Os e-Sports ganham cada vez mais espaço como modalidade esportiva consolidada e arrastam legiões de fãs e de praticantes. Se antes esses jogos eletrônicos eram vistos apenas como brincadeira, hoje movimentam cifras bilionárias a cada ano e atraem investimentos de empresas gigantescas de diversas áreas.
Quando surgiram, os videogames eram vistos como “brincadeira para meninos” e havia um certo preconceito contra as garotas que gostavam de passar horas em frente à televisão apertando botões e controlando personagens. Pouco a pouco, o tabu foi caindo e atualmente, segundo a sétima edição da Pesquisa Gamer Brasil, as mulheres são 53,8% das consumidoras de jogos eletrônicos no país.
De acordo com Daniele Padrão, editora de tecnologia do portal Universo Delas, as mulheres têm consumido muitos games e precisam receber maior atenção das empresas desenvolvedoras. “Apesar de brinquedos como bonecas e bichos de pelúcia ainda serem parte do desenvolvimento de muitas meninas, não há como negar o papel cada vez maior que os jogos eletrônicos possuem na infância e adolescência”, analisa.
As competições de e-Sports são mistas, permitindo que atletas tanto do sexo masculino, quanto do feminino disputem as mesmas categorias. E se os campeonatos ainda são dominados pelos homens, é cada vez maior o número de mulheres que pretendem quebrar os preconceitos e se estabelecerem como grandes campeãs.
Um nicho que já encontra menos resistência às mulheres gamers é o do streaming: Mayara Rocha Monteiro, conhecida pelo nickname “yTapioca”, tem carreira consolidada fazendo transmissões do jogo Valorant. Nyvi Estephan, de 29 anos, é a maior apresentadora de e-sports da América Latina e a terceira maior do mundo.
Em comum, tanto Mayara como Nyvi e outras streamers afirmam que esse ainda é um meio muito machista, com o público masculino desqualificando as habilidades das mulheres e afirmando que elas alcançam sucesso “apenas pela beleza”. Manter a cabeça para enfrentar o sexismo e continuar trabalhando com afinco é um grande desafio.
No universo competitivo, a Vaevictis E-sports foi pioneira ao lançar em 2019 uma equipe totalmente feminina para disputar a League of Legends Continental League, o campeonato europeu de League of Legends. O time também pretendia se inserir em outros games como Counter Strike: Global Offensive, Dota 2, Overwatch e Point Blank.
Competições femininas de modalidades como o Counter Strike: Global Offensive ainda são comuns no Brasil e geram muitas críticas da comunidade gamer, principalmente por pagarem menos do que os demais torneios. Essa divisão acontece por vários motivos, entre eles pelo enorme problema do assédio sofrido pelas competidoras em ambientes predominantemente masculinos.
Para 2021, um grande desafio das principais mulheres gamers do Brasil é romper a barreira do preconceito e se destacar nos grandes campeonatos de e-Sports. Para isso, conta com iniciativas como a da Athena’s, um time dedicado a auxiliar o desempenho e desenvolvimento feminino nas principais modalidades com composição similar ao Vaevictis E-sports.
A Athena’s já conta com 30 atletas profissionais em 5 diferentes modalidades e conseguiu recentemente alguns bons resultados, principalmente no jogo Call of Duty. Sua expansão é um ótimo caminho para as mulheres gamers.
Não importa se estamos falando de jogos de tabuleiro online, de simuladores de tiro ou de games de futebol, as mulheres podem ser tão competentes como os homens. É questão apenas de tempo para que elas ocupem os lugares que merecem.