Análise | My Friend Pedro

Disponível no Nintendo Switch e PC

My Friend Pedro análise review

My Friend Pedro é aquele jogo que mistura piruetas, tiroteios e uma banana falante que lhe serve como guia  em uma aventura surreal, recheado de bom humor. O jogo é uma produção do estúdio independente DeadToast Entertainment (composto por uma única pessoa), com suporte dos malucos da Devolver Digital, que atuam como publisher do título. É uma parceria que soa natural, pois My Friend Pedro tem aquela pontinha de loucura, nonsense, violência e boas tiradas que a Devolver vem apostando muito nesta geração.

Seu lançamento aconteceu agora, no último dia 20 de junho e, por enquanto, apenas no Nintendo Switch e PC. Trata-se de um jogo de correr e atirar, mas um pouco menos frenético do que se espera do gênero. É muito sobre saltar, ser preciso, deixar tudo em câmera lenta e realizar piruetas malucas. Ao jogador é dado a liberdade de atirar em direções opostas, além de rodopiar à vontade – em um estilo semelhante ao balé – para desviar das balas inimigas. Visualmente é quase uma dança, quando, obviamente, tudo funciona.

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Prazer, Pedro a Banana

Você, um cara de máscara, acorda em um local estranho. Sem memória alguma. Você não sabe seu nome, quem é ou o que está fazendo ali. Só um único ser está li contigo, e ele diz ser seu amigo: uma banana chamada Pedro. A banana, ou melhor, Pedro lhe diz algo como “cara, olha só, não faça muitas perguntas, os caras aqui vão lhe matar se você não os matar primeiro, beleza?“.

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Com esse argumento convincente para dar início a qualquer jogo de videogame, tem início a uma fuga, seguida por uma caçada alucinante por aqueles que querem acabar com o amigo de Pedro. Você logo se torna um alvo, e Pedro vai lhe dizendo para aonde ir, quem matar e como acabar com toda essa loucura.

Talvez a narrativa soe despretensiosa, porém My Friend Pedro sabe construir uma insana história, com toques de surrealismos que justificam toda a loucura do protagonista ao ouvir os conselhos de uma banana. E para um videogame, funciona muito bem. Especialmente quando a trama inspira os cenários e ambientes dentro da aventura.

Em meio a essa loucura, o próprio desenvolvedor encontra brechas para fazer boas piadas dentro do mundo dos videogames, e da própria internet. Uma delas, talvez a que mais se ouviu por aí, é a justifica de que o jogador deve passar por um estágio dentro do esgoto porque fases assim sempre existem dentro dos games mais famosos. É justo. Logo descobrimos os haters e o próprio local em quê a internet se encontra no mundo real.

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Dança das balas

Elemento principal de My Friend Pedro, a valsa do jogador em meio a um ritmo de ação em que você precisa atirar em múltiplos inimigos, enquanto pula entre plataformas, fazendo piruetas, desviando de balas e desacelerando o tempo para manter um combo ativo. Esta mecânica é o grande diferencial do título.

E a física do jogo funciona muito bem dentro do que o mesmo se propõem a ser. Especialmente na parte do pulo e das acrobacias. Raramente essa ação de saltar falha dentro do jogo. E ela combina muito bem com o ato de estar sempre atirando nos inimigos. É muito orgânico como estes dois verbos dentro do jogo se somam.

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Entretanto me sinto obrigado a dizer: os controles me deram muito trabalho até me sentir confortáveis com seus comandos. Isso jogando no Nintendo Switch, e seus minúsculos joy-cons. Talvez a parte que mais me incomodou foi a utilização dos bumpers e gatilhos no Switch, pois o jogo exige constante de três ações vinda destes botões. São botões que não são tão confortáveis de se usar no Switch.

Outro movimento que fica desengonçado no joy-con foi a relação do botão de pular com a utilização do analógico da direito para usar a mira da arma. Usar ambos em conjunto exige uma destreza sem tamanho. O que minimiza esse efeito desordenado é o lance da utilização da câmera lenta, que dá ao jogador tempo para usar outro movimento e comando, enquanto o tempo está quase parado.

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Tempo a seu favor

E sim, desacelerar o tempo é uma mecânica primordial para “dançar” bonito em My Friend Pedro. Quando o jogo está nesse estado de lentidão, os saltos se tornam mais cinematográficos, o personagem dá mais cambalhotas e torna-se mais fácil para mirar e acertar os inimigos.

O próprio contador de combo funciona melhor com o constante uso dessa mecânica. No tempo normal, tive uma leve impressão de que contador diminui muito facilmente até que o jogador consiga chegar a outro inimigo. Saltando em câmera lenta, fica mais eficaz manter o combo ativo.

My Friend Pedro análise review

My Friend Pedro consegue assim um bom ritmo entre a ação desenfreado, porém cadenciada a lentidão de uma mecânica que torna o combate melhor planejado. O que, por consequência, cria cenas incríveis em quê o jogador está no ar, caindo de uma plataforma, atirando, e ao chegar no chão conseguiu eliminar três ou quatro inimigos.

Vale lamentar até que o jogo não tenha nenhum sistema de replay, na qual o jogador possa assisti a esse balé após uma fase vencida. Gostaria de ter visto algumas das minhas vitórias em replay sem o uso da câmera lenta. Uma pena que não haja esse feature no jogo. O que existe é uma pequena tela ao concluir a fase que mostra pequenos momentos do que você fez no estágio, mas nunca a fase toda.

