10 de outubro, segunda-feira da semana passada, foi este o dia escolhido para marcar presença na Brasil Game Show 2022, após um (agonizante) hiato pandêmico de dois anos, e que pra mim somam-se três, pois em 2019 não pude ir ao evento a qual vinha visitando desde 2015, que foi quando foi realizado nossa primeira cobertura desta grande feira de jogos eletrônicos!
E foi por muito pouco que quase não pude ir novamente na edição deste ano. Amigos e conhecidos próximos sabem que este ano tenho lutado com uma lombalgia desgraçada que tem me causado muitas dores nas costas, e que tem me colocado em fisioterapia desde janeiro. Havia uma cirurgia na coluna marcada para ocorrer neste mês de outubro, o que me impossibilitaria de ir até a BGS. Contudo, a cirurgia precisou ser adiada, e com as dores controladas, resolvi conversar com a organização e a assessoria do evento, e consegui as credenciais no último segundo do prazo para tal. Restava planejar tudo que normalmente estaria planejado há meses se já soubesse que iria a Brasil Game Show. Mas planos improvisados estão aí pra isso, não?
Diferente de edições passadas, a qual visitava o evento no oportuno dia de impressa – com exceção de 2015 a qual fui em um domingo – para a edição de 2022, dada as decisões em cima da hora explicadas no parágrafo acima, não consegui mexer os pauzinhos para poder visitar a feira em sua abertura (dia 6), só conseguindo um espaço na agenda para a segunda-feira de 10 de outubro. Consegui escapar dos dias mais caóticos de evento, sábado e domingo, e pude sentir como é uma BGS em um dia útil de trabalho e escola.
Planos improvisados
Antes de entrar em algumas reflexões a respeito deste tão aguardado retorno da Brasil Game Show, especialmente depois de tantas incertezas sobre a volta da normalidade após dois anos de pandemia, sinto que devo explicar que nem tudo saiu como achei que conseguiria planejar tão em cima da hora para nossa cobertura.
1) A começar pelos dias em que gostaria de ter ido fazer a cobertura. A ideia era ter ido mais de um dia, porém para isso precisava ter conseguido um hotel para dormir em São Paulo, o que não aconteceu devido ao orçamento e da decisão de última hora de poder ir até a BGS. Fazer bate e volta de ônibus de Jacareí para São Paulo, como fiz em 2018 (a qual foram 2 dias de BGS) era uma possibilidade, mas ao chegar em Jacareí na segunda-feira perto da meia noite, notei que não teria pique para fazer a mesma coisa no dia seguinte. E sim, gostaria de ter ido mais de um dia para aproveitar melhor algumas das atrações que estavam por lá, e que mencionarei ao longo deste relato. Entretanto ter ido um dia foi muito melhor do que se não tivesse ido.
2) Outro aspecto da cobertura que não aconteceu como gostaria foi a questão de fotos e posts em tempo real enquanto estava lá no evento, passando pelas redes sociais. O momento a momento do evento. Também por conta de planos realizados em cima da hora. Assim que foi acertado que iria à BGS, notei que precisaria trocar a bateria do meu celular, pois o mesmo não andava com carga o suficiente para fotos, vídeos e postagens ao longo de um dia de evento. Corri uma semana antes da viagem e fiz a troca numa assistência técnica e… não deu certo! A bateria nova não estava segurando muito bem a carga e precisei acionar a garantia, contudo a nova só estaria disponível para troca em 13 de outubro, após a viagem. Com um celular sem segurar carga de forma apropriada não deu para fazer o que havia planejado fazer por lá nessa parte mais interativa. Não que não tenha sido feito registro visual, pois minha máquina fotográfica da Nikon deu conta do serviço (foram + de 200 fotos!).
Pois bem, feito as devidas ponderações, hora de bater um papo sobre como foi a minha experiência com a Brasil Game Show 2022!
De volta ao jogo? Sim, de fato!
“De Volta ao Jogo” foi o slogan da edição deste ano da Brasil Game Show, e é uma frase que possui de fato um ressignificado muito bacana, de um evento que precisou de uma pausa obrigatória, em uma comunidade que também parou e sentiu falta destes eventos, da exaustão causado pelo distanciamento social, de momentos em que passamos angustiados, ansiosos e até de quem passou por perdas. É preciso voltar ao jogo, é preciso encontrar esse novo ritmo. Houve esse sentimento inevitável de retorno, claro. Contudo retornar com força total, como se nada tivesse acontecido, se provou realmente complexo.
