Análise | Onimusha Warlords Remaster

Disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC

Onimusha: Warlords foi lançado originalmente para PlayStation 2 lá em 2001, e depois uma versão melhorada chegou como Genma Onimusha em 2002 com o Xbox. O jogo abrange os gêneros hack’n’slash, ação, aventura e, de certa forma, podemos dizer que survival horror. Como curiosidade Onimusha Warlords foi o primeiro jogo de PlayStation 2 a atingir a marca de 1 milhões de cópias vendidas no mundo.

Agora, praticamente 18 anos após o lançamento original, mais precisamente em 15 de janeiro de 2019, Onimusha Warlords Remastered chega para PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One e PC. A versão utilizada para análise foi a do Xbox One.

Sou gamer das antigas e tenho uma mágoa em meu passado por nunca ter tido a oportunidade de jogar toda a série Onimusha no meu PlayStation 2, pois na época não consegui adquirir o Onimusha: Dawn of Dreamslançado em 2006. Mesmo sabendo que a crítica não foi muito suave com este último game, fiquei com aquela sensação de não ter visto a série toda. Depois do fracasso de vendas de Dawn of Dreams a série acabou indo para a gaveta da Capcom e ficou lá… até agora. Para tentar reviver a série nos dias atuais eis que recebemos esta versão remasterizada da primeira aventura Onimusha.

Onde estamos e o que está acontecendo

Estamos em Eiroku (1560 DC) especificamente no verão… Yoshimoto Imagawa, um poderoso senhor da guerra de Suruga, lidera um imenso exército em direção a Kyoto (naqueles dias a capital do Japão). Yoshimoto tem por ambição unificar o Japão e se coroar como seu único líder. Em sua marcha, o exército para na planície de Okehazama em Owari para descansar pela noite. Isso muda o destino de Yoshimoto, e do Japão, para sempre.

Uma tropa de apenas 2.000 soldados, liderada por Nobunaga Oda, um senhor da guerra de Owari, faz um ataque surpresa ao acampamento de Yoshimoto. Em uma batalha desesperada, as legiões de Nobunaga derrotaram os invasores e matam Yoshimoto. (Este evento histórico por sua vez é conhecido como a Batalha de Okehazama). Assim que Nobunaga se orgulha de sua vitória, uma flecha de um dos soldados de Yoshimoto perfura sua garganta. Ele cai no chão e encontra dessa forma sua luta de morte.

Mas lá ao longe, um jovem observa isso de uma colina remota. Seu nome é Samanosuke Akechi. Ele é marcado pelo destino para ser o protagonista de Onimusha e vai ser aquele que o jogador irá assumir o controle em breve.

Um ano se passa e tomamos conhecimento de que incidentes estranhos estão ocorrendo no castelo de Inabayama, na província de Mino. Soldados e trabalhadores estão desaparecendo sem deixar vestígios. Preocupada com esses eventos inexplicáveis, a princesa Yuki (irmã de Yoshitatsu, mestre do castelo Inabayama) envia um pedido de ajuda para seu primo Samanosuke. Imediatamente ele corre para o castelo, mas chega tarde demais. Yuki acabou de ser sequestrada.

Muitos eventos e nomes, não? Aguente que tem apenas mais um pouco.

Enquanto isso tropas inimigas estão atacando o castelo. Este exército é meio demoníaco e está sendo liderado por um senhor da guerra montado em seu cavalo de batalha, ninguém mais, ninguém menos que Nobunaga, que inexplicavelmente está vivo, levando em conta que vimos sua morte a pouco tempo. Para resolver este mistério, salvar a princesa Yuki e nos dar o que fazer, entra em cena Samanosuke, que promete resgatar Yuki com a ajuda da sua parceira kunoichi (mulher ninja) Kaede. UFA!

Quem somos e o que queremos

Nobunaga não quis simplesmente retornar a vida para mais algumas batalhas e pronto, ele foi trazido de volta ao mundo dos mortais por poderosas forças demoníacas conhecidas como Genma. Que pretendem, é claro, usá-lo para seus planos demoníacos, que provavelmente envolvem a dominação mundial, o uso dos seres vivos como suas fontes de alimento e certa diversão (mesmo que seja para serem destrutivos, cá entre nós, destruir humanos costuma ser divertido para várias entidades no mundo dos games).

