Mickey nº Zero | Discutindo as HQs da edição

Revista lançada em março de 2019, pela Editora Culturama

Tem início neste mês de março a nova fase dos Quadrinhos Disney aqui no Brasil, pelas mãos de uma nova editora, a Culturama. Bem, já mencionei a respeito do assunto aqui neste texto (e neste release) e acho que não se faz necessário repetir com muitos detalhes. Basta saber que a era da Editora Abril chegou ao fim e agora há uma nova casa cuidando destes personagens tão queridos. E isso é muito bom!

Sob essa nova proposta, a Editora Culturama veio, neste momento inicial, com cinco títulos mensais: Mickey, Pato Donald, Tio Patinhas, Pateta e Aventuras Disney. Todos com numerações zeradas, com melhorias gráficas, papel mais branquinho e de melhor gramatura, impressão de qualidade que reforça as cores dos quadrinhos e número de páginas padronizado: 64 páginas cada revista. Preço sugerido de 6 reais cada.

Diferente de certas publicações lá fora, aqui no Brasil cada título Disney costuma ter uma cara própria. Normalmente se trabalhando com histórias apenas do personagem que dá título à revista – lá fora há mix que misturam diversos núcleos de personagens. Então para este post, segue o que tenho a dizer sobre Mickey – Edição Zero. Pelos próximos dias continuarei trazendo as impressões das demais mensais.

Perfeita iniciação

Esta edição zero de Mickey é uma edição que beira a perfeição, graças a uma inteligente seleção de histórias. Bem, duas apenas, mas são realmente excelentes escolhas. Ambas produzidas na Itália, local onde atualmente são feitas as melhores histórias com o personagem. Os mestres italianos da famosa Topolino mandam muito bem no que diz respeito ao universo do Mickey.

Acredito que para que a Culturama tenha sucesso nessa nova empreitada ela não possa depender apenas dos antigos leitores e colecionadores destas revistas dos tempos da Abril. Não, é preciso encontrar novos leitores, especialmente mais novinhos, que possam crescer com este universo como eu cresci. E as HQs desta edição servem como ponto para apresentar esse mundo tanto para leitores novos, como para crianças.

A aventura que abre a revista é uma daquelas pérolas da nostalgia dos tempos das antigas animações do trio Mickey, Pateta e Donald. Não é nenhuma releitura de qualquer clássico animado, mas tem o efeito retrô ao recriar o antigo traço destes três personagens, como se fosse uma história do passado, onde estes personagens trabalhavam juntos em profissões incomuns. No caso daqui, são limpadores de chaminés.

E há todo o efeito do passado. Há gags visuais e momentos absurdos. O plot, que envolve o sumiço físico de uma mansão enorme é pano para deixar o leitor curioso. Li para meu filho, de seis anos, e ele se prendeu ao roteiro. Se divertiu com o humor inicial, com os erros do Pateta e depois ficou preso a trama, quando ela passa para algo mais ficção científica simplificada ao mundo destes personagens. Ele adorou.

Fora que é mais do que oportuno que a revista abra dessa forma, com os personagens em seus visuais antigos. Muitas crianças o conhecem exatamente assim, seja pelos clássicos antigos, ou até mesmo pelo desenho atual do Mickey Mouse na TV, em que existe justamente essa vibe de se inspirar nos clássicos do passado, tanto em termos narrativos, quanto visuais.

E o final da HQ é ótimo. O leitor realmente não vê a piada final chegando.

A segunda história, tão longa quanto a primeira, serve como uma ponte entre o passado e o presente. Se a aventura anterior emula esse sentimento mais clássico dos personagens, o conto de Eu & Minnie traz o leitor para o presente, usando o artifício de uma briga entre Mickey e Minnie para uma espécie de recapitulação sobre a vida de Mickey em si. O que ele foi, o que passou e o que é hoje em dia.

