Análise | Need for Speed Unbound

Disponível para PlayStation, Xbox & PC

Need for Speed Unbound é um destes títulos que observando de fora não parecem grande coisa, contudo quando se assume o volante e sai acelerando por um mundo todo estilizado com com gráficos bem idealizados para os atuais consoles da geração, é que se percebe que o título tem muito mais a oferecer do que possa aparentar de um olhar mais distante.

Lançado no começo de dezembro de 2022, esta nova edição de Need for Speed marca o retorno da Criterion Games assumindo as rédeas de seu desenvolvimento, após uma ausência de algumas edições, que ficaram a cargo da Ghost Games até então. Os últimos títulos da Criterion foram Most Wanted (2012) e Rivals (2013). Fazia um tempo, não?

E tem mais, parte da equipe da Codemasters, gigantesco estúdio de conceituadas IPs de jogos de corrida, como F1, DiRT e Grid, passou a integrar o time da Criterion em maio do ano passado, quando a Electronic Arts adquiriu a enorme companhia e seus estúdios. Foi uma integração na reta final do projeto, mas certamente foi uma ajuda mais do que bem vinda para o últimos meses antes do lançamento de Unbound.

Need for Speed Unbound chega ao nosso mercado nacional com localização em português por meio de legendas para todos os diálogos de história, assim como menus e tutoriais traduzidos em nosso idioma. Acho ótimo que seja mais um título que tenha tido a atenção para chegar em nosso idioma, mas não posso deixar de pontuar que em um jogo de corrida a qual os personagens conversam em meio a ação de perseguições e disputas, nem sempre é fácil prestar atenção na legenda. Num mundo ideal, faria muito mais sentido se houvesse dublagem em áudio para nosso português. Entretanto é melhor algo do que nada, certo? Que seja legendado então.

Unbound mantém a tradição da franquia Need for Speed, colocando jogadores para disputadas corridas em ambientes urbanos, em meio ao caos do trânsito, no melhor estilo Velozes e Furiosos, com perseguições policiais tanto durante, quanto antes e depois das corridas, em meio a um ambiente de exploração aberta, fragmentada em ciclos de dia e noite para participação de eventos. Progrida pela história, ganhe dinheiro, melhore seu carro e siga adiante neste ciclo, comprando novos carros, abrindo novas categorias de eventos, até se tornar reconhecido pelas ruas e estar no topo dos grandes corredores de Lakeshore City.

Estilosamente artístico

Um dos grandes atrativos de Unbound certamente é sua Direção de Arte, especialmente na forma primorosa como o jogo mistura gráficos reais com efeitos de elementos em cel-shading em arte grafite. O efeito, especialmente dos personagens, lembra um pouco de um visual mais animê, e apesar de soar estranho, os diretores de arte do jogo conseguirem mesclar perfeitamente ambos mundos.

Tudo começa, é claro, pelos carros, que apesar de um visual realista, esbanjam personalidades com arrancadas e efeitos de movimento que estão caracterizados nesse estilos artístico do grafite, sem com cores vibrantes e marcantes. É fantástico!

Apesar de não ter jogado Need for Speed Heat (2019), me lembro que o título já havia, na ocasião, brincado um pouco com esse estilo de arte mais chamativa, especialmente no neon para luzes e tal, contudo, Unbound vai muito além e consegue uma identidade e personalidade própria, que talvez há muito tempo um título de NFS não conseguia obter.

A única ressalva que talvez possa ser feito em relação a essa Direção de Arte diz respeito ao mundo do jogo em si. Personagens estão totalmente modelados em cel-shading, carros, ainda que reais, tem os efeitos em cores vibrante e arte grafite, enquanto que a cidade do jogo, Lakeshore City, mantém seu pé totalmente no gráfico realista, o que a torna um pouco comum demais. Talvez alguns elementos cel-shading pudessem criar um sentimento ainda mais imerso ao conceito apresentado. Claro que essa observação é muito mais sugestiva do que de demérito, afinal tudo ainda funciona muito bem, apesar desta pequena crítica.

Take me down to the… Lakeshore City

Não adianta, os anos passam, novos jogos são lançados, mas sempre que um jogo de corrida me levam para aceleradas disputas urbanas com perseguições policiais, Bunout Paradise City ressurge fortemente dentro do meu ser, dado é meu amor por esse grande clássico, uma obra prima da Criterion Games.

