Lego Marvel Super Heroes 2 | Infinitas dimensões! (Impressões)
Estive nas últimas semanas me divertindo com Lego Marvel Super Heroes 2. Provavelmente no embalo do ânimo para Vingadores: Guerra Infinita nos cinemas. Não que uma coisa puxe a outra de forma direta, mas indiretamente são os mesmos personagens vivendo super aventuras.
Lançado em novembro do ano passado, Lego Marvel Super Heroes 2 sequer tenta soar como uma antecipação ao filme que acaba de estrear nos cinemas. O vilão é outro, a ameaça é diferente. Assim a proposta é bem digna de um enredo de videogame. Uma batalha no limiar do espaço e tempo, entre diferentes realidades e dimensões. Ideia mais do que perfeita para colocar qualquer personagem, de qualquer época e era da Marvel, reunidos juntos contra uma ameaça em comum.
A TT Games parece ter acertado muito bem a mão neste sequência. Soube atualizar o jogo em relação ao seu predecessor de 2013. Usando, é claro, muito daquilo que ela já vem aplicando em tantos jogos da franquia Lego Games que tem sido lançados nos últimos anos.
A campanha principal me tomou aproximadamente 16 horas para conclui-la, sendo uma das maiores campanhas originais dos últimos jogos da franquia Lego. E ela é só uma parte do conteúdo que estes jogos andam oferecendo. Isso significa que o jogador termina a história com toneladas de missões paralelas e segredos que deve descobrir e investigar, afim de conseguir destravar toda a enorme galeria de personagens jogáveis dentro do game.
Explore toda Cronópolis
Diferente do primeiro Lego Marvel Super Heroes, onde o jogador explorava uma Manhattan de Lego situada no universo Marvel, aqui o jogador tem acesso a Cronópolis. Uma mega metrópoles multidimensional criada por Kang, o Conquistador.
Esse vilão vem dos quadrinhos, não existe no universo cinematográfico, mas não que isso seja ruim. O game mescla muito bem personagens que saem dos quadrinhos e aqueles na qual já existem versões cinematográficas. Os Guardiões da Galáxia é um bom exemplo de como o modelo dos filmes casa muito bem com toda essa atmosfera do mundo de Lego.
Cronópolis é então um cenário misto, rico em diversidade. Há Wakanda, do Pantera Negra, colada em uma Nova York com um trecho tomada pela neve, enquanto em outro pedaço está toda em cores suaves, no clima do Homem Aranha Noir. Há a cidade dos Inumados. O templo sagrado do Punho de Ferro. Até mesmo Asgard de Thor próxima a Inglaterra medieval, e assim por diante.
É um cenário muito rico e diversificado. Difícil cansar e enjoar de tantas situações colocadas nestes pequenos mundos interconectados. E tudo acessível ao jogador sem telas de loading, sendo que estas só aparecem nas missões principais. Bem diferente da fragmentação feita em Lego Ninjago, onde o mundo aberto era recheado destas telas e de muita espera.
Super poderes, sem limites
Com um cenário vasto as portas para os personagens do mundo Marvel são basicamente ilimitadas. O jogador ainda irá, durante a campanha, jogar com os principais nomes da casa, porém participações mais do que especiais virão. Como uma versão do Capitão América do cenário de faroeste (na qual já me esqueci seu nome). Ou diferentes versões do Homem Aranha, como a Spider-Gwen e o Aranha Noir.
Surpresa também foi encontrar um capítulo inteiro dedicado aos Inumados, que tiveram até mesmo um seriado na TV norte-americana em 2017. Ou alguns dos personagens que participam da equipe dos Defensores na Netflix. Estão todo aqui, reunidos nessa bolha de realidade, capturados por Kang.
De fora da brincadeira estão pontuais personagens. Nada de Surfista Prateado, X-Men e Quarteto Fantástico. Talvez problemas com diretos autorais com a Fox, vai saber. Não que seja um problema, afinal eles participaram do primeiro game. Até acho interessante que não tenha rolada essa repetição. Já outros, como Thanos e o grupo Fugitivos (Runaways), estão em DLCs que abordarei mais à frente destas impressões.
