Call of Duty WWII | Final de semana com Beta Multiplayer (Impressões)

Aconteceu nos últimos dois finais de semana – sendo o primeiro exclusivo para a plataforma do PlayStation 4 – o aguardado beta multiplayer de Call of Duty WWII. Consegui me alistar para a guerra somente neste segundo final de semana, com a chegada dos confrontos na plataforma do Xbox One e cá estou para algumas histórias de guerra… ou algo assim.

Depois de anos com guerras modernas e futuristas na qual meio que dizem por aí ter enjoado a comunidade de Call of Duty (será mesmo que enjoou?), eis que a franquia retorna ao passado, naquele espetáculo mais raiz de Call of Duty, na qual o campo da guerra volta a ser a Segunda Guerra Mundial.

Nem quero me recordar quando foi a última vez que Call of Duty visitou esse evento real e histórico da humanidade. Faz tempo e por mais que já tenha existiu um game da série nesse cenário é super importante retorná-lo, especialmente quando se leva em consideração há quantos anos esse retorno não ocorre e ainda mais levando em consideração o poderia gráfico e técnico que os games possuem hoje em dia. Na há melhor momento do que o agora. Fato.

O beta multiplayer consistiu no que o próprio nome diz: testar o multiplayer do game. Não houve nenhum trecho da campanha para ser testada. Apenas classes e modalidades de partidas online contra outros jogadores. Para sentir apenas este segmento dentro do game que tem basicamente três premissas: multiplayer convencional, campanha single player e horda multiplayer com zumbis. Esta duas últimas ficaram totalmente de fora do beta e não há nada que indique que existirá outros betas ou algum tipo de demonstração para tais modalidades.

Ingresse em uma divisão!

A primeira coisa que o beta multiplayer apresentou a quem pode testá-lo foram as novas classes de personagens. Aqui chamado de divisões, mas são as classes de especialistas que foram inseridos nos modos multiplayer dos últimos games da série. Cada divisão tem um setup único de armas principais, secundárias e um tipo de granada.

Cada divisão tem um sistema próprio de progressão, assim o jogador só sobe de nível na divisão em que estiver utilizando. Nessa progressão novas armas e equipamentos são liberados, como parafernálias que melhoram o recuo da arma ou melhores escopos de mira, além de novas armas secundárias.

O loadout destas divisões também parece ser flexíveis o suficiente para permitir que o jogador use algumas das armas de outras divisões, mas não cheguei tão longe (não deu tempo) a ponto de descobrir o quão longe elas podem ir. Por exemplo, a Divisão Airbone pode chamar aviões que irão atacar os adversários, basta apenas que o jogador fique vivo o suficiente para ativar tal habilidade. E esta é uma habilidade atribuída a esta classe. Não acredito que ela possa ser conquistada estando em uma outra divisão. Somente as armas me pareceu poder escolher entre tais divisões.

No geral pude testar um pouco de cada classe, tendo gostado mais da Infantry, a mais básica, funciona bem para jogadores novatos e aqueles que não são veteranos profissionais de Call of Duty (eu mesmo sou bem casual), e também gostei da Armored, que lhe dá uma bazuca com dois tiros como arma secundária (tem como não achar fantástico isso?) em detrimento as outras divisões na qual sua arma secundária normalmente é uma pistolinha safada.

Armored é a divisão do armamento pesado. A metralhadora principal é uma troglodita, ela faz um estrago safado em campo, mas com o revés do longo tempo de recarga quando a munição se esgota. Porém todas as divisões tem seus destaques.

Mountain são os snipers, a galera que fica lá longe acertando miolos em campos abertos. Essa divisão funcionou bem em algumas modalidades de jogo, mas em alguns mapas que estavam disponíveis para Team Deathmatch achei bem complicado encontrar lugares onde pudesse me esconder e atirar à distancia.

Airbone é também uma divisão mais básica, onde o jogador tem em mãos uma sub-metralhadora, ao invés de um rifle de assalto da Infantry (ainda que pra mim, essa distinção de rifle, metralhadora e sub-metralhadora soam tudo com a mesma coisa) e pode chamar o airstrike, que são a artilharia aérea. Só me incomodou o fato de que no começo esse loadout da divisão não ter uma granada para ser utilizada, porém imagino que isso se destrave com a progressão do nível da divisão.

Expeditionary foi a divisão que menos testei, por falta de tempo e porque as primeiras partidas com ela achei bem difícil dominar o loadout inicial. É a divisão para veteranos em Call of Duty. É a divisão que tem como arma principal uma shotgun, uma arma para se usada na cara do inimigo, e chegar perto de um inimigo é bem complicado. Parabéns para aqueles que dominarem essa divisão. Acredito ser a divisão que tem a granada de gás letal (que não consegui abrir por não ter jogado o suficiente nessa divisão). Cheguei a jogar com o lança chamas, que dropou no campo em uma partida, uma arma dessa divisão, e achei uma arma bem legal, mata na hora os inimigos, mas novamente, requer proximidade.

