A minha primeira experiência com ARK Survival Evolved aconteceu em 2015, momento em que o título foi disponibilizado em acesso antecipado no Xbox One. Fui uma experiência excelente, mais ainda bem inicial dentro de tudo que o jogo viria a oferecer até chegar a este momento de 2017, onde ARK foi finalmente finalizado e recebeu um lançamento oficial de sua versão completa no último dia 29 de agosto. Disponível para PC, Xbox One e PlayStation 4.
Muita coisa mudou dentro do game desde então. Comparando-o com aquilo que vi há quase dois anos atrás. Agora ARK possui muito mais raças de criaturas, mais tipos de terrenos, mais ferramentas e recursos, novas áreas, novas mecânicas, além de colecionáveis que funcionam de modo a dar um contexto para o mundo criado dentro da ilha. Inegavelmente o game também está visualmente mais bonito, ao menos no Xbox One, versão de testes para estas impressões.
E a ilha não é mais a única localidade presente na versão de lançamento. ARK Survival Evolved foi lançado com três expansões (que são uma espécie de Mods oficiais), duas gratuitas e uma vendida à parte. The Center, Ragnarok e Scorched Earth (esta última é a paga) que criam novos ambientes, novas situações e trazem uma experiência para jogadores mais avançados dentro das mecânicas do jogo.
ARK Survival Evolved está pronto para novos desbravadores! Mas será que você está pronto para sobreviver em um dos mais cruéis e brutais games dessa geração?
Entendendo o que é ARK Survival Evolved
O título desenvolvido pela Studio Wildcard é um misto de alguns gêneros populares em tempos modernos. Sua base como um todo parece ter sido criado como um MMORPG de sobrevivência, onde a experiência online permite a criação de tribos para que jogadores se reúnam para enfrentar todas as mais ferozes criaturas presentes no ambiente do jogo.
Este trabalho em equipe tem como objetivo facilitar a longa cauda do grinding (processo de repetição para subir mais rápido de nível) existente em ARK. Em equipe é mais fácil ganhar EXP enfrentando feras, explorando ambientes inóspitos e caçando tesouros.
Também fica mais fácil o processo recolhimento de recursos que permite uma tribo criar construções para uma base, que serve tanto como defesa contra outros jogadores (caso esteja online) ou ataque de criaturas, como para armazenar itens raros, recursos pesados (que não dá para ficar carregando por aí) e tudo mais que se achar útil manter guardado ao invés de ficar com tais objetos no bolso da mochila.
Isso porque em Ark Survival Evolved a morte é permanente e tudo é perdido. Bem, mais ou menos. Seu personagem mantém o level quando morre, porém tudo que está carregando em sua mochila é perdido e o respawn (local onde o jogador renasce) é parcialmente aleatório, exceto se o jogador fizer parte de uma tribo e construir uma cama que serve como ponto de respawn fixo.
Depois de uma morte, o jogador ainda tem uma chance de reaver os itens perdidos, caso renasça perto do ponto em que morreu, porém quase sempre é impossível. Seja porque você foi morto por uma fera que está no local, seja porque seu renascimento surgiu longe demais de onde seu personagem foi morto.
Assim como muitos jogos de sobrevivência, não basta construir e se armar, é preciso consumir água e comida, assim como se proteger do frio e calor, para se manter vivo. Ir para um local sem água só se tiver um cantil. Roupas são praticamente obrigatórias em certos ambientes para não sofrer danos com mudanças drásticas na temperatura. Comida há em abundância, mas frutinhas não lhe sustenta tanto quanto carne, que só se obtém pescando ou matando criaturas, que quase sempre reagem ou fogem em uma velocidade bem complicada de serem perseguidas (afinal você também tem um medidor de fôlego e se cansa se correr demais). Ah e carne cru obviamente pode te deixar passando mal, é preciso cozinha-la no fogo.
Uma último recurso que precisa ser mencionado são os engramas. Estes são uma espécie de plantas de projetos que precisam ser adquiridos para aprender a construir coisas dentro do jogo. Ao subir de nível o jogador ganha pontos que permitem ser gastos nestes engramas.
Você pode fazer aprender a fazer uma lança ou uma fogueira ao atingir os primeiros níveis de seu personagem, mas para criar ferramentas mais complexas vai exigir níveis bem mais avançados e estruturas que possam trabalhar tais itens. Uma espada de metal, por exemplo, vai precisar chegar ao level 30 e também aprender a construir uma mesa de construção e também uma forja para refinar metais. Nesse ponto você já deve ter uma base para manter estas estruturas e recursos armazenados.
