Comecei a assistir há alguns dias a Station Eleven, também localizada aqui no Brasil como Estação Onze. A minissérie está disponível com exclusividade no serviço da HBO Max, com episódios sendo lançados semanalmente (ao que parece ao menos, o serviço não indica muito bem esse dado).
A história é sobre, veja só, um surto de gripe que ocasiona uma pandemia global e com consequências terríveis. Talvez o tema possa soar realista demais, especialmente para quem sofreu com perdas nestes últimos dois anos, contudo a trama não foi escrita de forma oportunista, na onda da atual crise mundial.
Digo isso porque foi uma curiosidade que tive ao descobrir a série zapeando pelo catálogo do serviço. Até porque não se trata de uma série catástrofe, e sim de como o mundo se reergueu depois de uma pandemia onde tudo deu errado.
Na verdade sua produção havia iniciado antes da atual pandemia de COVID, chegando inclusive a ser paralisada no começo de 2020, por um mês, com inclusive mudanças na locação das filmagens. E é um projeto televisivo que existe desde 2015 e que trocou de mãos em meados de 2019.
Isso porque a história é uma adaptação de um livro, publicado em 2014, de mesmo nome, escrito pela autora canadense Emily St. John Mandel. Livro que ganhou a premiação do Arthur C. Clarke Award, como melhor livro de ficção em seu ano de publicação. Aqui no Brasil a obra chegou oficialmente em 2015, pela Editora Intrínseca. Na Amazon ainda é possível encontrar a edição em português.
A gripe que devastou o mundo
Enfim, contextualizações à parte, Station Eleven narra os eventos de um mundo em que uma pandemia de gripe devastou substancialmente uma boa parte da população humana, mas isso de uma maneira que ninguém viu o fim do mundo chegando. Na série o mundo acabou em menos de 48 horas a partir de uma mutação de um vírus da gripe. É assustador, mas a série não foca demais nesse lado da tragédia (o que é sensato dado o momento em que vivemos), utilizando esse ponto de ruptura apenas como um modelo para conhecermos certos personagens e apresentar certas conexões e mistérios que são explicados ao longo dos episódios.
Capitalismo, empregos, grandes metrópoles… tudo se foi. E o mundo mudou radicalmente. Ao menos dentro do escopo que estes primeiros episódios são apresentados. Uma das principais personagens da série é uma garotinha chamada Kirsten, a qual somos guiados por sua visão no dia em que o mundo caiu, assim como sua situação, já adulta, 20 anos depois (!!).
A narrativa da minissérie fica indo e vindo entre esse ponto em que o mundo acabou, e os primeiros dias dos sobreviventes, e a realidade 20 anos depois, com a perspectiva da Kirsten, que agora vive junto com uma trupe teatral itinerante, que andam por todos os Estados Unidos, apresentando peças baseadas nas obras de Shakespeare. Curioso, não? Até que esse grupo é ameaçado por uma enigmática presença, a qual não quero revelar demais pois é uma das surpresas da trama.
Outro ponto curioso é que a narrativa parece rodear um personagem chamado Arthur Leander, que morre nos primeiros minutos do primeiro episódio, de infarte em meio a apresentação de uma peça, também com um tema shakespeariano. Kirsten também fazia parte da peça na ocasião. Em todo caso, Arthur parece rodear inúmeros personagens que a trama passa apresentar ao longo dos demais episódios do show. O que torna muito interessante a construção desse personagem.
Quanto ao nome da série, assim como do livro que a originou, trata-se de uma (não existente) Graphic Novel escrita por uma outra personagem dentro da trama, a qual não quero revelar demais aqui (porque a graça é a série lhe mostrar isso em seu terceiro episódio), sendo que frases escritas na obra também estão influenciando uma série de personagens, incluindo aí a Kirsten, em diversos momentos temporais apresentados. Mas ela não será a única!
Situação da exibição
Até o momento a HBO Max Brasil disponibilizou apenas os primeiros 5 episódios dos 10 previstos para a minissérie. Significa que estou escrevendo essa indicação no meio de sua trama, sem saber exatamente como tudo irá acabar. Mas se estamos no meio da jornada, e ela foi tão bacana e interessante, digo que vale dar uma espiada por conta própria. Inclusive já tenho planos para adquirir o livro, pois quero conferir a obra original.
Lá fora os episódios também estão sendo lançados aos poucos. No dia de publicação deste texto, devem estar sendo lançados os episódios 8 e 9, com o último episódio (décimo) sendo lançado na próxima semana, em 13 de janeiro. Os episódios 6 e 7, já exibidos lá foram, mas não disponibilizados no Brasil*, foram lançados em 30 de dezembro, o que significa que estamos apenas alguns dias atrasados em relação a exibição original. A HBO Max deve estar disponibilizando-os ao longo dos próximos dias…
* Pequena atualização — logo após a publicação do texto, tropecei neste tweet da HBO Max Brasil alertando que os episódios 6 e 7, mencionados acima, foram lançados hoje no catálogo do serviço. Uma (bela) coincidência!
Sendo caracterizada como uma minissérie, significa que podemos esperar algum tipo de conclusão após estes 10 episódios, sem expectativas de que vão alongar a trama para uma segunda temporada. Dado o ritmo destes 5 primeiro episódios, a qual a trama não fica enrolando e todo os episódios parecem centrados em concluir algumas partes da narrativa, Station Eleven parece correr para uma finalização satisfatória. É o que posso dizer nesse momento.
Todo o elenco é adorável, as atrizes que fazem a personagem Kirsten (jovem e adulta), Matilda Lawler e Mackenzie Davis, são incríveis. Também estou muito curioso para ver um pouco mais do personagem Jeevan, interpretado pelo ator Himesh Patel, que parece ser o coração da trama no passado de Kirsten. A presença de Jeevan no episódio inicial é muito intensa.
Ainda não dá para julgar Station Eleven em sua plenitude, mas já dá para ver que é um conteúdo muito bem apresentado e construido. E vendo como tem repercutido tão pouco na minha bolha de internet, resolvi recomendá-lo por aqui. Com uma narrativa tão bem construída, sabendo manter suspense e mistério, trabalhando diversas narrativas, e focando no ser humano e não tanto na tragédia que dá pano de fundo a trama, estou animado para seguir acompanhando a metade final dessa jornada.
Deixo aí a indicação!