E estas memórias surgiram fortemente na hora inicial de Need for Speed Unbound, principalmente quando me deparei com uma jogabilidade que emula um pouco desse passado nas ruas de Paradise City. A polícia quando está atrás de você, surge sem dó ou piedade, optando por uma abordagem de colidir primeiro, perguntar depois. Os competidores das corridas também surgem ao seu lado e se tiverem espaço para colidir na sua traseira ou nas laterais, irão fazem sem qualquer problema.

Efeitos destas colisões não ficam permanentemente visíveis nos carros, mas o momento da colisão é visualmente impactante, com faíscas e destroços saindo do impacto. Se chocar totalmente com um carro vindo na contramão, ou em uma parede faz com que o jogo pare momentaneamente para lhe mostrar o impacto, ainda que em um tom sem tantas cores. Não faz o que Bunout fazia, que mostrava a lataria do carro amassando em uma agonizante câmera lenta, mas consegue um efeito nesse caminho de quão doloroso é um choque em alta velocidade.

Minha única crítica, e aqui coloco como (sim) um demérito, ocorre do jogo não oferecer a mecânica de Take Down, que tudo bem ser muito mais característica da extinta franquia Burnout do que de Need for Speed. Mas órfãos de Burnout tem todo esse direito de choro, e sou um destes. Take Down nada mais é do que investir agressivamente contra carros para fazê-los baterem e tirá-los, momentaneamente da corrida, o menos com policiais para que cessem a perseguição.

Em Unbound ainda é possível investir e bater em qualquer um, e dá para fazê-los se chocarem contra outros carros ou paredões, e isso vai desacelerá-los por alguns segundos, mas o que falta é aquele efeito visual, e um pouco de impacto também, do tipo em que o gameplay para por 1 segundo, demonstra a colisão e logo retorna para a ação – e seria ótimo se isso também enchesse o Nitro, o que não é o caso em Unbound. E é curioso, pois o título tem TUDO para que isso funcione e… não utiliza do recurso. Vai entender.

A herança de Burnout Paradise City também segue por aqui com a destruição de Outdoors, algo que até mesmo outras franquias concorrentes, como Forza Horizon, adotaram posteriormente, entretanto fiquei contente de descobrir que há também Ursos enormes e Arte de Rua que podem ser encontradas e coletadas pelas ruas de Lakeshore. Uma pena que essa exploração para colecionáveis não gere muitas recompensas ao jogador. É apenas um recurso para se perder na imersão da cidade, não sendo o suficiente para lhe auxiliar pela progressão da história.

No mais, existem semelhanças inerentes ao gênero de corrida baseada em disputas urbanas, com carros modificados. Nitro, por exemplo, todos os veículos possuem, e para encher sua barra de propulsão é preciso realizar drift (derrapar nas curvas), saltar ou pegar o vácuo de ar atrás de seus adversários. Passar uma fina em outros carros também ajudar a encher. Contudo, o nitro acaba sendo um recurso muito limitado, a qual não se pode usar a todo momento, o que me deixou um pouco frustrado nas horas iniciais. Se torna um recurso de emergência, para quando se faz uma curva errada ou bate em algum veículo, para justamente retomar a velocidade em que se encontrava antes do erro de direção.

A jogabilidade de Unbound também segue um estilo muito mais arcade do que simulação, contudo tem diversas opções de menu para ajustar isso como bem entender, incluindo diversos opções de controle para realizar drift. Mesmo assim a minha impressão pessoal é que a direção é um pouco mais pesada e realista do que clássicos de arcade, como ocorre na comparação com Burnout Paradise City. Chega bem perto, mas ainda emula uma jogabilidade mais moderna, com peso a depender do carro. Ou seja, há todo um feeling (sentimento) dos tempos de Burnout, entretanto não nos deixa esquecer que estamos em um Need for Speed.

Corra até… sábado!

No que diz respeito a progressão de Need for Speed Unbound, o conceito é interessante, ainda que não seja tão livre como gostaria que fosse. O modo história segue a clássica narrativa do protagonista, cheio de potencial, que sai do zero para se tornar o campeão das ruas, e isso ocorre corrida a corrida, evento a evento. Existe no meio de tudo isso uma história de amizade traída, que gera a rivalidade durante as disputas, em meio a uma oficina mecânica que sofreu um roube e perdeu tudo, a qual o seu sucesso irá reergue-la novamente. Não é uma narrativa genial, mas também não dá para dizer que é péssima. Apenas faz o que precisa fazer para justificar o gameplay, elemento funcional do jogo.