A Brasil Game Show estava lá, na Expo Center Norte, local onde tradicionalmente ocorre o evento, contudo nem todos os expositores habituais resolveram aparecer neste ano, e senti falta destas grandes marcas e empresas, que fizeram história em edições passadas da BGS.
— Não marcaram presença…
Talvez a ausência mais perceptível no evento tenha seja o desaparecimento da marca Microsoft e seu Xbox, que bizarramente resolveu ficar de fora da festa, deixando espaço para a PlayStation e a Nintendo reinassem em absoluto como as grandes marcas de consoles presentes na feira. Certamente uma mancada feia da representação da Microsoft aqui no Brasil.
E não houve motivos claros para essa omissão. Seria o preço cobrado pela organização pelo espaço? Seria a ausência de jogos inéditos a serem mostrados? Talvez a representação da Microsoft no Brasil tenha encolhido na pós pandemia? Não saberemos.
Seria a falta de estações de jogos, com consoles Xbox Series X|S para serem mostrados no evento? Ou jogos inéditos ainda não lançados? Mas veja só, a PlayStation estava lá com o PlayStation 5 em diversas estações, porém não em sua totalidade. Havia muitas estações com o PlayStation 4 mesmo. O PS5 estava um tanto restrito a jogos seletos que poderiam demonstrar a performance do console. Não acho que a falta de consoles da nova geração poderiam ser motivos para isso. Nem mesmo de estrutura ou montagem de estande, pois acredito que os materiais de estandes de edições passadas devem estar guardados em algum galpão para reutilização parcial. Fato é, sem Xbox, o evento soou incompleto. Especialmente em um mercado como o do Brasil, a qual o serviço Xbox Game Pass parece ser um sopro de acessibilidade para àqueles com menor poder de aquisição de jogos.
Outro player que senti falta de sua presença na BGS deste ano foi a Activision, sempre tão presente em edições passadas. Isso porque estamos as vésperas de lançamento de um novo Call of Duty, com Modern Warfare II saindo no finalzinho de outubro. Puxa vida.
O que dizer de não encontrar estandes próprios da Warner Games e da Ubisoft? Ambas fizeram presença em vários locais da Brasil Game Show. No estande do PlayStation era possível testar quase que todos os jogos mais recentes da franquia Assassin’s Creed, enquanto a Ubisoft levou um dos poucos games inéditos do evento: Mario + Rabbids: Sparks of Hope, que se encontrava de portas fechadas no estande da Nintendo, porém estava disponível ao público para uma rápida sessão de teste. Já a Warner, havia estações de MultiVersus em diversos estandes parceiros, mas senti que a empresa poderia ter levado mais jogos de sua line-up (de Star Wars a Lego), ainda que antigos. Warner teve uma presença mais acanhada do que a Ubisoft a meu ver.
Contudo não só de grandes empresas de games senti falta na Brasil Game Show deste ano, mas também senti falta de alguns varejistas maiores, que já fizeram grandes estandes em edições passadas vendendo produtos oficiais e licenciados voltado as marcas de videogames. Posso citar dois exemplos: Lojas Americanas e Riachuelo. Você acredita se eu disser que não encontrei uma única camisa oficial do Super Mario ou de Mega Man para comprar na BGS? Dois itens que sempre encontrava em edições passadas. A Renner, que até onde sei nunca participou de uma BGS, tem um linha de produtos de vestuário de Super Mario que teria sido incrível se tivesse levado ao evento.
E o que faltou para estas grandes lojas marcarem presença na BGS? É uma reflexão que a organização precisa fazer para tentar trazê-los de volta nas próximas edições, juntamente com outras redes que talvez pudessem estrear com artigos oficiais e licenciados destas grandes marcas de videogames.
Não que não houvessem grandes lojas e marcas presentes na Brasil Game Show. Havia uma loja oficial da Marvel por lá, olha que maneiro! Com incríveis produtos, de canecas, camisas, action figures etc. Mas são produtos que emanam mais uma aura dos filmes e do universo cinematográfico atual da empresa, e muito pouco sobre jogos eletrônicos, ainda que a gente saiba que há muitos jogos com personagens da Marvel. Foi uma presença irada, mas um pouco fora do escopo do que estava procurando ali em termos de produtos.
