Análise Prévia | MultiVersus (Open Beta)

Seguindo oportunas tendências do mundo do entretenimento, MultiVersus se aproveita do enorme portfólio de marcas e franquias do universo Warner Bros (que incluem Cartoon Network, HBO, DC Comics entre outras) para colocar os mais malucos personagens em batalhas loucas de arena, a qual os lutadores irão tentar expulsar uns aos outros da tela com toda a insanidade de seus movimentos.

O título, desenvolvido pela Player First Games, com coordenação de distribuição global pela Warner Bros. Interactive Entertainment, e atualmente está em uma fase pré-lançamento, com seu beta aberto tendo sido lançado no dia 26 de julho e que deve durar por mais algumas semanas deste início de agosto.

Seu lançamento deve ocorrer logo após o fim do beta, contudo, recentemente a conta oficial do jogo no Twitter afirmou que esse evento precisou ser adiado momentaneamente, e que agora ainda não há data certa para o início sua Primeira Temporada (o que define seu lançamento oficial), mas que em breve saberemos mais detalhes. Atualização 12.Ago – agora temos datas! Primeira temporada será lançada em 15 de agosto, enquanto Morty chegará em 23 de agosto.

MultiVersus tem o DNA de gameplay muito semelhante ao incomparável Super Smash Bros., título exclusivo dos consoles da Nintendo e que está aí no cenário das porradas de expulsão de arena desde meados de 1999. O conceito é reunir personagens de diferentes universos em um jogo de lutinha, cujo o objetivo é expulsar o adversário da arena, assim como também compartilham outros elementos, de batalhas em equipe, personagens que possuem movimentos que são característicos de suas personalidade e universos (e não somente o chute e soco básico), assim como golpes carregados e armadilhas pela arena.

Há influência, mas também personalidade própria

Dizer logo de cara que MultiVersus tem influência de Super Smash Bros. é importante para não caracterizá-lo simplesmente como uma cópia do mesmo. Porque existem jogos dentro desse subgênero criado por Smash Bros que são exatamente isso… cópias. Tudo bem que algumas são bem feitas, enquanto outras não. Contudo, tendo passado estas duas últimas semanas brincando em MultiVersus, consigo entender que sua proposta consegue trazer coisas novas ao estilo de combate e agrega novas ideias ao subgênero.

Posso exemplificar esse argumento quando penso em certos movimentos que estão em diversos personagens, como o Batman, Mulher-Maravilha e até mesmo no Reindog, único personagem original criado para o elenco até o momento. Estes personagens possuem movimentos que podem laçar outros jogadores, aliados ou adversários, trazendo para juntos de si, servindo tanto para forçar a aproximação de um oponente, ou para salvar um aliado que está fora da arena, prestes a sair do cenário. E esse tipo de tática é muito utilizado nos combates de MultiVersus, e não é muito comum em Smash Bros.

Há outros movimentos que também servem de suporte em meio a batalha, como um movimento da Mulher Maravilha que criam um escudo de proteção, por alguns segundos, tanto ao redor dela, quanto de um aliado. Velma e Steven Universo também tem movimentos que vão interagir com os próprios personagens e seus aliados, fortalecendo algum atributo (aceleração, por exemplo), afim de dar certa vantagem no caos do combate.

Falando em vantagens, MultiVersus possui um sistema de nível, a qual os personagens ganham experiência e sobem de level. Com isso passam a ganhar vantagens (perks) que podem ser anexadas em até no máximo três espaços (slots) antes do início das batalhas. A partir do nível 8, o personagem ganha um perk especial único a ele, que é encaixado em um slot central. Todos os personagens tem mais de uma vantagem especial para esse espaço maior, que vão atribuir efeitos extras a golpes específicos ou a aumentar certos atributos.

