Análise | Tales of Arise
Disponível para PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series & PC
Tales of Arise celebra o retorno de uma consagrada franquia. A série Tales of não está a pouco tempo no mercado, seu primeiro título chegou em 1995 e suas aventuras já passaram por diversos consoles ao longo de seus 17 títulos. Claramente o Tales Studio, subsidiária da Bandai Namco focado especificamente nessa série, teve como meta no desenvolvimento desta nova edição de conseguir revitalizar a série, mantendo os antigos jogadores e, obviamente, conquistar novos. Seu lançamento aconteceu no último 9 de setembro, para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S, Xbox One e PC.
Tales of Arise é um JRPG de ação que chega a nova geração fazendo o uso apropriado das melhorias oferecidas pela Unreal Engine 4, conforme descrito por seu produtor Yusuke Tomizawa, “Arise” também é um codinome para a evolução da fórmula “Tales of” de maneira a conseguir atrair novatos para a franquia e reinventar a fórmula já estabelecida para os veteranos.
Um fato que chama a atenção logo de cara é que contamos com a opção de áudio em japonês e inglês, mas as legendas, essas sim vão fazer a diferença para nós brasileiros. Temos todas as legendas em português do Brasil, o que vai facilitar muito a exploração de todos os sistemas apresentados nesta obra.
Dois mundos e seus destinos entrelaçados
Diferentemente do outros Tales of que contam com uma temática mais fantasiosa e por que não “infantil”, aqui as coisas já começam mais “adultas” e tensas para o nosso protagonista e para o mundo todo. O planeta Dahna era visto por seus habitantes como uma terra indestrutível e poderosa, Rehan o planeta vizinho, era visto como um ponto brilhante no céu, provavelmente o domínio dos deuses, um paraíso onde as almas poderiam descansar. Eis que da noite para o dia, o paraíso mostra suas garras de conquistadores interplanetário.
Sem mais nem menos, naves vindas de Rehan invadem todo o território de Dahna, utilizando de suas avançadas tecnologias, soldados trajando grandes e brilhantes armaduras e tendo como ajudantes as criaturas conhecidas como Zeugles. Rapidamente toda Dahna caiu em desgraça, resistir era inútil perante tanto poder combinado. Essa invasão aconteceu a exatamente 300 anos atrás…
Com o passar do tempo, o mundo de Dahna caiu de joelhos perante o domínio Rehnano. Suas terras foram divididas em 5 reinos, cada qual dominado por um lorde poderoso e portador de um dos núcleos mestres, poderosas fontes de poder. Em todos os reinos a única coisa que sobrou para o povo natal foi se submeter ao domínio exercido sobre eles e arcar com o trabalho escravo que era imposto pelos novos dominantes.
Começamos vendo o que acontece especificamente em Mosgul, onde os Dahnianos trabalham em uma escaldante mina e são mortos com a menor demonstração de fraqueza ou rebelião. Um jovem se destaca na multidão de escravos. Ele inicialmente é chamado de Máscara de Ferro pelo simples fato de estar usando literalmente uma máscara que cobre todo seu rosto, posteriormente descobrimos que seu nome real é Alphen.
Além disso, esse jovem ainda sofre de amnésia (desconhecendo portanto sua origem e nome verdadeiro) e estranhamente possui a “habilidade” de não sentir dor. Apesar disso parecer uma dádiva, isso o coloca em situações onde sua vida fica em risco sem que ele perceba.
Como o mais novo protagonista de Tales of Arise, o destino de Alphen não é ficar como um escravo e sua história logo se transforma bruscamente, e repentinamente, com a aparição dos Corvos Carmesim, o grupo de resistência local. Eles buscam por uma prisioneira muito especial, uma Rehaniana chamada Shionne que foi acusada de traição por seu povo e é detentora de uma maldição muito peculiar. Ao ser tocada por outra pessoa a jovem emite uma espécie de barreira de espinhos ferindo quem se aproxima.
Shione ainda esconde mais um mistério: ela é detentora de um núcleo mestre, da mesma forma que os soberanos que reinam em Dahna, e ela tem como desejo derrotar os outros lordes e acabar com o Torneio de Sucessão, uma competição que vai escolher o governante supremo que irá governar tanto Dahnia quanto Rehan.
