Relato | Um passeio com o filho, de 10 anos, na Brasil Game Show 2022

A importância disso depois de um período pandêmico

Estou de volta para falar um pouco mais da Brasil Game Show 2022, depois da tradicional matéria sobre o evento, quero separar este espaço para relatar um pouco uma outra perspectiva sobre esse momento do evento: a de poder voltar ao evento com o Thales, que este ano completou 10 anos.

E entendo que é um ponto importante da cobertura do evento este ano porque as crianças passaram por um longo período em que tiveram suas infâncias pausadas, estagnadas, por conta da pandemia que passamos. Este aliás foi um dos argumentos que tive com a organização do evento, e um dos motivos pelo qual achei que seria importante levar o pequeno novamente ao evento, afinal a última vez que o Thales havia visitado a BGS foi em 2018, quando ele tinha 6 anos de idade.

Thales, aos 6, pequenininho na BGS 2018

Por conta de tudo que aconteceu nestes últimos anos, com certeza a ida ao evento este ano foi muito mais marcante pra ele, agora um pouco mais crescido também. Se tem uma coisa que me recordo de 2018, é que como era bem novinho, ele se cansou muito mais rapidamente do evento, e quis ir embora muito antes do que estava esperando.

Desta vez não, ele resistiu bravamente ao tempo em que eu precisava para ver todo o evento, pois diferente da outra ocasião, nesta BGS só pudemos ir um único dia. Em 2018, dediquei um dia para fazer tudo que precisava para a cobertura no site, e fui um segundo dia apenas para ele fazer o que bem entendesse.

Contudo, acho que a experiência de levá-lo esse ano foi interessante e até se integrou muito bem a matéria da cobertura tradicional. Tanto que mencionei ele algumas vezes lá no texto. E aqui posso elucidar um pouco mais alguns destes contextos.

Aos 10, soube aproveitar melhor um evento do porte da uma Brasil Game Show

Por exemplo, acho que vê-lo todo empolgado para jogar Fortnite num dos stands da BGS, sendo que é um jogo que ele joga praticamente todos os dias em casa, me faz perceber como para as crianças não importa muito se os títulos presentes no evento são inéditos ou não. Ele faz parte de uma geração que se sente muito mais confortável jogando aquilo que já conhece, do que ir buscar novos títulos, novas experiências. Uma geração meio presa ao comodismo. É muito curioso isso.

Talvez seja um reflexo do conflito entre a geração dele e da minha. Na minha geração, quando as crianças tinham seus videogames, também tínhamos as locadoras. Não era tão comum termos os jogos. Sempre era um ou outro. E nos finais de semana, íamos as locadoras procurar novas experiências. A geração do Thales não tem mais isso. Os jogos são gratuitos, cheios de microtransações, não existem mais locadores, e para a maioria das crianças, ter uma vasta biblioteca de jogos é irreal.

Claro que ele tem certas regalias de ter muitos jogos, por conta do meu trabalho editorial com o Portallos. Mas é também uma geração que se acostumou a “jogar pelo YouTube“, ou seja, ele se sente totalmente confortável vendo outras pessoas jogando, enquanto não faz questão de testar todo e qualquer jogo. Especialmente aqueles que vão lhe frustrar com Game Over e muitas mortes até a memória muscular começar a dar resultado. O pensamento é diferente.

E, claro, isso reflete também quando ele está numa Brasil Game Show. Ele vai procurar coisas que conhece, não importa se joga em casa ou não. Diferente de mim, que estava ali procurando títulos não lançados. Curioso, não? Mas acho que a conversa que tive com ele, e que relatei na outra matéria, foi importante também. Pois no fim, ele passou a procurar coisas que certamente ele não iria experimentar em casa, como a experiência em Realidade Virtual. Isso foi muito legal!

Contudo tem o outro lado disso, pois quando eu, como adulto, posso criticar esse tipo de atração com jogos muito conhecidos, e reclamo pela ausência de novidades, em uma Brasil Game Show, talvez não esteja plenamente sendo justo, pois é observando o Thales que consigo entender o peso e a importância destas atrações, com jogos há anos que foram lançados, e que seguem sendo um sucesso no evento. A bem verdade é que não sou o público alvo destas atrações. Faz muito sentido!

Já o segundo aspecto que acho importante relatar, pensando nesse passeio agora com uma criança de 10 anos na Brasil Game Show, diz respeito às comprinhas, já que lojas vendendo uma quantidade incrível de produtos também faz parte do DNA deste tipo de evento. Se nós, adultos, já ficamos louco, para uma criança isso é muito mais fácil.

Também notei uma diferença crível em relação ao Thales de 6 e 10 anos. Se em 2018, os brindes dos stands, um button aqui, um poster ali, um Pop Funko em promoção foram o suficiente, aos 10 anos, os olhos dele brilharam para outros aspectos da feira. Foi a primeira vez em que ele se deu conta de como são lindos os PC Gamers de perto. Aquelas máquinas com led, efeitos sonoros, que parecem algo do futuro. Caríssimas para a idade dele, claro, mas estão lá para deixar essa geração sonhar.

E assim, entre teclados coloridos, mouses enormes, o Thales encontrou algo que estaria acessível a ele: fones de ouvido gamer. Como já estou ensinando educação financeira a ele, o fone da Warrior ele comprou com sua própria mesada, pesquisando preços e conversando em alguns stands a respeito do acessório. Mas foi curioso ver a mão coçando para gastar sua suada mesada, a qual ficou meses guardando para poder levar a BGS.

Claro que a mão coça para sair comprando tudo…

Então assim, claro que o passeio dentro da Brasil Game Show, por si só, já é algo especial. Contudo acho que levar uma lembrancinha de lá faz parte da experiência. Quanto mais novo, talvez seja mais fácil saciar uma criança com algo pequeno. Contudo, aos 10 anos, acho que buttons e posters, brindes gerais do evento, não cobrem mais esse aspecto. Mas reforço a importância de criar um orçamento e ficar dentro dele, se a criança já tiver uma mesada, melhor ainda. Faça-a economizar e levar seu dinheirinho ao evento, e auxilie ela a não gastar na primeira coisa que brilhar em sua frente. Impeça a compulsão imediata. No nosso caso, andamos por todo o evento, até então discutirmos o que iríamos comprar e onde gastar.

Enfim, sei que o relato não é dos mais longos, mas acho que estes pontos são o que consigo tirar da Brasil Game Show 2022 com meu pequeno de 10 anos. Foi diferente de 4 anos atrás? Com certeza. Ele já está muito pouquinho mais maduro, aguentou a jornada da viagem, não quis ir embora antes da hora, soube administrar sua mesada, e apesar do impulso inicial de jogar o que já joga, o convenci a ficar em filas para jogar o que não conhecia, o que era diferente. Aos 10, ainda o considero uma criança, sem a nuance da pré-adolescência, que sei que está chegando nos próximos anos. Não sei se a experiência será diferente, mas isso talvez a gente descubra no futuro.

Dois gastadores…

Para terminar, só me resta agradecer a organização do evento, que por uma segunda ocasião, concedeu essa oportunidade de levá-lo ao BGS e permitir a realização desta matéria relato em torno da experiência. Deixo aqui meu muito obrigado!

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