Então há o formato de progressão por essa trama. Para subir no ranking destas competições é necessário participar de um evento que ocorre sempre aos sábados. Para concorrer é preciso pagar a taxa de inscrição, e como você é um corredor que sai do zero, é preciso correr em outras disputas ao longo de toda uma semana para conseguir o dinheiro para esse evento principal aos sábados.

Esse sistema tem um alto peso de risco e recompensa. No modo normal, não é nada fácil vencer as primeiras corridas, ainda nesse momento inicial da campanha, em primeiro lugar. A inteligência artificial dos adversários é muito boa, e não facilita as coisas caso o jogador vá jogando mal. É preciso garra e atenção nas corridas. A boa é que qualquer posição dá uma quantia de dinheiro, ainda que quando melhor a posição, maior será o valor.

E para não ter essa sensação de frustração ao não bater o primeiro lugar, antes de cada corrida é possível apostar uma grana contra um corredor qualquer da lista. Ao fazer isso, a meta do jogador acaba sendo vencer esse outro motorista, e garantir o valor da aposto. É um inteligente recurso para justificar correr sem necessariamente ficar sedento pela primeira posição. E tem o risco, claro, já que perder a aposta, e chegar em baixas posições, pode até mesmo lhe dar prejuízo, saindo da disputa sem a grana colocada para a inscrição e sem a grana da aposta, que sai do seu bolso.

Nesse formato de progressão o jogador vai ter um ciclo de seis dias e seis noites para ganhar dinheiro para duas coisas: aprimorar seu carro e se inscrever no evento principal ao sábado. 12 ciclos então, sendo o par deles compondo um dia completo. Durante o dia, os eventos pagam menos, e são mais fáceis, contudo a polícia vai detectar as corridas e um alerta de procurado irá ser colocado. Quando mais corridas, mais perseguições ao final de cada uma, e quanto mais demorar para escapar deles, maior será o seu alerta, indo de nível 1 ao 5.

Esse alerta é transportado para o ciclo noturno desse mesmo dia, o que significa que a polícia estará mais agressiva, enquanto as corridas também estarão mais desafiadores. E a fórmula do risco e recompensa vai fazendo essa balança: competir demais durante o dia torna a polícia mais agressiva a noite. É melhor competir muito durante o dia, garantir valores pequenos, ou deixar o nível da polícia baixo, para competir a noite que tem pagamentos maiores a cada corrida? Cabe ao jogador decidir. Ao final de cada noite, o alerta policial é resetado e tudo começa novamente.

Outro ponto curioso é que neste sistema de progressão de Unbound, estas muitas horas iniciais da campanha principal, faz com que o jogador não ganhe expressivas quantidades de dinheiro, E o que você irá ganhar não vai lhe ajudar neste momento a conseguir novos carros. O dinheiro destas horas vai muito para aprimorar seu primeiro carro, a qual passará por grande parte da campanha. E sim, é preciso aprimorar para conseguir melhores posições nas corridas. Faz toda a diferença.

Não que o jogo não lhe uma galeria enorme de carros e categorias dos mesmos. Até há, mas os valores são expressivamente grandes para aquisição, o que deixa bem claro que serão um recurso para muito mais a frente da campanha, quando dinheiro não for mais um problema. São para um segundo momento dessa jogabilidade.

Isso, por sinal, me faz pensar se não é proposital. Atualmente a EA tem esse cenário a qual vende assinaturas do serviço do EA Play e uma das coisas mais atraentes no serviço é permitir que certos lançamentos possam ser apreciados de forma temporária pelos usuários do serviço. Normalmente 10 horas de gameplay são concedidos assim.

Aí penso em como o prólogo de NFS Unbound é longo. Você basicamente começa com um baita carro, totalmente competitivo, e vai participando de uma série de corridas, enquanto aprende as mecânicas do jogo, é apresentando ao mundo e seus personagens. Isso vai algumas horas, não é coisa de hora inicial. Depois disso é que o jogo realmente começa, resetando estes status pro meio de uma trama de roubo e salto de alguns anos da história, e o jogo recomeça de novo, agora mais solte no mundo e com esse esquema de ciclos dia e noite. Não vai levar 10 horas, mas é um tempo considerável. Uma curva inicial claramente sem pressa alguma. E volto a pensar que isso parece ter a ver com esse tempo de experimentação. Para não dar a chance do jogador ir expressivamente a fundo da campanha e sentir que foi o suficiente para ver tudo. Claramente não dá tempo.