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Ambientes e situações

My Friend Pedro, no geral, tem ambientes muito parecidos entre si. Ao todo são quatro mundos que compõe o game, que não é tão longo como talvez possa parecer. O terceiro mundo é o mais deferente dos demais, se passando em uma espécie de alucinação do protagonista. É aqui que as coisas ficam diferentes e bem interessantes do restante do game.

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Além disso há também pontuais momentos em que o jogo tenta apimentar suas regras e dinâmicas. Há uma fase de moto, outra em um trem em movimento. Há batalhas de chefes e mais próximo do final do jogo, armadilhas são criadas para exigir mais habilidades acrobáticas do jogador, pois nesse ponto você já está mais especializado no combate. Porém, não se engane, a fórmula principal se faz presente e o jogo tem muito do mesmo em grande parte de sua jornada.

A maior parte dos estágios tem como foco o combate frenético entre inimigos que saem de portas ou estão em plataformas. Mas conforme o jogo progride outras situações vão criando outras situações além do puro combate. O mundo alucinógeno, por exemplo, tem diversas situações de saltos e plataformas que adicionam um ritmo divertido, especialmente aos demais mundos, que possuem ambientes mais fechados.

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Armas e… uma frigideira

No que diz respeito ao combate, faço elogios ao sistema de armas, que também cria variações que impedem que o ritmo se torne enjoativo. Inicialmente o jogador tem um par de pistolas, que podem ser usadas em direções diferentes e possuem munição infinita, o que funciona dentro da premissa arcade do título. Entretanto outras armas vão sendo adquiridas e se tornam mais interessantes que o par básico de pistolas.

Gostei em particular da espingarda, que elimina inimigos com um único tiro caso o jogador esteja próximo o suficiente. Porém essa não é uma arma dupla, e só pode ser usada em uma única mão. Dentre o catálogo oferecido pela aventura estão um par de metralhadoras, um rifle de assalto que solta uma granada (que me matou constantemente pelo uso errado do botão) e um rifle de sniper que é destravado no último mundo. O uso da sniper é interessante porque não exige que o jogador fique parado. Nada disso, o ritmo continua, independente da arma utilizada. Você nunca está parado em My Friend Pedro.

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Outra mecânica interessante diz respeito a placas de metal e uma frigideira. O jogador pode atirar em placas e as balas serão sempre redirecionadas aos inimigos dentro do raio de alcance, o mesmo vale para uma improvável frigideira que pode ser encontrada em alguns estágios. O jogador a chuta para o meio dos inimigos e descarrega seu pente na mesma. Ao fim, todos os inimigos estarão mortos.

My Friend Pedro análise review

Considerações finais

My Friend Pedro é um interessante e divertido jogo independente. Admito que me surpreendeu em diversos momentos, e sua narrativa me deixou intrigado para saber como o jogo terminaria. Mas não crie muitas expectativas quanto a isso. Ao menos pra mim, a conclusão me pareceu meio decepcionante. O humor ao longo da jornada é certamente o melhor de sua narrativa.

Mecanicamente também vi problemas, ao menos com os controles do Nintendo Switch. Gostaria de tê-lo testado em um Pro Controller ou quem sabe em um controle de outra plataforma, como do Xbox One. Uma pena que não pode fazer isso. A proposta do jogo é divertida sim, mas a curva para se acostumar é maior do que achei que seria. A diversão surge depois de certa insistência em aprender e se acostumar.

My Friend Pedro análise review

No geral o título cumpre o básico de seus aspectos técnicos. Visualmente é bacana, mas nada que impressione em seu design. O som também é okey, sem nenhuma trilha que tenha grudado na cabeça. Seu melhor atributo sem sombra de dúvida diz respeito a sua jogabilidade, especialmente quando o jogador se acostuma com os controles e todos os recursos que advém de suas mecânicas.

Pensando em títulos recentes que a Devolver distribuiu no Nintendo Switch, tais como The Swords of Ditto e Katana Zero, considero que My Friend Pedro foi o mais fraco dentre essa rodada. Katana Zero – que tem uma proposta realmente parecida com My Friend Pedro – tem um estilo, ação e fluidez bem mais assertiva. Claro que, mesmo todos estes poréns, o título se sai muito bem dentro do que se espera de um jogo independente. O que ele promete fazer o jogo faz de uma forma original e divertida.

My Friend Pedro análise review

Galeria

Dando uma nota

Proposta da dança de balas sustenta a originalidade do jogo - 8.5
Curva de aprendizado dos controles é maior do que se espera - 7
Narrativa que aposta em um bom tom de humor - 8
Visualmente é bem simples, porém nunca se torna feio - 7.5
Estilo bem arcade, não é longo, mas aposta em rejogar por melhor pontuação - 7
É estiloso quando se pega o jeito da ação - 7.9
Sabe criar bons momentos, e mantém o ritmo do começo ao fim - 8

7.7

Bom

My Friend Pedro é um jogo independente com uma ótima ideia. Executa muito bem essa ideia em parte, quando os controles clicam na mão do jogador. É divertido e instigante, ainda que no geral ele seja bem básico em seus aspectos mais técnicos.

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