Análise | Splatoon 3
Disponível para Nintendo Switch
Splatoon 3 traz a mais refinada experiência da aclamada franquia de atiradores moluscos de tinta, em um pacote completo de modos que vão contemplar tanto os jogadores que curtem multiplayer competitivo, quanto cooperativo e até mesmo aqueles solitários do single player. O título foi lançado no último dia 9 de setembro, com exclusividade ao Nintendo Switch.
A franquia surgiu em 2015 com o primeiro Splatoon sendo lançado no Nintendo Wii U. Sua sequência, Splatoon 2, veio alguns anos depois, em 2017, quatro meses depois do lançamento oficial do Nintendo Switch, tornando um sólido título da linha de frente de exclusivos do console em seu ano de estreia.
Um ano depois, em junho de 2018, um sólida expansão chegaria a sequência, denominada Octo Expansion, oferecendo uma interessante (e nova) experiência single player, enquanto expandia mais sua trama do universo, dando a possibilidade dos jogadores utilizarem personagens da raça Octolings (polvo), já que até então apenas se controlavam os Inklings (lula).
Splatoon 3 chega para somar toda a experiência que a equipe de desenvolvimento da franquia obteve nestes últimas investidas da franquia e refiná-la em algo mais assertivo, lapidar aspectos e detalhes comuns a todos estes jogos, adicionando novas camadas, mais interações, mais conteúdo, porém mantendo toda a fórmula intacta. Sem reinventar, sem modificar as estruturas consagradas da série. As novidades são pontuais, enquanto todo o resto se mantém no senso comum estabelecido pelos jogos anteriores.
Pacote completo
Majoritariamente Splatoon é uma franquia que tem como premissa a experiência multiplayer online competitiva, se comportando como um shooter de arena assimétrica entre times de 4 versus 4, a qual cada equipe compete para ver quem pinta a maior parte do mapa com suas armas de tinta. Cada equipe é presentada por uma cor e esta mesma cor acaba causando dano na equipe adversária, tanto ao ser atingida pela arma, como quando se está pisando na mesma. Ao ser eliminado, o jogador retorna a sua base e precisa ir até o ponto de confronto, lidando com a tinta adversário cada vez mais tomando conta da arena.
Contudo, conforme os jogos foram lançados, o universo cresceu e as ideias em torno dessa brincadeira de moluscos brincando com tinta foram se expandindo, com conceitos para modos de multiplayer cooperativo com o modo Salmon Run, algo como um modo horda, assim como campanhas single player que consistem em desafios de habilidades e confrontos contra inimigos próprios da modalidade. Splatoon 3 apresenta todas estas modalidades, e num escopo muito maior do que as investidas anteriores.
A campanha, single player, por exemplo, entrega a maior experiência da franquia até então. Deixando de lado certa aparência de “tutorial de luxo” a qual muitos jogadores a enxergavam nos jogos anteriores, para ganhar um aspecto genuinamente respeitável de mundo aberto interligado, ainda que tenha mantido seu conceito de segmentos menores de desafios. Agora os jogadores podem finalmente explorar grandes áreas abertas, em buscas de colecionáveis e dos locais a qual as fases menores estão posicionadas, sendo preciso coletar pontos para limpar as áreas sujas com um dejeto peludo que tomou conta de tudo.
Já o modo Salmon Run, criando em Splatoon 2, retorna aqui com o subtítulo Next Wave, e diferente do que ocorria no jogo anterior, agora ele está disponível permanentemente online. Em Splatoon 2 era um evento que acontecia apenas ocasionalmente. Agora é possível jogá-lo a qualquer momento, sempre que o jogador desejar, com seus mapas (por enquanto apenas três) rotacionando a cada ciclo de alguns dias.
