One Piece atingiu a épica meta de 1.000 capítulos e não fiz sequer uma menção aqui. A verdade? Há muito que não escrevo a respeito do mangá no site e sinto que estou enferrujado. As duas últimas vezes foi antes do arco de Wano iniciar e quando o mangá completou 900 capítulos. — Alias, ainda adoro esse capítulo do Musical do Final Ruim, acho-o mais criativo do que o que o Oda fez no capítulo mil, e quando esse capítulo passou para o animê ficou tão legal quanto.
Bem, antes de dar sequência, apesar do título alertar, reafirmo que este texto possui spoilers dos atuais capítulos japoneses de One Piece. Se você acompanha a série pelos encadernados da Panini (que alias compro e tenho todos os 97 volumes lançados até o momento), recomendo que volte aqui em alguns meses, quando estes capítulos já estiverem encadernados e publicados por aqui. Agora se você é destes – como eu – que também acompanha semanalmente o mangá… pode seguir adiante. Hã? Como acompanhar os capítulos japoneses? Quatro letras: OPEX. Ressalvas feitas, vamos continuar o papo.
Um pouquinho de Wano…
Antes de entrar no capítulo que é mote deste texto, quero expandir o parênteses que fiz lá no primeiro parágrafo, sobre o capítulo 1000. Não que não tenha achado ele icônico ou maneiro, mas é que o autor quis fazer aquele deste momento uma chamado sobre a frase mais importante de Luffy. Eu vou ser o Rei dos Piratas. Não que não tenha sido maneiro certos eventos do capítulos, mas eu realmente tinha outra expectativa, como a aguardada explicação do segredo do sobrenome D., e não rolou. Apenas se reforçou que este é um dos elementos que ainda vão ser melhor explanados. Na boa, eu achei que o capítulo 1000 seria um perfeito capítulo 999. Enfim, foi apenas uma questão de números, por mais que eles acabem representando algo no hype imaginário dos fãs.
Quanto a todo o arco de Wano em geral, o que posso dizer? One Piece está em um nível completamente diferente agora, não? Há uma dimensão de que tudo é tão maneiro nesse arco. Acho que, novamente falando sobre expectativas, o autor entregou o que os fãs queriam muito sentir quando esse momento chegasse. É um sentimento tão diferente de quando li o arco da Ilha dos Homens-Peixes, não? Ao menos eu me lembro de não ficar tão empolgado quanto queria ficar. E com o passar do tempo, este é um dos arco que até hoje não revi mais do que uma vez no mangá e uma vez no animê. Talvez devesse rever…
Mas tão bom quanto o mangá, o que tenho curtido mesmo neste arco é o quão maneiro a animação da série se encontra atualmente. Sinto que estou muito mais empolgado assistindo o animê do que lendo o mangá atualmente. Ler o mangá me faz pensar naquelas revistas antigas, lá da década de 90, que revelava o que ia acontecer nos capítulos da semana das novelas da Globo. Leio o mangá pensando o quão legal vai ser ver isso em cores na TV. Admito que houve diversos momentos lendo o arco de Wano – que já se arrasta dois… ou três anos? Estou perdido no lapso temporal da vida adulta, de um período pandêmico e afins – que me senti bastante perdido com alguns personagens.
O tiozinho que foi crucificado, a irmã do momo, o cara do cabelo azul que se mostrou um aliado e o real significado deles para o arco. Coisa que agora, vendo o anime, me solidarizo muito mais com a importância destes personagens. Mas aqui talvez seja apenas algo pessoal. Acompanho One Piece há muitos anos, e há aqueles períodos da vida que você passa algumas semanas com problemas pessoais, lê o mangá rapidinho, só pra não passar batido, e acaba com tanta coisa na cabeça que não absorve como deveria. Some ao fato de não ter mais que escrever sobre os capítulos aqui, pesquisar os detalhes do mesmo, ou ter um grupo habitual para debater a respeito… resulta nisso: falta de atenção a muitos detalhes. E nesse ponto o animê, que tem uma narrativa mais lenta, que assisto em família, gera mais debate e portanto maior atenção aos detalhes.
Sobre momento em Wano que me deixaram realmente empolgado? Gosto muito de como Oda soube criar um climax absurdamente inesperado ao flashback de Oden. Eu não estava esperando nada daquilo, e me deixou muito arrepiado. Sinto também aflito pelos eventos que estão acontecendo fora de Wano e que Oda não contou plenamente. Quem morreu? O que acontecer com Sabo? E Alabasta? É legal como o autor fica revelando segredos dá série, na contrapartida que segue criando muito suspense pelo que está acontecendo nos bastidores da trama. Com os Mugiwaras, gosto de como o Zoro está se desenvolvendo na história, ainda que tinha alguma expectativa por sua origem pré-aquilo que conhecemos, antes dele se juntar o dojo do pai da Kuina. Sinceramente achei que ele teria alguma origem com as pessoas de Wano, descendentes talvez. Sei lá. Apesar de que ainda dá tempo de fazer algo assim pós essa atual guerra…
Outro ponto bem mais recente do arco, que me deixou bem aflito, foi como se construiu o início deste terceiro ato, porque o segundo muito mais um encaixe das peças de um tabuleiro, tipo a traição do Kanjuro era certo por muita gente (descobri isso lendo depois, sobre as diversas teorias sobre ele existentes a bastante tempo), mas isso me pegou totalmente desprevenido. Realmente não estava pronto para isso e fiquei bem mal porque foi um personagem que o Oda quis que a gente se simpatizasse com ele. A confusão no porto foi incrível, um momento digno para um mangá de piratas, com intensa cenas no mar. O retorno de Jinbe também me deixou emocionado. Tal como o Luffy demonstra em certo momento, estava muito aflito com o desfecho de Jinbe desde que a Big Mom havia aparecido em Wano. Ah, e como adoro a cena do Brooke metendo a moto na cara da Big Mom quando a guerra já começou na ilha do Kaido.
