Análise | Fire Emblem Engage
Disponível para Nintendo Switch
Fire Emblem Engage é mais uma edição de uma franquia famosa por entregar aventuras repletas de batalhas de fantasia medieval dentro do gênero de RPG e Estratégia Tática. Diferente da edição de 2019 (Three Houses), esta nova edição leva os jogadores para um conto de mil anos, em um novo continue, com uma nova direção de arte e sem tantos caminhos alternativos ou escolhas para ditar o rumo da narrativa. O que temos em Engage é uma incrível homenagem ao universo de Fire Emblem, em meio a muitas batalhas táticas que vão exigir atenção e planejamento dos jogadores.
Seu desenvolvimento segue nas mãos da Intelligent Systems, mesmo estúdio, pertencente a própria Nintendo, que foi responsável pelos títulos principais da franquia, assim como também é o estúdio responsável pelos jogos da série RPG de Paper Mario. Ou seja, é um time que sabe trabalhar com o gênero. Fire Emblem Engage foi lançado no último dia 20 de janeiro e é um título exclusivo para Nintendo Switch.
Sendo mais um Fire Emblem sendo lançado no Switch, talvez isso soe um alerta para algum dono do console, do tipo: “mas ainda nem joguei Three Houses, como vou entender Engage?“. A boa notícia é que não é preciso ter jogado qualquer Fire Emblem já lançado para adentrar neste novo lançamento. Isso porque boa parte dos jogos da franquia não fazem conexões entre si, e muitos passam em universos próprios, sem uma cronologia específica. Fire Emblem Engage possui uma história própria, que parte de uma narrativa isolada de outros jogos.
O que existe em Engage, que talvez possa levar os jogadores a pensar nos jogos anteriores desse universo, é um elemento de gameplay que utiliza como invocações personagens clássicos oriundos de outros jogos da franquia, que surgem aqui como espíritos presos dentro de anéis especiais. Não conhecer estes personagens de outros jogos não prejudica em nada a narrativa, tendo em vista que nem os próprios personagens de Engage sabem sobre o passado e importância de cada um destes heróis em seus próprios jogos. Ao fãs, esse elemento é fantástico, e felizmente é algo que não prejudica em nada os jogadores que estão chegando agora. No mínimo esse elemento irá deixá-los curiosos para saber de onde e em qual jogo esse ou aquele personagem se originou.
Uma importante ressalta, tendo em vista o compromisso da Nintendo de lançar mais e mais jogos localizados em português, é que infelizmente Fire Emblem Engage chega oficialmente ao Brasil sem possuir uma localização em nosso idioma. Ao que tudo indica, jogos localizados em português seguem restritos a lançamentos com uma característica mais “diversão em família“, como Nintendo Switch Sports, Kirby’s Dream Buffet, Mario Strikers: Battle League e Mario Party Superstars. Ainda não foi desta vez que um título um pouco mais maduro chega ao nosso idioma.
Fuuuuuuusão!
A grande novidade desta edição, em termos de mecânica de batalha, é o recurso que dá nome ao subtítulo do jogo, Engage. Alguns personagens chaves podem carregar um anel chamado “Emblem Ring“, cada anel, como mencionado, carrega um espírito de um personagem do passado da franquia, que vai se fundir ao seu usuário por alguns turnos, permitindo que o jogador utilize poderosos golpes.
Na trama, você é aquele que despertou depois de mil anos, o herói da proferia, que venceu um grande mal no passado e deve batalhar mais um vez contra mais um mal que assola todo o continente da história. Para isso, reunir os anéis, tal como aliados que possam portar estes anéis, se torna essencial para o sucesso da empreitada. Basicamente este é a sinopse principal do jogo.
