Análise | Death’s Door
Disponível para Xbox One & Series e PC
Death’s Door é um jogo de aventura a qual pode parecer comum em seus primeiros minutos, mas rapidamente consegue envolver o jogador em um mundo de corvos ceifadores, elaborados ambientes recheados de segredos e repleto de inimigos que facilmente podem lhe nocautear. O título foi lançado oficialmente no último dia 20 de julho, estando disponível para Xbox One, Xbox Series X|S e PC. Também está disponível no catálogo do serviço Xbox Games Pass (Console e PC).
O título foi desenvolvido pelo estúdio britânico Acid Nerve, composto por dois desenvolvedores independentes, Mark Foster e David Fenn, enquanto a distribuição global ficou a cargo da Devolver Digital, publisher que sempre aposta em indies diferentes e criativos. Trata-se do mesmo estúdio por trás de Titans Souls, indie game de ação e aventura que também explora grandes cenários e enormes chefes, com uma bela pixelart, lançado em 2015 e disponível para PC e PlayStation.
Death’s Door é um jogo que mistura um pouco alguns cenários. Essencialmente é um jogo de aventura com perspectiva top-down, aquela visão de um ângulo superior (como se um pássaro estivesse do céu observando a ação), semelhante a alguns clássicos da era 2D de The Legend of Zelda, uma franquia que claramente serviu como inspiração para diversos elementos do game.
E o jogo também tem uma ótima inspiração de jogos do tipo Souls-Like, mas de uma forma muito mais amigável do que a fórmula de títulos como Dark Souls. O combate é baseado nesse sistema de atenção aos ataques inimigos, já que basta algumas pancadas para ser nocauteado, enquanto se dispõe de um botão para se esquivar e se distanciar do ataque inimigo. Ao morrer, o jogador retorna ao início da área ou checkpoint alcançado. Ao se eliminar inimigos, ganha-se suas almas, que podem ser trocadas por melhorias nos atributos do personagem. É neste misto, adventure souls, que o título funciona.
Portas da Morte
Um elemento que não achei que fosse me encantar, na forma como me surpreendeu positivamente, diz respeito a construção da trama e do universo propostos por Death’s Door. Aqui o jogo é apresentando a um pós-vida a qual corvos cuidam de ceifar a vida dos seres a qual a hora chegou, e tudo isso é apresentado pela metáfora de um escritório burocrático, a qual ceifadores precisam prestar contas. E existe uma regra: para cada trabalho (missão) de coletar uma alma determinada, uma porta é aberta e somente se fechará quando esta alma for entregue no escritório.
As coisas começam a dar errado a este pequeno corvo, protagonista da aventura, quando a alma designada para ser coletada por ele é roubada por um outro corvo enorme, muito mais velho do que todos os demais corvos do escritório. Você precisa dessa alma para completar sua tarefa e selar a porta aberta, que liga o mundo dos vivos ao escritório dos corvos. Você claramente precisa ir atrás desse ladrão!
É neste ponto que as coisas vão ficando interessante. Isso ocorre após o mundo inicial do jogo, então não é exatamente um spoiler. O corvo velho é um ceifador que ficou preso no mundo dos vivos quando a alma a qual foi designado adentrou em uma enorme porta misteriosa, agora trancada. Sem poder completar seu trabalho, ele se tornou mortal e passou a envelhecer e agora está velho demais para concluir a tarefa de conseguir abrir tal porta e encontrar a tal alma perdida.
Contudo ele sabe que existem certos seres no mundo dos vivos que representam um grande poder em suas almas e que ao serem coletadas poderiam forçar a abertura da enigmática porta. E ele pede a você, um jovem e saudável corvo, para que vá ceifar estes três almas gigantes. E não há como você se negar a essa tarefa, afinal ele roubo aquela sua alma e a forçou contra a porta, e com isso ela também passou pela porta, se perdendo lá dentro. O velho corvo selou um destino semelhante a você caso não consiga abrir tal porta. Não resta outra opção, a não ser caçar as três almas de imenso poder.
É uma trama realmente intrigante. Ao longo da jornada, o pequeno Corvo terá que viajar por três distintas regiões, cada qual com suas peculiaridades, afim de encontrar os donos destas almas, obviamente os chefes gigantes do jogo. Só que ao longo da aventura, você vai conhecendo outros personagens desse mundo, e como vivem e são afetados pelas mudanças causadas por estes poderosos seres que você precisa ceifar.
