Análise | Atomicrops
Disponível para PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC
Atomicrops traz o apocalipse nuclear nada seguro para um cenário a qual o jogador deve plantar, se casar (mais de uma vez) e sobreviver ao longo das estações do ano. O jogo esteve em acesso antecipado durante 2019 e início deste ano no PC, e finalmente chega em sua versão completa, fazendo-o estrear esta semana nos atuais consoles da geração. Título desenvolvido pela Bird Bath Games e distribuído globalmente pela Raw Fury.
Primariamente, Atomicrops é um roguelike, o que significa que suas partidas são únicas. Morrer significa recomeçar tudo novamente, e com isso alguns aspectos da ação, habilidades e equipamentos também se alteram. Trazendo um pouco daquela mistura de sorte e estratégia para se conhecer recursos e possibilidades dentro do que o jogo irá oferecer durante a ação. As vezes não basta ser um bom jogador, deve-se também contar em não dar azar de encontrar itens muito ruins em situações mais críticas.
Além disso, o jogo soa diferente de outros títulos concorrentes do gênero quando apresenta um conceito de gerenciamento de uma plantação que precisa de cuidados e proteção. Durante o dia, é essencial coletar sementes em biomas longe da sua fazenda e plantar tais sementes no solo fértil do seu lar, enquanto a noite é preciso proteger suas cenouras, batatas e outros vegetais, pois criaturas mutantes invadem sua terra para comer seus espólios ou simplesmente lhe matar.
Sobreviva aos ataques noturno, faça sua colheita, vá a vila em busca de novas armas e recursos para avançar pelos próximos dias. Fique vivo durante as quatro estações do ano e vença o jogo para habilitar ainda mais recursos, itens e assim desbloquear novos níveis de dificuldade. A fórmula pode soar simples, mas o resultado é viciante. Tal qual todo bom roguelike precisa ser para sobreviver ao seu próprio replay auto imposto.
Primeiros passos
Apesar de um tutorial inicial que vai lhe explicar como arar a terra, plantar sementes, regar sua plantação e também coletar mutagênico de criaturas para servir de adubo… para o resto das mecânicas de Atomicrops o jogador deve descobrir por conta própria. Trata-se um tutorial que pode até levar a um erro inicial de como agir em sua primeira partida.
Ao menos comigo foi assim. A primeira partida foi estranha. Não me deu uma boa sensação inicial. O jogo me ensinou como cuidar da fazenda, mas não me explicou o que há além dela, ou do quão importante é sair da fazenda e explorar os biomas ao seu redor. Sem não ter conhecido o título em seu acesso antecipado, me senti bem perdido em sua curva inicial de aprendizado. Algo que vou tentar lhe ajudar nesta análise.
Funciona assim. O solo em sua fazenda é enorme, entretanto nem todo o solo é fértil. Há muita erva daninha ao redor da região e apesar do tutorial dar uma impressão de que o jogador deve passar um tempo eliminando-a, não faça isso. No máximo, lide com a erva daninha que está no solo fértil, mas isso somente se tiver algo a plantar ali, caso contrário ela vai voltar a crescer e você terá apenas perdido tempo.
O que se deve fazer em Atomicrops é justamente explorar os biomas ao redor da sua fazenda. Lá estão as sementes que você precisa para seguir plantando ao longo das estações, assim como equipamentos, itens especiais e habilidades (perks) que melhoram seus próprios atributos. Para se dar bem no jogo é preciso limpar estes biomas, pegando tudo que eles tem a oferecer e levar tudo para sua fazenda ou turbinando os atributos do seu personagem. Por mais óbvio que isso possa soar, acredito que o tutorial inicial deveria lhe dizer isso, mas não diz.
Ao iniciar uma partida, há dois biomas liberados, ao leste e oeste. Uma área mais verdejante (mais fácil) e um deserto (dificuldade normal). Ao norte e ao sul existem dois biomas fechados (mais difíceis), que exigem a construção de uma ponte para cada área. Cada ponte custa 100 cajus (dinheiro do game). Cajus são obtidos ao fim de um ciclo de 1 dia dentro do jogo, se o jogador colher algo de sua fazenda. Estes espólios se convertem nestes cajus ao visitar a vila de habitantes. Lá se pode comprar as tábuas para construção das pontes, novas armas entre outras coisas que mais a frente desta análise vou mencionar.