O jogo também separa os personagens em classes, como pugilistas (bons de soco, sempre ágeis), tanques (aguentam muita porrada e são mais difíceis de serem arremessados da arenas), suporte (bons em auxiliar aliados e melhorar atributos), assassinos (sabem causar dano massivo) e magos (reis do caos, com movimentos loucos e imprevisíveis). Nesse momento a divisão de classes está um pouco desbalanceada, com um elenco com vários pugilistas, enquanto há menos opções nas demais classes.

Um destaque interessante é para a classe dos magos, composta pelo Pernalonga e a dupla Tom & Jerry. Estes personagens são insanos, com movimentos dignos da loucura de seus desenhos. Pernalonga pode, por exemplo, invocar cofres e foguetes do nada, enquanto arremessa tortas nos adversários e sai voando com suas orelhas. Já Tom sai pela arena tentando acertar Jerry com uma marreca, mas é claro que o rato desvia de todos esses ataques, que atingem os adversários que entrem no caminho do felino. Além disso, Tom pode arremessar Jerry, e assim Jerry também pode atacar inimigos pelas gostas, atirando bolas de tênis, a qual ele estaria supostamente tentando atirar em Tom, que pode até mesmo usar uma raquete para rebater essas bolas e assim acertar quem, novamente, estiver entre na briga destes dois. A forma como estes personagens foram desenvolvidos esbanja criatividade e originalidade.

Em outra classe, acho que o Jake (Hora de Aventura) também vale um destaque, porque apesar dele ser da classe pugilista seus movimentos são tão insanos quando personagens da classe mago. Jake pode mudar a forma física de seu corpo, indo de uma casa para um cavalo, enquanto estiva seu corpo e confunde os jogadores que acham que ele está indefeso ao fazer isso. É um adversário que se não tomar cuidado, pode causar uma enorme confusão em meio a batalha, quebrando táticas e movimentos de adversários.

Também é curioso a inserção do Gigante de Aço ao elenco, sendo ele da classe tanque. O ponto é que ele faz jus ao nome, sendo o maior personagem, fisicamente, de todos os demais jogadores presentes nesta fase do jogo. Ele chega a ser três vezes o tamanho de certos personagens. Seus movimentos são mais duros, lentos, mas ele aguenta muita porrada, além de que seus golpes, quando acertam em cheio, causam uma quantidade boa de dano. Quando usado em batalhas em equipe, é bem comum que os adversários se usam para quebrar as defesas do Gigante, cabendo a seu aliado lhe auxiliar a não ficar preso num combate 1 contra 2.

Com alguns destes elementos em mente, fica um pouco mais fácil ver que MultiVersus tem algumas ideias originas e faz algumas apostas interessantes em termos de mecânicas e elenco. Traz pra si uma autenticidade própria. Sua jogabilidade é diferente de um Smash Bros., e isso por si só já é muito bom. Não que Smash seja ruim, mas é importante que cada um fique em seu quadrado e fortaleça seus próprios pontos.

Gratuito para jogar, com certo esforço em microtransações

MultiVersus está chegando dentro de um modelo que tem muitos riscos, mas que quando bem feito é um sucesso estrondoso: free to play. Sua estrutura é muito semelhante a jogos como Fortnite e Fall Guys, com a vantagem que estão está tentando disputar o mercado com estes jogos, que estão em outro gênero de jogo.

Contudo, há alguns por menores a se considerar aqui. MultiVersus sendo um jogo de luta, significa que ele precisa ter um elenco de diferentes personagens, que se comportam de formas únicas e originais. Jogos como Fortnite e Fall Guys possuem uma modelagem de personagem padrão, entregando aos jogadores skins de um único modelo. MultiVersus já não pode caminhar exatamente apenas pensando nisso.

Significa que os lutadores de MultiVersus são gratuitos? Infelizmente não. O jogo irá apostar em um sistema de rotatividade a cada duas semanas (isso pode mudar eventualmente), oferecendo quatro personagens para serem utilizados gratuitamente. Brawlhalla, da Ubisoft, utiliza esse sistema. Porém os jogadores mais dedicados poderão juntar moedas douradas para comprar seus próprios personagens, destravando-os para sempre.

