Tive a oportunidade de testar no último domingo, dia 27 de janeiro, algumas missões e um pouco das mecânicas de Anthem. O título é a próxima aguardada produção da BioWare, um dos muitos estúdios da Electronic Arts, e tem lançamento previsto para o próximo dia 22 de fevereiro, para PC, PlayStation 4 e Xbox One.
Vale apontar que se você ainda não teve a oportunidade de testar Anthem, haverá um novo beta, agora aberto para qualquer pessoa, no próximo final de semana, entre o dia 1° a 3 de fevereiro. Fique de olho neste link, que deve ser atualizado nos próximos dias, para saber mais e realizar o download da demonstração em sua plataforma de preferência.
Anthem é, sua concepção um jogo de RPG de ação e exploração cooperativa criado de forma que os jogadores possam explorar um enorme e misterioso mundo interconectado, recheado de segredos, perigos, ameaças e recompensas. Soa familiar? Sim, o estilo do jogo é muito parecido com Destiny, da Bungie. O ponto é que não se trata de um clone ou cópia. Anthem aposta em mecânicas e ideias próprias, ainda que as semelhanças coexistam.
E assim, não dá para julgar o título agora, sem ter visto a totalidade do que o mesmo tem a oferecer, sua história, todas as atividades e mecânicas possíveis. A demonstração do último final de semana trazia consigo algumas missões cooperativas online da campanha principal e um pouco do modo livre, a qual os jogadores certamente poderiam encontrar segredos e ameaças que precisaram de um esforço cooperativo para serem enfrentadas.
Já adianto que não tive tempo hábil para brincar e explorar o modo livre. Sabendo que haverá outro test drive no próximo final de semana e que a progressão será mantida, resolvi deixar essa modalidade para daqui alguns dias. O que tenho para comentar hoje são sobre as mecânicas principais do jogo e o que vi nas missões de campanha. De poder descrever a sensação da ação e dos controles de Anthem.
O mundo de Anthem
A primeira coisa que desperta a atenção do jogador é o mundo, a estética e o quão grande parecem ser as áreas abertas do jogo.
Tal qual Destiny – vai ser impossível não fazer algumas comparações – Anthem se divide em dois momentos, um que se passa em um HUB principal, na qual o jogador tem acesso aos personagens NPCs da história, que lhe apresentam uma narrativa e missões, além de outros tipo de interação, e seu mundo aberto, onde se encontram os jogadores e as missões de expedição do game.
A área do HUB não me chamou muito a atenção. Sua estética é uma mistura de muitas coisas, dentre estilos asiáticos, cyberpunk e até algo meio Star Wars. E ao contrário do que ocorre na Torre dos Guardiões em Destiny, ao menos aqui na demonstração, não há outros jogadores nesse ambiente, apenas o jogador e os NPCs que conduzem a história.
O curioso no que diz respeito ao HUB de Anthem e seu mundo online é que ele funciona na perspectiva contrária de Destiny. Na Torre dos Guardiões a visão é em terceira pessoa, enquanto em Anthem é em primeira pessoa. E na área da ação, missões e expedições, em Destiny temos a perspectiva em primeira pessoa, enquanto em Anthem é em terceira pessoa.
Estas perspectivas invertidas meio que me agradaram, devo admitir. Sou muito mais fã de jogos em terceira pessoa do que em primeira pessoa. Ainda que Destiny não me incomode nesse elemento, admito que me simpatizei bastante com Anthem por ele trazer essa ação do combate todo em terceira pessoa. E no HUB, não me soou mal a ideia do meu personagem estar sempre em primeira pessoa, já que nesse ambiente ele não está com a sua armadura chamada javelin (que lembro sim o Homem de Ferro nos filmes da Marvel).
Falando em armaduras, essa é outra atração à parte de Anthem. Ao todo são quatro classes de javelins (uma a mais do que as três classes de Destiny). Elas possuam suas próprias discrepâncias, sendo que uma é da classe pesada, outra meio ninja, há uma que manipula elementos e a armadura mais básica, que foi a única que testei neste final de semana (apesar de ter destravadas todas para jogar no modo livre no próximo final de semana).
O legal dessas armaduras é a mobilidade diferentona que dá ao game. O jogador pode (e deve) sair voando nas áreas de missões e expedições no mundo aberto do jogo. A sensação de voar, o peso, os controles nessa hora funcionam muito bem. O voo não é ilimitado, a armadura super aquece, mas ainda assim é o suficiência para os objetivos de locomoção por grandes áreas abertas. Para posições e locais que não são possíveis ir apenas caminhando.
Isso significa que todas as áreas de confronto em Anthem são pensadas e planejadas para funcionar em um ambiente espacial totalmente livre, seja horizontalmente, seja verticalmente. Dá para subir e ir para qualquer lugar, qualquer posição, seja para se esconder, seja para se posicionar melhor para um ataque. Não há o elemento de pulos e plataforma precisas que Destiny precisa ter para funcionar. Anthem pensa de outra maneira, e pelo que vi, parece funcionar.
Claro que não vou só ficar dando pontos de mérito para Anthem e tirando os de Destiny. Nada disso. O atirar, as armas, e o peso dessa mecânica em Anthem ainda estão bem distantes da execução quase perfeita que a Bungie tem de experiência nesse elemento. Não é ruim, mas não é Destiny, vamos colocar dessa maneira.
Além disso nessa demonstração não pude testar outras armas a não ser aquela que veio no meu javelin básico. Pelo que entendi toda essa parte do jogo pode ser customização, as armas, partes da armadura, habilidades, perks e afins. Cada javelin também tem seu pacote básico de habilidades, como escudos, granadas, tiros especiais etc. Isso é algo que não deu para conferir com um afinco maior.