Entendido o esquema de exploração, é preciso também entender o ciclo de dias do jogo. Basicamente o jogador tem uns 3 minutos de período de sol para ir até um bioma e conseguir pegar tudo que for possível. Claro que atrás de cada item, há inúmeros inimigos protegendo tais recompensas. Mate todos e volte quando começar a escurecer. O jogo avisa do crepúsculo e dá tempo o suficiente para correr de volta à fazenda (há atalhos também, representados por meio de buracos de toupeiras). À noite são mais uns 3 minutos, que você deve utilizar para plantar, regar e colher o que brotar, em meio a um ataque de inimigos que estão atrás de você ou de suas verdinhas. E sim, as plantações crescem em supervelocidade. Em um único dia é possível plantar e colher muita coisa.
Cada estação do ano tem um ciclo de três dias (rapidinho, não?). Cada dia tem noites mais intensas, sendo que no terceiro (e último) dia da estação o jogador deve enfrentar um grande chefe. Os chefes são realmente gigantes e tendem a atacar tanto você quanto sua plantação. Alguns deles são bem bullet hell, com tiros vindo de muitas direções. E mesmo em batalhas de chefes, inimigos menores seguem aparecendo e nunca param de surgir enquanto a madrugada estiver rolando, mesmo se o chefe for derrotado.
Ao todo, Atomicrops tem as quatro estações do ano, que resulta em 12 ciclos diários, sempre começando pelo mesmo ciclo: primavera, verão, outono e inverno. Após o inverno, um chefe especial deve ser derrotado. Com isso encerra-se o jogo e uma nova dificuldade surge. Ao todo o título tem 10 níveis de dificuldade. Não vão surgir novos inimigos, mas eles ficarão mais difíceis de serem derrotados e ainda mais mortais.
Também não mencionei, mas cada bioma tem um segundo bioma ainda mais agressivo que a área original, que é habilitado consertando uma nova ponte dentro do próprio bioma. Esta ponte custam o dobro ou até mesmo o triplo de cajus das pontes que abrem os territórios do norte e sul. Ou seja, são 12 ciclos diários e 8 áreas para serem exploradas. Há uma certa corrida contra o tempo se você deseja passar por todos os ambientes, ainda que não seja preciso para vencer o jogo.
Arsenal pós-apocalíptico
O segundo fator muito importante para qualquer jogo dentro do gênero roguelike diz respeito ao seu arsenal: armas e habilidades que irão estar à disposição do jogador. Atomicrops, neste quesito, entrega um pouco do básico na esfera das armas, enquanto brilha um pouco mais quando se olha para os perks (habilidades passiva) encontrados ao longo das partidas.
Dentre as armas, o jogador sempre vai começar com uma arma de ervilha, que causa aquele dano meio básico, e que tem um alcance médio. Não é uma arma boa para sobreviver as fases mais intensas do jogo. Ao final de cada ciclo, ao visitar a vila, haverá uma vendinha de armas, com duas opções a cada dia. Tendo cajus, é recomendado comprar uma destas armas. Não é possível carregar múltiplas armas.
E aqui vem uma peculiaridade de Atomicrops: qualquer arma que não seja a inicial, quebra após um dia de uso. Isso dá um certo senso de estratégia ao jogo. Primeiro porque as armas possuem upgrades, gastando mais cajus, ali mesmo na vila. Então se gasta uma grande quantidade de dinheiro em uma arma que quebra no dia seguinte. Imagine que essa não é uma decisão fácil de se tomar.
Coloque aí na ponta da calculadora o fato de que uma arma vai custar entre 30 a 40 cajus, e que depois seu primeiro upgrade em torno de 100 cajus. Logo depois vem uma atualização de 250, depois 400 e assim por diante. É uma boa quantidade de cajus. E quanto a sua colheita pode lhe render de cajus em um ciclo de estação? Vai depender muito de alguns fatores, mas normalmente nas estações iniciais podem ser em torno de mil cajus, e nas estações finais podem chegar de dois a três mil cajus. Isso se você se tornar um fazendeiro habilidoso.
Isso também indica que não dá para comprar uma arma em sua atualização máxima toda vez em que for a vila. O ideal é aguardar o dia final do ciclo final da estação, para usá-la na batalha de chefe, ou então quando for explorar a segunda área de cada região, já que esta tende a ser mais difícil ainda. Nos demais ciclos, compra-se apenas a arma e no máximo um único upgrade.
