Análise | Towaga: Among Shadows
Disponível para Nintendo Switch, Apple Arcade & PC
Towaga: Among Shadows é um jogo independente desenvolvido pela Sunnyside Games, um pequeno estúdio localizado na Suíça. O título foi publicado pela Forever Entertainment na plataforma do Nintendo Switch e pela Noodlecake Studios nas plataformas do PC (Steam) e Apple Arcade. Seu lançamento nestas diversas plataformas ocorreu em etapas, em setembro do ano passado na Apple Arcade e, mais decentemente, em junho no Switch, e julho no Steam.
A desenvolvedora não mediu esforços e abraçou de forma calorosa os gêneros ação, arcade, aventura e tiro, apresentando ainda suporte para vários idiomas (dentre os quais está o nosso português), o que torna essa uma aventura acessível para muitos jogadores brasileiros do Nintendo Switch – pena apenas que não tenha sido lançado em nossa eshop brasileira. Por falar em Nintendo Switch, versão usada como base para esta análise, Towaga: Among Shadows pode ser reproduzido no modo TV (na dock do console), modo mesa com os joy-con desconectados e também no modo portátil.
Towaga: Among Shadows segue o estilo de jogo arcade shooter a qual o jogador deve lidar com múltiplos inimigos, pontuando para alcançar os melhores placares, enquanto tem sua mobilidade dividida em dois cenários distintos: em que se fixa fixo em um ponto, e em outro momento a qual pode voar pelo ambiente. Para isso, o jogador dispõem de um arsenal de habilidades especiais para atacar à distância e também afastar os inimigos que se aproximarem demais. Os detalhes dessas mecânicas serão dadas ao longo desta análise.
Luz contra trevas
Towaga: Among Shadows não apresenta uma explicação muito complexa para a sua história e o motivo pelo qual estamos lutando. Em Az’Kalar, temos a eterna luta de luz e trevas como foco principal, tendo um ser capaz de utilizar a luz para o bem e outro que é o senhor das trevas. O jogador assume o controle de Chimù o guerreiro de máscara que terá que aprender a controlar o poder da luz para assim conseguir exorcizar hordas de criaturas sombrias, que estão realmente decididas a fatiar o jogador em pedaços minúsculos.
Todo o mal em Az’Kalar possui um nome, Metnal que é o autoproclamado promotor do vazio, e jogará sua legião das trevas contra qualquer um que tentar impedir o seu reinado maligno e a total dominância das trevas. Cabe ao jogador lutar a pé em templos sagrados que devem ser protegidos da escuridão ou nos céus sobre os mesmos, onde dominar as habilidades de voo e de ataque ao mesmo tempo será o maior desafio.
Kurro, chamado de ave-urso pela, agora não tão próspera, população de Az’Kalar, vai fazer os trabalhos de mestre para o jogador. Apesar de acabar não fazendo muita coisa na prática, ele sempre irá nos guiar através dos desafios e, vez ou outra, fará piadas sobre o seu retorno ou sobre os upgrades feitos, assim como falar coisas sem noção do nada também, o que não deixa de ser engraçado e pode arrancar um pequeno sorriso do jogador. Conforme vamos vencendo as fases, ao final de cada uma, vamos encontrar artefatos e através deles podemos estudar o passado do mundo de Az’Kalar, além de adquirir um pouco mais de conhecimento sobre os seres sombrios que estamos enfrentando.
Super poderes
A cada área limpa, ganharemos fragmentos de alma, que poderá ser utilizado para atualizar as habilidades de Chimù (aumento do raio de comprimento da magia, do dano causado nos inimigos, da barra de vida e sua regeneração e também o aumento do número de especiais que poderemos utilizar consecutivamente) e também teremos que dar uma melhorada no poder das magias.
Uma nota sobre os especiais é que eles variam conforme a magia equipada, podendo ser Rajada de Vento, Raio de Nevasca, Choque Terrestre, Munição de Lava e Projéteis de Cúpula. Chimú obtém uma nova magia a cada templo concluído (que por sua vez é composto por um conjunto de fases e que tem seu término com o embate contra um dos chefes de fase, algumas vezes vem a ser o próprio Metnal).