Nesse ponto, Death’s Door toma alguns aspectos de um RPG clássico. Ao apresentar NPCs carismáticos, com tramas próprias, que estão vivendo nesse mundo a qual seus atos terão um real impacto para eles. Além disso o design deles é sensacional, o trabalho de torná-los interessantes e únicos vai muito além de meros figurantes de uma aventura focada unicamente no herói. Suas histórias, seus pedidos, contextualizam com a sua jornada, com a forma como o pequeno corvo vai interagir com esse mundo. É realmente sagaz.
E vou além, mas sem dar spoilers. A forma como o jogo encerra seu ato final, como a história acontece após você conseguir as três almas e forçar a misteriosa porta? É genial. Eu me peguei preso na trama, muito bem escrita, e só consegui largar o controle após finalizar o game, a qual nesse ponto exige algumas batalhas realmente empolgantes, porém longas. A satisfação de um roteiro bem idealizado ao se finalizar o jogo é louvável. Não é todo jogo que consegue tal feito. Quem gosta de jogar pela história, vai adorar Death’s Door.
Aventura bem planejada
Quer saber uma boa a respeito de Death’s Door? O jogo não tem nenhum aspecto roguelike. E veja bem, não estou tentando desmerecer ou reclamar no segmento roguelike, entretanto digamos que o mercado atual de jogos independentes anda assustadoramente saturado de jogos com essa pegada de labirintos aleatórios e morte que reseta o progresso, especialmente na perspectiva top-down. E existem incontáveis roguelikes excelentes, mas jogos top-down de aventura, com progressão linear, estilo os clássicos jogos de Zelda? Não.
Admito que isso me deixou bem mais animado com Death’s Door logo que me dei conta de que todos os cenários foram minuciosamente elaborados, com inimigos exatamente posicionados, segredos e atalhos que iriam exigir da minha memória lembrar onde estão localizados, de que as minhas mortes não teriam qualquer progresso resetado e que os checkpoints eram amigavelmente bem localizados. Repetir para esticar o gameplay? Não aqui. E como estava com saudades de um jogo que seja muito mais sobre curtir a viagem do que ser desafiado e vencer sem morrer.
É muito impressionante relembrar como jogos nesse estilo visual pode ser muito agradável quando possuem um design de dungeons totalmente planejados e construídos para serem algo fixo e imutável. Cada região do jogo possui um aspecto de labirinto, a qual deve-se explorar para entender seu layout, e por maior que ele possa ser, o programador cria meios inteligentes de criar corta caminhos enquanto se desvenda estes ambientes, afim de não lhe deixar na mão caso morra e precise voltar a última porta de checkpoint.
Isso pode ocorrer, por exemplo, por meio de escadas que são ativadas ao atingir certo ponto da área, que vai lhe permitir escalar até um ponto de acesso superior, a qual a primeira vez em que se chega lá é necessário dar uma baita volta. Isso ocorre com muros que são destruídos, grades que vão permanecer abertas, dentre outros elementos que abrem o acesso rápido a pontos previamente explorados. É o layout inteligente e planejado. Algo que nem sempre funciona em um jogo roguelike, porque as salas e layout tende a ser procedural.
Além desse belo planejamento, a jogo manda muito bem na construção das áreas, no sentido da exploração ser agradável e imersiva, com ambientes dentro de novos ambientes. Exemplifico. Conforme expliquei, o jogador deve coletar três almas gigantes, certo? Se pressupõem então que o jogo possui apenas três áreas. Uma presunção um tanto quanto incorreta.
Isso ocorre porque a viagem do pequeno corvo até estes chefões de mundo se dá por meio de áreas dentro de áreas. Por exemplo, o primeiro chefe do jogo mora em uma mansão. Então o jogo te leva a explorar um imenso jardim, afim de ir abrindo seus portões e avançando até a entrada principal da mansão. Dentro da mansão é preciso encontrar almas perdidos e aprisionadas para abrir um portão de almas que vai te levar a conquistar um habilidade, e que esta vai lhe permitir avançar dentro dos confins da mansão, a qual você descobre que irá lhe levar as profundezas de um laboratório subterrâneo, com um ambiente meio de minas e cavernas. Note como o ambiente muda até que o jogador chegue ao seu destino final. E tudo isso em um ambiente completamente interligado e repleto de inteligentíssimos corta atalhos. É fantástico o cuidado dos desenvolvedores com esse mundo completamente conectado, grande mais ao mesmo tempo, de rápido acesso.