Não digo que é uma história ruim, mas é bem batida, típico das narrativas japonesas quando se trata de fantasia medieval. Nesse aspecto, Three Houses, trazia uma trama um pouco mais complexa, que misturava caminhos alternativos e facções diferente que criava resultados diferentes para o desenrolar da história. Engage deixa de lado esse conceito para se aproveitar de uma história linear, sem decisões, escolhas e caminhos alternativos. Via de regra, funciona também, mas cria esse sentimento de que a narrativa sai um pouco da mão do jogador, para apenas acompanhar aquilo que o roteiro impõem.
Contudo, entendo que Engage trabalha bem quando se propõe a ser um conto direcionado. Dá a oportunidade dos personagens secundários brilharem em certos momentos, enquanto a trama em si não tem desvios inesperados por conta das escolhas do jogador. Tudo que precisa acontecer para impactar a trama, vai acontecer. Inclusive a morte de personagens ou traições inesperadas. O ponto é que nada disso deixa de ser clichê nesse tipo de história. Clichês não são necessariamente ruins, mas são perigosos nesse tipo de perspectiva.
Quanto as fusões entre personagens do passado e o elenco criado para este novo título, o que tenho a dizer é que trata-se de uma mecânica realmente interessante e que facilmente muda o ritmo e a dinâmica de um combate estratégico por turno. Especialmente porque sendo um RPG tático, significa que o jogador sempre tem a mobilidade pelo tabuleiro como algo a ser planejado, contudo, com as fusões, certos personagens podem executar ações que normalmente esse tipo de jogabilidade não permitiria, como andar por dois turnos ou até mesmo se teletransportar de um lugar para o outro e ainda atacar um adversário distante.
Aprender como cada fusão funciona torna-se essencial parar criar diferentes estratégias de combate. Claro que a fusão também não é um recurso ilimitado, o que certamente iria facilitar demais o desafio do jogo caso fosse. O jogador pode ativar a mesma mais de uma vez em batalha, com o mesmo personagem, porém para isso acaba sendo necessário ir até um ponto específico (azul) do tabuleiro que permite a recarga da habilidade. E esse ponto nem sempre está estrategicamente no melhor lugar para seguir atacando.
Também vale apontar que estas fusões não são todas apresentadas ao jogador logo no começo da campanha. A descoberta de novos Emblem Rings vai ocorrendo de forma cadenciada, porque parte da jornada é encontrar e recolher todos os anéis existentes no continente, o que o levará a viajar por diferentes reinos, levando certo tempo, e capítulos de história, entre eles. Por isso, na curva inicial, sua equipe ainda terá muitos aliados que serão combatentes normais, sem fusão e sem enormes golpes ou habilidades especiais. E conforme a aventura progride, anéis são encontrados, fusões são adquiridas e com isso os inimigos também passam a ser mais perigosos e fortes, contra balanceando uma equipe cheia de fusões.
No tabuleiro da batalha
Como já mencionado, Fire Emblem Engage é um jogo de estratégia tática, com elementos de RPG. Isso significa que os personagens se movem em um tabuleiro, casa a casa, turno a turno. O jogador anda com todos os membros da sua equipe e depois disso é a CPU quem vai andar. Ao andar, estando no alcance de atacar um inimigo, pode atacá-lo. Simples, mas não quer dizer que não seja complexo.
Primeiro que o terreno influencia um pouco. Há paredes, escadarias e pontos em que alguns personagens podem subir ou pular, enquanto outros não. Existe, por exemplo, uma classe de cavaleiro montado em um pégaso que pode subir em pequenas muralhas, e até mesmo atacar de cima dela. Arqueiros e magos não precisam estar na casa ao lado do inimigo, podendo se manter duas casas de distância, mas seus ataques não podem atravessar grandes paredões, mas pequenas muretas tudo bem.
Segundo que todo ataque gera um contra ataque do adversário. Então há que se tomar o cuidado para não atacar um inimigo mais forte do que você, caso contrário o dano do contra ataque será muito maior do que o dano causado. E aqui é sistema segue a clássica regra da Pedra, Papel e Tesoura. Espada vence Machado que vence Lança que vence Espada. Tenha isso em mente ao escolher sua equipe e quem cada um irá atacar.