Cada uma dessas magias é equipada automaticamente após a obtenção e fornece uma proteção diferente ao protagonista, ao ser utilizada ao pressionar o botão ZL, a Rajada de Vento sendo a primeira, fornece um escudo que ao ser acionado explode os inimigos num raio curto de alcance – ótimo para quando ficamos encurralados. O Raio de Nevasca é como um boost no raio de energia, transformando o ataque padrão em uma rajada gigantesca de energia – pense num super Kamehameha do Goku (Dragon Ball). Por falar nos sayajins, Chimù praticamente vira um Super Sayajin quando vai para as fases de voo, pois seus cabelos mudam de coloração, bem parecido com o efeito da transformação em Goku e outros sayajins.
O Choque Terrestre, a segunda magia, congela os inimigos transformando eles em pedra, facilitando assim a contenção do avanço e eliminação deles. A Munição de Lava tendo a temática incendiária vai colocar foto nos inimigos mais próximos de Chimú causando danos contínuos aos que não forem destruídos com a labareda inicial. E por fim, o Projeteis de Cúpulas ao ser usado vai atingir os inimigos mais próximo com projéteis com habilidade vampírica que vão sugar energia/vida dos inimigos.
Saber alternar entre elas para cada desafio apresentado acaba sendo a decisão a ser feita antes de cada fase e é o que vai distinguir a vitória da derrota e vice-versa. Se encontrarmos a derrota em um desafio, podemos alterar a magia selecionada e tentar novamente. As fases são rápidas e não perderemos muito tempo entre uma tentativa e outra, esse é um legítimo caso de que a prática (a derrota no caso) vai levar o jogador a perfeição. Pode demorar um pouco mas você vai pegar o jeito de cada desafio e saber a melhor forma de superar os mesmos.
Os inimigos são bem variados e surgem em uma espécie de ondas, as famosas “hordas” – que os jogadores de jogos de tiro, como Gears of War, vão saber de imediato o que isso significa. Mas para quem não está familiarizado, hordas são ondas de Inimigos variados e em grandes quantidades que vão surgindo uns atrás dos outros, e que devem ser derrotados para passar a próxima onda, que por sua vez terá inimigos diferentes e mais poderosos, até que todos eles tenham caído através de sua magia de luz.
Jogabilidade
Towaga: Among Shadows tem uma mecânica de jogabilidade muito simples: na maior parte do tempo a única coisa que poderemos fazer será escolher a direção do ataque, com um dos analógicos (o raio de luz que é o nosso ataque básico pode dar a volta completa ao redor do protagonista, então podemos atacar de qualquer direção) ou usar os ataques especiais com o botão superior ZL. Na verdade estamos presos em um ponto fixo (como nos jogos com temática tower defense – defesa de torre em tradução literal).
Já na parte de voo livre, usaremos somente os 2 analógicos, um para controlar a direção do voo e o outro para o ataque, nessa parte não teremos a assistência do ataque especial do botão ZL. De toda forma, nestas duas situações, o jogador está lidando com hordas de inimigos que precisam ser eliminados.
O crescimento do nível de dificuldade vai adaptando o jogador aos poucos, em questão de minutos vai se tornar necessário dividir o foco entre inimigos que podem explodir, outros que conseguem se teletransportar, inimigos que disparam orbes e outros que conseguem deixar seus “parceiros de ataque” ainda mais poderosos. As batalhas contra os chefes mostram mais uma dose de criatividade, mudando constantemente o campo de jogo de uma maneira que mantém os jogadores em alerta constante.
Caso as coisas fiquei muito feias e difíceis, podemos ainda ligar o Assist Mode, opção que vai dar ao jogador um bônus de 50% de vida e um aumento de 50% a mais de dano causado aos inimigos, o que pode garantir uma experiência mais fácil e mais relaxante para os jogadores não tão hardcore.
Modos variados
Towaga conta com bastante conteúdo single player. Para começar há o modo história, que possui 42 fases onde nossa missão será purificar os 5 santuários de Az’Kalar, sendo que em alguns deles teremos desafios adicionais, como as lutas com os guardiões corrompidos e os encontros com Metnal. Após esse longo caminho, poderemos finalmente ter acesso ao Reino do Vazio, onde mais 20 níveis nos esperam, estes por sua vez contam com uma porção extra de desafio, pois Chimù terá poder reduzido, já que este é o reino originário de todas as sombras controladas por Metnal.