Também havia um estande muito bem posicionado no evento da marca Piticas, e é uma empresa que tem como seu principal produto camisetas, contudo, boa parte dos produtos levados ao evento eram de marcas de animês, como Naruto e One Piece. Também havia todo um setor dedicado a Harry Potter. Veja bem, não acho ruim que tudo isso esteja no evento, mas novamente, lá estava eu, procurando camisas e produtos relacionados a videogames! Camisas de animês ou de Harry Potter, a gente encontra com facilidade em qualquer lugar, oficial ou não, convenhamos.
E veja bem, não estou dizendo que estes estandes não deveriam estar na Brasil Game Show, pelo contrário, acho ótimo que estejam, contudo quando se perde alguns players que sempre contrabalanceavam esse conceito de produtos gerais nerds e geeks com os relacionados a jogos eletrônicos, é que se torna um problema visível. Recai sobre eles uma responsabilidade que não deveria recair. Quem quisesse sair da BGS com uma camisa oficial da Nintendo ou Xbox não conseguiria*. Bem diferente de edições passadas. *quanto ao PlayStation, encontrei na avenida das lojinhas um estande (só não sei dizer se oficial ou não) vendendo camisas da marca.
— Muitos jogos, porém poucos inéditos (e isso importa?)
Outro assunto válido a se discutir são sobre os jogos disponíveis para que o público pudesse apreciar nesta edição da Brasil Game Show, e quantos deles ainda não haviam sido lançados. Bem, eram poucos. Dos jogos mainstream, ou seja, de grandes estúdios e fama internacional, era possível encontrar três: Street Fighter 6 (Capcom), Mario + Rabbids: Sparks of Hope (Ubisoft) e One Piece Odyssey (Bandai Namco).
Claro que na Avenida Indie era possível encontrar muitos outros jogos independentes em diversos estágios de desenvolvimento, além de alguns já lançados, mas que o evento permite dar a correta visibilidade para o público interessado em conhecer jogos com um escopo menor, mas que podem equivaler a mesma diversão de grandes blockbusters. Eu mesmo passei um tempinho no estande da Brais Games, testando Trix Battle Tactics, que ainda está em estágio inicial de desenvolvimento e não tem previsão de quando deve ser lançado.
O ponto é que a Brasil Game Show ocorre em um período propício do ano que sempre tornou possível testar diversos jogos que estão prestes a serem lançados entre os meses de outubro e novembro, as vezes até alguns mais distantes e… bem… não foi o que ocorreu nesta edição. Grandes lançamentos do período ficaram de fora do evento, tais como God of War Ragnarök, Bayonetta 3, Call of Duty: Modern Warfare II, Gotham Knights ou Sonic Frontiers, apenas para mencionar alguns que estão para serem lançados nas próximas semanas.
Contudo aqui é possível que haja uma explicação para tantas ausências em termos de jogos inéditos: o cancelamento em junho da E3 (Electronic Entertainment Expo) deste ano. Normalmente é a E3 que faz com que os estúdios lá fora preparem demonstrações de seus futuros lançamentos para serem apreciados ao público em geral, e estas demos acabam sendo importadas para outros eventos de games mundo afora, como a Gamescom (na Alemanha), Tokyo Game Show (no Japão) e a própria Brasil Game Show por aqui.
Isso explica muitos dos três títulos apresentados no evento. Street Fighter 6 já estava tendo demonstrações lá fora, conforme a Capcom participa de certos eventos, como a Evo (Evolution Championship Series), enquanto a sequência de Mario + Rabbids está prestes a ser lançado (agora dia 20).
O mais curioso talvez seja o caso de One Piece Odyssey, contudo a Bandai Namco tem o hábito de preparar demonstrações de suas produções para apresentações fechadas para imprensa (o Portallos já esteve presentes em algumas em anos anteriores a pandemia), e normalmente o estúdio leva estas demonstrações para eventos públicos. Sem mencionar que o título esteve presente na TGS mês passado. Minha surpresa, contudo foi descobrir que a demonstração do título na BGS22 já se encontrava todo localizado em português, o que indica que o jogo realmente está em um estágio bem avançado de desenvolvimento. Mesmo assim é um título que só será lançado em 2023.
