Análise | Dragon Quest XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition

Disponível para Nintendo Switch, com versões para PlayStation 4, PC

Dragon Quest XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition é um senhor título para um jogo, mas é de fato a versão oficial que o Nintendo Switch recebeu para este lançamento, realizado agora no último dia 27 de setembro. Possivelmente um dos mais importantes JRPG que a plataforma está recebendo neste ano de 2019. Desenvolvido pela Square Enix.

Este lançamento foi também um pedido pessoal de Satoru Iwata – que faleceu em 2015 e ainda deixa saudades entre os fãs da Nintendo – feita para a equipe de desenvolvimento de Dragon Quest. Recentemente os mesmos declararam que a promessa feita à Iwata foi finalmente cumprida. Isso por si só me toca lá no coração.

Mas não é só por causa desse detalhe que este lançamento é um mega lançamento! Dragon Quest é uma franquia classuda e gigantesca, que tem origem lá na era do ouro dos videogames. Uma sobrevivente de outros tempos, que faz um senhor sucesso até os dias de hoje. Pelo menos assim é no Japão. Aqui no ocidente o sucesso não é tão grande quanto deveria, mas existem circunstâncias que atrapalharam isso no passado e que tem seus efeitos até os dias de hoje. O que não tira os méritos da série ou o potencial que ela ainda tem para crescer por estas bandas do globo terrestre.

De 1986 à 2019

Não vou farei um raio-x da série aqui porque senão isso tomaria todo o espaço do texto, entretanto vale apontar que Dragon Quest surgiu em 1986, há 33 anos. Moldou e influenciou muito do que conhecemos hoje em dia como a fórmula clássica dos RPGs. Se manteve em 2D até Dragon Quest VII: Fragments of the Forgotten Past, de 2000. Por sinal, para aqueles interessados em conhecer (ou resgatar) a trilogia original, ela também acaba de ser lançada no eshop do Nintendo Switch: Dragon Quest, Dragon Quest II: Luminaries of the Legendary Line e Dragon Quest III: The Seeds of Salvation.

Indo adiante na série, há Dragon Quest VIII: Journey of the Cursed King, o primeiro título da série com a ambientação e personagens totalmente tridimensionais (3D), deixando de lado o antigo estilo dos jogos clássicos. Isso aconteceu em 2004, no PlayStation 2. O jogo foi um marco para a série e talvez um dos que mais ajudou a tornar o título mais conhecido por aqui. Este é o oitavo título e uma das maiores plataformas da geração.

O que torna Dragon Quest XI um lançamento tão grande quanto Dragon Quest VIII se dá pelo fato de que o que existe entre estes dois jogos são Dragon Quest IX: Sentinels of the Starry Skies (2009) que foi lançamento apenas no Nintendo 3DS (um portátil) e Dragon Quest X (2012) que é um MMORPG, que é algo meio alternativo em relação aos demais jogos da franquia.

Significa que Dragon Quest XI coloca a franquia de volta aos trilhos a qual os fãs sonham por tanto tempo, dentro dos maiores e principais consoles da atual geração (desculpa aí, Xbox One). O título foi lançado originalmente em 2017 no Japão, com versões para Nintendo 3DS e PlayStation 4, enquanto que aqui no ocidente chegou apenas para o PlayStation 4 e PC em setembro de 2018. Nesse meio tempo, a Square Enix trabalhou em uma versão melhorada para ser lançada no Nintendo Switch, a qual é versão em debate nesta análise. E daí voltamos ao título nem um pouco pequeno: Dragon Quest XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition.

A versão para Switch chega com novidades bacanas em relação as versões já lançadas: toda a trilha sonora do game foi refeita, agora totalmente orquestrada, deixando ao jogador escolher entre a nova trilha ou a trilha previamente existente. Mais opções também estão nos arquivos de áudio do jogo, que agora carregam dublagem em japonês, podendo alternar entre ela e a dublagem em inglês. O jogo também recebeu mais conteúdo de história pertinente aos personagens centrais da equipe do jogador, com novos detalhes sobre os mesmos e novas quests. Por fim, talvez a mais incomum das novidades esteja a possibilidade de mudar o jogo para o clássico estilo 2D 16 bits dos clássicos de Super Nintendo, podendo jogar toda a aventura em tal formato.