Neste modo, quatros jogadores se reúnem em um mapa próprio afim de eliminar peixes (Salmonids) que estão invadindo a área, melecando tudo com sua própria tinta, coletando assim power eggs (moeda do jogo, seria como ovas de peixe) e golden eggs, estes são grandes esferas douradas derrubadas quando os chefões são derrotados. Os jogadores devem coletar estes ovos dourados e colocá-los numa cesta, a qual devem cumprir uma certa quota de ovos. É também um modo de sobrevivência, a qual jogadores devem sobreviver por algumas ondas, até que o helicóptero de resgate retorne e leve todos embora do local.
O ponto interessante é que neste modo você não escolhe sua arma, sendo que é lhe dado uma aleatória a cada onda, e as armas em posse da equipe trocam de mãos. Isso exige que o jogador se vire com qualquer tipo de arma, seja ela de combate próximo, ou algo que exija uma maior distância do inimigo. Daqui a pouco entro em mais detalhes no aspectos dos tipos de armas.
Voltando ao multiplayer competitivo, Turf War continua sendo a modalidade mais predominante, e também mais casual do online. Aqui duas equipes competem para ver quem pinta a maior parte do mapa, enquanto tentam se eliminar e impedir que a equipe adversária invada a sua metade do mapa, a qual todos são assimétricos. Cada partida dura 3 minutos. É um modo que só ficar eliminando jogadores não basta se sua equipe não estiver cobrindo todo o mapa com tinta, sendo necessário ter esse jogo de cintura entre pintar e eliminar adversários. Nesta modalidade, você monta seu equipamento, assim como escolhe a arma desejada (mas não pode mudar ao iniciar a partida).
A outra modalidade competitiva de Splatoon 3 é Anarchy Battle, que tem como base o modo ranqueado de Splatoon 2, e que basicamente mistura de forma rotativa os diversos modos competitivos que há nos jogos da franquia. Seja defender áreas, coletar itens e levar até certo ponto do mapa, acompanhar torres de comando, atacar bases inimigos e assim por diante. São modalidades mais complexas e que exigem maior entrosamento de equipe. Também definem o ranking do jogador.
Refinando a fórmula
Além de somar e entregar todos os formatos já consagrados da fórmula, Splatoon 3 refina muitas de suas arestas quando comparados com os jogos anteriores. Até mesmo nos pequenos detalhes, ainda que alguns não influenciem a jogabilidade, com aspectos que se relacionavam com a apresentação do jogo em si.
Uma destas maiores mudanças, por exemplo, por mais boba que seja relatar, é a capacidade de pular o programa televisivo que anuncia as mudanças dos mapas e ciclos do jogo. Preciosos minutos poupados com NPCs falando a mesma coisa sempre que os mapas do multiplayer acabam mudando em sua rotação, e que nos jogos anteriores não era possível mudar (e que já era um absurdo de chato). Aleluia.
O avatar do jogador também tem mais opções iniciais de construção visual, com novos cortes de cabelo e a possibilidade de escolher se ele (ou ela) será da raça Inkling ou Octoling. Também é um refinamento, ainda que estético, que abre um escopo maior de visuais e isso impacta personagens mais diferentes dentro das partidas multiplayer, tornando mais difícil encontrar outros jogadores com uma mesma aparência.
Claro que Splatoon 3 também traz conteúdos inéditos em seu repertório. Novos mapas multiplayer, novos cenários em Salmon Run Next Wave, novas armas e equipamentos, há novos chefões para se batalhar e muito mais. Contudo, também há muitos retornos, desde alguns mapas multiplayer reformados de ambos os jogos anteriores, assim como as armas já conhecidas dos fãs que não poderiam ficar de forma.
No multiplayer, outra pequena mudança, agora os jogadores são lançados na arena antes da partida iniciar. E dentro ali de uma pequena base, é possível escolher o local a qual deseja ser lançado. Parece uma mudança pequena, mas é algo que dita o ritmo tanto do início da partida, como quando se retorna ao ser nocauteado pelo inimigo.