Jogando em multiplayer, parte desse processo pode ser facilitado, pois jogadores de níveis mais altos podem construir itens que podem ser compartilhado com jogadores de nível baixo. O fato de você não ter um engrama que lhe permite construir uma espada não significa que você não possa receber uma de alguém.
O objetivo principal do jogo é aprender a sobreviver o quanto puder enquanto explora um mundo aberto que impressiona por vasta sua fauna e flora do passado do planeta. É possível domesticar quase todas as criaturas presentes no game, nocauteando-as e alimentando até uma barra se encher. Não que isso seja fácil ou que o jogador irá sempre tem em mãos uma quantidade absurda de alimentos necessários para domesticar as maiores e mais ferozes existentes na ilha.
Vencido essa etapa – estando em um nível bem alto, com uma equipe entrosada e muito equipamento de alto poder de fogo – é hora de se aventurar pelos três obeliscos espalhados pela ilha. Cada obelisco requer certos tributos para serem ativados, em especial certos artefatos que podem ser encontrados se arriscando nas perigosas cavernas da ilha. Estes obeliscos são portais que direcionam os jogadores direto para os três grandes chefes do game. Chefes que dou lhe meus parabéns se conseguir matar sozinho, sem qualquer código de trapaça (e já falo sobre isso). Ultrapassado estes desafios insanamente difíceis, um quarto chefe é liberado, juntamente com uma área que trará um pouco de respostas do que é afinal a ilha de ARK.
Não se engane, esse cenário que descrevi acima, com jogadores vencendo os chefões do game não é para qualquer um. Chegar aos níveis avançado de seu personagem a ponto de bater de frente com tais inimigos requer dezenas de horas,, se não for, mais de uma centena de horas de ARK. O índice de jogadores que chegaram a fazer isso nas estatísticas do Xbox One é baixíssima (menos do que 3% da comunidade global em média) e isso porque estas estatísticas também contam com aqueles que fizeram tal proeza utilizando de trapaças (como eu admito ter feito em um destes confrontos).
Ao fim é preciso entender um pouco todo estas vastas opções de mecânicas, sistemas e convivência social que os desenvolvedores de ARK planejaram para o jogo. Não é um game para se iniciar pensando em fechá-lo e nunca mais jogá-lo. Pelo contrário, ARK faz parte dessa geração de games sociais de experiências e histórias abertas, geradas de forma única para cada jogador. Não existe uma trilha, uma campanha bem planejada e scriptada. Há apenas a ilha, recheada de bichos mortais e mecânicas para gerenciar sua sobrevivência. Os obeliscos estão ali para quando o jogador se tornar o rei da ilha, quando nada mais lhe desafiar.
Experiência prática
ARK Survival Evolved pode ser um game altamente imersivo na mesma proporção quanto é frustrante em diversos momentos. A teoria apresentada nos pontos explanados acima é promissora, mas a experiência prática pode ser muito diferente.
Primeiro a questão do multiplayer. Se você é daqueles que participa de comunidades, procura grupos e tem amigos que juntos estão interessados no game para jogarem juntos, ótimo! Caso contrário, a experiência online nem sempre é fácil ou acessível.
Minha experiência online em ARK não foi lá grande coisa. Cheguei a testar alguns servidores aleatórios e tudo que encontrei foram pequenas tribos de jogadores em cubículos quadrados pelo litoral da ilha que trancam tudo dentro de suas casas quando não estão off-line. E não é todo mundo que fica 24 horas online em jogos assim, então boa parte dos habitats simplesmente estavam trancados (assim os jogadores não podem roubar sua casa). Não tive paciência, saco e disposição para ficar procurando jogadores online em servidores que são distribuídos entre 70 pessoas online simultaneamente. A ilha é grande o suficiente para dispersar esse pessoal.
Fora que os servidores mais populares são bem difíceis de se conseguir entrar, pois sempre estão no limite máximo de jogadores e há diversas outras pessoas tentando entrar ao mesmo tempo. Isso – mais uma vez – pela experiência que tive com o jogo no Xbox One. Imagino que no PC seja mais gerenciável encontrar grupos e saber dos melhores servidores para se viajar online.