Apesar da crítica, faço um contraponto honesto: a grande parte do público presente no evento meio que não se importa se há ou não títulos inéditos para serem testados, contanto que haja jogos para serem apreciados. E sim, dava para encontrar de tudo um pouco na Brasil Game Show deste ano, desde Fortnite, MultiVersus, Genshin Impact, para todos os principais lançamentos do PlayStation 5 – Horizon Forbidden West, Gran Turismo 7, Uncharted Legacy – assim como a vasta biblioteca de exclusivos da Nintendo no Nintendo Switch.
A fila para Mario Kart 8 Deluxe (de 2017), que estava lá com o jogo base e também a expansão DLC, não era nem um pouco pequena. Até mesmo The Legend of Zelda: Breath of the Wild estava por lá e tinha fila. Claro que os lançamentos mais recentes do Switch marcaram presença, como Metroid Dread, Kirby’s Dream Buffet, Kirby and the Forgotten Land e, claro, Splatoon 3, cuja a fila também era digna de ser notada até mesmo fora do estande da Nintendo. Para qualquer lugar que se observasse havia fila a qual as pessoas se organizavam para jogar.
O fato é que no Brasil videogames seguem como um entretenimento de luxo, a qual boa parte da população ainda não consegue ter acesso em sua plenitude. Então estar ali e testar algo que não se tem em casa é uma oportunidade divertida e interessante, não importa se trata-se de um jogo já lançado ou que ainda virá a ser lançado. E até mesmo se você tem o jogo, o fato de estar ali no meio de outros fãs daquela mesma obra, testando-o num super PC Gamer ou num console que nunca colocou a mão na vida, já torna aquela experiência diferente.
Digo isso pelo meu filho, que assim que chegou ao evento, viu um espaço para jogar Fortnite e quis ir para lá jogar – sendo que não fazia sequer 24 horas que ele havia jogado o jogo em casa! Ou seja, não é sobre jogar algo que nunca jogou, mas a experiência social do local em si. Claro que no caso do meu pequeno, o aconselhei e disse para ir experimentar algo novo, pois o alertei que havia filas para tudo e em um único dia não dá para fazer tudo que se deseja dentro do evento. E ele assim preferiu ter uma experiência com VR (num Oculus Quest 2), que é justamente algo que não temos em casa.
E situações assim ocorriam em toda parte. Pessoas na fila para jogar Splatoon 3 que ainda não tinham um Nintendo Switch em casa, ou uma galera no PlayStation louca para jogar Gran Turismo 7, Horizon Forbidden West ou até mesmo Assassin’s Creed Valhalla porque ainda não tinham o jogo ou sequer um PlayStation 5. É aquela experiência que você encontra de pessoas que desejam os títulos ou consoles em um futuro a qual ainda não possuem a certeza de quando irá acontecer.
Pensando nisso, faço outro pequena crítica a esta edição da Brasil Game Show em comparação com edições passadas: sem grandes varejistas, não encontrei muito meios que permitissem que as pessoas saíssem da BGS com um novo console debaixo dos braços. Se havia consoles sendo vendidos por lá, não os encontrei (e parece que havia sim, só não os encontrei, pois eram espaços mais modestos). Por isso menciono que redes como Lojas Americanas fazem uma tremenda falta ao evento. Pois me lembro de edições passaras com as Lojas Americanas erguendo paredões de caixas de consoles, Xbox e PlayStation, com um razoável desconto para quem os adquirissem ali mesmo no evento. E era batata ver uma ou outra pessoa, com um novo console indo embora do evento feliz da vida por tê-lo adquirido dentro da própria BGS.
O mesmo não ocorre com periféricos gamer para jogadores de PC, pois grandes marcas estavam presentes no evento, oferecendo jogos a serem testados em seus estandes, assim como lojinhas e inúmeras atividades com influenciadores. A única marca que notei ter se ausentado este ano, e que sempre esteve presente no passado, foi a Razer. Das demais, de Warrior, OEX e Hyper X, estavam todas lá. Meu pequeno foi embora da BGS com um fone de ouvidos novinho da Warrior e feliz da vida porque ele pesquisou o preço nos estandes e comprou com o próprio dinheiro de sua mesada. Olha como isso é legal!