Outra dinâmica refinada no multiplayer competitivo ocorre quando alguém sai da partida antes dela terminar, seja propositalmente, seja por desconexão de rede (e já falo sobre isso), mas quando isso acontece a partida é imediatamente interrompida, não deixando os jogadores continuarem com o time desfalcado, e não concedendo XP pra ninguém (o que nesse ponto acho um pouco injusto). E as penalidades por abandono das partidas já estão acontecendo, com penas que vão desde 9 minutos na primeira vez que sair da partida para até 40 minutos de bloqueio em reincidência quando o abandono ocorre em sequência.
Até mesmo a modalidade mais básica de multiplayer, a Turf War, recebeu uma turbinada com uma evolução chamada Tricolor Turf War, que coloca três equipes para batalhar entre si para ver quem consegue pintar a maior área do mapa dentro do tempo estabelecido. Uma pena apenas que este modo é temporário, e ocorre somente em períodos de eventos, a famosa Splatfest, que aliás sua primeira edição pós-lançamento deve acontecer agora neste final de semana (23 até 25 de setembro).
Na questão das armas, duas classes de armas foram adicionadas as classes já conhecidas da série: arcos (stringers) e espadas (splatanas). A principal arma da classe dos arcos é uma que pode atirar três flechas ao mesmo tempo. Ao carregar o tiro, as flechas grudam no oponente e causam uma pequena explosão localizada. Já com as armas de espadas, com o jogador bradando uma, a tinta vai se espalhando de forma frontal, enquanto exige-se um combate mais próximo para eliminar os adversários.
Mas não se preocupe se estas novas classes não forem do seu agrado, pois todas as demais classe retornam ao jogo: shooters (rifles básicos), rollers (minha classe predileta, rolos de pintura enormes), chargers (meio que as snipers do jogo), sloshers (baldes, também são ótimos), splatilings (metralhadora pesada), dualies (duas pistolas), brellas (guarda chuva), blasters (armas com projéteis mais explosivos) e brushers (pincéis grandões). Não são todas as armas do jogo anterior que retornam, mas todas as classes estão por aqui e trazem as mais famosas do arsenal da série. Se estiver curioso, este é um ótimo link para consultar quais retornaram.
Além da arma principal o jogador tem a disposição uma espécie de arma secundária, que podem ser diversos tipos de granadas e dispositivos que vão desde uma onda de choque ou um escudo fixo determinada área. Estes itens consomem tinta de sua arma, a qual o jogador recarrega entrando na tinta espalhada pelo chão. Sim, os Inklings e Octolings podem se transformar em lula e polvo, respectivamente, e nadarem pelos rastros de tinta deixados por sua equipe. Isso faz recarregar seu tanque de tinta, que visualmente fica nas costas do personagem e é um indicador visual a qual o jogador deve ficar de olho para não ficar sem carga de tinta.
Em Splatoon 3, além do retorno de várias armas secundárias, uma inédita é chamada de Angle Shooter, que é uma espécie de granada que rebate pelas paredes, mostra sua trajetória com uma linha e marca o adversário inimigo, permitindo vê-lo através de barreiras.
Mas as novidades inéditas que mais despertam a atenção ficam por conta das armas especiais, que são aquelas que precisam de tempo de ação em campo para carregarem e assim o jogador poder ativá-las. Se o jogador for nocauteado antes da carga, ao retornar ao jogo, será preciso recomeçar esse carregamento. Dentre as novas criações, está um caranguejo tanque (Crab Tank), que sai atirando tinta para todo lado e aguenta um bom tranco de tinta do time adversário. Também tem uma arma muito legal, chamada Trizooka, que basicamente é uma bazuca de tinta com três tiros antes de descarregar por completo.
Dentro do repertório de especiais há uma chamada Zipcaster que também chama bastante a atenção, pois permite que o jogador saia grudando em qualquer parede do mapa, quase como um Homem Aranha, possibilitando se movimentar muito rapidamente e tomando a melhor posição para dominar a equipe inimiga. É uma habilidade muito interessante e diferente, mas que se categoriza como uma arma especial.