Em um momento orquestrado pelo destino, do núcleo mestre de Shionne surge a imponente Espada Flamejante, uma poderosa espada de fogo, de poder imensurável, mas que queima gravemente seu usuário. Eis que o esperado acontece: Alphen que não sente dor acaba empunhando a espada, mas existe um porém, para que ele possa usá-la, Shionne deve estar sempre por perto, o que cria uma ligação necessária entre os dois.
Para complicar um pouco as coisas e gerar inúmeras discussões entre os dois, eles são exatamente o contrário um do outro. Shionne é de Rehan, é indiferente, resignada e machuca qualquer um que se aproxime dela. Alphen é de Dahnia, é aberto, idealista e não pode sentir dor.
Dinâmica da exploração
É aqui que há um diferencial quanto a outros Tales of, como por exemplo Tales of Vesperia (um grande clássico da franquia). Não temos uma visão superior do mapa onde somente caminhamos e quando nos aproximamos de uma cidade acabamos por entrar nela. Aqui podemos ver onde estamos indo e o visual é o mesmo tanto da área “selvagem” do mapa quanto das cidades e castelos.
Obviamente cada mapa tem seus limites representados por ícones que são as entradas de cavernas, fortes, cidades etc. Nesse momento temos um carregamento que é bem rápido, ao menos no Xbox Series, não dá para garantir isso nos consoles da geração passada. Não vamos ficar com tela preta como acontecia nos jogos anteriores, e nos depararmos com uma mudança gráfica. Da mesma forma quando nos deparamos com inimigos, eles são visíveis e caso também nos vejam e partam para o confronto, nesse momento temos a entrada na área de luta que é um círculo com limitações para que o combate fique concentrado.
Após receber uma missão ou deparar com algo necessário para o progresso da jornada principal, o ponto de destino sempre é marcado no mapa por uma estrela e uma contagem da distância até a mesma. Isso facilita muito não ficarmos perdidos para encontrar o próximo local a ser visitado.
Cada um dos reinos conta com suas próprias intrigas políticas, desigualdades sociais, desafios exclusivos e com um grupo de resistência, que vai lhe fornecer apoio e, é claro, novas missões para serem concluídas pelo grupo. Por falar em missões, em todos os locais vamos ter alguém precisando de algum tipo de ajuda, muitas vezes vai envolver a busca de itens, o preparo de receitas específicas ou o embate com gigantescos e poderosos monstros zeugles, criaturas monstruosas que estão por todas as partes, tendo tipos diferentes.
Ao derrotar zeugles especiais conseguimos itens necessários para a forja de novas armas e armaduras. Sempre tem alguém que pode fazer armas ou acessórios nas cidades. Um fato importante é que os personagens lhe advertem caso o zeugle gigante da área seja muita areia para seu nível atual, respeitar esses avisos e voltar mais tarde é a chave para não se dar mal nesses confrontos.
Caso mesmo com o aviso queira tentar, fique tranquilo, a derrota vai somente deixar seus personagens com pouca vida, o que vai lhe obrigar a ir correndo para recuperar sua energia. O uso de itens automaticamente por seus aliados durante a batalha pode acabar sendo mais problemático para você do que sua derrota em si, já que itens usados nessas tentativas infrutíferas não são recuperados.
O jogador pode aceitar quantas missões secundárias quiser ao mesmo tempo, o que é ótimo, sendo que muitas delas somente vão encontrar a sua resolução em partes bem avançadas da trama. Revisitar locais anteriores pode ser uma boa ideia após adquirir alguns levels para conferir as novidades da região e novas missões que exijam maior poder dos personagens.
Temos inúmeras espécies de Zeugles, alguns são oriundos de animais dahnianos que foram alterados geneticamente para uso militar, outros são zeugles desgarrados que escaparam na invasão de Dahna, e acabaram se adaptando ao ambiente, se reproduzindo e se espalhando tornando-se assim parte do ecossistema local. De um modo geral, podemos caracterizar eles como armas biológicas criadas pelos Rehanianos. Muitos são treinados para lutarem ao lado dos soldados Rehanianos.
Extras diversos e variados
Todo JRPG vai lhe oferecer atividades extras para fazer além de simplesmente sair batalhando e ganhando níveis com seus personagens. Estas atividades extras vão dar aquele frescor durante as intensas batalhas e obviamente vão expandir o seu contador de horas jogadas de forma rápida, cativante e nada monótona. Aqui em Tales of Arise as atividades “extras” são diversas e variadas.