Mais momentos? Rapidamente gosto do uso do Chopper para lidar com o veneno do congelamento, ainda que isso tire-o novamente da cena de grandiosas batalhas. Nami chorando admitindo que Luffy será o Rei dos Piratas é muito emocionante, ainda que fico triste em ver como o nível dela com o Usopp está muito abaixo para lidar com inimigos tão poderosos. Marco chegando na batalha? É né. Nem levou grandes reforços e tal… fiquei com aquela sensação de que o autor queria um uso para ele e o fez… segurou o veneno, jogou o Zoro pra cima, e sei lá… ficou pra escanteio. E entendo, não cabe a um veterano resolver a guerra dos novatos. Espero que quando a briga estourar na cara do Barba Negra (e não estou dizendo que isso vai ser nesse arco), o Marco tenha um uso mais impactante.
E então vamos para o capítulo 1002, que já estou me alongando demais.
É determinação! #1.002
Muito mais do que uma boa briga em um mangá shounen, gosto muito de uma boa frase de efeito e, caramba, como adorei o Luffy dizendo “Não! É determinação!“. Essa é uma frase que tem uma força tão grande, e gosto de pensar que até muito mais hoje em dia, com a saúde mental das pessoas tão abalada com esse cenário de pandemia, de que de todo esse cenário tão triste de pessoas perdendo suas vidas todos os dias e de que ainda teremos muitos meses assim por vir, diante de um 2021 em que esperávamos que as vacinas surgissem em uma velocidade ainda maior afim de impedir tanta coisa ruim que a Covid tem trazido.
Falar sobre determinação frente as adversidades é uma frase tão potente, sobre aguentar tudo e seguir lutando, pois a vitória há de chegar. Sei que o Luffy não disse nada disso nesse sentido (ou será que Oda quis dar um duplo sentido aí?), mas é o que essa frase significou pra mim, sabem? É aquela coisa das lição de moral que a gente tira de obras que amamos. Os significados pessoais e nem sempre corretos, mas que fazem a gente se sentir bem lá no coração. É como “esse é meu jeito ninja” do Naruto, em como isso diz sobre auto confiança e estima e no acreditar em si mesmo.
Mas é claro, sem uma determinação de ferro, Luffy nunca poderia estar lutando da forma que está contra o Kaido. A evolução do personagem em Wano é assustadora. Dá para pensar que o Oda apelou um pouco, em comparação com o nocaute que Luffy toma do Kaido no começo do arco? Não sei. Parece que algumas coisas na obra precisaram ser convenientemente encaixadas, como o haki de prever alguns segundos no futuro e haki do dano interno, a qual tudo precisou se aprender na raça nestes últimos dois arcos. Não foi algo cadenciado como a série já fez no passado. O que não acho negativo, ainda mais pensando na longevidade do título e em como Oda já disse que deseja encerrar a série nos próximos 5 anos. O que eu espero que não seja exatamente cinco… oito, talvez nove me deixaria mais feliz. Não estou pronto para me despedir de One Piece… ainda.
Outro ponto que tenho curtido bastante nestes últimos três capítulos é sobre o papel do Zoro neste confronto. Ela está na linha de frente, fazendo o que o segundo em comando deve fazer, protegendo Luffy, tentando atacar diretamente, encarando um oponente assustador com a mesma garra que seu capitão. Zoro está incrível! Seu golpe no capítulo desta semana me deixou completamente arrepiado. Ah se tivesse acertado Kaido. Espero muito que ele consiga ferir o chefão do arco de uma forma tão impactante quanto Oden conseguiu, ainda que não duvido que Luffy dará o golpe final no confronto. Que ainda não estou certo se acabará neste arco.
Uma coisa é certo, com tanta gente poderosa na batalha, senti que a Big Mom perdeu um gigantismo que a personagem apresentou no arco anterior. Luffy talvez pudesse encará-la tranquilamente agora? Fora que a Big Mom dando suporte ao Kaido me dá a sensação de diminuição da personagem, ainda que saiba que não é bem assim. E acredito que para derrotar Kaido é preciso tirá-la de cena. Derrubem ela desse lugar gente! Cadê a estratégia tática? Sempre tire de cena o cara do suporte! Isso os videogames já me ensinaram.
Por fim, o capítulo termina de uma forma que não sei. Big Mom derrubou toda a galera. Espero que eles levantem e continuem a luta. Se deixar o Luffy sozinho contra os dois ficarei meio chateado. Ainda quero ver o Zoro nessa batalha, enquanto o Kid pra mim é só um cara estranho (ele realmente não me parece forte) e o Law…argh, vai que eles ainda precisam trocar de lugares rapidinho, pra isso ele serve. Eu realmente não sei pra onde que o mangá irá, mas estou animado com a batalha. Mas mais do que isso, gosto de como a confiança finalmente chegou aos protagonistas da história. Por muito tempo houve dúvidas por parte deles como vencer essa guerra. Agora me parece que estão confiantes de que podem ganhar! Determinação, é isso aí!
— Este texto é dedicado ao leitor Janderson Belinato, que nunca deixou de ter esperanças no Conversa de Mangá e até hoje vive me pedindo mais textos assim. rs.