Batman Ninja | Uma mistura que não bateu bem (Crítica)
Batman é legal. Um ninja também. Mas, misturar os dois é uma ideia tão boa quanto pão com Nutella? Então deixa eu dizer que é de Batman Ninja que vamos falar agora, vem comigo! Bem, antes de começarmos, creio que você já deve ter visto na internet textos e afirmações que em termos de animações, a DC Comics dá um banho na Marvel, certo?
Eu discordo disso, e cada vez discordo mais, embora ainda consiga entender quem defende essa ideia. A DC Comics tem uma tremenda vantagem em poder contar com todo o suporte que o braço de animação da sua proprietária, a Warner, pode oferecer. Porém nos últimos anos uma coisa tem me incomodado e muito, que é o excesso de adaptações de arcos dos quadrinhos transformados em filmes animados.
E olha só, daqui a pouquinho já teremos a segunda animação que vai adaptar a saga A Morte do Superman, 11 anos depois. Com tantas possibilidades, é frustrante ver uma década depois algo repetido em animação, uma mídia que consegue se manter bem mais fresca do que um filme com atores reais.
E a presença do Batman nas animações atuais também incomoda demais, muitos vezes servindo apenas como chamariz para vender mais cópias, como no caso da animação do Esquadrão Suicida que saiu anos atrás, e que teria sido uma animação mais interessante sem a presença do Cavaleiro das Trevas.
E tome Batman e mais Batman nas animações; e sem mais espera, vamos colocar na mesa algumas impressões sobre a mais nova animação, que dessa vez mostra um Batman em um cenário bem diferente da boa e velha Gotham City esfumaçada e escura. O Japão antigo…
Graças a uma invenção maluca do gorila Grodd, é criado uma bolha de espaço-tempo ou algo assim, que transporta o Batman, amigos e aliados para o passado, em pleno Japão feudal. Sim, o plot é meio bobo assim mesmo, e isso é só os minutos iniciais da animação.
Olha só, eu já disse que Batman Ninja é uma animação em CGI? Pois bem, é sim, e sei que tem muita gente que torce o nariz comprido do Coringa (ou do Pinguim) para isso. Eu já não tenho problemas com isso, e por isso mesmo fiquei motivado a prosseguir com o andamento do filme.
E então estamos lá no Japão, lindos cenários diurnos, um constraste total com Gotham. Tudo mais suave e leve, graças ao “traço” do CGI. Não há como não se impressionar com esse início, o visual é de cair o queixo quadrado do Batman.
Falando nele, ele surge por lá dois anos depois de todo mundo. O motivo disso acontecer é meio sem sentido, mas é o que tem pra hoje nessa história. Não demora muito e logo logo a gente fica com aquela impressão de que o Japão é do tamanho de Gotham e lá estão os nossos rostos conhecidos aparecendo.
Batman deveria se portar como um herói de primeira grandeza como é de fato, mas aqui vemos ele se comportar como um adolescente, ora todo confiante, ora quase prestes a assumir uma posição fetal no chão e chorar. É sério, um Batman preocupado por não ser capaz de fazer o que tem de fazer por não ter seus gadgets foi algo terrível de se ver. O Coringa é o chefão do local e detona com o Batmóvel, a Bat-Nave, a Bat-Moto, e com o próprio Batman.
Eu sou um grande fã do Coringa como personagem, mas não aceito a ideia de ver ele saindo no braço com o Batman em igualdade. Sempre que isso acontece fico muito bravo, não faz o menor sentido um magricela lunático se equiparar em poder de luta a um cara forte e bem treinado!
Prefiro ver o Coringa elaborando planos inteligentes, malucos, agindo nos bastidores com sua loucura do que trocando sopapos e fazendo acrobacias impossíveis. Mas é o que temos aqui, não tem jeito. O Coringa tomou o controle do Japão e seus aliados controlam territórios, cada um deles tendo seu próprio exército. Duas Caras, Hera Venenosa, Exterminador e Pinguim fazem o que sempre fazem, e logo se vê que tudo vai descambar para uma batalha.
Batman se encontra com seus aliados de sempre. Além de Mulher-Gato, temos Alfred, Robin, Robin Vermelho e Capuz Vermelho. E até encontra novos parceiros, um inexplicável culto ao Morcego em pleno solo japonês.
A história já começa a ficar cada vez mais sem sentido, e tudo é só desculpa para lutas e frases de efeitos, e pelo menos o Coringa começa a agir como o Coringa e traça um plano para que ele e a Arlequina enganem o Batman e todos os demais, em um parte belíssima do filme, trocando o CGI por uma animação que lembra pinturas em aquarela.
No final, é lógico que o plano do Coringa dá quase certo, mas Batman agora não só é Batman, mas também é um Ninja, e com a ajuda dos Bat-Ajudantes começa uma louca mistura de coisas bem nipônicas, como castelos que se tornam robôs gigantes, que depois se juntam e formam um robô maior ainda.
Se isso parece louco, espere só até ver o que o Batman vai usar contra essa enorme geringonça: macacos e morcegos. Pois é, esses bichos se unem e formam um Batman gigante com o visual da estréia do Batman nos quadrinhos. Fanservice insano.
Aí tem a última batalha do Coringa e do Batman, mais exagerada ainda, só que caramba, que qualidade de animação boa de se ver, todos os golpes bem ilustrados, enquadramentos de câmera, olha, tecnicamente é um espetáculo. No fim o Grodd conserta sua máquina e toda a galerinha volta para Gotham, mas ainda tem uma cena, no finalzinho, para encerrar tudo de uma forma bem ridícula…
Batman Ninja é tudo isso mesmo, um colírio para os olhos em uma mão e uma pimenta na outra. Um longa animado de encher os olhos e esvaziar o cérebro. Uma mistura que tinha tudo para dar certo mas deu muito, muito errado.
Mas pelo menos é algo melhor do que pegar um arco do Batman do gibi e só adaptá-lo, tomara que no futuro alguém lá na Warner se lembre e tente refazer tudo, só que melhor. Existe todo um potencial na junção do Batman com esse elemento nipônico, eu como fã de longa data do personagem torço para algo melhor seja feito com essa ideia.
Por enquanto, como um ninja, essa animação merece ficar nas sombras…