Discutir valores nesse momento parece complicado, pois são coisas que ainda podem ser reajustadas, para cima ou para baixo, quando o lançamento oficial acontecer. Mas para colocar alguns parâmetros, atualmente os personagens custam cerca de 2.000 a 3.000 moedas. A primeira vitória por dia rende 100 moedas, e outras partidas em sequência vão dando em torno de 50 moedas em média. Pode ser mais, pode ser menos. É possível comprar dois ou três personagens rapidamente então, e assim somar aos quatro que estão na atual rotatividade. Destravar todos os 17 personagens atuais, diria que levaria alguns meses (na minha velocidade, outros podem ter ritmos diferentes).

Também é preciso diferenciar as moedas douradas das chamadas gleniums, uma moeda especial que só pode ser obtida através de dinheiro real. Quando o primeiro passe de batalha for lançado ainda não está claro se ele dará gleniums para que o jogador possa adquirir o passe seguinte, como ocorre em outros jogos free to play. É de se esperar que isso ocorra.

O ponto é que pouca se faz com moedas douradas nesse momento em MultiVersus, além de ser utilizada para destravar personagens. Há alguns treinos de perks que custam algumas moedas (é baratinho), mas todo o resto cosmético do jogo, desde saídas estilosas da arenas, papel de parede e insígnias de perfil, vozes de narração com os personagens, além de emotes… tudo isso é adquirido com Gleanium.

Nesse momento do Open Beta, admito que fiquei um pouco incomodado com a grande quantidade de itens que só podem ser obtidos com dinheiro real, comprando gleniums. Contudo, a bem verdade é que uma lojinha virtual dentro do jogo ainda não está habilitada, apesar de já indicar existir por meio de um ícone no menu do jogo. Penso que as coisas tentar a se equilibrar com o tempo, permitindo que os jogadores gaste moedas douradas com diferentes tipos de itens cosméticos, ainda que os mais espalhafatosos e interessantes acabem indo para a venda por meio de gleniums. A atual versão de Fall Guys trabalha assim, com as melhores skins somente sendo adquiridas com dinheiro real, ao invés das moedas obtidas dentro do jogo. Então MultiVersus não está fazendo nada fora da cartilha destes modelos de jogos.

Dá para se divertir sem investir um tostão? Penso que sim. Ao iniciar o beta, o título lhe dá, gratuitamente a Mulher Maravilha, que é um excelente personagem – equivalente a Link em Smash Bros. E então há mais quatro personagens gratuitos na rotatória da semana. Você já começa o jogo podendo brincar com cinco lutadores. É um número razoável para começar sem precisar colocar nenhum centavo no jogo. Os personagens vão subir de nível e destravar seus perks, então nesse sentido não há nenhuma desvantagem com quem gastou e comprou um dos pacotes de fundador e liberou os personagens logo de cara.

Entretanto vale o alerta: trata-se de um título que vai tentar ao máximo lhe convencer a comprar alguma coisa. Posso dar uma dica? Se você ainda estiver em dúvida, vale testar nesse momento e deixar para ver como irá funcionar com o primeiro passe de batalha. Ver se o jogo dará gleniums para seguir com os próximos passe ou se a cada passe irá pedir para que o jogador invista algum dinheiro.

O Beta Aberto é um momento para testar. Se você já quer investir, beleza. Caso contrário, divirta-se com o que o jogo lhe oferece, sem esquentar com skins ou personagens variantes. Porque no final das contas, é só isso que os pacotes pagos vão lhe dar, o destrave imediato de personagens e skins variantes deles. Em termos de competição, na hora da jogabilidade, não haverá nenhum tipo de vantagem entre o player pagante e o que resolveu não comprar nada até então.