Porém é bem comum os trailers oficiais, como este abaixo (que demonstram grandes construções e estruturas que parecem fenomenais construidas pela comunidade) encontrar comentários de jogadores alegando o quão irreal e enfeitado são estes trailers, dizendo que existe um seleto grupo alpha de jogadores que criaram estes lugares em servidores privados e que são praticamente impossíveis de se conseguir vagas.
Não sei. Parece plausível isso. O pouco mesmo que fiquei pulando de servidor em servidor no Xbox One não cheguei a encontrar absolutamente nada de espetacular nessa parte de construções de tribos de jogadores. Apenas as construções cúbicas pelo litoral da ilha relatadas lá no começo da matéria.
De novo, se você tem um grupo que joga games assim, que gasta dezenas de horas criando um mundo virtual online incrível, ou se tem facilidade de entrar em comunidades e se tornar parte desse grupo, ARK é um jogo quase perfeito. Tem tudo que esse nicho de jogador necessita. Caso contrário, seja bem-vindo ao meu mundo.
Experiência solo
ARK Survival Evolved também pode ser um jogo que funciona de forma individual. Sem a necessidade de se ter um servidor online. Até se pode ter um servidor privado, na qual se permite a entrada de forasteiros ou apenas amigos, mas não é necessário nada disso se você buscar uma experiência solo dentro do game. E ela existe!
Não preciso nem dizer que parte das quase 40 horas que passei jogando o título nestas duas últimas semanas foi individualmente, preciso? E a experiência continuou tão sensacional quanto imaginei que seria.
Pra mim a coisa mais incrível é poder explorar, conhecer criaturas e testar minhas habilidades e destrezas de sobrevivência, ainda que essa última tenha fracassado vergonhosamente por muitas horas iniciais de gameplay. Morrer diversas vezes faz parte das primeiras 10 horas do jogo.
Isso ocorre porque seu personagem é um fracassado quando o game se inicia. Griding é uma palavra que fica ecoando na sua cabeça em todas as primeiras horas. Fabrique seus primeiros itens, construa as primeiras ferramentas e vá testar suas habilidades. Você vai conseguir matar um ou outro dinossauro. Vai conseguir pescar, mas eventualmente, entre testes e aprendizagem, o game irá lhe matar cruelmente. Tornando necessário toda a repetição inicial de conseguir recursos para a roupa inicial e suas primeiras ferramentas. Tudo isso gerando EXP para ficar mais forte dentro das mecânicas do jogo.
O game te dá dicas de como se manter vivo por mais tempo. No geral fique na praia. O litoral é mais seguro do que o interior da ilha, onde outros animais ainda maiores e mais incríveis vão se encontrados. Sim, você vai ter a curiosidade de tentar entrar na mata fechada em alguns momentos, e certamente irá morrer em todas as vezes se não estiver com um exército de animais domesticados para lhe proteger e muito bem armado para atacar o que quer que venha em sua direção, seja abelhas do tamanho de urubus, formigas do tamanho de cachorros, velociraptor e outros dinossauros carnívoros que sentem a sua presença de longe ou quem sabe crocodilos e aves gigantes, ursos e lobos sedentos por carne humana. Em ARK você é apenas petisco para estas feras. E quanto menor for seu level, mais rápido você morre por qualquer uma destas criaturas, em uma ou duas bocadas.
A primeira coisa é estabelecer uma base. Construa uma cama para ser seu ponto fico de respwan, assim quando morrer você irá surgir nesse ponto sempre. Faça uma caixa de armazenamento de item, deixo-os na caixa, pois assim você não os perde se acabar morto. Fabrique uma lança para pescar peixes e matar pássaros Dodos que vivem pela praia. Isso lhe dará carne, que deve ser assada em uma fogueira perto de sua base. Água do mar é potável aqui, então não tem que se passar sede, mas para sair do litoral um cantil é item obrigatório. Esgotar a barra de sede ou fome faz sua barra de saúde despencar rapidamente, levando-o a morte. Procurar água no centro da ilha é morte também, pois carnívoros geralmente rodeiam áreas assim. Nem pense em explorar cavernas, pois além do escuro, outras criaturas pula do nada para lhe matar. Isso é só para jogadores em altos níveis de experiência.
Falando em escuro, ARK tem um ciclo de dia e noite. E a noite leva um bom tempo para passar (ainda que seja um período menor do que o diurno). As noites são breu total. Não se enxerga um palmo sobre sua frente. Tochas são boas ferramentas, mas apenas para iluminar. O melhor a se fazer é ficar quieto e procurar abrigo à noite. Espere amanhecer.