Também foi disponibilizado um DLC gratuito chamado Champion’s Pack, repleto de novos itens para os jogadores usarem em sua jornada pelo título. Contém roupas para os personagens e itens de uso para sua jornada. E está confirmado que mais um DLC (este pago) será lançado no futuro, adicionando ainda mais conteúdo de história ao jogo.

Moderno, mas com cara de clássico

Dragon Quest XI S é um JRPG que transita entre o passado do gênero e o que há de moderno nos jogos atuais. É um título que caminha bem entre não parecer datado, mas sem nunca ser acelerado como muitos títulos são hoje em dia. E não se deixe enganar, é um RPG e portanto não é nem um pouco curto. A experiência gira na média de 80 a 100 horas. Sim, é esse tanto, para até mais dependendo de tão engajado e imerso você ficar dentro deste mundo.

E aqui cabe uma observação. O jogo acaba de ser lançado no Switch, a menos de quatro dias de quando comecei a escrever este texto. Tive acesso a seu conteúdo apenas nesta quantidade de tempo e obviamente ainda não vi todo seu conteúdo. Esta é uma análise realmente abordando a vibe de seu lançamento, com uma pesquisa intensa que fiz a respeito do jogo, e em torno de 8 horas que pude destrinchar de sua campanha principal. É pouco para tudo que o jogo tem a oferecer? Certamente que é. Porém estou levando isso em consideração ao abordar os pontos e argumentos deste texto.

Dragon Quest XI S é, portanto, um RPG de batalhas por turnos, como nos clássicos. Ele ensaia alguns aspectos dos Action-RPG modernos, mas nunca deixa isso mais marcante do que seu aspecto mais original. Para tal as batalhas o jogador tem algumas opções de customização, tanto na forma como sua equipe se comporta, como no movimento em si da câmera.

Os personagens podem ser controlados individualmente pelo jogador, ou podem ser customizados para exercer alguns comandos e regras de forma que possam batalhar automaticamente. Particularmente esse aspecto dos aliados batalharem sob customizações impostas é exatamente o tipo de coisa que me desagrada em muitos RPGs atuais. Sempre fico chateado, por exemplo, por apenas controlar Sora em Kingdom Hearts III, enquanto Donald e Pateta seguem regras que escolho para eles. Essa foi a primeira coisa que desliguei quando comecei a jogar Dragon Quest XI S. Adoro controlar toda a equipe e escolher o que cada um fará em cada turno. Não é incomodo nenhum pra mim.

Logo em seguida tem outro elemento: o modo da câmera do jogo. Há um modelo de andar livremente pela arena da batalha, porém que é um aspecto puramente estético – os monstros ainda lhe perseguirão e lhe acertarão mesmo estando distante -, e o modo clássico, onde a câmera fica fixa atrás do personagem da vez, enquanto o jogador escolhe o que o mesmo deve fazer a cada turno. Visualmente achei que o modo clássico é mais impactante. Dá para perceber o padrão de um jogador das antigas né? Gosto das regras clássicas. Porém reforço que acho interessante e até importante estas opções que dão uma dinâmica automatizada ao jogo, há quem prefira isso.

Dito isso, há uma mudança que aqui defendo ser mais moderna do que como ocorre nos clássicos: a ausência de encontros aleatórios pelo mundo do jogo. Aqui todos os monstros são apresentados no mundo livre, podendo o jogador escolher ou não iniciar um confronto, até mesmo criar um ataque inicial ou simplesmente sair correndo do monstro, a ponto dele não lhe alcançar. Perfeito. Com isso o jogador elimina aquelas situações de repetições, onde se enfrenta o mesmo monstro pela décima vez enquanto tenta chegar ao objetivo narrativo da história.