Em comparação com as classes de especialistas dos últimos games da série Call of Duty no futuro tecnológico as divisões de WWII não chegam a ser tão diferentes ou originais. Sinto que no caso dos outros games de guerra futura sempre havia especialistas na qual não havia a menor vontade de testar ou jogar. Em WWII me senti mais a vontade para testar todas e menos intimidado para mudar entre elas.

Também achei bem legal poder mudar o tipo de rosto do meu personagem independente da divisão alistada. Pena que não haja tantas opções de rostos disponíveis. Espero que no game final haja muito mais opções. Também não encontrei meios de customizar meu soldado. O uniforme em si muda dependendo de cada divisão escolhida, mas não existe uma super customização nesse sentido, o que acho também uma pena.

Dá para mudar uma espécie de badge do seu seu soldado, onde essa badge é adquirida também progredindo no game e que lhe confere alguns atributos bônus, como recargas das armas mais rápidas ou armas com mais munição inicial. Coisas nesse sentido.

Enfim, não achei que Call of Duty WWII está necessariamente mudando as regras que a franquia tem se apoiado nos últimos anos. Entendo que no caso desse retorno as suas raízes o game queira experimentar os elementos que tem dado certo em seus últimos games, porém acredito que já está na hora de repensar um poucos alguns destes elementos.

Talvez Call of Duty precise aprender um pouco mais com Destiny, outro game do catálogo da Activision. Eu gostaria que o meu soldado fosse essencialmente uma representação única minha. Um eco de minha personalidade gamer, tal qual é meu Guardião em Destiny. Mas a verdade é que isso está um pouco longe ainda de acontecer. Sinto que falta personalidade nestes bonecos do multiplayer de Call of Duty.

Quando o beta é ligado pela primeira vez o game apresenta o Quartel General do game. Tive a impressão de que o game estava me apresentando uma área social, tal qual existe justamente no já mencionado Destiny. Achei que o game me deixaria antes por lá, mas isso não aconteceu. Acredito que a evolução de Call of Duty para seus próximos games é exatamente esse tipo de interação social que jogos como Destiny instigam os jogadores e comunidades de fãs. Tive a sensação de que esta sementinha está sendo brotada aqui, em Call of Duty WWII.

Modo de jogo, o que deu para testar?

No quesito das modalidades multiplayer houve apenas uma grande surpresa: o modo War! Nesta modalidade os jogadores devem avançar por um determinado campo de batalha conquistando ou defendendo bases. É uma das modalidades mais demoradas e que consistia em até 12 jogadores em uma só partida.

O cenário é certamente algum momento histórico da Segunda Guerra Mundial inspirado em fatos reais. O cenário consiste em diversos estágios (se não estou enganado são quatro), sendo que estes estágios são diferentes uns dos outros. Jogando no lado do ataque, por exemplo, era necessário invadir um prédio e se manter lá dentro por um certo tempo, sem adversários lá contestando o domínio do time de ataque.

O segundo estágio era construir uma ponte (isso mesmo), enquanto o time adversário tenta a tudo custo que isso ocorra. A melhor estratégia para esse momento foi acionar granadas de fumaça, permitindo os jogadores deitarem no chão e irem construindo a ponte em meio a fumaça, enquanto os adversários podem se esconder em prédios e atacar de pontos altos.

Avante para o terceiro objetivo, acionar uma bomba em um depósito de armas do time inimigo. Aqui os inimigos podem construir barricadas, como uma espécie de Rainbow Six Siege. Nesse momento se faz necessário granadas e derrubada destas barricadas (que podem ser reerguida pelos adversários quantas vezes eles conseguirem). Armado a bomba, é preciso que ela exploda. O time que está defendendo estas bases ainda pode desarmar essa bomba, então o time de ataque precisa continuar atacando até que a bomba exploda.

Eis que então se inicia a última etapa da partida, se posicionar no topo de um tanque de guerra, ou ao seu lado, para que ele avance pelas linhas inimigos. Esse momento é bem difícil alias. O soldado em cima do tanque tem um pode de ataque incrível, mas é super vulnerável aos inimigos. Se posicionar ao lado ou atrás do tanque também é difícil, pois você está colocando-se ao risco, devido a falta de cobertura e por ser óbvio que todo o time adversário vai lhe atacar sabendo sua posição. Flanquear é uma boa tática para impedir o tanque de avançar, por exemplo.

A partida termina se o tanque chegar ao seu destino final ou se algum destes estágios de dominação for impedido por um determinado tempo. Sim, há um tempo para que se consiga dominar estas estágios. Passado o tempo é vitória do time defensor.

Ao terminar a partida, os times mudam de lado. Quem defendeu ataca e quem atacou precisa defender. O mapa é o mesmo e durante o beta só havia um cenário disponível. É de se esperar que haja mais quando o game for lançado. Em termos de design de mapa, o achei muito bem engenhoso. Um dos melhores cenários que testei no beta.