A partir daí, talvez a melhor ideia seja explorar o litoral, onde os recursos são em abundância e você não se perde de seu ponto de origem facilmente. Enfrente criaturas menores, domestique herbívoros primeiro, mas logo parta para pequenos carnívoros, como o Dilofossauro (aquele que cospe veneno na sua cara, desvie disso). Faça esse grinding básico e vá criando um grupo de companheiros para lhe proteger. Logo você poderá construir uma cela para montar em um dinossauro de médio porte.
Nesse meio tempo, considere construir novas bases, nem que seja camas que podem ser usado como pontos de respawn por diversos lugares da ilha. Isso ajuda a sua mobilidade. Elas também são pontos de viajem rápida, só que nesse caso não se pode levar nada junto, itens ou criaturas domesticadas. Guarde seus itens em armários antes de viajar pelas camas, caso contrário estes itens se deterioram em questão de 3 ou 4 minutos.
Basicamente essa foi a minha experiência por severas horas iniciais de ARK. Parece calmo, mas rolaram muitos momentos de tensão, com T-Rex, Velociraptos, crocodilos gigantes surgindo da mata ou do mar e bloqueando meu caminho. Nadar também não é uma opção no começo, pois enormes tubarões jurássicos, juntamente com água vivas e arraias gigantes vivem pelo litoral, impedindo o jogador de ficar muito tempo no mar.
A escalada de nível é bem lenta, mas a proposta do jogo é assim mesmo, especialmente no single player. Porém chegou em um ponto em que poderia construir itens mais complexos e não havia estes recursos. Domesticar feras maiores? Não dispunha de comida o suficiente no litoral. É aí que o game começa a lhe empurrar para dentro da mata. E é a parte onde jogar com morte e perda de itens começa a frustrar jogadores sem paciência.
Foi nesse ponto que decidi que ARK Survival Evolved não estava mais me divertido. Foi o ponto em que percebi que o single player acaba sendo barrado, pois sem amigos ou tribos para ir juntos para a floresta, esse desafio torna-se quase impossível. Ou eu ficava no litoral por mais 20 ou 30 níveis, gastando dezenas de horas de grinding, ou procurava outra solução. Foi aí que descobri o Console Commands e os códigos de trapaça de ARK.
Torne-se Deus
Console Commands não mais é do que um painel de administrador para digitar códigos de trapaça dentro do game. Senti um pouco daquela vibe dos tempos de Gameshark no PSOne. Você se recorda disso? Não é como se fosse necessário hackear o game ou usar qualquer meio invasivo de quebrar o jogo e fazê-lo funcionar na forma como os desenvolvedores não desejem. Nada disso.
Este recurso existe dentro do jogo por liberalidade dos próprios desenvolvedores. Está lá para ser usado por aqueles que desejarem usar. Você digita alguns comandos e aí se torna Deus. Não toma dano, não sente mais fome ou sede entre outros facilitadores que tornam ARK Survival Evolved mais amaciado, mais flexível para aqueles que não querem a experiência ultra demorada e hardcore que o game possui.
Eu passei um bom tempo jogando o título pelo formato original, morrendo e morrendo, mas chegou um momento em que isso me cansou. Senti que estava perdendo tempo. O que eu queria, ver a ilha, outros lugares, outras criaturas, não era possível sem um griding absurdo que me tomaria todo tempo que não dispunha. Foi aí o Console Commands me conquistou.
No Xbox One é preciso apertar o Start e apertar simultaneamente LB + RB + X + Y para habilitar esse painel de trapaça. Dentro dele, basta digitar “god” para não mais tomar dano de ataques, mas você ainda pode morrer de outros meios. Então digite “infinitestats” e pronto, a barra de fome, sede e fôlego estão sempre cheias. Morrer dentro do game torna-se impossível.
Dentro da Wiki oficial do game existe inúmeros outros códigos para comandos. São códigos que normalmente os desenvolvedores devem utilizar para testar funcionalidades do game e que estão permitindo oficialmente que os jogadores brinquem com isso.
Há códigos para matar todas as criaturas da ilha (assim outras irão renascer em locais diferentes, já que o jogo as criam de forma aleatória), para congela-las, para que seu personagem possa voar, ficar invisível, para chegar ao nível máximo de level, destravar todos os engramas etc.