Como é comum aos jogos de Fire Emblem, há muitas classes de personagens, tanto de suporte, quanto de ataque físico ou mágico. Tem os curandeiros, que usam cajado para proteger e curar aliados. Tem as montarias, a qual os cavalos permitem que o personagem ande muito mais casas do que os demais companheiros. Tem quem use armadura pesada e um escudão, fortes na defesa física, mas fracos na defesa mágica. Tem alguns que são mais brutamontes, que aguentam atacas, atiram machados e vão para linha de ataque sem medo. E, claro, há os espadachins, habilidosos com a espada e que atacam e contra atacam com ferocidade.
Cada personagem em Engage possui características singulares na hora do combate. E chega um ponto da progressão da história que você terá mais do que o necessário para a equipe, o que irá exigir que deixe alguns de fora. E cada personagem ganha experiência somente quando utilizado, o que faz alguns subirem mais rápido do que outros nas partidas. Vale ficar de olho nos que não estão sendo utilizados para que depois não seja difícil demais colocá-los em partidas avançadas. Sempre rotacione sua equipe e coloque todo mundo que goste ou ache necessário usar, especialmente analisando as diferentes classes de personagens.
E se você é um jogador das antigas, talvez esteja se perguntando se a morte de um personagem em batalha pode ser permanente em Engage. Jogos clássicos de RPG Táticos normalmente são assim. Aqui os desenvolvedores optaram por atender a todos os gostos. Dá para jogar com morte permanente, o que te fará perder esse aliado para todo o resto do jogo, como dá para desligar e, então, o personagem apenas se retira da batalha quando nocauteado e retornará na próxima partida se o jogador assim desejar.
Esse aspecto da morte de um personagem é bem tenso, porque muitas vezes em uma jogada errada, um personagem de menor level ou fraco contra determinado tipo de inimigo pode morrer com um único ataque adversário. Jogar com morte permanente exige que o jogador não seja imprudente e fique muito mais atento com os membros mais frágeis da sua equipe, assim como a posição dos inimigos que possuem a vantagem da arma ou tipo de ataque, em relação aos membros da sua equipe. É preciso ter sangue frio ao jogar com essa opção ligado, não vou negar.
Também não posso deixar de mencionar como é bacana o recurso visual criado para os momentos em que os personagens aplicam os golpes em seus adversários. Apesar do jogo manter a ação em grande parte com a câmera superior, deixando amplo a visão do tabuleiro, no momento em que uma ação é executada, essa mesma câmera desce até se posicionar atrás do personagem que irá atacar, permitindo que o jogador tenha um lindo visual do ataque em si. A câmera se mantém nessa posição durante todo o ataque e contra ataque, retornando a posição de tabuleiro somente quando ambos os personagens param de atacar. Não é um estilo estético exclusivo deste Fire Emblem, mas é muito bom que resolveram mantém nesta edição também. Isso deixa as batalhas muito mais cinematográficas, sem que haja a perda do charme tático e estratégico quando se está planejando os movimentos ou acompanhando o que a CPU está realizando em seu turno.
As batalhas também duram um tempo considerável entre os capítulos de história e atividades secundárias. São partidas que podem levar entre 30 minutos até 1 hora inteira, a depender de cada jogador e seu tempo de planejamento em cada turno. Isso é característica do gênero de batalha por turno, a qual não é preciso ter pressa e não há um relógio te apressando. Inclusive o jogo ter permite pausar a partida e salvar a situação a qualquer momento, o que é prático, dada a portabilidade que também é possível com o Nintendo Switch. As vezes a vida está tão corrida que não dá tempo de jogar por muito tempo, e o jogo entende isso. Ótimo.