Para aqueles que desejarem deixar os personagem com o seu estilo próprio, temos possibilidades de criar conjuntos de trajes. Roupas, armas e acessórios contam com visuais que são refletidos no visual de seu personagem no momento em que são equipados. As edições especiais ainda contam com trajes temáticos de outros jogos da Bandai Namco como Code Vein, The Idolmaster e Tekken.
Já para os amantes dos animais, temos a possibilidade da criação deles em uma fazenda, e também a possibilidade de pescar em alguns locais específicos. Ambas as atividades fornecem alimentos que podem ser utilizados para a criação de receitas nos acampamentos e ou estalagens no momento precedente ao descanso dos heróis. Alimentos preparados concedem bônus como o aumento da experiência obtida nos combates, recuperação de status ao final de cada batalha, maior encontro de itens, entre outros. Estes efeitos podem ser potencializados se o preparo for feito por algum personagem específico, o que aumentará a quantidade de ingredientes do que se for feito por outro personagem. Os extras variam entre um bônus maior de tempo do efeito normal das receitas ou efeitos bônus além dos já obtidos normalmente.
Ingredientes que não são obtidos na fazenda/pescaria são encontrados vastamente pelos cenários do jogo. O leite, por exemplo, pode ser obtido de vacas que estão pastando em determinadas áreas. Novas receitas são obtidas por meio de missões secundárias, no encontro com um crítico de gastronomia ou no simples ato de se conversar com personagens disponíveis nas cidades.
Quando acampamos, sempre podemos escolher conversar com um dos membros do grupo antes de dormir, o que vai desencadear uma interação específica com este personagem e muitas vezes desencadear a melhora da amizade entre eles, o que pode se transformar em maiores chances de golpes conjuntos nas batalhas.
Quanto aos colecionáveis do jogo, além das relíquias dahnianas que surgem em pontos chave da jornada, temos as corujas dahnianas. Elas estão espalhadas por todo o mundo, inclusive dentro dos reinos. Sempre que estivermos próximos a uma delas, Hootle a corujinha de Rinwell vai aparecer e começar a indicar a presença de outra coruja por perto. Conforme nos aproximamos ainda mais dela ela vai começar a se comunicar, facilitando sua localização. Cada coruja encontrada vai fornecer um acessório, como óculos, tiaras e chapéus que podem ser equipados nos personagens do grupo. Temos inclusive uma floresta das corujas que ao ser visitada, vai nos presentear com mais itens tendo como medição a quantidade de corujas encontradas até o momento. Vale a pena fazer o uso da viajem rápida de vez em quando e falar com o rei coruja para coletar esses itens.
A arte dos combates
O sistema de combate em tempo real se assemelha um pouco a um cruzamento entre beat ’em ups e jogos de luta. Os golpes aqui são indiferentes quanto a arma equipada pelo personagem, em Tales of anteriores os golpes variavam de acordo com a arma equipada, aqui no entanto, a substituição da arma somente vai aumentar os danos dos golpes desferidos.
Todo personagem pode contar inicialmente com 6 ars (a forma como o jogo nomeia os golpes), cada qual deles fica acessível por um do botões do controle (no caso do Xbox Series são os botões Y, X e A enquanto o B fica com a execução dos pulos). Os 3 ars de solo são executados simplesmente com o pressionar os botões correspondentes, já os 3 de uso no ar, o personagem precisará executar um pulo e pressionar o botão correspondente (o mesmo dos ars de solo) e assim executar um dos ars “voadores”.
Com o avançar da aventura poderemos eventualmente equipar 2 conjuntos de ars, totalizando assim 12 ars equipáveis, 6 de uso no solo e mais 6 para o uso no ar. Os personagens controlados automaticamente podem usar todos os ars disponíveis, não sendo possível para o jogador determinar quais eles vão usar em cada batalha. Para liberar novas ars é necessário adquirir títulos, cada título novo (que são recebidos após cumprir determinadas missões ou participar de lutas em eventos específicos da história) abre novas ars e pode melhorar atributos, mas tudo isso ao custo de pontos de habilidade, que por sua vez são obtidos subindo de nível e completando missões. Ufa!