Particularmente minha maior tristeza depois das primeiras 10 horas estava sendo a perda de tempo fazendo grinding para não morrer e perder meu progresso dentro da exploração da ilha. Sendo assim não achei necessário usar todos os códigos de trapaça possíveis. Fiquei nos dois mencionados (“god” e “infinitestats”) para não morrer e um chamado “giveslotitemnum” que me permitia ter certos itens sem ter que ficar caçando e coletando para fazer sua construção (porque lanças, machados, roupas etc quebram e precisam ser reparadas ou construídos novos). E só!
Considero essa experiência a segunda parte de quem joga ARK sozinho. Apesar de que depois de ter descoberto o macete, fui olhar alguns vídeos do jogo no You Tube e passei a perceber que tem muita gente jogando o game assim, com cheats, especialmente em ambientes avançados e finalizando o último chefe dessa forma. Faz sentido.
Não tomar dano, não morrer, não precisar ficar coletando recursos muda um pouco a experiência do jogo, mas não o torna menos interessante. Sua biodiversidade é tão fantástica a ponto de simplesmente passear e enfrentar feras sem se preocupar com suas consequências não se perder por causa disso. E a ilha é grande o suficiente para se gastar muitas horas nesse passeio onipotente.
A boa é que estes comandos de imortalidade são reversíveis. Cada vez que o save do single player é carregado, o jogador volta a ser mortal, precisando digitar estes comandos novamente caso queira continuar sem morrer.
Assim é possível passear por toda a ARK, conhecer tudo e aí sim retornar para a praia, já com o nível bem avançado (porque você continua enfrentando criaturas e ganhando EXP) e mais tranquilo retornar ao ponto de mortalidade que assim desejar.
Expansão Scorched Earth
Além da ilha original pude jogar também a expansão Scorched Earth, a primeira das três expansões pagas que estão dentro do Passe de Temporada do jogo. As próximas estão planejadas para lançamento no final desse ano e começo de 2018.
Scorched Earth é um pacote bem interessante por funcionar mecanicamente semelhante, mas ainda assim criando premissas bem diferentes da aventura original na ilha. O cenário dessa expansão é um imenso deserto e com isso água se torna um problema muito mais alarmante aqui.
Minha primeira vez em Scorched não durou muito. Morri de sede em menos de 10 minutos de partida. Há muitas criaturas que representam perigo dentro do mapa e que estão presentes em basicamente todas as áreas iniciais dessa expansão. Não existe um oásis fácil de se alcançar como o litoral da ilha original.
Logo se descobre que as fontes de água também são locais mortais. Lá vivem assustadores crocodilos pernudos que em solo saltam em alta velocidade em direção ao jogador, chamados Kaprosuchus (crocodilos-javalis).
Existem outras fontes, como pequenas nascentes no solo em que o jogador pode bebericar água, além de cactos que também contém água. Mas no geral, são locais que não saciam a sede por completo. Estabelecer uma base em Scorched Earth é bem difícil.
Minha maior jornada por ela foi viver dois dias inteiros nela sem morrer. Próximo a um lago na qual um carnívoro de médio porte matou, sabe-se lá como, um destes crocodilos saltadores que vivia pelas proximidades, para logo depois ir embora atrás de outro animal para devorar. Nesse cenário pude viver por dois dias ali, até que a comida se exauriu e precisei ir embora do local, morrendo de calor, fome e logo depois sede.
Scorched Earth contém 12 novas espécies de criaturas não existentes na ilha, porém também traz para si muitas das que existem no jogo principal. Há novas plantas, novos chefes, novos itens e engramas para construir novas estruturas, armas e ferramentas.
Para quem curtir a experiência original de ARK, Scorched Earth tem peso e valor. Adiciona uma nova dinâmica com um novo ritmo em uma nova aventura. Mas é tão cruel e feroz quando a ilha original.
A expansão também possui algumas liberdades criaturas, como não ficar muito preso a criaturas reais que estão extintas, mas também traz algumas que existem no universo da fantasia e mitologia, como certos insetos gigantes, dragões e até mesmo um Manticore (um leão com chifres e rabo de escorpião).
Tal como no game original, caso o jogador queira apenas passear e andar pelo ambiente sem se preocupar em ser morto por algum animal faminto que pule em você de algum local, que provavelmente você não ir ver, o painel de Console Commands também funciona aqui.
