Final Fantasy XV está entre nós. Faz algum tempo, é verdade, mas faz muito, muito mais tempo que apenas era um nome, um jogo em constante desenvolvimento, sempre mudando, até de nome.
Tantas mudanças não foram em vão, e eu como um fã das antigas, acompanhei a “gestação” de FF XV com certas expectativas. A maior parte delas não estão no jogo final, mas vamos considerar que as coisas novas tomaram o lugar dessas coisas que eram esperadas, e o resultado é um jogo… inesperado.
Para o bem e para o mal, FF XV segue os passos do Final Fantasy XIII e é construído e dividido com inúmeros pedaços, espalhados em DLC’s, spin-offs e desenhos e até mesmo um filme em computação gráfica. Acompanhar tudo requer um esforço colossal, ainda mais no mundo de hoje, com os ponteiros do relógio parecendo diminuir cada vez mais (mas vale a pena!)…
Por isso acho natural eu não ter devorado FF XV, mas sim ter degustado aos poucos, e inclusive recentemente o game ganhou atualizações, com direito até a um modo multiplayer. Para quem como eu esperou tantos anos para jogar, é divertido pensar que o negócio ainda não acabou, mais coisas virão no futuro. É bizarramente engraçado pensar que FF XVI parece algo tão distante!
Também é interessante fazer um paralelo com Kingdom Hearts III, que acabou tendo um ciclo maior ainda de desenvolvimento e vai acabar saindo em breve. Ambos são jogos que atravessaram uma geração para nascerem, e recentemente FF XV chegou ao PC, juntando-se ao PS4 e Xbox One como plataformas disponíveis para se jogar. Ei Square, olha para o nosso querido Switch!
Voltando o foco em FF XV, mesmo ele sendo tão diferente de outros FF, ainda é um FF, porém é realmente um ar mais fresco que sentimos nele. A jornada do jovem Noctis e seus amigos faz toda a diferença, realmente acredito que sem eles seria uma tragédia para a franquia, o jogo não conseguiria cativar nem o fã mais devoto.
Em minha cabeça, jogar FF XV me faz pensar que estou jogando uma coisa onde tem uma história confusa entre reinos disputando um poder, e outra coisa sobre um grupo de amigos com cabelos estilosos e roupas estranhas que é uma das coisa mais legais que aconteceram nos videogames nos últimos anos.
Pensar em me divertir nos FF anteriores era algo impensável. Mesmo os minigames não eram nada interessantes, então sempre coube aos personagens e a história de cada um a tarefa de me manter entretido. No novo jogo, o quarteto consegue levar isso adiante muito bem. Noctis e sua galera carregam o jogo inteiro nas costas, e junto com algumas boas idéias, torna FF um game que todo mundo deveria ao menos dar um chance.
Em FF XV a história é meio zoada, porém o quarteto principal consegue sempre me motivar a querer passar mais tempo com eles e me divertem com as suas ações. É, consigo dizer sem soar estranho que esse FF é o mais divertido FF de todos.
A não ser na hora do combate, que na busca por ocidentalizar a série de vez, deixou tudo bem confuso de vez também. Até o FF X, eu conseguia entender e jogar um FF percebendo as nuances de mudanças na jogabilidade, mas do XII em diante na minha visão o sistema de combate se perdeu, não sabendo nem ser estratégico nem algo de orientação mais voltada a ação em tempo real.
Preciso deixar claro que o combate de FF XV não é exatamente ruim, mas o clima que o jogo me passa acaba não combinando com esse sistema que parece ser bem livre mas no fundo é tão estratégico quanto se espera de um FF. É meio ame ou deixe-o. Mas felizmente funciona no fim das contas, o que é um alívio.
Só é meio triste não poder acompanhar direito o que acontece na tela e perceber que elementos icônicos como o uso de magias e invocações são meio que deixados de lado aqui, não tem tanto destaque, o negócio aqui é se focar na nova proposta de combate. Então, é de se esperar que algum tempo jogando acaba por familiarizar o jogador com seu sistema, mas definitivamente eu esperava que todo esse tempo em banho maria que o jogo teve que passar, fosse resultar em um sistema de combate mais robusto e natural, tal como a própria Square fez em Chrono Trigger que me deixou em êxtase conforme eu podia entrar em mais batalhas e descobrir coisas novas.
Como durante o combate acaba acontecendo muita coisa ao mesmo tempo e o jogador tem que se virar para tentar ver tudo, e a câmera do jogo não facilita esse trabalhão todo para tentar se localizar no meio da ação, não dá para não considerar a mecânica como uma das coisas que o tempo de desenvolvimento mais longo que o normal acabou por prejudicar em sua forma final.
As habilidades de combate do protagonista Noctis são interessantes, mas não para um protagonista, na minha opinião. O estilo dele é bom para ambientes fechados, mas em ambientes abertos temos que nos virar com combate mais simplificado. Diversas vezes, em especial no início do game, o combate era mais sobre ficar socando o botão B até vencer os inimigos. Demora um certo tempo para que o sistema seja dominado e o combate fique realmente divertido e desafiador pelas razões certas. As mecânicas do jogo não é a coisa que posso apontar como a mais vilanesca do jogo.
Existe algo no mundo do jogo que podemos até chamar de vilão, mas talvez as expectativas de termos alguém no nível de Sephirot, Ultimecia ou mesmo Kefka talvez nunca mais sejam realizadas.
Mas se o nosso mundo é cheio de problemas e imperfeições, talvez seja justo nos conformar que o mundo de FFXV tenha sua própria cota deles. Sabe aquele ditado onde nos é ensinado que existem males que fazem bem? E mais uma vez, sendo bem justo, o mundinho curioso no qual nos aventuramos no game tem lá o seu charme por parecer assim tão estranho e quebrado, instigando aquela curiosidade de descobrir novos lugares pitorescos. É um convite para querer descobrir novos caminhos.
Perambular pelas paisagens de FFXV me faz lembrar de outro bom jogo, Wolfenstein II. Ambos tem aquela coisa futurista mesclada ao retrô que é sempre muito bem apreciada por mim. Aquela sensação dos anos 50/60 misturado com coisas dos Jetsons é sensacional.
Como fã de longa data, essa progressão de um mundo tradicionalmente medieval vista nos primeiros jogos para mundos cada vez mais tecnológicos sempre me atraiu, e eu sempre sonhava com um FF onde o mundo de jogo fosse totalmente futurista, no espaço, com armas laser e tudo.
Apesar de ser um tanto quanto estranho, o mundo de FF XV acabou por me encantar com seu estilo peculiar e mostra de maneira interessante essa mistura que eu tanto queria ver.
Esse FFXV definitivamente está longe de ser a fantasia final. Que venha mais e mais!