Ninjin: Clash of Carrots | Nunca roube cenouras de ninjas! (Impressões)
Ninja: Clash of Carrots foi desenvolvido pela Pocket Trap, estúdio brasileiro fundado em julho de 2013, que o lançou anteriormente para dispositivos mobile, quando o mesmo ainda se chamava apenas Ninjin (sem o “Clash of Carrots”). A Pocket Trap também desenvolveu comercialmente o jogo Historietas Assombradas – A Maldição de Skullheart para Android.
Esta nova encarnação de Ninjin teve seu lançamento em 04 de Setembro de 2018, sendo publicado pela Modus Game e já estando disponível para PlayStation 4, PC, Nintendo Switch e Xbox One. O título engloba gêneros e elementos de ação, aventura, beat ’em up, side scrolling, além de possuir multiplayer local e online. Essa nova versão de Ninjin é também evoluída visualmente em relação ao jogo mobile, pois teve uma polidez em sua pixelart. Por fim, no que diz respeito a fórmula e mecânica do jogo original, isso dá para dizer que permaneceu semelhante, com alguns ajustes aqui e acolá. E como sempre gosto de informar: a versão utilizada para este review foi a de Xbox One.
Cenouras e Ninjas
Ninjin: Clash of Carrots começa nos colocando no lugar do coelho Ninjin, ou de Akai, a ninja raposa, para enfrentar a ameaça que assola a aldeia. O malvado Shogun Moe mandou seu filho invadir a aldeia e roubar todas as cenouras. Provavelmente no mundo do jogo roubar cenouras da população de uma vila parece ser realmente um ato de grande vilania para se provar um grande Shogun malvado. Mas aqui o coelho Ninjin não é um coelho amigável e bonito como os que vemos por ai, aqui ele tem sangue nos olhos, anda com armas variadas e tem habilidades ninja… como aquelas outras tartarugas de uma outra série bem famosa.
Nossa missão? A primordial do mundo dos videogames: recuperar o que é nosso e eliminar os bandidos. Nesta abordagem muito básica, vamos passar por uma série de fases, todas elas estabelecidas em uma espécie de Japão Feudal habitado por animais e tipos estranhos da cultura de lá.
Uma coisa que me chamou a atenção foi o fator cômico do game. Por possuir localização em português (afina foi desenvolvido aqui) os inimigos vão conversar entre si e com o protagonistas em determinados pontos das fases, e todos eles possuem habilidades, animações e personalidades bem diferentes umas das outras. Seja ao anunciar seus ataques, suas falhas e fazer comentários que duvido você não rir um pouco enquanto joga.
Tudo isso na forma de diversas piadas de riso fácil. Me diverti muito com um chefe que se vangloria por ter aprendido a se incendiar para conseguir atacar seus inimigos com mais força, mas logo se dá conta de que não sabe como pagar as chamas. Além disso, toda vez que um inimigos novo aparece ele tem um aviso na tela e uma apresentação em tela cheia, o que é um toque bem dinâmica e charmoso para o game te mostrar que sempre tem alguém inédito surgindo ao longo da progressão.
Como funciona afinal
Ninjin é a combinação de um jogo de corrida (onde você não para um minuto de avançar pela fase, correndo por ela o tempo inteiro) e de hack’n slash (ataque em tudo que se mova dentro do seu campo de ataque). Essa fórmula funciona, ainda que se muito simples. E é bem fácil de ser dominada.
Independente do jogador ter escolhido Ninjin ou Akia, o mesmo estará sempre correndo da esquerda para a direita. Continuamente. E tudo que se precisa fazer é atacar tudo que encontrar, e é claro pegar as cenouras que seus inimigos deixam cair. É um caos semi controlado, pois inimigos possuem, muitas vezes, padrões de ataques ou de movimentação. O jogador precisa aprender a se movimentar nesse caos estratégico.
No meio dessa corrida frenética, deve-se desviar de golpes, dar dash para realizar ataques e ainda atirar kunais ou outras armas arremessáveis a longa distância. Um cuidado que se deve tomar é que normalmente somente podemos atacar os inimigos que estão correndo na nossa frente. Mas existe a possibilidade de atacar inimigos que está atrás de você, seja ao se usar armas arremessáveis que podem quicar e voltar, ou ao dar o dash segurando sua arma para trás. Claro que não pode fazer esse movimento de forma ilimitado, porque isso requer stamina, que também é usada para arremessar as kunais.
Estes dois pontos, atacar sempre por trás dos inimigos e usar sua barra de vigor para atacar de longe ou empunhar suas arma para se lançar de frente ao inimigo são o que fazem sua jogabilidade ir muito além do básico de amassar botões de um tradicional jogo de briga de rua. Ninjin: Clash of Carrots acaba exigindo destreza e habilidade do jogador ao se basear na simplicidade de uma ideia para criar uma dinâmica diferenciada de ataques.
Aí, após certo progresso na aventura, temos acesso as pedras elementais que transformam temporariamente o personagem em um ser muito poderoso. A pedra do elemento fogo, a primeira a ser encontrada, por exemplo, transforma em uma cabeça de dragão flamejante, ao se encher uma barra (que somente aumenta se atacando os inimigos com golpes de espada), com essa habilidade dá para limpar a tela ao se passar por cima dos inimigos, mas dura apenas alguns segundos.
Logo em um momento inicial do jogo, o jogador libera das garras dos vilões o jovem Corgi, que a partir daí, como um ato de agradecimento – e porque não dizer mercenário? – abre uma loja onde podemos comprar novas armas, projéteis e itens que alteram atributos, como aumentar a quantidade de vida ou a regeneração de stamina. O dinheiro do jogo são as próprias cenouras coletadas. Além dos itens vendidos por Corgi, outra forma de conseguir equipamentos são em baús aleatórios deixados por inimigos derrotados durante as fases.