Cardápio de batalhas

Antes de iniciar Dragon Quest XI S fui ver algumas dicas para iniciantes na franquia, e a que mais chamou a minha atenção foi: não faça griding, o jogo não precisa disso. Este ato de ficar repetindo lutas para ganhar níveis cada vez maiores de level para enfrentar monstros mais difíceis é uma das coisas mais comuns dos antigos RPGs. Uma tática para dar mais longevidade a alguns deles. Alguns até dizem que se for fazer griding em Dragon Quest XI S, que se faça depois de conseguir todos os sete membros principais do jogo, pois se fizer isso, irá se criar um desbalanceamento muito grande entre eles, a qual você nunca conseguirá balancear novamente, já que todos ganham experiência, mesmo aqueles que não estão sendo utilizados. Foi uma dica legal e que repasso aqui.

Joguei boa parte da hora inicial, passando até mesmo pela dungeon da orbe vermelha (a primeira do jogo), sem ficar me preocupando muito em lutar (estava entretido e apreciando a história). Queria ver como me sairia no chefe dela sem ter me focado e subir de nível. Foi uma batalha interessante. Não digo que foi moleza, mas achei o desafio realmente divertido. Precisei de muitos turnos, me curei recorrentemente, usei itens (por sorte fui preparado) e consegui vencer a dupla que espreita o final dessa área. Fiquei realmente satisfeito, tanto por ter vencido, como por ter provado que não precisava ter lutado com cada um dos inimigos dentro da área para me preparar em vencer o chefão da mesma.

Não significa que não realizei batalhas. Fiz sim, tanto para testar magias, habilidades e especiais, como para ver os movimentos das mais diversas criaturas. Dragon Quest tem uma fauna realmente incrível de monstros estranhos, mas curiosamente super fofos e hiper coloridos. Sempre que avistei um que ainda não tinha visto, corria para enfrentá-los.

Ainda dentro desse aspecto das batalhas preciso mencionar as opções que o jogador irá encontrar para desafiar os inimigos do jogo. Atacar, se defender e usar itens são opções bem tradicionais desse gênero, entretanto gostei de ver como o jogo separa feitiços de habilidades, ainda que ambos consumam a barra de mana (MP). Feitiços percebi que tenho aprendido subindo de level, enquanto habilidades são adquiridas em uma árvore de atributos com pontos obtidos justamente ao subir de nível. Notei que há basicamente quatro direções de classes que os personagens podem tomar, com o jogador escolhendo e moldando os personagens como bem entender.

O jogo é generoso ao lhe deixar usar mana com uma boa razoável frequência, evitando vício muscular de ficar apenas atacando de forma básica – o que é algo que data muitos RPGs do passado. Acho importante aspectos como o fato de subir de nível restaurar tanto seu HP (saúde) quanto MP. Itens que restauram estas barras também são baratos e podem ser adquiridos com facilidade.

Dragon Quest XI também traz como novidade em relação a outros títulos da série o que é chamado dentro do jogo de sistema Pep Power, que ocorre quando o jogador está sendo pressionado dentro das batalhas, sem que seu personagem morra, ele entra em um estado de super poder, onde seus ataques se intensificam e mais golpes especiais passam a ser uma opção de uso. Quando mais membros da sua equipe entram nesse estado, mais golpes podem vir a ser habilitados. É bem interessante e útil em muitos casos. Possivelmente é isso que também justifica não ser necessário ficar fazendo grinding, já que uma batalha que está durando mais do que deveria, eventualmente ativará o Pep Powers dos personagens.

Um último aspecto legal que merece ser mencionado, porque está dentro desse repertório de regras clássicas adaptadas para jogos modernos e mais dinâmicos, está a possibilidade de trocar membros da equipe (já que são sete e seu time ativo são sempre em quatro) por algum membro da reserva em tempo real as batalhas em andamento. Pois é, entrou naquele chefe e esqueceu de pegar a personagem que tem melhorar atributos de cura e suporte? Dá para escolher alguém do time para sair e dar lugar a essa personagem, enquanto a batalha está em andamento. É algo realmente legal e que não é todo RPG com essa fórmula clássica que permite algo assim. Normalmente o jogador acaba tendo que morrer e montar melhor seu time ao reiniciar o save. Dragon Quest XI S enxerga como isso não acrescenta tanto ao jogador e simplesmente o permite trocar sua equipe em meio a batalha (o que até faz sentido quando você pensa que todos estão ali – em termos narrativos).