Objetividade na condução da experiência
Quando não se está batalhando, Fire Emblem Engage traz como imposição deixar a condução da situação de gameplay mais simples e tranquila possível, fazendo que o jogador sente e assista diversas cutscenes e situações narrativas. São momentos em que dá para largar o controle e apenas curtir a história se desenrolando.
Talvez isso possa parecer chato, mas surpreendentemente não é. Isso acontece por algumas razões, como o fato de que todos os diálogos possuem áudios (em inglês ou japonês), então torna muito mais gostoso acompanhar estes personagens que falam e demonstram na voz emoções e personalidades. Além disso o jogo realmente tem muitas cutscenes in-game, a qual podemos ver os personagens se movimentando e gesticulando. Parece bobo dizer isso, mas jogos japoneses tem muito dessa coisa de telas estáticas e caixas de textos, a qual o jogador de lá não se importa muito em ficar apenas lendo. Esta edição foge muito desse estilo parado e sem graça para o público do ocidente. Sorte nossa!
Essa condução objetiva também se traduz nos segmentos de exploração que existe ao final de cada partida de batalha. Quando isso ocorre o jogador é convidado a andar por um pequeno ambiente, conversando com os membros de sua equipe, coletando pequenos itens pelo cenário e adotando animais, que serão enviados para sua base. Claro que se não quiser fazer nada disso, é dada a opção de sair da área e seguir adiante com a aventura.
Contudo conversar com os personagens é uma importante mecânica para destravar novos diálogos de história, assim como para aprimorar o laço que você pode ter com membros da sua equipe, o que lhe dará alguns bônus de combate para quando estiver ao lados destes em batalha. Personagens também lhe dão cristais que são usados para subir o nível destas relações sociais.
A única crítica que pode ser feito em relação à essa mecânica de conversar é que boa parte das vezes os personagens não tem nada incrível assim para lhe contar. Se limitam a comentar sobre a batalha vencida e raramente falam de histórias que deem contexto aos mesmos, além daquilo que você já aprendeu sobre eles no desenrolar natural da trama. A minha expectativa era de que estes personagens contassem histórias paralelas de seus passados ou boas lições de moralidade. Mas não.
De toda forma, o jogador pode esperar uma quantidade considerável de animações, cutscenes e diálogos durante toda a campanha principal de Fire Emblem Engage. Do tipo que vai lhe deixar vários minutos apenas acompanhando a história, que tem momentos de tensão, emoção e reviravoltas, como é esperado de contos de fantasia medieval. Há que se gostar de uma contação de história.
Vale, contudo, ponderar se toda essa objetividade é ou não um demérito ao jogo, especialmente quando comparado com sua versão anterior de 2019, bem mais aberta e complexa em sua experiência. Colocado isso em pauta, sou da opinião que não é uma qualidade ruim a direção mais simplista, especialmente quando penso em como Three House sobrecarrega o jogador com muitas mecânicas, atividades e elementos.
Ambos os jeitos funcionam, essa é a verdade, e me parece que é um aspecto que novamente fica ao gosto individual de cada um. E num mundo em que jogos enrolam demais, e os jogadores mais adultos possuem cada vez menos tempo, tenho que admitir que a direção mais objetiva de Engage me agrada bem mais. Não tive aquela sensação de que a trama principal parou porque simplesmente resolvi adotar alguns animais ou coletar alguns itens.
Contudo não é como se Fire Emblem Engage deixasse de lado missões opcionais ou atividades extras. Pelo contrário, ainda há muito pelo que fazer além da campanha principal, e fica ao jogador o melhor momento para realizá-las.
Contos secundários irão levar os jogadores a novos ambientes de mundo, e inclusive podem render novos aliados a sua equipe, contudo você precisa ir até esse personagem e realizar um diálogo com ele antes da batalha acabar. Já conflitos, a qual o jogo chama de skirmish, são batalhas em quê o jogador retorna a ambientes previamente vencidos para lidar com uma horda de inimigos, e diferente das batalhas principais, a qual geralmente ao se vencer o líder se vence a partida, nestes conflitos reprisados, deve eliminar todos os inimigos, e que estão em maior número do que a batalha original vencida no ambiente. É um ótimo desafio.