— BGS além dos games
Indo além de jogos eletrônicos e consoles para serem testados, a Brasil Game Show oferece uma variedade interessante de outros meios para se entreter dentro das enormes pilastras da Expo Center Norte, desde um rol de lojinhas de coisas nerd, geek e gamer, expositores na área indie querendo e muito interagir com o público, área de alimentação para quem tem tempo de sentir fome entre as muitas atrações da feira, ativações e brincadeiras entre os muitos expositores que não são exatamente empresas de videogames, como aquelas de marcas de comida ou bancos, mas há também influenciadores e personalidades da internet chamando a galera para participar de atividades com o público, além de inúmeras outras marcas que, aí sim, tem a ver com jogos ou periféricos tecnológicos. Você pode passar o dia todo na BGS e não jogar um único jogo eletrônico, e ainda assim vai se entreter e se divertir com o evento em si.
Diferente de edições passadas, talvez por ter ido em uma segunda-feira, talvez por ser uma edição com a ausência de alguns expositores famosos, encontrei uma Brasil Game Show um pouco menos ensurdecedora, e não estou dizendo que isso é ruim. Talvez a organização tenha espalhado melhor os expositores que oferecem o entretenimento sonoro, com música e pessoas falando ao microfone chamando as pessoas para participar de ativações. Ou talvez o som estivesse melhor controlado, afinal estava no estande da Nintendo enquanto rolava uma competição de Just Dance e o som não estava me incomodando ou atrapalhando os pensamentos, sendo possível conversar normalmente com uma pessoa que estivesse ao lado.
Vejo isso como algo positivo na edição deste ano: um melhor controle sonoro. Me recordo que na edição de 2018, no dia em que levei o Thales, na época com seis anos, os estandes do Xbox e PlayStation estavam num duelo ensurdecedor para ver quem era o estande que chamava mais atenção dentro do Expo Center Norte. Conversar foi um problemão na ocasião. Já este ano os estandes estavam mais comportados, e meus ouvidos agradeceram por isso.
Também quero destacar que mesmo sem algumas das grandes empresas de jogos em estandes próprios no evento, o clima deste ano foi de festa e orgulho, de retorno de fato. E as marcas que estavam lá fizeram o melhor para oferecer atrações a todo o público presente, e em todos os dias do evento (de acordo com a programação a qual pude conferir).
Destaque para o estande do YouTube, enorme, com várias ativações e interações com o público acontecendo ao mesmo tempo. No estande do TikTok e da Twitch os influenciadores chamavam a atenção da garotada. Até mesmo no Banco do Brasil, um estande com piscina de bolinhas e bastões giratórios para pular e abaixar dos mesmos fazia a festa do pessoal, mesmo com as filas. No estande do Cup Noodles havia um labirinto em que pessoas usando chapéus da marca tinham fugir de um lagarto (ao menos foi isso que vi ao passar por lá). Em resumo, havia atividades e interações criativas por toda a parte, e não necessariamente eram relacionadas a jogos eletrônicos. O que soa interessante para uma parcela mais casual, menos vidrada em videogames.
Enquanto isso, no estande do PlayStation, além das dezenas de estações de jogos, sei que vários influenciadores se apresentaram e passaram por lá em todos os dias da feira. Na segunda em questão, vi uma galera empolgada com um quiz que estava rolando no telão central (apenas não reparei se estava tendo premiações). Mas tinha uma muvuca bonita de pessoas participando e respondendo as perguntas feitas por um apresentador.
Na Nintendo também havia um telão enorme e as pessoas estavam jogando diversos títulos do Switch nele. Vi um pequeno campeonato de Mario Kart 8 rolando quando cheguei ao estande pela primeira vez, e logo depois estava a maior festa com Just Central. Curioso como o título casual da Ubisoft faz esse sucesso enorme entre o público jovem e adulto. E é um título que conversa muito bem com parte do público da Nintendo. Na Nintendo diversos jogos em que as pessoas testassem ganhavam um poster do jogo em si, o que é um mimo muito legal.