Vale apontar que o jogador não pode escolher livremente sua arma secundária e a especial, pois na franquia Splatoon as armas são selecionadas como uma espécie de kit de equipamentos, então é a arma principal que determina qual sua arma secundária e sua especial. Por isso que há também variações dentro das classes das armas, então você pode ter diferentes rolos ou pincéis, e em cada um ter um set de secundária e especial diferente.
Falando em equipamentos, no outro espectro desse sistema estão os acessórios, roupas, sapatos e headphones. Splatoon 3 traz diversos novos acessórios para personalizar o visual de seu personagem, porém acessórios não são apenas itens cosméticos, pois estes também possuem pequenos bônus de atributos, como lhe deixar mais ágil ao navegar pela tinta, recarregar mais rápido seu tanque, ou especial encher mais rápido entre outros aspectos. E ao insistir no mesmo visual, mantendo o acessório em muitas partidas, estes sobem de nível e ganham mais perks, desbloqueando um novo slot de bônus. São vantagens pequenas, mas certamente contam na hora da competição.
Deixando um pouco de lado as mecânicas da jogabilidade, Splatoon 3 traz outros aspectos novos em relação a como o lobby se comporta. Agora há uma sala de treino a qual o jogador pode aguardar enquanto o matchmaking procura por jogadores e fecha a partida em si. Nos jogos anteriores a espera pela partida online é muito mais estático. Aqui o jogador pode testar suas armas, ver os fantasmas de jogadores a qual fechou time, e ficar simplesmente espalhando tinta por todo o lugar. E há diversas salas de treino dentro do jogo, seja para a loja de arma, para o multiplayer competitivo ou até mesmo para o matchmaking do Salmon Run, a qual esta sala inclusive tem as Golden Eggs e os cestos para arremessá-las. Novamente, Splatoon 3 lhe pega nos pequenos detalhes.
Por exemplo, o jogador não conta com um quarto para personalizar, contudo ali no lobby é uma escadaria inferior na lateral central da sala que te leva a uma sala cheia de armários, e cada armário representa um jogador. Você pode personalizar esse armário como bem entender, colando suas armas favoritas, seus acessórios, assim como diversos outros itens que podem ser adquiridos num catálogo de objetos em uma das lojinhas do game, desde estátuas, diversos adesivos entre outras loucuras. O ponto deste brincadeira é que seu armário tem um espaço limitado (que conforme se progride no jogo pode aumentar), então o jogador precisa ser criativo na hora de pensar como otimizar esse espaço e colocar seus itens prediletos ali. E quando o fizer, seu armário é publicado online, possibilitando que outros jogadores vejam o que você fez ali. Legal, não?
E tem uma última novidade que acredito que valha a pena mencionar, que também é uma adição a este terceiro jogo. Trata-se da Tableturf Battle, que basicamente é um modo de cartas que traduz para esse modo de jogo as batalhas de Turf War, ou seja, dois jogadores precisam pintar um tabuleiro, utilizando diferentes cartas. São mais de 150 cartas, que podem ser encontradas em diversos modos do jogo, assim como adquiridos em uma slot machine no lobby, e cada deck pode ter 15 cartas, sendo que o jogador pode personalizar até 16 decks diferentes, para diferentes estratégias.
As cartas são meio como peças de Tetris, a qual os jogadores vão colando no tabuleiro, nos espaços não utilizados. Mas há movimentos especiais em que se permite carimbar locais em que já foram pintados. Vence aquele que pintar mais casas do tabuleiro. Estas partidas, porém, ainda não ocorrem online, contra outros jogadores. No momento só é possível ter partidas contra a CPU do jogo, representada por diferentes personagens do jogo, em diferentes níveis de dificuldade. É uma novidade diferente, mas bem interessante. E o nível de dificuldade das partidas é consideravelmente bem medido.