Já dentre as opções de armas, Atomicrops oferece um catálogo básico de opções. Há submetralhadoras, espingardas e até mesmo um rifle de sniper. Posso destacar três opções bem interessantes, dentre uma espingarda que explode bolas enormes em diversas direções, uma arma de batata que tem uma alcance muito longo e que atira de forma infinita (sob o custo de um dano mais reduzido) e uma sniper que se atualizada, pode ricochetear em inimigos próximos e causar dano elétrico. Os mais estranhas armas, e menos eficientes, há uma envolvendo um esquilo e uma outra envolvendo um cutelo, sendo armas de curto alcance.
No que diz respeito aos perks, que normalmente são adquiridos explorando os biomas, e que funcionam de forma passiva em sua grande maioria, todos normalmente colaboram para melhorar os atributos do jogador no que diz respeito a eficácia de sua plantação. Fazer as plantas crescerem mais rápido, ou melhor eficácia em regá-las, ou crescerem mais rápido a noite e afins. No combate, o que mais me chamou atenção foram perks que ficavam orbitando ao meu redor, fazendo um escudo ou causando dano em quem chegar muito perto.
Há também outros perks que ficam em uma categoria de utilidades, como um cavalo que pode lhe deixar andar mais rápido, um item que lhe concede um coração extra, outro que sempre que colher uma planta um soldado raiz sai do solo, protegendo por um pequeno período as outras plantas. Outro que me chamou bastante atenção é um perk de minhoca, que vão surgir no solo e formam um escudo ao redor do jogador conforme outras minhocas vão sendo recolhidas.
Ajuda extra
Mas isso ainda não é tudo em Atomicrops! Talvez o item mais interessante e que provém uma ajuda super útil são os animais da fazenda. Estes são recolhidos pelos biomas quando se derrota alguns inimigos. A vaca pode regar as plantas enquanto você está explorando, enquanto porco vai arar a terra e a galinha come erva daninha, além de também colocar ovos que podem servir de fertilizantes. Há também as abelhas que fazem as plantas crescerem mais rapidamente. E nos biomas mais distantes, versões aprimoradas destes animais podem ser encontrados.
Os animais da fazenda são um recurso tão útil que normalmente são a minha meta principal ao iniciar uma partida. Corro para encontrá-los nos dois biomas iniciais, para que assim eu não perca tanto tempo na fazenda e consiga melhor explorar as áreas nas estações mais avançadas. A vaca que rega as plantas pra mim é a minha melhor amiga em Atomicrops. O jogador precisa regar a planta uma a uma. Ter uma ou duas vacas fazendo isso é uma tremenda mão na roda, ainda que existam outras soluções se você não a encontrar.
Esse tipo de automatização da fazenda, por meio de perks e animais, que auxiliam o jogador, são recursos essenciais para que o título funcione muito bem em single player, já que Atomicrops não possui (infelizmente) qualquer modalidade multiplayer.
Há ainda outros dois recursos super úteis para gerenciar a plantação quando ela começa a tomar proporções mais difíceis de cuidar de plantinha a plantinha: os pombos e os grandes maquinários. Ao longo dos biomas, o jogador pode encontrar alguns pergaminhos de pombos correios. Estes pergaminhos podem ser ativado nas plantações e tem diversas funções: podem arar todo o espaço já destravado (pois este vai aumentando conforme o jogo avança), podem colocar uma semente em todo o solo disponível e, o mais útil, podem trazer uma nuvem de chuva que rega toda a plantação. Mas é um item consumível. Requer saber usar no momento certo para uma melhor eficácia.
Já os grandes veículos, também encontrados em biomas ou adquiridos na vila, mediante algumas centenas de cajus, ao final de cada estação, possuem diversas utilidades. Um pode cortar ervas daninhas da sua fazenda, gerando sementes, enquanto outro pode irrigar sua plantação. Há um que podem moer inimigos em um curto raio de alcance, enquanto outro pode arar a terra. O jogador pode sempre ter dois veículos em seu inventário, e eles possuem uso ilimitado, porém possuem um tempo de recarga sempre que forem utilizados.
Por fim, Atomicrops também oferece a velha tradição de se casar para conseguir um parceiro para lhe auxiliar nas tarefas de cuidar de uma fazenda. E aqui as regras são bem modernas, com a poligamia rolando solta. Com isso é possível casar até três vezes ao longo de uma jornada (requer o perk poligamia, normalmente oferecido após o primeiro casamento). Mas se casar é um pouco difícil inicialmente.