Não fique muito no sol, não morra de sede, fuja de tudo e vença o deserto. É isso que Scorched Earth lhe propõe.
Considerações finais
ARK Survival Evolved é um título fantástico. Um projeto que, quando vi pela primeira vez, poderia qualificar como singular. Hoje, existem outros na esteira de seu sucesso, sendo influenciados pelo título, tal como Conan Exiles (que em breve também terá impressões aqui no site).
É um daqueles jogos que exigem muito de seu público, de sua comunidade e de qualquer um que queira se aventurar profundamente por seu universo. Seja no multiplayer ou no single player. É um título que aqueles que querem gastar toneladas de horas nele. É preciso tempo, dedicação e certa dose de paciência para avançar em certas etapas de sua jogabilidade.
Pode frustrar em diversos momentos e não é isento de falhas técnicas, como texturas que demoram a ser carregadas ou dinossauros presos em ambientes (sempre fáceis de capturar ou então matar para ganhar EXP). Usar certos animais como montaria também apresentam uma jogabilidade bem mediana, onde eles travam em pedras e são difíceis de se realinhar em passagens curtinhas.
Os controles e menus também não são otimizados para funcionarem com perfeição em controles de consoles domésticos. São complicados e difíceis de se entender, com vários comandos que fogem da sua memória com frequência (vivo esquecendo como alternar a tela de primeira para terceira pessoa, ou como dar comandos para os animais sem ter que usar o menu carrossel próximo a eles).
Algo que melhorou consideravelmente entre a versão final e a de acesso antecipado foi o tempo em que as coisas demoraram para serem realizadas dentro do game. Domesticar um dinossauro no acesso antecipado poderia levar mais de uma hora, enquanto que aqui, esse mesmo animal é domesticado em questão de 10 minutos ou menos. A situação em que o jogador fica com sede e fome também foi melhor balanceado, pois no acesso antecipado o jogador vivia agressivamente com fome e sede, sendo uma corrida constante para não ser vencido por estes status. Agora em seu lançamento, estes atributos estão mais amigáveis, melhor gerenciáveis.
Uma outra reclamação diz respeito a customização do personagem que parece meio limitada frente ao que jogos atuais permitem se fazer. Cabelo por exemplo, é preciso atingir o nível 25 para mudar penteado, sendo necessário comprar um engrama de tesoura para tal. Meio boboca isso.
A boa é que ao contrário do que era ARK quando o testei em 2015 é que esta versão de lançamento está muito bem localizada em português. A barreira do idioma não mais existe, tornando o game bem mais acessível a potenciais jogadores aqui no Brasil.
Os colecionáveis que contam a história do game, dos animais e outros aspectos do mundo do jogo também são uma adição interessante as mecânicas já que antes você só entrava em mata fechada querendo chegar em um dos três obeliscos do jogo, enquanto que agora o jogador pode fazer isso para buscar artefatos e colecionáveis.
Só acho uma pena que o dossiê dos animais que existiam nas versões iniciais do jogo também se tornaram colecionáveis. Antigamente eles eram destravados quando se conseguia domesticar um dinossauro ou quando um não domesticado era morto pelo jogador. Isso meio que matou aquele incentivo de querer domesticar todo e qualquer animado do game. Não se ganha nada mais, além de EXP, quando se domestica um animal nunca domesticado. Gostava mais quando o game me recompensava por tal feito.
ARK Survival Evolved não é perfeito, tem várias falhas, mas o game como um todo é muito atraente. Ele peca em pequenas coisas que podem ser aprimoradas no futuro. Por exemplo, toda a frustração que me levou a suar o Console Commands poderia ter sido evitado se o jogo simplesmente tivesse um slot de salvamento manual, para que o jogador carregasse seu progresso minutos antes de uma morte acidental (algo que ocorre a todo momento no jogo, e é natural dada sua natureza).
E acho legal que o game tenha toda essa diversidade de opções. Jogue online, jogue em servidores privados com amigos apenas, jogue sozinho, jogue com códigos de trapaça liberados pelos desenvolvedores. Independente de como jogar, ARK vai acabar sempre lhe impressionante pela biodiversidade de criaturas e em como os desenvolvedores imaginaram que elas seriam ou foram adaptadas para serem interessantes aqui.
É um game sobre descobrir, sobre explorar, sobre observar. É sobre se impressionar. E eventualmente virar petisco de alguma fera com muitos mais dentes afiados do que você.