagem. Não é um momento incrível, já que esse plot é um clichê das histórias de heróis: dar ou não um voto de confiança ao vilão? Como meu Peter Quill é um cara do bem, dei esse voto a Nebulosa.
Existe ainda todo um segmento que pode ser perdido se o jogador se decidir pela lógica no começo do episódio. Aí o encontro com a Nebulosa vem mais tarde, ainda que particularmente tenha curtido muito um momento de ação envolvendo uma batalha espacial justamente por conta disso.
No geral a história desde segundo episódio tem mais ritmo, emoção e ação do que o primeiro episódio. É um episódio que não tem o choque e impacto da inesperada morte de um vilão no primeiro episódio, porém em contrapartida é um episódio que demonstra uma construção narrativa que pega o jogador, criando pontos e objetivos para o demais episódios que irão surgir. É mais emocional, melhor focado em um ou outro personagem do que em todos os membros dos Guardiões da Galáxia.
Mais algumas considerações
No que diz respeito aos elementos mais técnicos do game, não existe muitas mudanças em relação ao primeiro episódio. Fiquei mais empolgado com os cenários dessa rodada, ainda que alguns claramente demonstrem que a engine em que a Telltale tem usado para seus games nessa geração precise de uma turbinada urgente. Vide a cena da floresta com o Rocket e em como vegetação é visualmente… ruim. Sem mencionar que os personagens carecem de mais sentimento em suas expressões corporais – bem mais do que as faciais.
A trilha musicais oitentistas desse episódio continua me agradando. Não tenho do que reclamar, ainda que tenha lido relatos de jogadores pela web que não curtiram a escolha de certas faixas musicais para alguns dos momentos de combate e ação que existem nesse episódio. Não sei, eu fiquei com a impressão de que foi meio genial escolher uma batida diferente e menos clichês para estes confrontos. Aprovei.
Porém continuo não curtindo muito o formato dos Quick Time Events, onde fico apenas apertando botões que aparecem na tela em momentos específicos. Sinto que estes momentos deveriam/poderiam ter consequências melhores/maiores e não apenas o Game Over quando acabo não apertando na hora certa tal botão. Sinto falta do impacto visual ou sonoro mais chamativo para estes momentos. Sempre aperto e fico na dúvida se o game entendeu que apertei mesmo.
Também não gostei de ter retornado a um dos ambientes do primeiro jogo, o templo. É um cenário bem fraco, visualmente pensando. Fiquei meio incomodado com isso, como se fosse roteiristas tentando encher linguiça, ainda que dentro da trama tenha feito sentido esse retorno. O puzzle que envolve o templo não é complexo, ainda que exista uma certa investigação prévia. Foi o único momento do episódio que me deixou entediado.
Fiquei contente de ver ao final do game que as decisões chaves do episódio dividiram bem a comunidade que o jogou. As pessoas ficaram de fato divididas em alguns destes casos, algo que não aconteceu no primeiro episódio, onde tudo era meio óbvio onde a maioria fariam suas escolhas.
Para terminar digo que achei um bom salto na história do game, tornando-os personagens mais íntimos pra mim. Agora torço por alguns deles. A trama ajudou bastante, ainda que ela não seja impecável. Fiquei compelido a jogar o terceiro episódio tão logo ele seja lançado no final desse mês. Estou empolgado devido ao gancho no final desse episódio, que gerou um ótimo mistério.