A história faz menção a animação clássica em quê Minnie foi apresentada ao mundo, mas não se limita demais a falar sobre o passado. Existe toda uma quebra da quarta parede onde Mickey está, de certa forma, conversando com o leitor. Dizendo quem ele é, o que ele faz, e apresentando um mundo de personagens e cenários que normalmente ilustram suas aventuras nos quadrinhos. É realmente uma HQ perfeita para uma edição zero.

Isso para não dizer que há toda uma reflexão bonita sobre sua obsessão por resolver crimes, algo que ele admite não fazer por dinheiro, e o quanto isso coloca em xeque a sua relação com a própria Minnie. É interessantíssimo a maturidade na qual todo esse lado narrativo leva para o personagem e o expõe ao leitor.

Não é uma HQ de humor, mas que ainda assim deixa o leitor com um sorriso, especialmente se já conhecer esse personagem de antigas revistas. E o pretexto narrativo para que o roteiro ande funciona e tende a deixar o leitor preso até descobri o que realmente ocasionou a briga. Não é algo que está escondido para se descobrir, mas mesmo assim é uma daquelas coisinhas que os jovens e adultos podem se relacionar. Eu gostei muito de como essa história humaniza o relacionamento destes personagens, de uma natureza muito inocente, a ponto de conquistar as crianças que estão tendo contato com a história.

Finalizando

Mickey – Edição Zero é uma ótima revista de inicialização no universo Disney sob o selo da Culturama. A qualidade gráfica da revista, em comparação com o que foi a mesma na gestão da Abril nestes últimos anos, é incomparável. Sai o infeliz papel jornal, que manchava as mãos, onde a impressão gráfica era terrível, com cores desbotadas e fora de foco, e entra algo incrível. O papel é muito branco, muito firme (off-set). As cores são belíssimas e nenhuma fala gráfica na minha edição. Está um esplendor. Capa super reforçada, muito bem grampeada. Está fantástica. Não há do que se reclamar.

Onde encontrar? Bem a Culturama tem cantado em seus canais oficiais e na abertura da revista que ela é uma empresa que se orgulha de ser eclética. Já há um sistema de assinatura e suas revistas também estarão à venda em bancas de jornal, assim como supermercados, lojinhas de conveniências, farmácias e onde mais ela conseguir inserir seus pontos de venda. Na teoria isso é legal, na prática ainda está sendo aplicado. Aqui em Jacareí, interior de São Paulo, ainda não encontrei as edições zero. Eu, como colecionador, me preocupo com isso.

Se você está com problemas para encontrar estes novas revistas posso dar um conselho: pergunte ao seu jornaleiro o contato da distribuidora de revistas da sua cidade. Se ele puder lhe passar, faça contato lá e pergunte se eles estão sabendo do retorno das revistas Disney pela Culturama. Eu fiz isso aqui e descobri que ninguém estava sabendo. Após o meu contato prometeram resolver isso o quanto antes. Outra dica é enviar um e-mail diretamente para a editora, no quadrinhos@culturama.com.br ou sac@culturama.com.br. Informe sua cidade e peça informações sobre pontos de venda, alegando não estar encontrando as revistas. Alguém deve lhe ajudar.

Por fim, posso dizer para que aqueles que nunca leram nada de quadrinhos Disney que deem uma chance nesta nova fase. Vale a pena, especialmente se você tiver uma criança pequena orbitando ao seu redor. Dê essa alegria aos pequenos, pois nesse Brasil da ignorância, faz bem introduzir a criança em bons quadrinhos. sejam eles Disney ou não.

Dando uma nota

Acabamento gráfico primoroso da nova editora - 10
HQ - Mickey e a Aventura Sob Medida - 10
HQ - Eu & Minnie - 10
Edição apresenta muito bem o personagem a potenciais novos leitores - 10

10

Excelente

Mickey Zero é uma edição perfeita para começar esta nova fase do personagem na casa da Editora Culturama. As duas histórias são realmente especiais e apresentam muito bem esse núcleo que é o universo de Mickey Mouse nos Quadrinhos, servindo como ponte entre passado e presente do personagem. É uma edição obrigatória. Simples assim!

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