Ao avançar por estas áreas o jogador irá encontrar as mencionadas portas de chekpoint. Estas portas te levam de volta ao escritório dos corvos, afim de lhe permitir comprar atualizações para os atributos e simplesmente restaurar sua barra de saúde. Só um alerta: sair da área e voltar ao escritório faz com que os inimigos da área sejam resetados e voltem as suas posições originais. O que também é uma boa forma de ficar ganhando almas para acelerar seu progresso na compra de aprimorar seus atributos (força, destreza, velocidade e magia) – não que seja necessário forçar isso.
Death’s Door inclusive é recheado de segredos. Apesar dos ambientes não mudarem após uma morte, isso não significa que o jogo é de curta duração, pelo contrário, leva-se em torno de 10 horas para finalizá-lo uma primeira vez, e depois ainda há muitas outras tarefas que podem ser realizadas. Isso ocorre porque todas as áreas não podem exatamente serem exploradas por completa um primeira vez que se é visitada. Existem habilidades que o pequeno corvo irá adquirir ao longo da aventura que lhe permitirá adentrar em salas e locais que a princípio não eram possíveis. Além disso há um segredo que só pode ser explorado quando vencido o jogo, uma torre com um grande sino que só pode ser aberto depois que o jogo acaba, mas mais do que isso você não precisa saber.
Há certos segredos que o jogador sequer precisa descobrir para finalizar o jogo. Cada uma das quatro habilidades coletadas ao longo da aventura podem ser aprimoradas em salas secretas. Outra elementos opcional são os salões de oração, ao todo são 16 escondidos no jogo (8 de vida, e 8 de magia), e é preciso encontrar 4 deles para que você possa aumentar sua barra de vida ou magia, e muitos não são acessíveis na primeira metade do jogo. Isso torna muito agradável voltar a áreas já exploradas, afim de encontrar novos caminhos e novos segredos que vão, de fato, aprimorar seu personagem, e torná-lo mais forte para os desafios que ainda lhe restarem. E sem que isso lhe deixe forte demais, evitando que o jogo fique fácil demais. Há um bom balanceamento nesse sentido.
Agradável combate
Death’s Door possui três pilares muito bem construidos. O primeiro é sua envolvente história, cheia de carismas e segredos que vão lhe deixar curioso pelo que vem a seguir. O segundo pilar é um inteligente desenho de layout de dungeon, minuciosamente criado de forma imutável, que exige a boa e velha memorização em uma aventura que está sempre seguindo em frente. Por último, há que se falar do pilar da ação, sobre o combate e suas mecânicas. Talvez este seja o pilar menos original, contudo é um dos mais sólidos e importante para consolidar a qualidade dos outros dois pilares.
Como mencionado lá no começo do texto, Death’s Door segue um estilo parecido com o sistema Souls-Like, o que significa que não basta saindo esmurrando botão para vencer qualquer inimigo. É preciso aprender como o inimigo ataca e o raio de seu ataque, pois bater nele não interrompe seu ataque. Então se você apenas bater, também irá tomar de volta, e inicialmente seu pequeno corvo só possui quatro barras de saúde. Apanhe quatro vezes e ele será nocauteado, retornando ao último checkpoint.
Para restaurar a vida só há duas maneiras: retornando a uma das (já mencionadas) portas para voltar ao escritório dos corvos, resetando os inimigos da área, ou então plantando um item, uma semente, em alguns vasos estrategicamente posicionados pelo mundo do jogo. Estes vasos não estão em qualquer esquina, e você não tem semente para todo vaso que encontrar, então é preciso pensar quando usar uma semente em um vaso. Uma vez plantada a semente (encontrada pelo mundo do jogo), esse vaso sempre irá gerar uma flor que restaura toda a sua vida. Essa flor reaparecerá nesse vaso sempre que você morrer ou revisitar uma área. Então plantar essa semente em lugares estratégicos, próximos a atalhos e bifurcações, é sempre uma boa para quando se precisar restaurar a saúde, sem resetar os inimigos.