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Os mais legais
Mas o mais legal disso tudo é a diversidade que um elenco tão grande pode proporcionar as mecânicas dos jogos dessa franquia. Há muitos puzzles engenhosos e diferentes, muitos envolvendo as habilidades destes personagens. Destaque para os que envolvem as habilidades do Dr. Estranho, com labirintos de encantos e manipulações do tempo.
Outro personagem que me ganhou foi a Miss Marvel, que esbanja carisma e tem habilidades elásticas que lembram uma versão melhorada de Richard Reeds (Sr. Fantástico) do primeiro game. E é muito legal a habilidade, tanto dela quanto do Homem Formiga, de ficarem gigantes. Maiores do que colossais como o Hulk.
É também excelente a forma como alguns personagens se movem pelo cenário. Com saltos gigantes e super velocidade. Acabam sendo perfeitos para cruzar Cronópolis rapidamente.
Adorável também a habilidade especial do Senhor das Estrelas de colocar seu walkman para funcionar e sair dançando pelo cenário. Contagiando assim NPCs e inimigos a se unirem a sua dança, enquanto ao jogador é permitido atirar com sua arma para direções improváveis sem ter qualquer senso de mira.
Outro cheio de carisma é o Grood, que possui uma versão brotinho e outra normal, em que o jogador intercala com um apertar de botão. Além de que, quando grande, é possível que Rocket Raccoon fique em seu ombro, se posicionado por um segundo jogador. Isso é novidade.
O elenco do game é cheio destes pequenos detalhes. Coisas que só se descobre jogando com todos possíveis. Todo mundo tem habilidades especiais, poderes e trejeitos únicos. Com uns mais parecidos do que os outros, como os Aranhas, mas que ainda assim sabem soar como personagens próprios.
Fases de todos os jeitos
Parte da fórmula permanece idêntica aos games da franquia. Há as tradicionais fases, aqui chamadas de missões, onde o jogador para avançar pelo cenário precisa derrotar inimigos, resolver puzzles e destruir tudo que puder se destruído.
Segredos e colecionáveis existem aos montes. Sendo que nenhuma fase pode ser vencida 100% na pela primeira vez em que for jogada. Ou seja, é preciso destravar personagens, habilitar a fase no modo livre (vencendo-a), para aí voltar e usar outros personagens que não os fixos daquele estágio.
Parece ruim isso (o voltar para fases vencidas), mas é interessante como os desenvolvedores conseguem dar uma nova dinâmica a estes estágios quando se pode usar livremente qualquer personagem do jogo. E não tem essa de escolher errado qual personagem usar, pois podendo retornar todos ficam habilitados em um menu de troca ilimitada em tempo real.
E como há muitos cenários, muitos mundos, as fases são bem diferentes umas das outras. Sendo que todas possuem batalhas de chefes. Boas batalhas, diga-se de passagem. Não são épicas ou a melhor coisa dos videogames, mas dentro do repertório da série Lego são ótimas.
Uma adição interessante na campanha foi a divisão das fases em equipes de heróis e quais o jogador irá jogar primeiro. Cada equipe tem uma sub trama e ao final de cada estágio o jogador pode escolher continuar com essa equipe ou ir para outra. Isso quebra também o cansaço. Não quer mais o time do Aranha? Pare um pouco a trama dela e vá jogar na do Thor. Acaba sendo uma excelente sacada.
Mais a se fazer
Terminado a campanha, há então todo o resto. O mundo dimensional continua livre para ser explorado. Há dezenas de missões para serem realizadas ali. Das mais bobas, como falar com NPCs até puzzles mais inteligentes, as que pedem conhecimento prévio do jogador para certos personagens e suas habilidades.
Há corridas contra o relógio e colecionáveis escondidos. Stan Lee parece em todas as fases, assim como no mundo livre, em alguma enrascada em que precisa ser salvo. O mundo aberto não é só plano, mas vertical. Há segredos escondidos nos mais altos prédios do game.