E então há sua base, a qual se tem acesso a diversas áreas que vão sendo destravadas ao longo da aventura. Conforme a história avança, novos NPCs vão surgindo, desejando juntar a causa de reunir os poderosos anéis e com isso novas opções de entretenimento vão surgindo. Você pode conversar com os membros da suas equipes, e os diálogos com maior significância serão marcados na tela, o que também irá melhorar seu vínculo de batalha com essa pessoa. Até mesmo os espíritos dos anéis ficam pela base.
Na base o jogador terá acesso a lojistas com equipamentos, itens e outras parafernálias típicas de jogos de RPG. Para quem não quer ter o trabalho com gerencialmente de menu, já que cada aliado pode carregar diferentes armas e itens em um espaço de 5 slots, é possível pedir para que o jogo arrume todo o inventário dos personagens de forma automatizada, com um único clique de botão. Usei esse recursos algumas vezes e achei inteligente, colocando as melhores armas e itens nos locais certos para cada personagem. Trabalho pra quê, não? Mas é claro, quem deseja passar por essa experiência manualmente, pode fazê-lo.
Contudo a impressão é que até mesmo na base existe esse conceito de objetividade. Num clique de botão se tem acesso a um menu com o nome de todas as áreas da base e onde se encontra cada personagem interativo, sendo possível fazer uma rápida viagem instantânea até o local, sem precisar ficar correndo por corredores e locais de transição entre os ambientes. Muito prático mesmo.
Considerações finais
Fire Emblem Engage definitivamente é um excelente lançamento para abrir o calendário de lançamentos do Nintendo Switch em 2023. Um título forte, pensado num público mais hardcore e adulto, que não atropela nenhum outro grande lançamento atual da plataforma, e chegando numa ótima janela desde o último Fire Emblem tático, lá de 2019.
Uma edição que se mantém fiel as premissas da franquia, mas que também consegue trazer novas ideias, ao mesmo tempo em que está olhando e homenageando seu passado, resgatando personagens conhecidos e alguns outros nem tanto, já que existe muitos jogos da série que são desconhecidos do público em geral. Os combates por turno, baseado em tabuleiro e muita estratégia tática ainda funcionam numa era de jogadores ansiosos e agitados por ação ininterrupta, graças ao formato visual e automatizado que a jogabilidade pode se desenvolver, sem que isso, claro prejudique a turma das antigas, que adoram gerenciar inventários e navegar por menus.
Claro que é preciso ponderar toda a questão da objetividade que abordei num segmento próprio desta análise. Há muita história, muitos diálogos e nem todos são um primor literário. Fica-se muito tempo apenas acompanhando o decorrer dos eventos, ainda que haja uma opção de pular isso, não é algo que recomendaria fazer num primeiro gameplay. No contraponto do argumento, também gosto da ideia de diálogos que aprimoram o vínculos dos personagens e disso impactar atributos usados em combate. E quando mais laços, mais diálogos serão desbloqueados.
A exploração objetiva, bem limitada, é algo que me pareceu estar ali pela simplesmente necessidade de haver algo além do esquema dos combates. No espaço social, sua base, entendo a sua necessidade de explorar e procurar algumas atividades opcionais, mas nas áreas pós-combate? Não acho que seja algo que vá empolgar qualquer jogador. É o básico do básico de tal recurso. Felizmente não é algo que tome tanto tempo do jogador.
Indo adiante, não posso deixar de elogiar os gráficos cel-shading do jogo, lindos para o porte do Nintendo Switch, que deixam as cutscenes quase como se estivesse assistindo um dos muitos animês 3D que existem atualmente (assistam Trigun Stampede). Isso vale também para os momentos de jogabilidade, tanto dos cenários com amplos detalhes, como das animações dos golpes na hora da ação. É tudo lindo demais, bem mais do que Three House entregava em 2019.