No geral tenho me divertido bastante. Especialmente porque venho dessa era dos clássicos e das batalhas por turno. Curioso que este Dragon Quest me traz uma certa memória de um título JRPG, da geração passada, que tenho muito apreço e é totalmente injustiçado (minha opinão, é claro): Blue Dragon, que por sinal também tem o design de personagens criados pelo Akira Toriyama, autor de Dragon Ball, e também design dos personagens de todos os jogos de Dragon Quest. — Por sinal.. tenho vontade de jogar novamente Blue Dragon. Lembrando que até hoje é título um exclusivo do Xbox 360, mas que cairia muito bem em uma versão remaster para o Nintendo Switch. Aposto que chamaria a atenção no Japão para esta clássico esquecido, o que talvez até poderia até trazer a série de volta.

O despertar de um herói

Enredo normalmente é um dos primeiros elementos que trago para um texto de análise, mas aqui acabou sendo diferente. Acabei me empolgando ao falar sobre clássico e moderno entre os RPGs e precisei entrar na parte do gameplay, pois foi o que me soou mais natural. Agora abro caminho em direção ao que ainda não foi mencionado aqui: o universo e o ponto inicial de Dragon Quest XI S.

Primeiro é importante afirmar que àqueles que nunca jogaram qualquer jogo da série Dragon Quest não devem ter qualquer preocupação em iniciar essa experiência pelo décimo primeiro título da franquia. Este título não tem uma conexão direta com eventos dos jogos anteriores a ponto de ser de extrema necessidade tê-los jogados em gerações passadas. Tudo aqui é um novo começo. Um novo protagonista, um novo mundo, uma nova trama.

Há conexão com antigos jogos da franquia? Sim, mas é uma surpresa para aqueles que jogaram a trilogia original, e somente lá no fim do jogo. Não é algo que vou contar aqui ou que você precise entender. É um detalhe pequenino, para agradar os fãs. Sequer vai comprometer o final pela perspectiva daqueles que nunca jogaram qualquer outro título da série. Aliás, é fortemente recomendado que você comece a sua experiência com os jogos da série Dragon Quest por este título. Não há qualquer arrependimentos por conta disso.

Também não se engane, Dragon Quest XI S é um legítimo RPG japonês… e sabe o que isso significa? Que há muitas cenas de diálogos, muitos conteúdo de história e muitas pausas na ação que o jogo foque em construa uma narrativa envolvente e interessante. RPGs são, em comparação a tantos outros gêneros de jogos, altamente sobre histórias de seus personagens e um universo rico em detalhe que precisam ser esclarecidos ao jogador. Especialmente em suas horas iniciais. Ainda vejo muita gente deste lado do continente reclamando disso em jogos desse gênero, o que nem sempre é algo justo a se fazer.

Dou apenas o braço a torcer nesse aspecto quando o jogo não encontra maneiras de deixar a sua narrativa visualmente agradável para tomar o tempo que tiver que tomar do jogador. Por exemplo, jogos que usam excessivamente telas estáticas e caixas de textos, sem qualquer som ou dublagem. Tem muitos jogos japoneses que fazem isso e é um aspecto que me tira do sério. Felizmente não é este o caso de Dragon Quest XI S. Aqui, como mencionado lá no começo, existe dublagem para todas as cenas de animação (cutscene) da campanha, além do que parece ser muita CGI para um efeito cinematográfico aos pontos de maior impacto do enredo. Apenas quando se está conversando com NPCs menos importantes, em vilas e cidades, é que a caixa de texto irá surgir sem qualquer dublagem. Isso ocorre, mas é em um grau realmente muito pequeno em detrimento a tudo que está dublado, tanto em inglês, quanto em japonês, no jogo. Chega a ser impressionante.