Lego Marvel Super Heroes 2 também apresenta um modo multiplayer para quatro jogadores. Basicamente são modalidades de batalhas, onde os jogadores lutam entre si em objetivos comuns. Sendo o mais legal um em que preciso pegar as joias do poder conforme elas vão caindo na arena. Cada uma com seu poder peculiar, afetando os adversários que tentam tirar ela daquele que está em sua posse.
Não é um modo batalha incrível. Particularmente gostei mais do modo de bandeiras de Lego Ninjago, se for para citar algo mais recente. Mas mesmo assim é uma boa sacada. Pena que não funciona de forma online, apelas local.
Lembrando também que todo o game pode ser compartilhado com um segundo jogador. Da campanha até toda a parte livre de exploração. Os jogadores, fora da campanha, sequer precisam estar no mesmo ambiente. Isso significa que podem estar até mesmo em lados opostos do mundo aberto.
Minha única crítica a isso é que ainda sinto saudades daquele modo cooperativo antigo. Em que as telas se uniam quando os jogadores estavam juntos um ao lado do outro. Sendo que ter a tela dividida de forma fixa sempre é bem incomodo quando os personagens estão muito próximo, ao menos pra mim.
Vale ou não vale?
Chega a ser inacreditável como cada novo jogo da franquia Lego sempre consegue convencer o jogador voltar mais um vez. Mesmo com sua fórmula claramente com sinais de cansaço, ela ainda é auto suficiente para ser divertida. É sempre um prazer jogar seus games. Ver como ela está evoluindo, ainda que vagarosamente. Sempre há coisas que são refinadas.
Também é preciso tecer elogios acerca da dublagem totalmente em português do game. As mesmas vozes dos dubladores dos filmes no cinema. Enquanto que as vozes dos personagens dos quadrinhos também casam perfeitamente com a personalidade de seus personagens. O roteiro do game é cheio de referências e piadas bem pontuadas nos encontros de elencos de núcleos diferentes desse universo.
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Passe de temporada
Algo que não irei avaliar nesse momento, mas que pretendo voltar em breve, diz respeito ao Passe de Temporada do jogo. Desde que foi lançado em novembro, há muita coisa sendo lançada em DLC. Não pedaços que se sente que ficou de fora do jogo completo, mas conteúdo que tem cara de coisa adicional. Isso certamente agrega valor.
Fases baseadas no segundo filme dos Guardiões da Galáxia e do filme do Pantera Negra são ótimos exemplos. Não fazem parte da ideia do game como um todo, mas que funcionam como DLC. Novos personagens, como o do grupo Campeões e Agents of Atlas. Outro com fases com Manto e Adaga. O mais recente com o Thanos, que não são estágios de Guerra Infinita (pois seriam spoilers do filme), mas em uma história onde ele invade Attila, lar dos Inumanos.
Conteúdos que são pagos, mas que parecem dar ainda mais valor ao game. Quero olhar esse conteúdo futuramente, até porque é um passe de temporada relativamente barato. Custa 50 reais, sendo que cada um destes DLCs custam individualmente entre seis à nove reais. Quero dizer, em um momento onde a indústria discute loot box e microtransações dentro do jogos para aumentar a receita deles, o que a TT Games tem feito aqui parece muito mais legal e interessante. Então certamente vale tal menção.
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Finalizando
Por fim, para encerrar estas impressões, digo que recomendo Lego Marvel Super Heroes 2. Essa euforia por Guerra Infinita o faz ser um ótimo momento para conhecer o game. Também é uma evolução muito grande, tanto em ternos visuais quanto de conteúdo em relação ao primeiro jogo, lá de 2013.
Visualmente é incrível. Há que se pensar que o primeiro Lego Marvel Super Heroes foi lançado entre as gerações de consoles. Hoje em dia já parece meio feiosinho. Sem mencionar que ele chegou ao Brasil apenas legendado. O que certamente afasta um pouco o público mais infantil dele. Meu pequeno, com cinco anos, adorou o fato deste novo estar dublado.
Lego Marvel Super Heroes 2 é também um divertido game para se conhecer o universo Marvel. Seus personagens, heróis e vilões, incluindo até aqueles que ainda não foram para o cinema, além de seus mundos e dimensões. Quem é fã da Marvel é um título mais do que obrigatório para se conhecer.