A relação entre os jogos eletrônicos e a saúde mental é um assunto polêmico, muitas vezes controverso. Se de um lado ainda há pessoas que defendem veementemente que os games fazem mal para a mente, principalmente utilizando o argumento dos jogos violentos, de outro, existem as pessoas que exibem os benefícios dos jogos, especialmente no alívio do estresse cotidiano.
Os lados positivos dos games para a nossa saúde emocional estão cada vez mais evidentes na medida em que a popularidade dos jogos aumenta. Hoje em dia, existem até aplicações clínicas para alguns tipos de game. Os RPGs online, por exemplo, são utilizados em pacientes que precisam melhorar a interação social. Em outros casos, os jogos são usados no controle do sentimento de frustração e também na melhora do raciocínio lógico.
Com a pandemia e o isolamento social, outro lado benéfico dos jogos veio ainda mais à tona. Em meio a um período difícil, repleto de notícias ruins, preocupações e ainda sem interação com amigos e parentes, os jogos viraram o refúgio de muita gente no combate de transtornos emocionais, como a ansiedade e a depressão. Ao juntar uma maneira de “escapar da realidade”, com um método de sociabilidade virtual e um período de lazer, a distração com os jogos é totalmente indicada neste contexto.
Por outro lado, há a relação perigosa que podemos criar com os jogos. A partir de 2022, o vício em games será considerado um transtorno mental, de acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11). A nomenclatura da doença será “Distúrbio de Games”. Especialistas alertam que a relação de dependência que alguns jogadores criam pode ser parecida com a das drogas e do álcool, no sentido de haver uma busca constante por mais prazer a partir do vício.
No cenário competitivo, outros problemas acontecem. Recentemente, vários e-sportistas e streamers profissionais começaram a tocar no assunto, alguns até paralisando a carreira por conta do desenvolvimento de transtornos – principalmente a depressão. Nestes casos, a rotina exaustiva de treinamentos e a pressão constante por resultados, que ocorrem desde muito cedo, podem ser extremamente prejudiciais para a saúde mental. É por isso que as principais equipes do mundo contam com psicólogos em suas comissões.
Em sua coluna no portal GUIADEBEMESTAR, a psicóloga infantil Sofia Vargas comentou sobre o assunto: “Ao mesmo tempo em que os e-sports movimentam quantias impressionantes de dinheiro, as modalidades são ocupadas por muitas crianças e adolescentes. Dependendo do caso, isso pode causar uma pressão enorme para a idade. Se não houver um acompanhamento especializado e uma estrutura social que favoreça os jogadores, os transtornos podem aparecer com frequência”.
Com o aumento da preocupação mundial com a saúde mental, alguns desenvolvedores já estão começando a criar jogos feitos especificamente com o propósito de ajudar pessoas que sofrem de algum transtorno. O Projeto Insight, da Ninja Theory, traz até princípios da neurociência para ajudar na recuperação dos jogadores.