Em termos narrativos, Dragon Quest XI S começa com um clichê bem comum de contos de fantasia, com um bebê perdido em meio a um incidente, uma mãe que o lançou a um destino incerto, e sendo adotado por pessoas que desconhecem sua origem. Logo se descobre que você é o portador de um poder que uma lenda diz que salvará o mundo quando a era das trevas chegar. Você é o herói lendário, de um mundo que ainda não precisa de você. Clichê? Sim. Mas isso são os primeiros 15 minutos do jogo.

O interessante é que a trama sabe converter esse estereótipo em algo diferente, até inesperado. Logo o jogador se vê em uma situação terrível, a mercê de perigos que não deveriam ser algo a ser combatido e o protagonista precisa lidar com uma tragédia que é sem precedentes. Fugir se torna a única solução e um aliado tão improvável quanto o cenário que a trama se propôs surge para lhe auxiliar e lhe auxiliar em uma jornada que você nem mesmo sabe mais qual deveria ser. É um plot inicial bem envolvente.

Isso levará ao jogador a reinos e regiões totalmente novas. A conhecer diferentes tipos de pessoas e a encontrar novos aliados, além de encontrar novos monstros, tesouros e secretos que colocaram você de volta aos trilhos do seu destino, enquanto outros estarão lhe caçando e fazendo de tudo para não lhe dar um momento de paz. É uma trama clássica, porém também é uma divertida história de fantasia.

E não se esqueça que o visual do jogo é encantador, especialmente para o Nintendo Switch. São necessários 14GB de instalação, quase o tamanho de The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Grande, mas que realmente compensa toda a beleza gráfica do jogo, que não deixa em nada a desejar em comparação a versão de 2018 para PlayStation 4. O título não tem um mundo único e aberto como o de Zelda, mas suas regiões abertas, segmentadas por áreas, são enormes e cheio de itens, monstros e pontos de interesse que o jogador irá querer explorar. É um universo rico em detalhes, altamente imersivo.

Considerações até o momento

Certamente não abordei neste texto tudo que poderia mencionar de Dragon Quest XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition. Porque pra ser justo ainda estou arranhando a superfície de tudo que a obra tem a oferecer. Precisaria de mais semanas, talvez até meses, até conseguir um escopo próximo de tudo que o título oferece aos mais dedicados e apaixonados pela obra e pelo gênero em si. Só que aí o timing desse texto se perderia em detrimento ao seu recente lançamento.

O que trago aqui é esse vislumbre inicial, aquela sacudida que talvez você precisasse para se interessar pela obra. Talvez aquilo que você quisesse saber antes de se decidir pela aquisição. Sem spoilers, sem entregar demais todas as surpresas que o jogo obviamente tem.

Posso mencionar outros rápidos aspectos. Como o sistema de forja, que permite o jogador criar seus próprios e aprimorados equipamentos, que nesta versão pode ser usado em qualquer lugar e não mais em acampamentos. Basta ter os itens desejados e sempre fica em busca de novas receitas, que são encontradas em baús e prateleiras dentro das casas. Aliás, é adorável como os NPCs ficam chocados com você entrando em suas casas e quebrando vasos e abrindo armários. Não há punição pra isso, apenas uma engraçada tirada de um elemento clichê desse gênero.

Também me agrada que o jogo tenha um sistema de salvamento automático em paralelo a possibilidade de salvar o jogo manualmente em locais certos para isso, as igrejas ou monumentos religiosos. Dito isso porque o Switch tanto é um console de mesa, quanto um portátil, e para tal muitas vezes tenho que interromper meu jogo para fazer algo. Fico tranquilo de jogar Dragon Quest XI S dessa forma sabendo que se acontecer de precisar interromper abruptamente a aventura, a ponto de precisa fechar o jogo sem salvar manualmente, sei que o salvamento automático fará seu melhor para me deixar o mais perto possível do ponto em que precisei parar. Ah e há múltiplos slots para saves, o que é perfeito para aqueles que jogam em família no mesmo perfil (meu caso), cada um consegue ter sua própria aventura.