Considerações… por enquanto

MultiVersus já é um fenômeno. Tem batido recordes de jogadores simultâneos desde que iniciou o Beta Fechado, mas seus números aumentaram exponencialmente desde que o Beta Aberto iniciou. Claro que estar aberto de forma gratuita a qualquer pessoa colabora em muito para estes números. Agrega ainda mais o fato de estar disponível para três plataformas: Xbox, PlayStation e PC com modalidade de partidas cross-platform e cross-progression.

Os termos acima significam que as partidas reúnem jogadores de todas estas plataformas, assim como sua progressão nos níveis dos personagens e compras dentro do jogo também transitam entre plataformas, basta que o jogador mantenha a mesma conta perfil WB em todos os dispositivos. Já dar o pontapé inicial atento a estes detalhes faz total diferença ao reunir uma comunidade consolidada.

As partidas são encontradas em questão de segundos, independente do dia da semana e horário. Fiz o teste em diversos horários, dias úteis pela manhã, em horários de almoços, madrugadas e finais de semana. Nunca fiquei mais do que 20 segundos esperando encontrar uma partida. Nunca passei por desconexões, o que prova que os servidores estão estáveis. Não percebi qualquer problema de lentidão ou lag. No geral, as batalhas são bem fluidas.

Os controles também são de fáceis aprendizado. Ao iniciar o jogo pela primeira vez um tutorial obrigatório explica com detalhes o básico que qualquer um precisa entender. Basicamente são quatro botões: um para ataques normais, um para ataques especiais, um para pular e outro para esquivar. Mais simples impossível. Nos botões de ataques estão basicamente cinco padrões, utilizando quatro direções do controle de movimento, além do ataque neutro (quando não se está indicando nenhuma direção). Ataques podem ser carregados para um maior impacto. Esquivas funcionam no chão ou no ar. Pulos são duplos. Dá para ficar no ar um bom tempo, usando pulos, esquivas e ataques. Não há itens de trapaça como ocorre em Smash Bros.

Na parte dos cenários, o beta apresenta poucas arenas em relação a proporção de seus 17 personagens. Há seis arenas sendo usadas no multiplayer online, e uma exclusiva para a área de treino. Certamente o título precisa de mais estágios. Mas vale apontar que os estágios são interessantes, a qual alguns deles possuem extremidades inicialmente protegidas por objetos que se quebram ao longo da pancadaria. Em alguns há plataformas, enquanto um em específico tem dois calabouços no meio do estágio, que se abrem por meio de um dispositivo no cenário. São cenários que podem aumentar a tensão do combate, mas com apenas seis opções, certamente vão se tornar cansativos rapidamente. É de se esperar que novos surjam com o lançamento da primeira temporada.

Na parte sonora, Multiversus também manda bem. Há trilhas sonoras dos personagens que estão presente, como a música de Steven Universo em sua própria arena, enquanto que todos os personagens tem falas dentro do jogo, e o título já conta com uma completa localização em português, com os dubladores originais de cada um dos personagens. Isso potencializa em muito a acessibilidade do título em jogadores mais novos, por exemplo. Ter seu personagem favorito ali, vibrando com uma vitória, desdenhando de um personagem ou até mesmo gritando (no caso do Tom, ele dá seu famoso grito quando sai da arena) é impagável.

Claro que isso é só o começo de MultiVersus. Há talvez uma centena de personagens que poderiam adentrar na proposta do título. Existem incontáveis universos para se considerar. E mesmo assim, para este início, não há aquele gosto de amargo de “estar faltando alguém“. Você sabe que está faltando, contudo o elenco inicial foi bem selecionado e dá conta deste hype inicial.

O que há para se observar nesse momento são detalhes como balanceamento de personagens, mais cenários e como funcionará o Passe de Temporada Completo, quando o primeiro for lançado. Mas independente destes aspectos, MultiVersus já parece ter dado certo. O que vier daqui em diante, é lucro.

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