Entendido que não dá para sair apanhando de todo inimigo, é possível compreender que o combate de Death’s Door é do tipo que exige que o jogador tome cuidado, e esquive sempre que ver o ataque inimigo chegando. Bata, bata, pule para a direção certa, se posicione novamente, e bata mais um pouco. Normalmente é o que se precisa para eliminar a maior parte dos inimigos, ainda que tenha alguns realmente sagazes e que vão lhe fazer soar um pouco. Tem um soldado gigante de armadura com uma clava de espinhos que em todo o encontro me dava arrepio, de tão ágil e pilantra ele é, sempre com um grande raio de ataque, e absurdamente veloz.
Death’s Door também não possui exatamente uma grande variedade de inimigos, ainda que todos os ambientes apresentem ao menos um novo inimigo diferente dos outros previamente apresentados. Contudo, a grande maioria dos inimigos mais básicos, são reapresentados em todos os ambientes do jogo. Estou me referindo a inimigos que avança pra cima do jogador, atacando-o de perto, assim como os arqueiros e o magos, ambos tentando lhe acertar a distância. Ainda assim o escopo de classes e inimigos diferentes é bem satisfatório.
Muitos destes momentos de combate ocorrem em pequenas arenas, no sentido do jogador entrar em uma sala ou pequena área e uma horda de inimigos invadir o local através de pequenos portais que simulam as portas do jogo, uma horda surge em ondas, precisando vencer todas as ondas para continuar avançando. São momentos mais intensos, pois você fica preso em uma área e precisa vencer múltiplos inimigos. No demais momentos, os inimigos ficam posicionados pelos cenários, andando em rotas preestabelecidas.
No arsenal do pequeno corvo, se começa com uma útil espada de luz, o que dá um efeito muito bacana ao visual do jogo, meios como os sabres de luz de Star Wars. Porém mais quatro armas podem ser encontradas ao longo de sua jornada e equipada em lugar desta inicial. Cada arma tem vantagens e desvantagens. A espada inicial é a básica em todos os atributos, enquanto a adaga é veloz nos ataques e permite uma esquiva mais eficiente, já o martelo é lento, porém causa mais dano do que as demais armas, além de criar raios que eletrificam inimigos próximos. Só para citar as três que mais utilizei.
O pequeno corvo ainda conta com algumas habilidades mágicas que são destravadas conforme se progride no jogo. Estas habilidades gastam a sua barra de magia, que para repor é preciso bater em inimigos ou quebrar itens do cenário, como vasos. São magias que normalmente consistem em disparar projéteis a uma certa distância do inimigo. Mas elas causam um dano bem menor do que o ataque físico, é claro. Muitas destas habilidades é que lhe dará maior para acessar áreas secretas, como colocar fogo em certos locais, quebrar paredes com uma potente bomba ou um gancho para chegar em locais em qual não se poder ir simplesmente caminhando. As dungeons, por sinal, foram criadas pensando alguns puzzles para uso destas habilidades, algo bem característico das dungeons únicas da franquia Zelda.
Bem, o ponto é que o combate de Death’s Door é intuitivo e muito agradável. Não é frustrante, a qual você precisa ficar horas batendo em um inimigo. Não é difícil em excesso, mesmo que certos inimigos maiores possam lhe dar um caldo nos primeiros momentos. Gosto que muitos projéteis enviados pelos inimigos podem ser rebatidos e devolvido aos mesmo, pois dá um ritmo bom de ação e reação nestas horas. As lutas são no geral divertidas, ágeis e geram uma satisfação no nível exato que você precisa para se divertir. Os controles respondem muito bem.
Considerações finais
Death’s Door é uma daquelas obras que te conquista enquanto em execução. Você não tem a certeza de que irá gostar da experiência até de fato começar a jogá-lo. E é impressionante o quão rápido ele te conquista. Mérito exatamente dos três pilares abordados ao longo do texto da análise: narrativa charmosa, visual planejado e gameplay saudável.
Certamente é um título que ficará guardado na memória daqueles que se aventurarem por esse mundo de corvos ceifadores e portas misteriosas. O título trabalha muito bem a sua apresentação, desde o escritório dos corvos com um estilo todo noir aos pequenos seres que brotam dos vasos com a semente da vida e passam a lhe seguir e invadir o escritório.