Os planos dessa força demoníaca não nos são revelados nesse primeiro jogo devido a razões óbvias – dar mais motivos para jogarmos os jogos vindouros – o que, na época, foi uma aposta da Capcom sem saber os resultados que teria com o título.

Na maior parte do tempo estaremos no controle de Samanosuke, o protagonista, um mestre espadachim que viaja pelo Japão em busca de um rival. Muitas vezes percebido como um soldado sem paixão por causa de seus modos calmos. Samanosuke é na verdade um guerreiro de sangue quente com um nobre senso de justiça. Por este motivo ele faz o possível e o inimaginável para salvar a princesa Yuki.

Quando Samanosuke estiver em maus lençóis o jogador assume o controle de Kaede, uma habilidosa e bela kunoichi que originalmente foi contratada para assassinar Samanosuke. Mas em vez disso, acaba por desenvolver confiança absoluta nele e se junta a ele como seu confidente e parceira. Ela não tem os mesmos golpes e habilidades de Samanosuke, e também não carrega muitos itens ou pode abrir os portais da alma, porém em contrapartida Kaede pode arrombar algumas fechaduras pelo caminho.

Controlando o Samurai

A movimentação aqui é ao “estilo tanque”,  igual os clássicos jogos Resident Evil, mas isso não incomoda, pois a mesma agora é feita pelo analógico esquerdo, e caso prefira ainda pode controlar com o D-Pad. O único problema do analógico é que o mesmo também é usado para acessar o mapa das áreas (ao se pressionar o mesmo no centro). Isso significa que vez ou outra, no calor da batalha, você vai abrir o mapa e trancar seus golpes devastadores. Isso me incomodou um pouco, mas não considero o problema o fim do mundo.

Por falar em movimentação, aqui acontece a mesma coisa que acontece em Resident Evil: você está pressionando o analógico para a direita indo pelo caminho à direita, só que chegando perto a visão da cena muda de posição e agora a direita se torna a esquerda, então se você não tirar a mão do controle vai acabar voltando. É meio confuso de explicar, mas acho que todo mundo das antigas deve se lembra disso e sabe do que estou falando. Mas tudo bem, basta se acostumar a observar quando muda a visão da cena, parar o movimento do analógico, que tudo fica fácil de se administrar.

Temos o botão de ataque, um de defesa, uma para sugar as almas com a manopla, outro para soltar os especiais. Lembrando que com um dos gatilhos superiores podemos fazer a troca rápida das 3 armas principais e com o outro alternar entre a arma escolhida com o outro e armas de longo alcance (como o arco e flecha).

Uma dica importante que pode salvar a sua pele: para quebrar a guarda do inimigo com um chute, aperte o direcional para baixo e o botão de ataque. O jogo atual em momento algum lhe ensina a fazer isso, e somente fui descobrir lendo o manual do jogo lá do PS2, a qual possuo em minha coleção.Isso aliás é uma características destes jogos antigos, muitas dicas e explicações de suas mecânicas eram explicadas no manual impresso, sem estar explicitamente no jogo em si. O Thiago passou por isso ao revisitar antigos jogos da série Mega Man X, na coletânea lançada ano passado.

O que vemos e o que ouvimos

Já faz muito tempo desde que Onimusha saiu no PS2, mas na minha opinião esta série sempre foi uma das melhores da Capcom. Joguei a versão original de 2001, então posso confirmar que existe uma boa quantidade de mudanças gráficas, e é perceptível assim que a abertura se inicia. Os cinematics estão bem melhores e o visual como um todo atualizado. Dá para notar como as cores agora parecem mais vivas do que na versão anterior. O ponto é que mesmo com tudo isso, esta nova versão ainda se parece com um jogo de PlayStation 2. Claro que estamos falando de um jogo feito a 18 anos atrás, e melhorar o que vimos antigamente não vem a ser tão difícil assim. Ao menos não neste caso, em que os gráficos não foram refeitos do zero, mas apenas atualizados para as atuais resoluções.