Explorando Alterna
Não há como passar por essa análise e não dedicar um tempinho para conversar sobre a campanha single player de Splatoon 3, que segue expandindo conceitos do universo da série. Aqui o jogador é recrutado novamente para lidar com algo estranho que vem ocorrendo nos arredores de Splatsville, a cidade central que serve como hub do jogo. A princípio o jogador é levado para uma área meio desértica, mas logo descobrimos que isso é só o aquecimento da campanha, e a mesma irá se passar em outra área, mais gélida, chamada Alterna.
O ponto é que os Octarians, inimigos dos Inklings e Octolings, estão de volta, mas não se trata do mesmo vilão dos jogos anteriores, pois ele é vencido logo de cara no jogo, mas uma nova ameaça misteriosa está causando problemas a toda a região, ao contaminar a região com uma misteriosa substância chamada Fuzzy Ooze. Ao entrar em contato com qualquer organismo vivo, essa substância cobre o corpo de organismo com pelos, similares aos que os Octarians possuem, mas acaba sendo letal aos Inklings e Octolings, deixando-os desnorteados e fazendo-os perderem o senso de quem são.
Felizmente para se aventurar nesse mistério o jogador conta com um companheiro pet chamado Smallfry, que é um curioso peixinho terrestre que pode absorver essa substância tóxica quando alimentado com Power Eggs. Este simpático companheiro também tem outras habilidades, podendo ser arremessado em inimigos para distraí-los, derrotá-los ou até mesmo para ativar mecanismos. Smallfry só lhe acompanha neste modo de jogo, ficando de lado nas outras modalidades que envolvem o multiplayer local e online.
Sendo assim, cabe ao jogador explorar toda Alterna, que é dividida em seis grandes sítios, conectados por enormes tubulações. Em cada área o jogador vai ter que limpar toda a substância peluda, afim de conseguir acessar todas as fases e colecionáveis do ambiente. De certa forma, essa exploração lembra um pouco aquele sentimento presente no clássico Super Mario Sunshine, o que me trouxe boas recordações.
As fases são semelhantes aos desafios de campanha dos jogos anteriores. O jogador percorre diversos circuitos, sob determinadas condições, com armas específicas para cada fase, derrotando inimigos ou resolvendo puzzles ou desafios de plataforma. Nesse sentido a fórmula dos estágios permanece intocável, ainda que haja realmente estágios bem desafiadores e diferentes. Ao todo, Splatoon 3 tem aproximadamente 70 estágios assim, sem contar com as batalhas de chefes, sempre com criaturas enormes e interessantes, com diversos estágios de confronto.
Novamente, o sentimento de pintar tudo, escalar e ser habilidoso com a mobilidade me lembrou muito a aventura de Mario com F.L.U.D.D., mencionado acima. Os personagens de Splatoon não são tão habilidosos em saltar como encanador do Reino dos Cogumelos, mas quando tudo está sujo com tinta, eles se tornam muito ágeis, se movendo pela tinta e escalando tudo. Como os inimigos também atacam com sua própria tinta, as fases sempre ficam bem sujas com as tintas de ambos os lados.
Contudo, o divertido mesmo é explorar os ambientes abertos, que é meio que a novidade para esta sequência. Isso abre portas interessantes para o futuro da franquia, pois demonstra que o título consegue brincar com elementos de mundo aberto, com diversas atividades para se realizar nestes ambientes. Pena apenas que não haja inimigos nestas áreas, ainda que o perigo acaba sendo representado pela toxidade dessa substância a qual o jogador não pode tocar.
Não há duvida que a campanha é uma das maiores que a franquia já recebeu até então. Ainda não segura o pacote do jogo por si só, fazendo com que a atração principal ainda seja as modalidades multiplayer, porém é a maior investida que os desenvolvedores já fizeram na série e que dá um valor de conteúdo gigantesco para Splatoon 3. Não é mais um daqueles conteúdos que você acaba deixando de lado, achando que é um mero tutorial de luxo. De fato não é.