E a trilha sonora acompanha essa qualidade gráfica. As faixas instrumentais das batalhas são excelentes, andando de acordo com a ação do combate. Mas o que mais se destaque pra mim, na questão sonora, são as faixas de dublagens dos personagens, em inglês e japonês, tendo em vista que o jogo tem muita história e muitos diálogos. Tem isso em faixas em áudio é infinitamente mais interessante e animador do que se houvessem apenas textos para serem lidos. Se tem uma crítica a se fazer nesse aspecto, é lamentar que não haja legendas em português.
Também me peguei entretido em pequenos detalhes que existem no gameplay. Por exemplo, quando em combate em vilas, é possível parar em frente de algumas casas e receber itens de quem está dentro da casa, agradecendo pela proteção, enquanto se um inimigo chegar ali antes, ele irá atacar quem esteja ali. Jogando Online, também é possível ver alguns pontos do tabuleiro em que jogadores morreram e conseguir pontos de experiência deixando algum personagem parar no ponto marcado. São pequenos aspectos de jogabilidade que vão dando camadas a complexidade do combate, de avançar ou proteger, ou conquistar, mas se arriscar.
No mais, acredito que Fire Emblem Engage cumpre tudo o que promete. Batalhas táticas empolgantes, diversas classes de personagens, diferentes inimigos, longas e duradouras batalhas. Atende tanto aos veteranos do gênero que adoram gerenciar menus e ver seus personagens morrerem para sempre, quando a quem não curte se frustrar demais, permitindo apenas que o personagem seja nocauteado e retirado da batalha em si, assim como gerenciar equipamentos e armas de forma mais automatizada. É um título com uma boa longevidade, de 30/40 horas para ser vencido, podendo ser ainda mais se feito todas as batalhas e atividades opcionais e secundárias. Um jogo perfeito aos amantes do gênero estratégia táticas. Não há dúvidas nenhuma disso.
Galeria
Dando nota
Gráficos fantásticos, cel-shading combina perfeitamente, personagens expressivos e ambientes bem detalhados - 10
Voz para todos os personagens e seus diálogos não deixam a condução narrativa ficar tediosa ou cansativa - 9
Infelizmente, ainda não temos localização em português para um jogo desta magnitude - 7
Muitas classes diferentes de heróis, cada uma com suas pecualidades - 9
Cinemática dos combates não os deixam tediosos ou cansativos, dão ritmo à ação - 9.5
Mecânica da habilidade Engage é ótima, mas não apeloda demais, fora a bela homenagem ao passado da franquia - 9
Exploração um tanto objetiva, não é um grande atrativo para o jogador, melhor explorar as missões secundárias - 8
8.8
Incrível
Fire Emblem Engage chega trazendo uma proposta bem mais direta e objetiva em relação a edição de 2019, e isso não tira nenhum mérito desta edição. Os combates seguem afiados e desafiados, diversificados com muitas classes de heróis e inimigos, ótimas ambientes de combate e muitas opções táticas. A mecânica de fundir os heróis desta edição com heróis clássicos da série também é uma bela forma de homenagear este universo que funciona tão bem independente de sequências, tornando cada game único. Nos demais aspectos técnicos, o jogo dá um show em gráficos, com um belíssimo visual cel-shading, na forma como conduz narrativa, trazendo áudios em inglês e japonês (pena não ter localização em nosso português) e na forma como trata os jogadores, dando dificuldade a quem aprecia ou facilitando pra quem precisa. Combates extras e missões paralelas engordam a causa de replay do pacote, aumentando significativamente as dezenas de horas que pode levar para se finalizar tudo que o jogo tem a oferecer. Ao fim, é um excelente game que abre muito bem a produção da Nintendo para o Switch em 2023!