O fator replay
Para garantir que você continue jogando, os desenvolvedores incluíram muitas armas diferentes para serem destravadas, coletadas ou simplesmente compradas na loja de Corgi. Há um total de 101 espadas, 40 armas arremessáveis e 28 artefatos que lhe concedem certas melhorias. O jogador também pode customizar seu personagem com algumas máscaras, o que é sempre divertido de se fazer para conferir os resultados.
É normal achar uma arma que combine com sua forma de jogar. Após encontrar tal espada certa, é provável que o jogador fique boa parte da aventura com ela. Digo no sentido da categoria da espada, pois o jogo possui uma variedade grande de classes de espadas. Uma grandes e pesadas, outras curtas e velocíssimas, com atributos que causam mais dano, outras que trazem algum outro efeito bônus e afins. Isso faz com que o jogador esteja sempre a procura de uma espada que se encaixe em suas categorias prediletas e que seja obviamente mais poderosa, para dar cabo mais rapidamente de seus inimigos nas fases vindouras.
Com isso, a ação de Ninjin: Clash of Carrots é boa o suficiente para você continuar jogando. Novos inimigos são introduzidos em cada fase, o que dá diversidade a sua jornada e o obriga a criar novas estratégias o tempo todo. Sua tela irá literalmente inundar com inimigos e isso colocará suas habilidades à prova. Você pode, no entanto, pedir ajuda, porque o jogo também pode ser jogado em coop com um segundo jogador, e isso é muito bom.
Ao final destas impressões há um vídeo, gravado pelo Thiago, em que ele joga um segmento inicial de Ninjin com seu pequeno filho, de seis anos, em quê se faz possível ver um pouco de como funciona o esquema do multiplayer cooperativo.
Os comandos não são perfeitos
Ao menos pra mim, senti que o jogo não responde imediatamente aos comandos, o que é meio necessário quando se está cercado por inimigos. Há um pequeno intervalo entre o apertar do botão e a sua execução real na tela. No começo não dá para sofrer com isso, pois não se exige muito dos jogadores nesse momento, mas gradualmente a dificuldade vai escalando e as situações vão mudando. O jogador terá que voar sobre a tela para derrubar inimigos e evitar ataques deles. Isso às vezes me deu a sensação de ser impossível ir mais além, e é exatamente isso que um jogo não deveria fazer.
Acredito que o melhor modo de jogar Ninjin: Clash of Carrots é ter a experiência de dois jogadores. Para tanto, como comentei anteriormente, o jogo suporta tanto um coop local (amigos em um sofá) quanto também possui um modo cooperativo online. O Online, por sinal, funciona em duas vias, com convites para amigos ou com matchmaking (porém no Xbox One tem sido difícil encontrar jogos online aleatórios). Enfim, por Clash of Carrots se tornar rapidamente caótico e frenético acaba ganhando uma dose extra de adrenalina na companhia de um amigo.
Entretanto, caso o seu negócio seja derrotar o seu amigo ao invés de cooperar com ele, Clash of Carrots também poussi o modo “Programa de Televisão da ONI”, que é o modo clássico de sobrevivência infinito no qual pode-se competir para ver qual dos dois jogadores pontua e sobrevive por mais tempo ao se enfrentar ondas sucessivas de inimigos.
O legal dessa modalidade infinita é que ao final de cada onda, os jogadores podem escolher um item aleatório para ir se fortalecendo. Uma espada, um acessório, uma arma de arremesso. Isso porque todo início do modo os jogadores sempre começam com a mesma arma básica. Ao progredir, novos itens aleatórios vão sendo ofertados, garantindo assim que a experiência mude cada vez que se reinicia o desafio. E sim, as ondas são aleatórias. Ao morrer tudo recomeça diferente da anterior.
Por último, da perspectiva do som, Ninjin: Clash of Carrots cumpre bem o seu papel. Tendo efeitos especiais de som para os personagens, explosões diversificadas, músicas temáticas para confrontos mais sérios e ao final, tudo se encaixa perfeitamente à jogabilidade. Não tenho do que reclamar.
Considerações finais
Ninjin: Clash of Carrots inegavelmente possui uma jogabilidade fácil de aprender e o jogo é sempre agitado. Possui ainda uma pequena camada estratégica, seja por suas ações escolhidas para encarar cada tipo diferente de inimigo, seja pela diferença das armas, onde uma pode ser melhor em uma fase do que outra, e é claro a variedade de inimigos e chefes ao longo de sua campanha.
Porém, em certo ponto, um pouco do charme e do brilho é perdido, pois a jogabilidade começa a tropeçar na agilidade do jogador em pressionar as teclas repetidamente e rapidamente. Além disso, os últimos níveis do jogo são um pouco confusos, já que acontece coisas demais ao mesmo tempo na tela. Você não vê exatamente onde está seu personagem e isso é muito chato quando a tela é inundada por inimigos.
Claro que no fim o que um jogo deve entregar para seus jogadores é uma dose grande de diversão, e Ninjin: Clash of Carrots sabe como fazê-lo. É um ótimo jogo para seções curtas, e eu não digo que isso seja ruim. Vários jogos se saem melhor dessa forma, dando ao jogador um tempo para fazer outras coisas. O que importa, como disse, é a diversão resultante da brincadeira. E Ninjin: Clash of Carrots cumpre bem esse papel.