Quanto ao modo 2D 16bits, não tive muito tempo para testá-lo, porém admito que é uma função que não me agradam tanto assim. O visual 3D do jogo é muito fantástico para ser ignorado, e a mudança do 3D para 2D não ocorre em tempo real no jogo. É preciso ir até um ponto de salvamento e criar um novo save, para continuar o capítulo da campanha nesse formato 2D a partir do ponto já alcançado. Mesmo assim é uma ferramenta incrível, onde até mesmo as batalhas são adaptadas à fórmula clássica, com o jogador escolhendo o que todos os membros da sua equipe farão em um único turno coletivo, para depois ver o resultado do mesmo. É bacana ter esse diferencial estratégico, também oriundo dos primeiros títulos da franquia.

E voltando ao tridimensional, o mundo de Dragon Quest XI S é incrível demais. Os cenários são incrivelmente amplos, com campos abertos repletos de inimigos. E vilas gigantescas, com inúmeras casas para explorar, com diversos andares e até mesmo acesso ao telhados de muitas delas. E o jogo passa por diversos biomas, da floresta, ao deserto a áreas gélidas, com neve e tal. É muito impressionante, e ambicioso por parte dos desenvolvedores. No Switch não cheguei sequer a notar texturas sendo carregadas na minha cara – algo que os recentes lançamentos para o Xbox One básico tem deixado acontecer frequentemente -, muito menos quedas de framerate ou lentidão no jogo. Até os pequenos loadings que existem aqui e ali são super rápidos. É uma versão realmente muito bem adaptada ao hardware do Switch.

A única coisa que reclamaria, e mesmo assim é algo tão pequeno, diz respeito a algumas faixas musicais da trilha sonora. O ciclo de repetição de algumas delas é um pouco cansativo e acaba tornando-as meio maçante. Em momentos em que me pego explorando vilas ou ambientes abertos, onde não há tantas cenas de história, me pequei colocando outra coisa para ouvir na TV ou no iPad para diminuir a intensidade da música (ainda que pudesse fazer isso nas opções do jogo). Há faixas muito boas, porém algumas realmente me cansaram. Senti falta de algo mais agitado, normalmente encontrado em títulos como Final Fantasy.

E é isso que tenho a trazer sobre Dragon Quest XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition, nesta janela de menos de uma semana de seu lançamento no Nintendo Switch. Acredito que quem o experimentou no PlayStation 4, possivelmente não vai encontrar tanto conteúdo que justifique mais uma centena de horas aqui, mas não acho impossível que se divirta mesmo assim. Para quem ainda não experimentou, esta é uma oportunidade mais do que perfeita, é imprescindível. E sim, não estou olhando o preço como barreira, se bem que ele foi lançado na eshop nacional, fugindo assim do IOF da compra externa e da instabilidade de nossa moeda frente ao dólar. Ah e também lamento que o jogo esteja todo em inglês, sem localização para nosso português. Mesmo com estas barreiras de acessibilidade, ainda acredito que esta é a melhor experiência que alguém pode desejar para iniciar em uma das franquias mais populares e queridas no mundo dos videogames. Dragon Quest vale tudo isso e muito mais. Não há como negar!

Galeria

Dando uma nota

Recheado de extras e opções, é a melhor versão para um excelente jogo - 9.5
Prova muito bem que o sistema clássico de batalha por turnos ainda tem sua relevância - 9
Em 3D ou 2D (16 bits), você experimenta de acordo com seu nível de nostalgia - 9.5
Incríveis locações, criaturas fantásticas, gostoso de se explorar - 9
Personagens com charme, enredo que compele a ir adiante na trama - 9
Trilha sonora pode enjoar e soar repetitiva em certos momentos - 8
Não parece pedir por grinding, sem encontros aleatórios - 9

9

Incrível

Dragon Quest XI S: Echoes of an Elusive Age – Definitive Edition é uma tremenda adição à biblioteca de jogos do Nintendo Switch, sendo um dos JRPG mais importantes desta geração, especialmente para fãs e aqueles que adoram a nostalgia da clássica fórmula do gênero, que aqui vem muito bem adaptada para não soar datada. O mundo proposto pelo enredo é encantador e mágico, envolvendo e imersivo. É um jogo fenomenal, que impressiona em muito por sua qualidade aqui nesta plataforma.

Sair da versão mobile