Ao executar um destes ars sucessivamente elas evoluem para novas e mais poderosas ars. As opções rapidamente ficam variadas e vai depender de cada um com qual vai se adaptar melhor. Elas podem ser mudadas livremente conforme a necessidade, podemos inclusive alterar elas durante os combates ao acessar o menu e alterar a ars associado a cada botão. Cada ars tem um medidor que vai se enchendo após o uso, ars mais poderosos demoram mais para serem recarregados, então ter pelo menos um ars mais simples acaba sendo a saída para sempre se manter em ação durante os combates.
Em momentos intensos com vários adversários simultâneos na tela, podemos escolher o alvo de nossos ataques com o uso de um dos gatilhos e do analógico esquerdo. Realizar ataques simultaneamente por meio da mesclagem de ars com golpes no chão e no ar vai desencadear poderosos combos de ataque, causando maiores danos e deixando os inimigos sem ação por alguns instantes. Estes combos podem unir golpes realizados pelo jogador e pelos personagens controlados pela inteligência artificial, o que torna possível a realização de combos com mais de 100 acertos.
Alphen diferentemente de seus companheiros, por usar a Espada Flamejante, pode sacrificar parte dos seus pontos de vida para usar o gume flamejante respectivo ao ars desferido. Para usar este golpe basta segurar por alguns segundos o botão de uso normal do ars. Este golpe é representado por animações características e causam danos astronômicos a inimigos que estejam derrubados no campo de batalha. Alguns golpes realmente impressionam como a evocação de uma Ave Fênix. O inconveniente é que Alphen ficará com pouca vida e pode vir a ser derrotado com o menor dos golpes. Saber o momento certo para usar pode ser a chave para vencer ou perder algumas batalhas.
Temos ainda os Golpes de Impulso, técnicas com uma brecha específica para serem executados, o momento para a execução vai ser anunciado na tela e ao pressionar o direcional para uma das direções (correspondente a um dos aliados do grupo) permitirá uma técnica unindo os golpes de 2 aliados em uma ataque forte e devastador.
A trupe de heróis
Este é um dos poucos Tales em que não começamos numa boa e de bem com a vida. Iniciamos vendo Alphen como um escravo, enfrentando dificuldades juntamente com todo o povo de Dahnia. Apesar de termos sempre em mente que nossa missão principal é “somente” derrotar os lordes locais e libertar todo o povo, sempre vão surgir perguntas para serem respondidas. Ao descobrirmos a resposta de uma delas, outras vão aparecer. É aquela clássico exemplo de respondermos uma pergunta e com essa resposta surgirem mais 2 perguntas.
O jogador ficará curioso para saber qual o passado de Alphen, porque ele perdeu a memória, o que significam as visões que ele tem e qual o motivo dele usar esta máscara de ferro. Quanto a Shionne que divide o protagonismo da trama, existe a questão do porque ela quer derrotar os outros lordes? Será que tem algo haver com seu núcleo mestre, ou com algo que aconteceu em seu passado?
Por mais conturbada que seja a convivência entre eles, Alphen e Shionne sabem que somente a sua união pode salvar este mundo, e contar com a ajuda de outras pessoas é algo que se torna necessário. Shionne é uma perita em ataques a longa distância utilizando de armas de fogo e ars astrais, os quais dão poderes a seus “tiros”. Ela também pode realizar ars medicinais para restaurar a energia e status do grupo.
Uma curiosidade que se faz necessária a explicação, é que ars de cura utilizam pontos PC, que somente são recuperados com o uso de itens ou quando os membros do grupo descansam em acampamentos ou em estalagens. Ficar sem esses PC vai deixar Shionne e outros personagens sem a possibilidade de recuperar o status do grupo.
Alphen é o jovem que não sente dor e que pode utilizar a poderosa Espada Flamejante, possui as características de um espadachim nato, o que pode estar vinculado a sua vida passada, antes da perda de memória. Um rapaz simples e que sempre está disposto a aprender mais sobre o mundo e sobre seus companheiros de equipe. Tanto que facilmente “adotou” Law como seu irmão mais novo devido a sua ligação com o pai do rapaz (Zephyr) no começo da jornada.
Rinwell é uma jovem moradora de Cislodea e que faz parte do grupo rebelde local, os Espadas de Prata, exímia usuária de magias esta sempre em companhia de sua corujinha Hootle e rapidamente se apega aos outros membros do grupo. Em batalha ela recita ars para uso de magias poderosas, e seus ars exigem um tempo para serem emitidos em sequência, então ela sempre guarda um reserva para não ficar indefesa.