No que diz respeito as outras modalidades. Não há muito que dizer. Mata mata é exatamente aquilo que se espera. Hardpoint e Dominação são basicamente a mesma coisa, com a exceção que em um modo é somente uma base que fica mudando de lugar de tempos em tempos e no modo são três bases fixas que os times preciso dominar por tempo que se transformam em pontos. O modo Mosh Pit era uma mistureba de todos os modos em uma única playlist.

O que posso dizer é que estes modos possuíam o mesmo kit de mapas, três ou quatro (agora fiquei na dúvida). Há um mapa com um enorme tanque de guerra na rua, um outro que me lembrou uma base abandonada perto de uma costa e um mapa com neve. Estes foram o que mais me chamaram a atenção.

Destes, apenas o mapa que se passa na neve achei incrivelmente irritante. O achei extremamente apertado, onde os jogadores veteranos ficam muito bem posicionados e massacram os novatos. É um mapa para aqueles que ficam disputando estes pontos onde a matança come solta. Onde tudo é muito previsível, você sabe em que esquinas vai morrer porque tem jogadores a espreita em todos os lugares. Fora que é um mapa muito pequeno, onde os adversários dominam até mesmo os pontos de respawn do time perdedor.

Os outros dois mapas não são tão agressivos. Possuindo um design muito mais amigável a todos os tipos de jogadores. O que se passa em uma base no litoral tem uma boa verticalidade, enquanto o que tem um tanque na rua (perdão por não decorar os nomes) é bem amplo e dá para avançar com cautela e calma porque tem bons spots de observação do avanço inimigo.

No mais achei as partidas bem equilibradas. Ganhei algumas, perdi outras. Não houve crash do game em nenhum momento. Não encontrei bugs e os servidores estavam rodando bem suave, sem engasgos ou grandes lags (especialmente com a minha web cocô).

Achei os controles de Call of Duty WWII precisos e confortáveis. Não tive dificuldade com as armas ou em experimentar as divisões. Não senti que o game é de difícil acesso para quem não está habituado com esse gênero de multiplayer de guerra online. A progressão do jogador é bem tranquila e parece recompensar o jogador a todo momento com alguma peça de equipamento para aprimorar a experiência. Achei muito bacana o lobby entre as partidas, que monta uma espécie de fotografia do esquadrão inteiro. Vide imagem abaixo:

Considerações ainda não conclusivas

Sendo um beta multiplayer é difícil tirar conclusões definitivas. Não dá. O que posso dizer é que senti a proposta da Activision e do estúdio envolvido nesse game, a Sledgehammer Games, de voltar ao passado de Call of Duty. De fato o combate e o cenário proposto aqui é bem de volta às raízes.

Nada de armas malucas e super poderosas. Habilidades loucas ou jogadores pulando em gravidade zero. É um game bem pé no chão, com uma física de games de guerra das antigas mesmo. Difícil nesse estágio querer compará-lo com Battlefield 1, até porque ambos os games se passam em guerras diferentes e possuem abordagens bem distintas. Só posso dizer que em termos visuais, Battlefield 1 me passou um impacto imersivo de ambiente muito maior. Mesmo que Call of Duty WWII esteja reproduzindo os ambientes da Segunda Guerra Mundial, fiquei com a impressão de um ambiente batido, meio como se nada ali estivesse realmente me impressionando.

Os mapas, por exemplo, soaram pra mim bem mais apertados também. Eu gostaria muito que Call of Duty abraçasse um modo de multiplayer mais massivo, com trocentos jogadores online. Estamos na era onde Player Unknown’s Battleground faz a loucura de colocar 100 jogadores online em uma única arena. Battlefield 1 e Star Wars Battlefront, ambos da EA, também possuem essa megalomania de colocar dezenas de jogadores juntos. Call of Duty precisa abraçar isso em algum momento.

Fiquei um pouco frustrado de encontrar em certos mapas, em particular esse de neve já mencionado, locais onde o jogo colocou muros invisíveis. Locais onde claramente o jogador deveria poder subir, escalar ou entrar e o game simplesmente coloca um muro invisível. Sinto que isso é algo que quase não se vê mais em games desse calibre.

Ao fim, acredito que Call of Duty WWII pode vir a ser uma boa mudança, mas não será aquela mudança radical que muitos esperam. Aquela mudança que vai inovar e reinventar a forma como olhamos para Call of Duty. Infelizmente. E não sei porque mais experimentações não estão sendo feitas no sentido das observações que faça ao longo desse texto. A Activsion já tem três estúdios fazendo games da franquia, lançado-a anualmente. É meio estranho pensar que não haja alguns deles fazendo mais testes experimentais da franquia, preferindo aposta sempre na mesma fórmula consagrada, ainda que a roupagem e abordagem soem mesmo diferente todos os anos.

E, para encerrar de vez, vale lembrar que este beta só proporcionou um gostinho do multiplayer em si. As expectativas para Call of Duty ano a ano normalmente ficam bem altas para a campanha single player. E muito pouco se fui sobre ela desta vez. Coloque seu hype aí, porque eu estou torcendo para a sempre ótima experiência que anualmente Call of Duty proporciona. E pra mim, é o game desse gênero que tem as melhores e mais divertidas campanhas.

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