Lançado em agosto de 2017, Sonic Mania é uma obra prima. Chamá-lo de o melhor game do Sonic dos últimos anos é pouco. Claro que isso também é relativo, tendo em vista que é um jogo que se utiliza da fórmula dos jogos que deram origem ao personagem. É uma homenagem à sua história, e portanto acaba conquistando jogadores, como eu, pelo puro prazer nostálgico. Não é pra menos que recebeu nota máxima quando escrevi suas impressões. Mas isso foi Sonic Mania… em 2017.
Um ano depois, a Sega e os estúdio envolvidos no jogo original, a PagodaWest Games e a Headcannon, decidiram que Sonic Mania iria receber novos conteúdos, sofrendo uma pequena expansão. Eis que surge o DLC pago chamado Encore, que renomeou o título do game para Sonic Mania Plus e adicionou algumas coisas extras a um jogo que já era excepcionalmente ótimo.
E aí chego ao ponto em que gostaria de discutir nestas impressões: sobre o novo conteúdo e suas novidades, sem fazer com que isso desmereça o jogo lançado ano passado. Sonic Mania, a versão original, continua sendo um jogo nota dez. Isso obviamente faz de Sonic Mania Plus tambémo um jogo nota dez. Entretanto… o DLC Encore, em sua essência, não recebe a mesma atribuição. Como conteúdo adicional, este DLC deixa a desejar em alguns pontos.
O que há de novo?
Há duas grandes atrações no conteúdo adicional, lançado no último mês de julho: dois novos personagens originais, com movimentos e habilidades próprias, e um novo modo que dá novo ao DLC uma forma de revisitar toda a campanha original com pequenas mudanças na forma de como apreciá-la.
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Convidados especiais
Mighty & Ray são as estrelas da casa agora. Um é uma espécie de tatu, quase invencível a espinhos. “Quase” porque Mighty pode tocá-los e é projetado para fora deles, mas se quicar uma segunda vez antes de tocar o chão acaba tomando o dano e perdendo suas argolas. Mighty acaba sendo um personagem perfeito para muitos dos chefes presente na campanha, pois é muito difícil fazê-lo perder suas argolas já que pode esbarrar uma vez em espinhos, tornando-o resistente a certos confrontos.
Ray, por outro lado, é tão frágil quanto o trio original do jogo. Sua habilidade, sendo um esquilo voador, é voar e planar. Seu movimento lembra muito a forma como a capa funciona em Super Mario World. O jogador deve colocar para frente e para trás no analógico para descer e subir enquanto está voando. É uma habilidade boa para algumas ocasiões, porém não consigo deixar de pensar que o voo controlado do Tails ainda é melhor do que a forma como Ray precisa de espaço para pegar impulso e voar até uma plataforma que não se pode chegar apenas pulando.
Ambos são bons personagens. Adicionam a uma boa química e são tão simpáticos e legais quanto Sonic, Tails e Knuckles. E os dois são personagens obscuros do universo do ouriço. Surgiram em um jogo de arcade chamado SegaSonic the Hedgehog, lançado em 1993. Mighty fez pequenas aparições aqui e ali, como em Knuckles’ Chaotix de 1995, mas nunca foram personagens expressivos no universo de Sonic. O que a PagodaWest Games e a Headcannon fizeram com ambos aqui é inacreditável. Acredito que jamais esqueceremos deles a partir de agora, assim como já contamos que os mesmos apareçam com mais frequência nos jogos do Sonic daqui em diante. Quem sabe até mesmo nos jogos 3D, tal qual Tails & Knuckles.
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Encore Mode
A segunda atração mencionada em Sonic Mania Plus é o tal modo Encore, que é um convite para que os jogadores voltem a jogar a campanha original do jogo com algumas pequenas mudanças na forma como enfrentar o desafio. Novas regras, novos meios.
Trata-se de um modo onde não há vidas. O jogador precisa carregar consigo os cinco personagens jogáveis e, enquanto estão todos vivos e dispostos a serem usados pelo jogador, não há Game Over, ou o use de Continues caso o jogador os tenha. Ficou confuso? Vou explicar de outra forma.
Nesta modalidade o jogador começa com dois personagens, Sonic em parceria com Ray ou com Mighty, você decide qual deles. Ao longo de qualquer fase é possível coletar os demais personagens e deixá-los em uma fila de espera, ativando o próximo da fila quando o personagem em uso morrer ou com pequenas caixas que trocam os personagens usados pelo jogador.
Se um personagem morre é possível resgatá-lo em um tipo de caixa, que está espalhada e escondida nas fases, ou entrando na fase bônus que agora é um mini game de pinball para pegá-los lá dentro. Acaba sendo importante sempre ter todos na fila de espera para não morrer demais e ter que gastar um Continue dentro do jogo. Sendo que continues também podem ser coletados dentro do mini game de pinball.
O pulo do gato aqui é que nessa modalidade o jogador pode alternar entre os dois personagens ativos em tela. Tal qual o clássico Donkey Kong Country, permitia que o jogador alternasse entre o DK e o Diddy Kong. Você apenas não pode usar os outros três personagens que podem estar nessa fila, sendo necessário usar uma caixa que permite alternar de forma aleatória os que se encontrarem ativos pelos que estão na fila, sem nunca saber quais se tornarão ativos. Dá também para matar o personagem em uso e assim ativar o próximo da fila.
Essa fila de espera, que tanto fiquei mencionando, é apresentado ao jogador em um display no canto inferior esquerdo da tela do jogo. Os rostos dos dois personagens que podem ser trocado, seguido pelas letras dos três demais personagens que estão na fila e não podem ser alternados até acontecer as regras explicadas nos parágrafos anteriores.