Mas os combates, e o atirar em terceira pessoa, cumprem sua função. Para ser justo, Destiny tem armas mais loucas, raio lasers, com uma pegada bem sci-fi. Anthem não me parece brincar com isso ainda. O que vi foram rifles, armas com foguetes. Nada muito do gênero raio laser.
O que Anthem me pareceu fazer direitinho na hora da ação são as habilidades secundários que recarregam muito rápido. Em Destiny, por exemplo, a granada leva uma eternidade para se recarregar. Aqui, em Anthem, ela volta em questão de alguns segundos. Uma habilidade de tiro potente também podia usar no mesmo intervalo de tempo que granada retornava. Isso cria um ritmo e uma dinâmica boa nos combates, já que o número de inimigos que foram apresentados nas missões que participei eram sempre em grande quantidades.
Houve inclusive uma situação de chefe, uma máquina gigante, onde todo o time perdeu para ela umas quatro vezes antes de conseguirmos derrotá-la. Fora isso, Anthem também possui uma boa variedade de inimigos diferentes. Deu para lutar contra inimigos “humanos/aliens” normais, assim como criaturas selvagens desse mundo, como algo parecido com pterodáctilos, caranguejos e escorpiões gigantes, lobos enormes entre outras bichos estranhos. Essa diversidade foi outro ponto que me agradou.
Claro que há alguns pontos que não deu para entender muito bem. A demo não tem uma fase tutorial, e fiquei com preguiça de ler os tutoriais do menu. Os controles são confusos inicialmente, mas logo dá para pegar o jeito. A armadura é muito boa de controlar, com jatos para pular alto, voar, dar uma espécie de dash em solo e assim por diante. A mobilidade é boa.
Na parte da história também há, propositalmente acredito, uma falta de contexto. Quem sou, o que é esse mundo, quem são os inimigos que estou lutando ou quais os objetivos gerais de tudo e todos. Admito que isso até me agrada, pois é algo que só gostaria de saber quando tiver acesso ao jogo completo.
O que me deixei em dúvida diz a respeito das missões e expedições. Em Destiny a ação se divide em momentos em que jogo sozinho e em momentos em que jogo em multiplayer, como os chamados assaltos. No demo de Anthem, todas as missões pareciam um trecho da campanha principal, e todas eram curtinhas demais para serem como os assaltos de Destiny. Isso significa que todo o jogo será realizado em multiplayer com outros jogadores? Não haverá missões individuais single player?
Veja bem, não estou dizendo que se for isso será algo ruim. Até fico empolgado com a ideia do jogo inteiro ser feito com missões cooperativas online. O matchmaking parece funcionar e é legal fazer as missões com outros jogadores ajudando nos confrontos. Isso pode vir a ter alguns problemas na prática, mas não acho que seja o momento de ponderar sobre isso. Até porque, como disse, não sei se o jogo funcionará assim na versão completa.
Considerações finais
Chegando perto de encerrar o texto, acho válido apontar que tudo na demonstração já estava localizado em português, via legendas, o que é sempre um fator importante para a acessibilidade de jogadores aqui em nosso país. Não vi nada dublado, mas me pergunto se isso pode vir a acontecer no lançamento. Destiny faz sucesso por aqui e é todo dublado.
No mais, acho que posso dizer que Anthem me surpreendeu positivamente. Não me causou o choque e o impacto que Destiny pode ter causado, porém acho que o jogo ainda pode fazer em seu lançamento, em sua versão completa. Porém ele apresenta algumas coisas bem legais e é muito bom ver a BioWare apresentando uma nova IP, apostando em um gênero novo, especialmente depois da morna recepção que Mass Effect: Andrômeda teve em 2017 (ainda que espero que o estúdio e a EA não abandonem a franquia e que uma nova sequência possa vir a existir em um futuro não tão distante).
O mundo criado para Anthem soa interessante, os inimigos e perigos também parecem naturais desse ambiente. A ideia das armaduras dá um status de super poder ao jogador, mas elas não são infalíveis. O combate é agressivo e recheado de adrenalina e o elemento multiplayer cooperativo é bem interessante, natural e intuitivo dentro das mecânicas do jogo. Você quer salvar seus amigos caídos. Já aprendemos a brincar cooperativamente nesse estilo de jogo.
Não dá, ainda, para afirmar com todas as letras de que Anthem será um grande sucesso ou um excelente jogo. Há muitas variáveis que ainda precisam ser consideradas. A demonstração não contempla tudo que o jogo pode e deve oferecer. E tudo bem, afinal não é sua intenção. A intenção aqui é apresentar um pouco do ritmo, da ação, dos controles. E nesse aspecto a demonstração parece cumprir sua função.
Claro que houve alguns problemas técnicos, aceitáveis nesse momento de testes online. Os servidores não funcionaram direito na sexta em algumas plataformas e até mesmo no domingo eu me estressei um pouco com o jogo travando nas telas de loading no Xbox One. Consegui jogar, mas perdi a conta de quantas vezes foram necessários para reiniciar a demo no console. Certamente isso é algo que não pode acontecer na versão final. Vamos ver se isso melhora no próximo final de semana.
Por fim, acho que dá para concluir que aqueles que são fãs de Destiny vão se interessar por Anthem. Agora se vão trocar um pelo outro, ou se irão aguentar o tranco de jogar ambos, só mesmo o tempo vai dizer. Dependerá de como a BioWare pretende alimentar Anthem ao longo dos próximos meses e de como a Bungie irá responder a isso caso Destiny realmente encontra um rival peso pesado para competir com sua comunidade. Façam suas apostas!