Problemas com desconexão?
É preciso trazer para esta análise este assunto, pois em um jogo com foco no multiplayer online, é sempre importante que as partidas tenham estabilidade e tudo funcione perfeitamente. Contudo houve relatos, especialmente no primeiro final de semana de lançamento do jogo, de quem penou para conseguir jogar online. E estive nesse grupo que teve problemas de conexão nos primeiros dias. O que gerou esse bate papo em um grande grupo sobre Nintendo lá no Facebook, e que me ajudou a entender algumas coisas.
O primeiro ponto é que é preciso deixar bem claro que Splatoon 3 exige uma boa estabilidade de conexão de internet para que as partidas não sejam desconectadas. O melhor comparativo de outro jogo que exige a mesma qualidade de conexão é Fall Guys. Então se você joga Fall Guys no Nintendo Switch e não tem qualquer problema com partidas online, é bem provável que Splatoon 3 também funcione perfeitamente. E vale o teste, afinal Fall Guys é um jogo gratuito para se jogar.
Quando sua internet está instável você pode ser desconectado de uma partida de Splatoon 3, o que faz toda a partida para todos os demais jogadores também ser interrompida. E ninguém ganha XP com isso. Imagina faltar 10 segundos para a partida terminar e alguém desconectar e ninguém ganhar nada com isso? Aconteceu comigo uma vez. Contudo, se sua conexão é instável, provavelmente a partida não irá durar 20 segundos. As desconexões sempre ocorrem no começo.
No primeiro final de semana houve muitos problemas assim, e tem vários motivos que podem ser conjecturados, como ter muita gente jogando, então a rede estava congestionada, assim como as penalidades de desconexão não estavam exatamente penalizando como estão agora, a qual basta uma desistência para ser penalizado por 9 minutos. No final de semana de lançamento o jogo enviava alguns alertas dizendo que ia penalizar, antes de fazer. Passado esta janela de estreia, esse aviso já não é mais feito e a penalidade é aplicado na hora. Isso desestimula quem está com a conexão ruim, que passa a insistir menos. Acontece.
E como resolver isso a instabilidade? Primeiro é preciso entender de onde está vindo o problema. É o jogo? Se for, vale sempre espiar as contas oficiais nas redes sociais. Esta aqui no Twitter é ótima para isso. Se houver problemas, certamente os desenvolvedores irão comentar. Se não houver um comunicado por lá, e há pessoas jogando de boa, presuma que tem algo na sua rede que está causando o problema.
Vale apontar que o Nintendo Switch é um console que a priori funciona por meio de conexão Wi-Fi. E esse tipo de conexão tem diversos fatores que podem impedir uma boa conexão de rede. Localização do roteador, de onde estiver jogando, da quantidade de aparelhos conectados, assim como seu plano de internet. É preciso verificar tudo isso, mas se puder, adquira um adaptador para conexão via cabo de rede no console. Sei que o oficial é um pouco caro, mas tem alguns alternativos, como este aqui, que funcionam muito bem (e sei disso porque o adquiri semana passada).
Se as partidas rodam via cabo, mas não rodam no Wi-fi, você já sabe que é seu wi-fi. Agora se nem no cabo roda, talvez seja seu plano de internet ou provedor. Quer fazer um teste que não envolva sua banda larga? Se tiver um plano 4G de celular, abra uma ponte de internet no seu aparelho e conecte via wi-fi no Nintendo Switch. Sim, dá para fazer isso! Eu fiz no primeiro final de semana, e as partidas rodavam pelo 4G do meu celular perfeitamente, enquanto no meu roteador dava erro. Foi por aí que fui deduzindo, por eliminações, os problemas.