A trilha sonora é marcante, tendo algumas novas músicas. E obviamente conta com todas as características de um horror tradicional da Capcom, até a gravação de voz dos personagens melhorou em muito se comparado ao que ouvimos lá atrás. O jogo infelizmente não conta com legenda ou dublagem em português, então vamos ver tudo em inglês também neste remaster.

As almas e suas cores

Em um momento, onde fica claro que as forças de Samanosuke por si próprias não serão suficientes para dar conta desta jornada, eis que um grupo de Oni (demônios da cultura japonesa) surgem e dão a Samanosuke a Ogre Gauntlets com poder para usar o genma (nada mais que a energia contida em todos os seres vivos).

Cada vez que derrotamos um inimigo, recebemos algumas almas, podendo estas serem de 3 cores diferentes: as azuis incrementam o medidor de magia, as amarelas restauram a vida e as vermelhas serve para fazermos os upgrades envolvendo a Ogre Gauntlets (manopla do Ogro) que é usada por Samanosuke para sugar as almas dos demônios ao longo do jogo. Diferentemente da Manopla do Infinito do Thanos, aqui Samanosuke possui apenas 3 esferas nela – e ele no pode estalar os dedos para destruir os inimigos e distorcer a realidade.

As três esferas servem para executarmos os ataques especiais de cada uma das armas e abrir alguns portais encontrados durante a aventura. Lembrando que você somente pode equipar uma por vez ao trocar de arma (a troca é feita por um dos gatilhos do controle). As esferas por sua vez representam elementos: Shiden – raio, Kouen – fogo e Arashi – vento.

A Manopla vai evoluir automaticamente ao longo do jogo, conforme o jogador for sugando as almas. E as vantagens do acessório são um poder maior de absorção, já que temos inimigos que tentarão roubar as almas e pode rolar um cabo de guerra com elas.

Lembrando que ainda temos algumas fontes de almas também em locais especiais, geralmente perto dos espelhos mágicos (umas casinhas onde temos um espelho, uma espécie de totem) que usamos para salvar o jogo. Aliás é exatamente nesses totens que podemos fazer os upgrades das espadas, munições e das próprias esferas que dão poderes as armas e nos permitem abrir portões pelo mundo do jogo. Importante: foque-se em fazer estes upgrades dos portões primeiro, pois travar em uma parte por não poder abrir uma porta é chato e vai levar você a ficar vagando pelos cenários em busca de inimigos para derrotar e, consequentemente, das almas necessárias.

Cada vez que fazemos o upgrade de alguma das espadas, ou da lança, elas mudam de formato, tendo consequentemente maior poder de ataque e de especial. Cada vez que usamos os especiais diminuímos a barra de magia. Para aumentar o tamanho da barra de magia para poder usar mais vezes os especiais e também para aumentar a barra de vida e, assim, resistir mais aos ataques, temos as Power Jewels que aumentam a barra de vida de Samanosuke e as Magic Jewels que aumentam a barra de magia. Estas por sua vez juntamente com outros itens importantes para o desenrolar do jogo, são encontrados em caixas decodificadas com enigmas, podendo estes serem de palavras em dialetos antigos ou desafios numéricos.

O que enfrentamos

Sendo bem direto: demônios. São esses os nossos inimigos ao controlarmos Samanosuke e Kaede. Conforme vamos nos fortalecendo os inimigos vão mudando e aprendendo novas técnicas para dificultar um pouco as coisas, alguns deles usam espadas, outros arco e flecha, temos os que se dividem, os ninjas que usam agilidade para criarem uma imagem residual e nos enganar, guerreiros com escudos, insetos gigantes, alguns inimigos que podem ficar invisíveis e, é claro, os chefes, geralmente maiores que Samanosuke e bem mais poderosos. Derrotar os mesmos vai exigir habilidade de seus dedos, pensamento rápido e poder de ataque.