Nada de coop, mas uma nova atmosfera de diferentes cores
Uma crítica aqui é que apesar do modo Encore manter sempre dois personagens em tela, esse modo não permite o que a campanha original permitia com Sonic & Tails, a qual um segundo jogador consegue controlar a raposa enquanto o jogador com o ouriço controlava a tela e a forma como a fase avançava. No modo Encore, mesmo que você esteja com Sonic & Tails, não há como um segundo jogador adentrar na aventura. Nunca. O que é uma pena.
Seria interessante poder ter dois jogadores controlando estes personagens no modo Encore. Parece uma oportunidade desperdiçada. Isso geraria novas combinações além do básico Sonic & Tails. Seria legal dois jogadores em coop usarem Knucles e Mighty, ou Ray e Tails. Ou qualquer outra variação entre os cinco personagens jogáveis.
Porém tem o revés de ser possível no Modo Encore jogar toda a campanha de Sonic Mania alternando entre personagens e passando por rotas e locais que não eram possíveis no modo clássico com os personagens sempre fixos. Dá uma flexibilidade para repassar pelos estágios já vencidos no jogo de 2017.
Falando em estágios, estes agora tem pequenas e sutis mudanças. Há pequenos trechos extras que abrem espaço para o jogador usar as novas habilidades de Mighty e Ray, enquanto que toda a paleta de cores do jogo muda nessa modalidade. Green Hill, por exemplo, agora exibe uma atmosfera de entardecer ao fundo. O que é bem legal, ainda que os mais desmemoriados, como eu, não vão se lembrar com exatidão das cores paleta original.
A impressão geral, entretanto, é que o jogador está tendo uma experiência muito próxima da mesma experiência obtida com a versão original. Valeu a pena revisitá-la um ano após ter jogado Sonic Mania, mas não jogaria ambas as campanhas se, por ventura, estivesse adquirindo o game somente agora.
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Pequenos detalhes
Além do já mencionado, o modo Encore de Sonic Mania Plus conta com diversos outros detalhes. Mencionei o mini game de Pinball, que substituiu as fases tridimensionais onde o jogador caça as bolinhas azuis em um tabuleiro. Não é a melhor troca do mundo, ainda que pela mecânica de uso dos personagens em fila, funciona. Pena que foi produzido apenas uma única fase de pinball. Teria sido mais legal se houvessem mais, ao menos uma para cada mundo do jogo.
As fases especiais, onde o jogador pode caçar as Chaos Esmeralds, foram invertidas e dão uma sensação diferente, quase como se fossem novos estágios. Só que não são. O caso é que a localização dos portais para estes estágios também mudaram na campanha Encore, e sinceramente achei que foram melhores escondidas. Houve mundos que não faço ideia de onde se encontram tais portais, algo que na campanha original sempre havia uma noção de onde procurar.
Outro aspecto interessante de Sonic Mania Plus é que a antiga batalha contra o Metal Sonic sofreu uma reforma completa, tornando-a totalmente diferente agora. Não tenho certeza se os criadores mantiveram a batalha original na campanha antiga ou escondida de alguma forma, mas no modo Encore trata-se de um novo chefe. Ficou bem mais legal, por sinal.
Poderia também mencionar que Angel Island Zone, de Sonic 3, também foi recriada na nova campanha, mas é um trechinho tão pequeno, algo como uma introdução ao novo modo, que sequer dá tempo do jogador apreciar. É mais uma lembrança mesmo. É legal, mas não causa uma grande expressão dentre as novidades do DLC. Não há o mesmo cuidado que as zonas já existentes na versão do game de 2017, com dois atos e uma releitura original dessa localidade no universo de Sonic.
E, por fim, como último adendo, também foi inserido um modo competição que agora dá suporte até quatro jogadores. Um modo corrida, com tela dividida. Não é algo que a versão original de 2017 me despertava atenção e continua não me deixando curioso para Sonic Mania Plus.
Considerações finais
Sonic Mania Plus é uma bem vinda atualização a um jogo que sequer precisava de tal atualização. A versão de 2017 já era satisfatoriamente fantástica. Mas não vejo motivos para reclamar de adições feita ao conteúdo do jogo original. Até porque o DLC, ainda que seja pago, é tão barato quanto Sonic Mania também é.
O game original segue custando na faixa de 39 reais, em plataformas como Steam e Xbox One. Só é mais caro na PlayStation Store e no Nintendo Switch, pois neste último a venda do mesmo é em dólar. O DLC custa meros 10 reais. Pelo que o mesmo oferece, me dá a sensação de ser justo.
A minha indicação é de que para aqueles que ainda não possuem o jogo original, que o adquiram sem o DLC em um primeiro momento. Posteriormente, quando sentirem saudades e quiserem voltar a jogar mais, que considerem a aquisição do DLC, que dá uma sobrevida oferecendo a campanha Encore. Não vejo a necessidade de adquirir ambos ao mesmo tempo.
Ao fim, o DLC Encore, é uma boa ideia, ainda que cercada por pequenos vacilos, detalhes que poderiam ser mais interessantes. Acho realmente uma oportunidade desperdiçada não que os desenvolvedores não terem permitido a entrada de um segundo jogador controlando o personagem secundário. Ou a ideia de não deixar trocar entre os 5 personagens que podem estar presentes em sua fila de espera. Ou mais fases do mini game de pinball. Ou até mesmo novos estágios ou uma esticada maior em Angel Island. Havia possibilidades para mais, e por isso o DLC merece tais ressalvas.
Como um todo, Sonic Mania Plus mantém o alto nível do jogo original, sendo a perfeita fusão entre uma homenagem aos clássicos do Sonic, mas também uma ótima reformulação das ideias da fórmula original. É praticamente um jogo obrigatório de se conhecer. Já o DLC… não é tão emergencial assim.