No meu caso consegui ir até além, pois consegui conectar um roteador (da marca TP-Link) no roteador do meu provedor de internet (da marca Huawei), e aí usei o wi-fi do TP-Link para sediar as partidas de Splatoon 3. E funcionou! Resumo dessa história, meu provedor de internet esteve no último final de semana em casa e trocou meu roteador por um modelo mais novo (também da Huawei). E então as partidas de Splatoon 3 agora funcionam nele também. Era o sinal instável do outro roteador que me causou problemas no final de semana de lançamento do jogo.
Então, pra fechar, teve problemas com o online do multiplayer de Splatoon 3? Primeiro verifique nas redes sociais oficiais do jogo se há algum comunidade de problemas. Segundo, testes jogos que também precisam de conexões super estáveis, como Fall Guys. Terceiro, teste o jogo em outras redes de internet e wi-fi (cabo, roteador e até mesmo no 4G de um celular). O Nintendo Switch é um console maleável nesse sentido, porque você consegue levar ele na casa de um amigo ou parente, caso não tenha outro roteador, um adaptador para cabo, ou celular com plano de internet. Faça testes, certeza que algo vai surgir e não será no jogo em si.
Considerações finais
Splatoon 3 é uma investida interessante numa franquia que segue crescendo de pouco em pouco. Curioso vê-lo ser lançado em uma mesma plataforma que já conta com Splatoon 2, a qual agora ambos os jogos dividem a comunidade de jogadores. Isso talvez queira dizer a Nintendo não está muito preocupada com planos para um sucessor do console, deixando claro que o Nintendo Switch pode ter sucessores de jogos aclamados que já constem em sua biblioteca.
Claro que isso não torna Splatoon 3 desnecessário ou irrelevante, se bem que talvez isso possa ser dito sobre seu antecessor, ainda que Splatoon 2 tenha, nesse momento, muitos mais mapas em seu multiplayer, além de uma bela expansão de campanha que vale ser apreciada. Talvez ambos ainda tenha espaço para os fãs, mas talvez a Nintendo devesse abaixar um pouquinho o preço do game anterior, ainda que a empresa não anda mais fazendo isso (saudades do selo Player’s Choice).
Dito isso, esta nova investida na franquia aproveita melhor a solidificação do sistema de desenvolvimento no Switch, pois visualmente está mais bonito que o segundo título, lançado lá no ciclo inicial do console. Há mais detalhes, as cores são mais vivas, a textura é melhor trabalhada. Não é uma reinvenção gráfica, contudo é palpável que o visual está mais bonito e bem detalhado.
Vale apenas apontar que dá para sentir a mudança gráfica quando se alterna o jogo entre o dock e seu modo portátil. Na pequena telinha do Switch a resolução cai um pouco e dá para sentir que na TV a qualidade visual é muito melhor. O modo portátil sacrifica um pouco disso para entregar a mesma taxa de quadros para que o gameplay funcione. Uma troca justa a meu ver.
Elogios também devem ser feitos a trilha sonora do jogo, que talvez seja uma das mais legais dentre seus exclusivos da atualidade. Arranjos instrumentais, trilhas cantadas, faixas agitadas que combinam com o ambiente urbano radical do jogo. Há novas trilhas, assim como o retorno das mais populares dos títulos anteriores.
Meu único lamento para com este lançamento, especialmente por ser a segunda investida da franquia num mesmo console, é o fato de Splatoon 3 não possuir localização em português. Até entendo que a campanha tenha realmente muitos diálogos, mas seria tão mais interessante em termos de acessibilidade se o jogo tivesse recebido localização em nosso idioma. Nem que fosse parcialmente, nos menus e tutoriais. Daria uma cara realmente especial a obra. Quem sabe no quarto game? Resta manter as esperanças.