Law é um jovem temperamental e que acredita na necessidade de estar sempre com seu treinamento em dia para nunca ser pego em desvantagem nos combates. Ele ataca com golpes super concentrados capazes de quebrar escudos e consequentemente a defesa dos inimigos, ele também é de morador de Cislodea, mas nasceu em Mongul e é filho de Zephyr o que faz com que rapidamente vire amigo de Alphen.
A este grupo ainda vão se juntar mais dois membros, revelar seus nomes aqui talvez estragasse a surpresa, mas vou deixar a dica de que um deles é natural de Dahna e o outro de Rehan. Revelar suas identidades destruiria parte da história, então dê uma olhada na abertura do jogo e deixe a curiosidade tomar conta.
Para encerrar esta parte, vale dizer que o jogador pode alterar o controle sobre qualquer um dos personagens no desenrolar das batalhas, os outros personagens vão batalhar automaticamente seguindo a estratégia estabelecida para a equipe. Conforme o grupo vai se expandindo, temos acesso a novas funcionalidades na jogabilidade pelo mundo.
Podemos, por exemplo, curar pessoas feridas usando a cura de Shionne, derrubar muralhas com Law ou dissipar muralhas de energia com outra personagem a qual não resolver não nomear aqui. Todas as funcionalidades vão sendo incluídas em momentos oportunos da jornada e são aceitáveis no contexto apresentado em cada uma das situações. Todas essas ações vão usar o mesmo medidor CP, citado anteriormente, que é único para todo o grupo.
Diferença entre as gerações
Tales of Arise conta, como mencionado, com versões distintas para os consoles da antiga geração, Xbox One e PlayStation 4, e os da nova geração, Xbox Series X|S e PlayStation 5. Apesar de ser badalado, e bem justificado, para este lançamento o Dualsense do PlayStation 5 não faz nada que os controles do Xbox Séries não sejam capazes de fazer com suas vibrações.
Quanto a diferença gráfica entre as versões da antiga e nova geração, na nova teremos 2 modelos distintos, um mantendo o foco em 4K e nos detalhes visuais e o outro que manterá a 60 FPS constantes priorizando assim a performance. Falando, mais simplesmente, há uma melhora visual e menos tempo de carregamento, mérito do poderio de processamento desta nova linhagem de consoles ultra potentes. Até mesmo no Xbox Series S a performance é com bastante mérito, basta ver as capturas tiradas para esta análise feitas no console, e as telas de carregamentos são imperceptíveis.
Contudo, a experiência de Tales of Arise, com sua trama, suas mecânicas e toda a magia desse universo rico em detalhes, pode tranquilamente ser desfrutado independente do jogador já ter ou não migrado para estes novos consoles. O conteúdo em si, tanto no Xbox One, quanto no PlayStation 4, permanecem idênticos as versões aprimoradas. Ou seja, bom ver ninguém foi deixado paras trás neste lançamento. Ao menos nestas plataformas, já que neste caso o Nintendo Switch acabou ficando de fora, ao menos por enquanto.
Considerações finais
Se você gosta de JRPGs é óbvio que Tales of Arise é um título vale muito a pena jogar. Não tem como deixar de indicar que reserve um tempo e embarque nessa jornada. Conforme já relatei outras ocasiões aqui no site, posso ser suspeito a falar sobre esta série, pois já joguei seus títulos anteriores. Então, escolher embarcar em mais um Tales of foi algo natural e amplamente esperado desde o conhecimento de que seu lançamento estava se aproximando para os consoles de nova geração.
Tudo é muito bonito no mundo de Tales of Arise, seu visual é em cel shading (é um conjunto de técnicas empregadas na renderização de imagens 3D de modo que o resultado final se assemelhe ao de desenhos em 2D) e repetidas vezes parei para fazer capturas de telas do cenário (um modo de fotografia cairia muito bem aqui), e também parei inúmeras vezes em montanhas para simplesmente olhar para o vasto horizonte e os caminhos que iria trilhar em seguida. Sem sombra de dúvidas é um dos jogos mais bonitos que joguei até o momento na nova geração. Um salto gráfico pode claramente ser sentido aqui.