O jogo não dá dicas de como derrotar estes chefes, então caberá ao jogador analisar o inimigo, ver a estratégia que ele usa contra você e bolar a sua própria maneira de vencer. No início pode parecer chato isso, principalmente para quem está acostumado a ganhar as dicas de mão beijada em alguns jogos, mas aqui é a coisa é mais de raiz mesmo. Jogos antigos não ficavam a todo momento pegando na mão do jogador. E é muito disso que os fazem ser tão memoráveis até os dias de hoje.

Temos também o cenário que, como todo conhecedor de Resident Evil sabe, as vezes o desafio se torna o próprio ambiente. Temos que ir e vir diversas vezes para encontrar os itens necessários para abrir a porta A para achar o Item que por sua vez vai abrir a porta B. E a cada ida e vinda pelo cenários podemos dar de cara com novos inimigos ou com os mesmos ressuscitados. Se você pensou em ficar subindo seus poderes sempre no mesmo lugar errou o pulo, pois o jogo se preocupou e pensou nessa possibilidade. Se você ficar indo e voltando repetidamente pelo mesmo lugar os inimigos vão deixar de aparecer por um tempo. Nada é fácil para Samanosuke.

Considerações finais

Vale a pena conhecer ou revisitar esse clássico? Eu sinceramente gostei de reviver a experiência com Onimusha Warlords. Sair explorando o castelo e seus arredores é bem interessante, ter que achar as saídas secretas que nos levam a enigmas que, consequentemente, por sua vez nos fornecem itens de suma importância para a jornada é prazeroso.

Ainda acabei me surpreendendo de que consegui terminar esse jogo no passado, pois não sou muito fã de quebra cabeças aleatórios que mudam a cada tentativa e ao me deparar com um e ficar travado nele por um determinado tempo, pensei: “como eu passei por isso na vez que joguei no PS2 há tanto tempo atrás?”. Atualmente é fácil ir no YouTube e procurar vídeos de como passar em determinada parte, mas e quando não tinha isso? Como era mesmo que eu resolvia isso?

Depois desse momento acabei achando o rumo novamente e a jornada ao lado de Samanosuke e Kaede durou para mim pouco mais de 5 horas. Um tempo considerável, mas ao mesmo tempo curto se somar a isso o  tempo que não registra de quando Samanosuke acabou morrendo nos chefes e nos enigmas. Dá para, de cabeça e intuição, dizer que joguei por umas 6 horas e meia.

O jogo ainda oferece novos níveis de dificuldade e desafios à parte – dentro do próprio game – como o Dark Realm (uma série de ondas de inimigos que ao ser completada lhe garante novos itens para facilitar a jornada). Para quem curte um pouco mais de desafio, nas dificuldades mais altas (joguei na normal) alguns inimigos podem absorver as almas da mesma forma de Samanosuke, o que dificulta em muito a jornada para o fim.

Talvez Onimusha Warlords Remaster signifique a volta de Onimusha ao mundo dos jogos, talvez somente signifique que teremos os remaster dos outros jogos… ou talvez não signifique nada  disso. Mas eu particularmente gostaria muito que essa série voltasse aos seus dias de glória. Então, que seja feito a remasterização dos outros jogos e, quem sabe, um Onimusha totalmente novo com a tecnologia de hoje, com este jeito antigo de se contar uma história e amassar botões. Certamente eu não reclamaria disso.

Galeria

Dando uma nota

Para quem jogou o original é uma volta gostosa ao passado - 9
Quebra cabeças numéricos, simples e desafiadores - 8
Tem um sólido sistema de combate e upgrades - 8
Estilo tanque, movimentação agora também com o analógico - 7.5
Esperança de que a série retorne, e os outros jogos sejam remasterizados - 8
Nenhuma novidade surpreendente. É, de certa forma, um jogo de PlayStation 2 - 5
Narrativa e ambientação são envolventes - 8

7.6

Clássico

Quem é das antigas e optar por reviver esta aventura não vai se arrepender. Aos novatos de plantão é um belo convite para conhecer o mundo de Onimusha e conferir um dos melhores títulos que a Capcom fez ao juntar a cultura japonesa clássica com traços e mecânicas da fórmula clássica dos antigos Resident Evil.

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