Enfim, voltando ao gameplay, toda essa explanação para pontuar algumas coisas: as horas iniciais da campanha requer um pouco de paciência, pois é lenta, tem uma dificuldade mais elevada e pode frustrar àqueles que sentem a necessidade de vencer cada corrida chegando em primeiro lugar. O esquema de exploração por ciclos dia/noite também segura um pouco o jogador que curte explorar e escolher entre dezenas de eventos de forma aleatória se sem necessariamente uma ordem específica. No começo você tem poucas opções por dia e por noite, então é realizar estes ventos, pegar alguns colecionáveis e seguir para o próximo ciclo. Nada justifica ficar demais explorando um ciclo com eventos já realizados. Para quem curte o mundo, volto ao exemplo, de Burnout Paradise City, isso vai soar um pouco chato.

A mesma coisa para quem aprecia colecionar todos os carros de um jogo de corrida. Unbound vai lhe permitir adquirir dezenas de carros, mas não será sua meta durante boa parte da campanha em si. Leva-se um bom tempo até isso acontecer. Jogar com o mesmo carro por horas e horas pode ser decepcionante para alguns, ainda que com os aprimoramentos seja possível sentir a melhora significativa de seu veículo inicial. Nesse ponto não vi problema, já que a sensação de estar me tornando melhor e mais veloz, é bastante perceptível.

Todos estes pontos não tornam Need for Speed Unbound ruim, ainda que sejam pontos que se tornam críticas, o título ainda entrega uma excelente jogabilidade, animadas corridas, um mundo aberto muito bem desenhado, somado a uma incrível direção de arte. Fora que o esquema de ciclo dia/noite, dá exatamente a sensação de objetividade, o que também é apreciado por uma boa parte da comunidade que gosta do gênero. Ou seja, trata-se de um título com pontos altos e pontos fracos, mas que ainda é um dos melhores Need for Speed em anos.

Considerações finais

Need for Speed Unbound foi lançado dentro de um período em que não está competindo com nenhum outro jogo semelhante, o que certamente o fortalece muito neste momento. Tudo bem que em 2022 houve a chegada de Gran Turismo 7 no PlayStation, contudo, trata-se de um gênero muito mais direcionado aos fãs de simuladores, não competindo diretamente com a proposta de um NFS.

Talvez o maior rival de NFS seja Forza Horizon, contudo sua última edição aconteceu em 2021 e a próxima, prevista para o final deste ano, é a tradicional edição Motorsport, que tem uma pegada de simulação e realismo, fugindo do conceito arcade que também é muito agradável aos jogos de corrida. Unbound pode, nesse espaço de tempo, se aproveitar dessa janela e reinar um pouco dentro os competidores.

Dito isso, a Criterion Games ainda não revelou a Road Map de NFS Unbound para 2023, a qual a mesma prometeu fazer no próximo mês (março). Contudo o que se sabe é que o estúdio já prometeu novas atualizações gratuitas com conteúdos que irão adicionar novos recursos, atividades e experiências. Resta apenas aguardar pelas novidades!

Porém não é preciso esperar o futuro para sair apreciando Need for Speed Unbound, porque a verdade é que o ponto em que jogo se encontra neste momento é o suficiente para garantir a diversão que o título promete e consegue entregar.

Sua campanha vai durar entre 30 a 40 horas de gameplay, e ainda que possa soar repetitiva depois de certa quantidade de horas, ainda assim faz justamente o que se propõe a ser, corrida atrás de corrida, perseguições atrás de perseguições, enquanto o jogador vai sentir que está progredindo em suas habilidades de direção, aprimorando seu carro, sua oficina, customizando seu personagem e adquirindo novos veículos com diferentes atributos de drift, velocidade e potência.

Entretanto vale uma crítica. Unbound também oferece uma modalidade Multiplayer Online. Não é um modo que vale uma extensa análise, pois na verdade ela oferece o que exatamente é oferecido na campanha de história, contudo, ao invés de se competir com a CPU, os eventos são realizados com jogadores reais. E estranhamente não existe perseguições policiais. Até aí tudo bem, só que o ponto crítico é que toda a sua progressão de carros e aprimoramentos, e até mesmo seu personagem, no modo história não é transportado ao modo online, o que significa que o jogador precisa recomeçar tudo do zero no Modo Online. Soa um pouco decepcionante não poder levar seus carros ao Online, não? Faz uma falta uma opção que deixasse fazer isso.