Quanto ao que o jogo entrega, é tudo que venho dizendo desde que essa análise começou: é a experiência completa e total do que a franquia Splatoon pode, nesse momento, entregar. Há um multiplayer competitivo totalmente funcional, que é acessível a todos os tipos de jogadores, dos casuais aos profissionais. Partidas rápidas que não frustram ninguém ao ser derrotado, inúmeros tipos de armas diferentes que vão moldar o seu estilo de combate, além de modos diferentes de partidas, do simples pintar tudo, ao defender bases e romper as defesas inimigas.
Além disso o jogo torna o multiplayer cooperativo algo permanente, sendo que o estilo horda de inimigos funciona muito bem com a proposta do jogo. A ideia de alternar armas na mão dos jogadores a cada onda e ter mais de 11 tipos de mini chefes criam partidas bem diferentes uma das outras. É sempre uma surpresa como cada equipa vai se sair nessa modalidade. Claro que ainda há espaço para melhorias, mapas mais diferentes e quem sabe um modo infinito, para ver até onde todo mundo aguenta? Mas o que o jogo faz nesse lançamento vai além do que essa modalidade oferecia até então.
E ainda há uma maciça campanha single player que abre premissas muito interessantes para o que a franquia fazia até então nessa modalidade de apenas um jogador. Criar um mundo aberto, manter os desafios menores, e dar liberdade para o jogador progredir como bem entender é muito bom. E é uma estrutura que se for melhor observada, poderia tranquilamente segurar um spin-off da franquia apenas focada nessa experiência solo. Funcionaria, acredite. Dê mais habilidades, adicione inimigos, crie mundos diferentes e se terá um jogo muito parecido com a fórmula que um Super Mario 3D entregaria.
Acredito que atualmente os donos do Nintendo Switch estão vivendo o segundo ciclo de vida do console, a qual a Nintendo está podendo se dar ao luxo de trazer sequências de IPs que já estão consolidadas na plataforma. A sequência de Breath of the Wild é uma prova viva disso, idem aos inúmeros jogos do Kirby (e tem mais vindo aí), e o que não dizer da expansão gigantesca que Mario Kart 8 tem recebido? Até mesmo Fire Emblem tá nesse ritmo, com um novo a caminho.
É razoável então que a equipe de Splatoon investisse nessa sequência e apresentasse suas ideias sem reinventar a fórmula. Com isso o terceiro título entrega tudo que promete, e vai além da experiência que seu antecessor já proporciona em uma mesma plataforma. Ao fãs isso é suficiente. E para quem ainda não conhece a franquia, é o melhor ponto para conhecer. Não tem como esse conceito dar errado. Simples assim.
Galeria
Dando nota
Entrega uma fórmula conhecida, sem inovar ou renovar, apenas refinando diversos aspectos - 8.2
Modo competitivo continua como destaque, ainda sendo o astro principal - 8.5
Já a campanha single player expande horizontes, dando exploração e desafios meticulosos, além de ótimas batalhas de chefões - 9
Salmon Run, multi cooperativo, agora é permanente e sempre vale algumas partidas entre outras modalidades - 8.5
Há adições inéditas, ainda que pontuais em tudo: armas, mapas, equipamentos, lobby, batalha de cartas, acessórios... - 8.5
Fato replay é altíssimo diante de tantas atrações, um jogo com uma longa cauda de jogabilidade - 9.5
Consegue ser mais bonito que o jogo anterior e entrega uma excelente trilha sonora - 9
8.7
Splat!
Splatoon 3 mantém a experiência já consagrada da franquia, focada em divertir os jogadores com um multiplayer competitivo de pintar ambientes e nocautear adversários, mas nesse meio tempo, refina e muito outras modalidades. Salmon Run, sua modalidade cooperativa, agora se mantém de forma permanente no jogo, enquanto a campanha single player abre novas possibilidades ao entregar ao jogador um mundo livre para explorar, enquanto mantém seus desafios fechados e ainda divertidos. Trata-se de um pacote completo de conteúdo, que aprimora pequenas mecânicas, não estraga nada que funcionava na série, mas também não reinventa a roda. Em time que está ganhando não se mexe, ao menos não desta vez.