>observer_ | De porta em porta, mistérios surgem! (Impressões)

>observer_ deve ter passado desapercebido pela maioria das pessoas (incluindo nesse grupo eu mesmo). O título se escreve assim mesmo, “observer” estilizado, algo que sempre acho charmoso. Lançado ano passado no Xbox One, PlayStation 4 e  PC, tudo nele em uma primeira impressão parece apontar como sendo apenas mais um da interminável leva de jogos indies que chegam em nossas plataformas diariamente. Porém, quanto mais o observamos, mais ele se destaca…

O primeiro impacto é na temática da história. O velho clássico do cinema Blade Runner é um dos maiores ícones em termos de disseminar o cyberpunk, e ainda nos dias de hoje continua sendo um dos melhores exemplos de que esse universo pode render ótimas aventuras. Porém ainda está preso a um nicho que nunca estourou em popularidade como vampiros ou zumbis, por exemplo.

O segundo impacto é olharmos para a capa do jogo, e a figura nela não me era estranha quando a vi pela primeira vez. Depois de um tempo de jogo, percebi que a voz do sujeito na capa é de Rutger Hauer, justamente um dos astros de Blade Runner! Ele interpreta o protagonista Daniel Lazarski.

O game acontece no ano de 2084, e Daniel trabalha investigando casos, um detetive especializado capaz de se conectar com a mente e a memória das pessoas, sendo elas vivas ou mesmo mortas! Detetives como Daniel são também conhecidos como Observadores. Já no início do game ficamos a par disso tudo, enquanto Daniel percorre as ruas de Cracóvia em seu carro.

O local dos acontecimentos não é por acaso, o jogo foi feito pela desenvolvedora polonesa Bloober Team, cujo trabalho anterior, Lays of Fear, também foi bem apreciado por quem o jogou.


NEONS E UM FUTURO NÃO TÃO ILUMINADO

No futuro onde Daniel vive, é comum as pessoas serem melhoradas com implantes cibernéticos dos mais diversos, e o próprio Daniel é um “agraciado” com essas melhorias. Com isso ele pode usar o recurso Dream Eater e entrar na mente de qualquer pessoa viva ou morta e acessar suas lembranças para reunir informações que auxiliem na investigação dos casos que ele assume.

O jogo faz uso da câmera em primeira pessoa, e as habilidades de Daniel são representadas por dois tipos de escaneamentos de ambiente, um eletromagnético e outro biológico. Assim, na pele do detetive polonês é preciso investigar um caso que começa com a ligação do seu filho Adam, com o qual tem tido pouco contato.

Chegando no local em que essa ligação foi feita, que é um prédio em plena favela, ele encontra uma cena de crime. Lá está um corpo sem cabeça. Daniel agradece por não ser seu filho, mas aí começa um mistério e encontrar respostas passa a ser nosso objetivo.

Não entrarei em detalhes da história, mas já adianto que é muito satisfatória. Todo o mistério permanece até os últimos instantes do jogo, o que é um ponto altamente positivo. Certamente se fosse um seriado, eu assistiria!

Basicamente Daniel percorre os andares do prédio investigando pistas, conversando com os moradores e resolvendo puzzles do ambiente em que se encontra. Essa é a parte do jogo que instiga e me moveu a continuar jogando. Todos os moradores são interessantes e bem construídos, e cada conversa contribuía para construir uma pano de fundo interessante para a história.


UM JOGO DE PRODUÇÃO CAPRICHADA

Obviamente, não é um jogo de alto orçamento, mas aqui as limitações não impedem a equipe da Bloober de impressionar com ambientes detalhados, um rico uso dos efeitos sonoros, e uma visão artística que faz ótimo uso do tema cyberpunk, mesclando designs retrô-futuristas dos anos 80 com um sendo estético moderno que fazem uma moldura perfeita para a narrativa. Andando por corredores apertados, escuros, com cenas surreais e criativas, é um deleite visual, bato palmas para os artistas da Bloober!

E eu já disse que é um jogo de terror? Sim, ele consegue dar um punhado de sustos e gerar tensão, e isso vai aumentando conforme o desenrolar da história. Talvez o único ponto negativo sejam sequências de gato e rato que fogem um pouco da proposta mais investigativa, porém são poucas e curtas, ainda bem! O brilhante trabalho da dublagem de Hauer também é uma das melhores coisas do jogo, e sentimos bem as emoções do nosso peculiar detetive. É um ator que eu adoraria ver em um bom seriado investigativo. Olha aí a dica, Netflix!


UM GAME QUE MERECE UMA CHANCE

O final do game tem aquele plot twist de explodir a cabeça, e dá espaço para especulações sobre o que acontece depois. Gosto muito desse tipo de “final”. E finalmente, deixo aqui o meu joinha e o apelo para que você que tenha lido até aqui pegue esse jogo imediatamente e também se delicie nessa narrativa honesta e bem calibrada da Bloober, e observe bem como se faz um bom jogo cyberpunk!

Narrativa cyberpunk!
Rutger Hauer mandando bem na dublagem
Um mundo com identidade
Algumas sequências com mais ação são descartáveis
Esmero na produção visual e sonora

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