Os ambientes do jogo também dão um show à parte quando se começa a olhar os pequenos objetos e detalhes ao redor das salas e arredores externos. Até mesmo iluminação e efeitos de sombras estão presentes, de uma forma muito natural, sem um destaque exacerbado. Gosto em particular do mundo do pântano do Rei Sapo, que consistem em uma área mais florestal, em meio a um pelo templo tomado pela vegetação, e uma área inundada realmente muito bonito.
Todos os principais chefes do jogo também são um espetáculo no visual. As batalhas não são exatamente difíceis, contudo são agradáveis, diferentes e bem divertidas. A intenção destas batalhas parece oferecer um efeito de confronto épico pela forma como é sua apresentação, e não pela dificuldade exagerada. Outro elemento muito comum de The Legend of Zelda, por sinal. Contudo, existem momentos mais difíceis ao progredir pelo jogo, como justamente quando o corvo é devorado por um baú enorme, e precisa sobreviver por quatro ondas de inimigos em um ambiente não lá muito bem iluminado. Aqui se exige mais do jogador em suas habilidades de combate.
Além de tudo isso, vale apontar que é super agradável que o jogo esteja localizado em nosso idioma, com todos os diálogos e menus em português. O jogo possui diversos momentos de diálogos, e estar em nossa língua ajuda muito a acessibilidade de crianças e pessoas que não estão habituadas com o inglês, o que torna aventura ainda mais imersiva.
Saio da minha experiência em Death’s Door sem muito a criticar. Não houve exatamente qualquer elemento dentro da experiência que tive com o jogo que tenha me incomodado. Há poucos elementos que não me chamaram muito a atenção, como por exemplo sua trilha sonora. Não é ruim em comparação com os demais elementos a qual dei destaque por na análise. Posso dizer que a trilha musical ao fundo do jogo apenas cumpre sua função. Os efeitos sonoros, por outro lado, são ótimos. O barulho criado pelos ataques do jogador oferece o ritmo certo a reação do apertar dos botões, assim como o momento correto para entender o cessar do ataque inimigo. Nem todo jogo acerta esse timing.
Por fim, dá para concluir que Death’s Door é um excelente jogo. Ainda que ele não ofereça qualquer inovação dentro dos gêneros a qual se baseia, sua proposta cumpre com excelência todos os aspectos desejados por um ótimo game. Talvez a melhor decisão dos desenvolvedores aqui tenha sido evitar um jogo procedural/roguelike, a qual o formato também poderia se encaixar muito bem, contudo seria bem mais do mesmo. A ideia de oferecer uma aventura linear, com cenários meticulosamente planejados, oferece uma experiência muito singular e memorável a ótima narrativa criada. E tudo isso em conjunto com um bom sistema de combate e habilidades, oferecendo uma ação imersiva e altamente satisfatória.
É um jogo que vale a experiência de ir até seu final e descobrir se esse bravo (porém pequeno) corvo conseguirá abrir a tal gigantesca porta do velho corvo. E o que eles irão encontrar dentro dela? Esse é um segredo que não irei lhe contar. Vá, jogue e descubra por si próprio. Será legal, lhe prometo.
Galeria
Dando uma nota
Apresentação impecável, bela direção de arte, ambientes repletos de pequenos detalhes - 9
Entrega um ótimo roteiro, com um ato narrativo final que lhe deixa compelido a querer finalizar o jogo - 9
Áreas e dungeons muito bem construídas, com excelente layout para exploração linear - 10
Combate bem fluído, pouco punitivo, porém exige atenção do jogador, controle responde com exatidão - 8.8
Repleto de segredos para se explorar, inclusive após o final, dá um belo valor de replay - 9
Épicos confrontos contra chefes gigantes, contudo não possuem uma dificuldade elevada - 8.5
Progressão consistente, com habilidades que vão aprimorando a jogabilidade e exploração do mundo em si - 9
9
Excelente
Death's Door é uma experiência impecável, uma aventura linear, em um belíssimo mundo muito bem construído. Uma aventura que se inspira muito nos clássicos jogos (2D, top-down) de The Legend of Zelda, porém com um combate que pega e torna amigável o estilo souls-like, sem punir ou frustrar o jogador. Trata-se de uma aventura cheia de charme e carisma em seus personagens, com uma história que lhe envolve até o fim. É uma agradável surpresa em tempos onde tudo é randomizado e procedural. O ambiente aqui foi minuciosamente construido oferecer exatamente o contrário. O resultado é de alta qualidade. Não inova, porém entrega uma experiência sem igual.