Separado dos estandes de jogos e atividades interativas, estava a área de lojinhas, menores que os estandes maiores de varejistas, vendendo dos mais diversos produtos – canecas, travesseiros, action figures, toucas, camisas, Funko Pop etc – ao público mais interessado em levar um item decorativo para casa do que ficar em filas para jogar ou participar de alguma interação. Admito que passei um bom tempo explorando estas lojinhas, pois havia intenções de encontrar algo de interessante que não poderia encontrar em minha pequena cidade no interior de São Paulo.
E aqui tenho um pequena crítica, e que não vem exatamente desta edição. Como são lojinhas menores, alojadas lado a lado em pequenos boxes, normalmente estes locais vendem de tudo dentro do cenário geek, nerd e gamer, contudo sempre há um foco muito grande no conteúdo de produtos voltado ao universo dos animês e produções japonesas. Como fã de One Piece, Naruto, Dragon Ball, Bleach e clássicos shonens que moldaram minha adolescência, não acho ruim, porém ao ir em uma BGS, esperava encontrar mais produtos com marcas de videogames.
Posso exemplificar isso. Encontrei uma lojinha lá dentro que continha basicamente três tipos de itens: camisas, sacolas esportivas e aqueles chapéus de pescador (também chamado de balde). Todos os produtos dessa lojinha não eram oficiais licenciados, e sim daquele tipo de fabricação própria. Não estou julgando e nem condenando, pelo contrário, tenho diversas camisas assim, que comprei em feirinhas e que a pessoa estampou exatamente a arte que queria ver nela. Enfim, essa box de produtos, dentro da BGS, estava recheada de camisas, chapéus e sacolas e nenhuma das estampas eram relacionadas a personagens ou marcas de videogames. Puxa, se você entra numa BGS, o mínimo que poderia pensar em levar no evento seria alguns produtos relacionados ao tema da feira em si, não? Dito isso, acabei comprando lá um chapéu de pescador estampados com páginas do mangá One Piece e uma sacola com a estampa do Luffy em seu Gears 5. Pois é.
A minha percepção é que as lojinhas desta edição tinham muito menos produtos voltadas ao universo gamer do que em edições anteriores. E talvez seja pandemia que prejudicou planejamento e estoque, talvez seja escassez de produtos, pois a fabricação também foi prejudicada, e até mesmo econômico, já que até mesmo em fabrica parte destes produtos, já não pode comprar tanta matéria prima ou sobra muito grande de estoque. O consumidor pode estar comprando menos, então a demanda pode estar em baixo. Não sei, mas notei que havia falta de maior diversidade de produtos. Até mesmo os Funkos estavam por toda parte e se repetiam a exaustão pelas lojinhas, sendo muito difícil encontrar edições mais raras.
Outros dois pontos que não posso deixar de comentar diz respeito a praça de alimentação e aos banheiros da Brasil Game Show. Afinal entre um entretenimento e outro, certas necessidades biológicas irão surgir. Quanto aos banheiros, não encontrei nada do que reclamar, tanto o banheiro do térreo, destinado a todos os ingressos normais, quando ao do piso superior, que imprensa e dos ingressos VIPs tem acesso (normalmente a turma do cosplay utilizam esse espaço no piso superior para se arrumar, além de terem uma área própria para se arrumarem). Claro que banheiro do térreo é um pouco mais surrado, mas dada a quantidade de pessoas acessando-o, é esperado. Ainda assim, totalmente utilizável, com espaço para se higienizar após sua utilização. E não encontrei fila na vez em que precisei utilizá-lo, algo que rolou em algumas edições passadas em que estive presente.
Quanto a praça de alimentação, o espaço dedicado a alimentação estava bem grande nesta edição, talvez maior que nas anteriores. Talvez, não posso afirmar. O que me pareceu muito bem planejado, pensando em que viemos de uma pandemia e que distanciamento relativo entre as pessoas comendo e se alimentando é algo prudente a se pensar. Alias, vi muitas pessoas, especialmente expositores, de máscaras nesta BGS. Quase todo mundo no estande da Nintendo estava de máscara. O que penso ser justo, quem ainda sente que precisa de uma certa segurança, acho um acessório opcional importante. De volta a praça de alimentação, muitos lanches gourmet, variando entre preços de R$ 30 até R$ 60 reais. Para um evento, é uma faixa média aceitável, ainda que não possa se dizer barato. Meu pequeno tomou uma raspadinha de sorvete que custou 18 reais, e olha que era a opção com o menor copo possível (e tava de bom tamanho).