Caso a escolha seja jogar algo mais descompromissado o jogo também possui 2 modos infinitos, Modo Sobrevivência e Modo Voador, que vão servir para subirmos no ranking de amigos e, é claro, conseguirmos fragmentos de alma para fazer os upgrades e adquirir algumas vantagens. Em ambos os modos a pegada é a mesma, ondas e mais ondas de inimigos vindo em sequência, e a batalha vai continuar até que sejamos aniquilados. A diferença entre os dois modos é que em um Chimú estará em frente ao templo (no chão) e no outro estaremos sempre voando sobre o templo, tendo mudanças na jogabilidade, já que no modo voador guiaremos Chimú pelos céus.
Para quem curte jogar com amigos e familiares, existe ainda um modo multijogador onde podemos também jogar multiplayer local para até 4 pessoas, em um modo versus onde ganha quem conseguir derrotar os adversários 5 vezes.
Arte com personalidade
Temos aqui um belo design artístico, com destaque a uma abertura em animação bonita e cativante. Nesta animação veremos toda a destruição causada pelas sombras, seremos apresentados rapidamente ao herói Chumú e ao antagonista da jornada. Se fosse feito um anime com essa pegada da abertura seria muito interessante de se assistir.
O jogo, por sua vez, nos deleita com um estilo gráfico cartunesco 2D, daqueles que não nos cansa os olhos, e que sem nos darmos conta teremos jogado vários níveis em sequência sem percebermos. Mesmo que os inimigos sejam parecidos entre si, o que caberia nesse ponto uma pequena crítica, temos um cenário bem colorido e repleto de detalhes, como as partes onde podemos ver os templos e suas decorações. Towaga é um destes jogos que encantam pelo zelo na qualidade da animação tradicional desenhada à mão.
Quanto a trilha sonora, ela é composta de forma agradável e simples. Mas tenho algo que me incomodou um pouco: no modo portátil, a vibração dos controles e os efeitos sonoros deixam a música muito baixa, e ela acaba passando praticamente despercebida,. Jogar no modo TV é a melhor opção para ouvi-la adequadamente.
Considerações finais
Towaga: Among Shadows é um jogo que vale a pena se conhecer, especialmente para aqueles que apreciam um desafio mais arcade, com uma jogabilidade simples e divertida. Há muita coisa para fazer, se levarmos em conta que precisaremos de muitos fragmentos de alma para atualizarmos tudo, com todos os atributos e magias de Chimú – cada qual com seus níveis de atualização, e além disso ainda temos as vestimentas extras (as quais mudam o visual e dão algum extra ao protagonista como uma barra extra de mana ou mais vida). Caso o jogador resolva por deixar tudo no máximo, para assim ir cada vez mais longe nos modos infinitos, a longevidade do título aumenta de forma considerável.
É um título que trabalha muito bem sua proposta, se preocupando com detalhes bem legais, e que nem sempre esse gênero tem o cuidado de desenvolver. O próprio modo história, com uma construção interessante de universo, é super interessante, que ajuda na imersão da aventura. O desafio é muito bem medido, enquanto o valor de replay está relacionado ao upgrade do protagonista e portanto na dosagem do desafio como um todo. Há vários modos, incluindo o essencial modo infinito, além de uma proposta multiplayer local para se descontrair com amigos e familiares. Ou seja, é um pacote completo de conteúdo, mesmo para uma proposta arcade, baseada em destreza e pontuação.
Galeria
Dando uma nota
Bem acessível, é um jogo fácil de jogar, mas requer habilidade para ir na vibe hardcore - 9
Dificuldade aumenta gradativamente, mas de forma balanceada - 8.8
Acerta ao criar um modo história, assim como oferecer modos infinitos - 9
Jogabilidade não apresenta uma grande variedade, mesmo para um jogo arcade - 6.5
Com gráficos desenhados à mão, o visual é um trunfo de seu charme - 9
Trilha sonora passa desapercebida, não tem o impacto esperado - 6
Multiplayer local para quatro jogadores é sempre bem vindo - 7.5
8
Divertido
Towaga: Among Shadows é um jogo cativante e muito particular. Aposta bem no modelo arcade, com belos gráficos animados. É um título que nos oferece mais uma vez a eterna luta entre luz e sombras, com uma mecânica de jogabilidade simples, acessível e nem por isso deixa de ser interessante. Há desafio, há diversão. Funciona!