Em outro espectro, um elogio: Need for Speed Unbound não possui qualquer tipo de microtransação, e é sabido como no passado isso chegou a ser horrível para a franquia. Sim, o jogador precisa ganhar dinheiro em ambos os modos, single e multi, para progredir e adquirir novos e melhores carros, além de itens de personalização de seu avatar, mas só se conseguem fazer isso com o sistema monetário de recompensas do jogo. Não dá pra usar dinheiro real para acelerar isso, o que torna mais justo a todos.

Também posso falar um pouco da experiência de Unbound no PlayStation 5, plataforma a qual utilizei para a experiência descrita nesta análise. Visualmente no PS5 o jogo parece atingir seu ápice gráfico, com sombras, reflexos, profundidade nos detalhes, partículas e tudo mais. Tudo é lindo, bem modelado, e soa como um jogo de nova geração na plataforma. Passar por diferentes terrenos, poças d’água, chuva, noite, dia… tudo é muito bem feito. Incluindo o charme que são os efeitos em cel-shading em grafite.

Na questão do Dual Sense, que também tem suas particularidades em relação aos controles da concorrência, há apenas pequenas funções que aqui são utilizadas. Os gatilhos com pressão não entregam um pressionar expressivo na aceleração como ocorre em Gran Turismo 7, deixando a jogabilidade restrita a pequenas vibrações nos extremos dos gatilhos. Em termos de recursos que o controle pode oferecer, o título não conseguiu me impressionar em nenhum aspecto. O que é uma pena. Mas tudo funciona bem, e os controles são precisos e funcionais.

No mais, acredito que Unbound possa ter outros aspectos que despertem a atenção de certos tipos de audiência. A trilha sonora, por exemplo, não despertou muito a minha atenção, porém entrega muitos hits de sucesso dentro da cultura do Rap & Hip Hop, deixando de lado uma coisa mais Pop & Rock que ouvia a exaustão no, tão mencionado, Burnout. É uma trilha que conversa muito bem com uma geração mais nova, o que entendo. E é por isso também que o título tem grandes marcas de roupas, por exemplo, dentro do sistema de customização do seu avatar estilizado. Esteticamente a direção do jogo fala muito com um público jovem nestes aspectos.

E isso é Need for Speed Unbound. Uma excelente edição, retornando ao crivo da Criterion Games, abandonando alguns erros de suas últimas edições, limpando um pouco da gordura de seu passado, puxando muito da simplicidade dos clássicos da série, mas sem dar as camadas de opções que os jogos atuais precisam para a longa cauda de jogabilidade. Há que se dar muito mérito para a Direção de Arte do jogo, que torna a edição ímpar em termos visuais. Ao fim do dia, um jogo de corrida arcade precisa justamente destes elementos: ser bonito, interessante de se explorar, divertido e desafiador. E esta edição entrega tudo isso. Não está revolucionando a franquia, mas certamente a coloca de volta na estrada, numa viagem que vale a pena ser realizada.

Galeria

1 / 51

Dando nota

Direção de arte entrega um resultado único, criando um fantástico visual - 10
Existe uma vibe inspirada em Burnout Paradise City, mas sem a marca de um sucessor espiritual - 8
Fórmula de risco e recompensa dá um tempero interessante ao gameplay - 8.5
Jogabilidade tem flexibilidade com os controles, o que permite acessibilidade ao gosto do jogador - 8.5
Multiplayer Online lhe permite explorar todo o mundo da campanha e seus eventos, mas progressão não é compartilhada - 6.5
Perseguições policiais seguem divertidas e ainda dão o tom do universo Need for Speed - 8
Longa curva de gameplay, leva-se bastante tempo para maior flexibilidade de veículos - 7.5

8.1

Estiloso

Need for Speed Unbound é uma edição ímpar de uma franquia que há muito pede por novidades, a qual sob o desenvolvimento novamente pela Criterion Games, há um excelente resultado em diversos aspectos. Sua direção de arte é soberba, mesclando realista com arte de grafite em cel-shading. O gameplay e diversos elementos trazem certa nostalgia de outro sucesso do estúdio, Burnout Paradise City, ainda que não chegue a pisar propriamente nesse solo, mantendo o DNA de um NFS. A campanha principal é longa, a curva inicial idem, repleta de atividades, o esquema de risco e recompensa é interessante e dá ao jogador o que pensar. O multiplayer online não tem a mesma expressividade, mas está aí para quem se interessar, e funciona bem. No geral é a melhor edição de Need for Speed em muitos anos.

Sair da versão mobile