Claro que com muita gente de mochila, não condeno ninguém que leve seu próprio lanche, assim como sua água, até porque já fiz muito disso. Porém este ano comi lá no Terminal Rodoviário, antes de ir para a BGS, e o lanche saiu apenas um pouco mais em conta, na média de 25 reais já com um suco ou café. Em 2018, almocei em um shopping próximo ao evento, o que só não o fiz esse ano porque estava chovendo em São Paulo e não quis me deslocar pelas ruas com guarda-chuva, sob o perigo de ficar molhado. Fui da rodoviária direto para o evento, por meio do ônibus gratuito do evento, outro ponto louvável da organização em oferecer essa condução para àqueles que estão chegando via terminal rodoviário, de outras cidades, ou via metro.
Em resumo, o evento oferece de tudo um pouco. Tem jogos para serem apreciados, atividades e brincadeiras para gosta desse calor humano e dos prêmios oferecidos, tem lojinhas para gastar com produtos relacionados, tem banheiro e comida para permanecer no evento o dia todo, até seu encerramento, e tanto para ir como para voltar, os ônibus gratuitos te levem até o terminal rodoviário, e de lá você volta em segurança pra sua casa, seja em São Paulo mesmo, seja para outra cidade do interior ou ainda mais distante.
Considerações finais
A Brasil Game Show 2022 – De Volta ao Jogo, de fato marca um momento especial na história de muitos fãs de jogos eletrônicos, após um período pandêmico de nível global, a qual nossas vidas foram pausadas em diferentes graus de interação na sociedade. Estamos nos encontrando novamente, buscando retornar ao que éramos antes de uma pandemia nos assustar, de perdas em diferentes níveis de conexão, de marcar um período da história do mundo que servirá de alerta para as próximas décadas. O retorno dos eventos, seja BGS, seja Rock in Rio, seja feiras livres, seja shows em cidades do interior, não importa. Estamos nos encontrando novamente, e isso é incrível!
E retornar ao status quo antes de tudo o que aconteceu era de se imaginar que não seria simples, como um clique em um interruptor de luz. A indústria de jogos sofreu e tem sofrido com tudo que aconteceu nestes últimos anos. Chegamos a uma nova geração de consoles que ainda não alavancou como uma normalmente deveria ocorrer. Há escassez de chips para produção de aparelhos, o que torna a venda desse consoles mais cadenciados, por lotes. O desenvolvimento dos jogos também está em marcha reduzida, com muitos estúdios internacionais em períodos de home office, se adaptando a um novo modelo de trabalho. Tudo isso impacta ao mercado como um todo, tanto internacional quanto nacional. Nossa economia não anda as mil maravilhas, o dólar subiu demais. Estes fatores, em diferentes graus, vão impactar a realização de eventos, inclusive da Brasil Game Show. Não se esqueça que a E3 2022 foi cancelada repentinamente nos Estados Unidos alguns meses antes de acontecer. Até mesmo Gamescom e Tokyo Game Show foram eventos menus sonoros em suas edições de 2022.
Ainda assim, a BGS22 se mostrou pronta a encarar os desafios apresentados diante de algumas destas adversidades, e da ausência de grandes marcas, entregando um evento bacana e divertido. Para não deixar de mencionar que esta edição o evento aconteceu em muitos mais dias do que tradicionalmente ocorre. De cinco, foram sete dias de feira. E independente de quem não estava lá, todo mundo que foi, parece ter dado seu melhor, com atrações todos os dias, lindos e enormes estandes, e uma bela apresentações de jogos que parte do público brasileiro ainda sonha em conquistar um dia. Não importa se já lançados ou não.
Então digo que foi muito importante o retorno da Brasil Game Show. De ver que a organização conseguiu passar por dois anos de pandemia, sob o risco de não conseguir sobreviver por tanto tempo parada. E que esse ano foi apenas um esquenta. Em 2023 não tenho dúvidas que o evento conseguirá ser ainda mais impactante e melhor do que esta edição de volta a normalidade. É como disse no título, foi uma BGS mais modesta, porém totalmente necessária. Precisávamos deste novo ponto de partida. Agora a largada foi dada, que se inicie os preparativos para a edição do próximo ano. Certamente espero estar presente por lá novamente.