A trilha sonora faz muito bem a sua parte de se unir ao que vemos na tela de forma organizada e precisa. A música de abertura, por exemplo, como todas feitas com estilo de anime japonês, após ser executada várias vezes vai grudar na sua cabeça e ficar martelando ao longo da semana. Dificilmente o jogador não vai se identificar com a trupe de heróis que conta convenientemente com personagens de idades distintas, realidades conflitantes umas com as outras e até mesmo origens completamente opostas uma das outras. As conversas interativas entre eles, que surgem ao acaso na exploração do ambiente são a cereja do bolo, nos trazendo as típicas conversas informais que temos com amigos e que nos aproximam deles.
A jornada aqui pode lhe proporcionar umas 50 horas de jogo tranquilamente, percebi isso quando estava lá pela a metade da aventura e meu contador já havia passado das 25 horas jogadas com facilidade. Realizei muitas das missões secundárias que se tornaram disponíveis até aquele ponto, mas não me detive ainda a ficar farmando (ficar enfrentando inimigos sucessivamente para aumentar o nível dos personagens).
Aliás, há um bônus interessante para quem ficar fazendo esse farming, caso o jogador fique enfrentamos inimigos em sequência, um marcador vai se enchendo no canto superior direito da tela e quanto maior ele for, inimigos mais poderosos e fora dos normalmente encontrados na área podem surgir no meio aos combates. Derrotá-los vai lhe conceder bônus de experiência e itens extras usados para a confecção de nova armas e equipamentos.
Quanto a dificuldade encontrada, ela pode variar conforme a escolha do jogador, podemos escolher somente acompanhar a historia, termos o normal do jogo que seria apreciar a história e ter uma dose de desafios, ou partir para o quebra pau desenfreado e tornar as batalhas muito mais complicadas. Ainda podemos escolher o controle manual (teremos que selecionar o inimigo a ser atacado, nos deslocarmos até ele e ainda fazer a seleção dos ars) , semi automático (é a opção padrão do jogo, ele vai selecionar o inimigo mais próximo e nos deixar sempre próximo dele, mas ainda podemos selecionar os ars, mudar de personagem e escolher os ataques), ou o automático (onde somente assistimos as lutas).
Infelizmente uma fato que pode trazer um pouco de desconforto é exatamente as aclamadas legendas em português, que infelizmente apresenta alguns erros, mas não é nada muito grave que vai acabar impossibilitando o entendido, são coisas bobas como escrever “tom” ao invés de “bom” no meio de uma frase e a falta de letras em algumas palavras, talvez até a publicação deste review esses erros já tenha sido atualizados pela produtora.
De um modo geral Tales of Arise consegue manter o jogador instigando, especialmente por um mundo rico em detalhes, e ótima trama para seus personagens principais, com boas reflexões e reviravoltas. Uma jogabilidade que dá opções de quão complexo você deseja que seja, ou o contrário, mantê-la mais simples possível. Talvez o maior mérito seja conseguir manter o jogador dentro de seu mundo, pois é algo que nem todo RPG consegue fazer, e Tales of Arise faz isso com maestria ao ir liberando mais de sua essência conforme progredimos nessa jornada de rebelião e libertação.
Galeria
Dando uma nota
Toda a trupe de heróis é carismática, bem desenvolvida e vai conquistar o jogador - 9
Inúmeras atividades extras para não focar-se somente nos combates - 9
Totalmente localizado com textos e legendas em português, ainda que com alguns errinhos - 8.5
Visualmente o mundo do jogo fantástico, difícil não se impressionar com paisagens durante a exploração - 9
Dá para mudar o personagem jogável, bom sistema de comandos a equipe, atribuições de classes e setup de golpes - 9
Batalhas são rápidas, repletas de ação e cada personagem possui seu estilo único de combate - 9.5
Apresenta uma história bem desenvolvida e repleta de reviravoltas, daquelas que fazem você ficar sem chão - 9
9
Fantástico
Tales of Arise não reinventa a roda ou destrói o passado da série Tales of, mas consegue mostrar que a série é sim capaz de evoluir com o passar do tempo, se modernizando e conseguindo assim ter um lugar marcante no coração de todos os fãs de JRPG. Para isso o título se atenta com muito esforço em criar um universo intrigante e excelente personagens, criando uma jogabilidade moderna, acessível e personagens a qual você deseja descobrir mais. O que é o que todo bom RPG essencialmente necessita. Visualmente coloca a franquia em um novo status e estabelece padrões técnicos para futuras novas edições.