O que ocorre é que o jogo tem um esquema de plantar rosas e estas são uma segunda moeda dentro desse universo. Rosas não rendem cajus, mas são um recurso monetário para comprar novos corações, ou adquirir perks com os pretendentes na vila. Após comprar quatro perks com estes, eles se casam com você. Ao final de cada estação, o jogador também pode comprar certos itens, como animais ou pergaminhos de pombos com estas rosas. Mas o ideal é gastá-las com seu eventual cônjuge.
O ponto é que sementes de rosas são mais raras do que as demais sementes de plantação. Estas são encontradas explorando os biomas. Procure pelos flamingos aprisionados, eles tendem a deixar sementes de rosas, porém elas também podem vir em diversas outras situações de batalhas dentro dos biomas.
E sobre plantações, eis uma dica preciosa: procure plantar sementes da mesma espécie em grupos de quatro lotes ao redor, formando mesmo um quadrado. Fazendo isso elas se unem e viram um grande vegetal, que tende a lhe render mais pontos. As rosas, por exemplo, ficam imensas e lhe rendem uma unidade extra. O jogo também oferece sementes de árvores, que após crescerem, ficam lhe rendendo frutos constantemente. E o girassol parece que pode lhe render muitos cajus se você conseguir plantar quatro sementes em um quadrado, ainda que em todas as minhas partidas, tenha sido bem difícil conseguir sementes dessa flor.
Então para melhor aproveitamento da parte de exploração de Atomicrops, se faz necessário buscar toda a ajuda necessária mencionada para gerenciar sua fazenda. Animais e companheiros NPC. Aprender a melhor forma de plantar certas sementes, quando utilizar veículos e os chamados dos pombos. Os companheiros a qual se podem casar também possuem algumas habilidades distintas, sendo que alguns ficam na fazenda cuidando da mesma, enquanto outros saem com você para explorar os biomas. E todos protegem o jardim nas madrugadas, quando as criaturas estão atacando.
Considerações finais
Atomicrops é um pouco de tudo que acabei abordando nos parágrafos acima, entretanto roguelikes são difíceis. Esta foi uma geração que marcou bastante esse gênero, com excelentes jogos, desde o insano The Binding of Isaac até produções mais recentes, como o maravilhoso Dead Cells e o viciante Enter The Gungeon.
Nesse tipo de comparação, dá para dizer que Atomicrops está competindo com gigantes e, apesar de trazer boas e criativas ideias, ainda não tem a força para entrar no ranking dos líderes desse segmento. Claro que isso não o rebaixa para aqueles que sequer lembramos que existem. Atomicrops está se equilibrando no meio dessa balança, apresentando uma proposta interessante, mas que fica limitada em alguns momentos.
Tome, por exemplo, os inimigos. Há oito biomas, porém em grande parte deles o jogador irá encontrar os mesmos inimigos, sejam as baratinhas ou coelhos que insistem em ficar atirando em você. Claro que cada bioma tem criaturas próprias, mas estas se mesclam com aqueles mais comuns que estão por toda parte. Além disso, outra característica mais comuns de roguelikes, como as salas aleatórias que servem para desorientar o jogador inexistem aqui. Os biomas seguem sempre um mesmo formato de área, ainda que a disposição dos itens e personagens mudem um pouco.
Na parte de perks, a meu ver o jogo faz um bom trabalho, entregando uma boa variedade. Ainda que tenha tido a impressão de alguns perks sejam mais raros de surgirem do que outros. E estes são criativos e condizentes com a proposta de gerenciamento da fazenda, que também é outra parte bem criativa e interessante da jogabilidade, pois cria uma tensão e pressão para que o jogador não se sinta tão livre para ficar apenas explorando. E na contrapartida a recompensa vem por meio de recursos para continuar ficando mais forte a cada novo ciclo de um dia.
Atomicrops também dá uma colher de chá aos jogadores que persistirem em aproveitar seu valor de replay. Ao todo o game entrega três personagens, cada um com uma habilidade distinta, sendo que a personagem inicial começa produzindo mais rapidamente sua plantação, enquanto o segundo personagem tem a habilidade de fazer suas armas durarem dois dias inteiros (este personagem funcionou melhor ao meio jeito de jogar). O terceiro personagem é meio que um modo turbo, sendo bem ágil, mas também tornando os inimigos e seus projéteis mais rápidos também.
Fora isso, jogadores podem destravar duas formigas em sua base que lhe garantem bônus permanentes conforma mais estações você produz e uma espécie de moeda especial é obtida para exclusivamente comprar destas formigas estes bônus que se mantém independente de quantas vezes o jogador reiniciar tudo. Imagino que haja mais algumas coisas a serem encontradas para essa base, entretanto ainda não encontrei dentro do jogo para habilitar. O jogo, nesse ponto, não deixa muito claro o que é preciso para destravar algumas coisas. Isso prejudica um pouco a busca por metas adicionais.
Na parte de críticas mais pontuais, me decepcionei um pouco que o jogo não disponibilize um número maior de armas, como normalmente roguelikes tendem a oferecer. Acho que esse aspecto poderia dar um pouco mais de longevidade ao título, talvez até mesmo deixando o jogador carregar duas armas ao mesmo tempo. Também me entristecesse um pouco que nenhum tipo de modalidade multiplayer foi pensado aqui. O título poderia se beneficiar muito de uma multi de sofá ou até mesmo online, ainda que para isso precisasse escalonar sua dificuldade.
Dentre esse aspecto de coisas que senti falta, acho que não faria mal uma modalidade ou opção que deixasse os jogadores aumentar um pouco mais o tempo de cada dia. Há muitos jogadores que não se sentem muito confortáveis com estes jogos que a gente precisa correr contra o tempo. A qual sempre há um relógio nos pressionando para ir mais rápido e nunca conseguir fazer as coisas em nosso próprio tempo. Poderia haver um modo sem tempo, ou até infinito, ou mais casual. Sendo um jogo com esse elemento de “fazendinha“, certamente há um grupo casual que gostaria de ver uma modalidade que focasse um pouco mais nessa direção.
A sensação final que tenho de Atomicrops é de que o jogo ainda precisaria de mais alguns conteúdos e expansões para se tornar algo que certamente o poderíamos enquadrar como inesquecível. Para seu atual status de lançamento, o resultado é um bom roguelike, entretanto o título desperdiça um potencial para ir além. É gostoso de jogar, mas é difícil imaginar ficar nele por centenas de horas, como facilmente podemos ficar naqueles roguelikes citados alguns parágrafos acima.
Dentre os pontos altos do título, certamente poderia elencar a ideia do gerenciamento de fazenda, que dá todo o tom da aventura e funciona muito bem a proposta do gênero. O fato da produção crescer rapidamente, dos cuidados serem simples (regar, adubar e proteger), além dela ser o recurso monetário necessário para comprar habilidades. Também me agrada bastante a direção de arte do jogo, que tem um charme singular atrelar a uma estética em pixel art, ainda que na área dos biomas, o trabalho de cenários acabem sendo um tanto quanto básico. Já o combate, este é bem satisfatório, ainda que possa ser um pouco repetitivo, tornando-o mais atrativo sempre testar e usar as armas pagas da vila do que ficar apenas com a simples arma de ervilha.
Ao fim, Atomicrops é uma boa aventura em um mundo de animais e plantas mutantes. O tema funciona bem ao segmento roguelike com gerenciador de fazenda. A jogabilidade e a sensação de recompensa e suas descobertas funcionam. O fator de replay, tão importante ao gênero, tem valor, ainda que isso seja bem pessoal de jogador a jogador. A minha impressão é que sua longevidade pode ser um pouco comprometida justamente pela falta de variedade em certos aspectos, mas ainda assim o título tem uma cauda considerável até que alguém possa enjoar do gameplay. É um lançamento entrega o que promete e garante sua diversão.
Galeria
Dando uma nota
Visualmente tem uma bela pixel art, ainda que certos ambientes sejam simples demais - 8
Apresenta uma bela mistura entre a ação de um roguelike e gerencimento de uma plantação - 8.5
Entrega uma bela experiência single palyer, mas parte do público pode sentir falta de um multiplayer - 7.5
Curva inicial pode ser confusa, mas o jogo engata quando se aprende o valor da exploração dos biomas - 7.5
Baixio arsenal de armas deixa o combate um tanto repetitivo após um certo tempo - 6
Chefes gigantes são bacanas, enquanto os inimigos comuns repetem além do que deveriam - 7.5
Valor justo de replay, a qual cada partida se consegue ir um pouco além da partida anterior - 7.5
7.5
Bacana
Atomicrops é um divertido roguelike que apresenta boas ideias envolvendo gerenciamento de fazenda em um sistema de tempo que pressiona o jogador entre explorar, plantar e proteger seus futuros espólios. Apresenta uma boa jogabilidade, com interessantes perks passivos e uma bela direção de arte em estilo pixel art. Tropeça em alguns pontos, fazendo que o mesmo não atinja seu pleno potencial, mas ainda assim faz um bom serviço ao seu gênero. Vale ser jogado.