Análise | Call of Duty: Modern Warfare III (2023)

Disponível para PlayStation, Xbox & PC

Final de ano e tradicionalmente estamos aqui com mais um review de Call of Duty e agora é a vez de Call of Duty: Modern Warfare III (não confundir com o Modern Warfare 3 de 2011).

Atualmente, para jogar os jogos da série Call of Duty atuais, é preciso usar uma espécie de “launcher“, o Call of Duty HQ, cujo início nos lembra que Call of Duty é isso, uma série de jogos de tiro que atingiu a impressionante marca de 20 anos.

Porém justo nesse importante marco chega Call of Duty: Modern Warfare III, que obviamente impacta o mundo dos jogos como todo Call of Duty, mas nesse ano, com uma certa dose de desconfiança e decepção, seja justa ela ou não. E eu já deixo claro que acho boa parte das críticas negativas de MWIII são muito injustas, então vamos para a nossa análise.

UMA FRANQUIA DE 20 ANOS

Duas décadas de jogos, com a maior parte deles sendo lançada anualmente, é um desafio gigantesco para qualquer empresa do planeta, e a Activision se viu obrigada a remanejar muitos dos seus estúdios apenas para ajudar a manter o plano de Call of Duty ser uma franquia anual de jogos.

Isso afetou a variedade de jogos lançados pela empresa, sem dúvidas. Antes de serem empresas focadas em auxiliar a produção de jogos Call of Duty, a Beenox fazia jogos do Homem-Aranha, e a High Moon Studios fazia os jogos de Transformers, por exemplo. Resultado, mais Call of Duty e menos jogos diferentes, isso é fato.

A franquia Call of Duty virou uma empreitada gigantesca e complicada, e se é verdade que time que está ganhando não se mexe, também é verdade que nenhum time é invencível. A maior produtora de Call of Duty é a Infinity Ward, responsável por criar a saga Modern Warfare.

Depois de 3 sequências aclamadas e adoradas pelos jogadores, a empresa se viu e, meio a polêmicas e projetos que não conseguiram o mesmo sucesso anterior, caso de Infinite Warfare, que veio depois de Black Ops II e Advanced Warfare.

O público meio que ficou de saco cheio de jogos futuristas e a Actvision se viu obrigada a voltar com os jogos de guerra antiga e modernas.

UM RECOMEÇO COM UM RESET

Quando chegou a vez da Infinity Ward voltar a fazer Call of Duty, se viu em um impasse. Não podia fazer um jogo futurista e a história de Modern Warfare praticamente havia se encerrado. O jeito foi aderir a moda dos remakes e assim surgiu uma nova trilogia Modern Warfare.

Os dois novos jogos foram bem recebidos, mas problemas de desenvolvimento no CoD de 2023 fez com os planos mudassem. A idéia inicial era lançar uma expansão para Modern Warfare II, mas os planos mudaram e essa expansão acabou se tornando um jogo “completo”, e assim temos Modern Warfare III agora em mãos.

O resultado é bem isso mesmo, uma DLC expandida (tanto que para vermos as conquistas ou troféus é preciso ver pelo menu de MWII), apresentando um Modo Campanha curto até para os padrões da franquia, mas sem o charme e estilo cinematográfico que deram singular fama para a saga Modern Warfare.

Não que a história em si seja ruim, mas é que fica com aquele gostinho de ser apenas um recorte, um pouco abaixo da qualidade geral que os jogos dessa saga possuem.

Por outro lado, considerar apenas o tempo de duração não pode ser a métrica principal disso, mas sim a falta de momentos e sequências de ação espetaculares, o tipo de coisa que mexe com o coração de todo fã e que faz falta em MWIII.

Porém também tenho que considerar que o “padrão COD” não pode criar limo, e é justo que a franquia evolua conforme o design de jogos também muda com o passar dos anos.

RECONTAR ALGO ÓTIMO NÃO É FÁCIL

Durante o modo Campanha somos apresentados a uma abordagem mais aberta, algo fora do padrão em jogos da saga. O jogo nos dá objetivos e temos uma certa liberdade de atingir a proposta em um pequeno mundo aberto.

O resultado é agridoce, pois torna o ritmo de jogo menos cadenciado e guiado, resultando em momentos onde as vezes as coisas podem ficar um pouco entediantes para aqueles que estão acostumados com a intensidade das campanhas dos CoDs anteriores, recheadas de pontos A e B e cenas explosivas.

Realmente nesse modo Campanha é onde mais percebemos a correria no desenvolvimento do título, embora tecnicamente as coisas estejam boas, é nítido que faltou um capricho de desenvolvimento.

Mas acredito que no futuro se essa mecânica sandbox for melhorada o resultado vai ser interessante, é uma boa aposta para os próximos títulos. Por enquanto é uma promessa, é acho que bom tê-la do que não ter nada de novo.

Acho que o que gostaria de ver no futuro é uma melhor mistura entre jogabilidade linear e sandbox, onde eventos desencadeantes no sandbox levam a cenas cinematográficas e impulsionam a história adiante, o que pode modernizar e evoluir o modo Campanha nos próximos anos.

NOSTALGIA É NOSTALGIA

Por outro lado, se olharmos pelo lado do modo multiplayer, o título acaba por até surpreender, com a Sledgehammer apostando na nostalgia ao trazer de volta mapas clássicos da saga Modern Warfare, principalmente do MW2 original.

Sem dúvidas, isso foi o que mais despertou meu interesse em jogar o novo MWIII. Embora parece mesmo que esse título inicialmente tenha sido projetado como uma DLC, o multiplayer em sua forma final é ligeiramente diferente, com um ritmo mais rápido e mais ao gosto de veteranos como eu.

Não só isso, mas a Sledgehammer parece estar disposta a ouvir a comunidade do jogo, e implementar várias coisas que estão sendo pedidas por ela. Um cenário diferente do jogo anterior, onde nitidamente a Infinity Ward não dialogou e nem ouviu muito os jogadores.

Os 16 mapas multiplayer iniciais são um prato cheio para uma nostalgia, mas assim como os jogos recentes anteriores, é indevido bater o martelo, pois ainda é um trabalho em progresso duante toda a vida últil do jogo.

O que estamos avaliando aqui é apenas o momento, pois daqui a algum tempo as atualizações irão mudar bastante o jogo, com novos mapas e modos de jogo.

Por isso, entendo que se quem for jogar agora e não se importar muito para os mapas clássicos, vai ter uma empolgação menor, infelizmente. Mas novamente, reforço que novos modos e mapas chegarão ao longo do ano corrente.

Tem microtransações? Lógico, e quem tem o Passe de Batalha tem acesso a muito mais opções cosméticas muiiiito legais, e embora muita coisa seja vendida também separadamente, o problema é o preço salgado, em especial em terras brasileiras, mas eu adoraria andar por aí travando combates usando o Esqueleto. Sim, aquele Esqueleto, inimigo do He-Man

O QUE IMPORTA É GOSTAR

Mas de minha parte, eu joguei com um sorriso no rosto graças a essa nostalgia, ainda que a familiaridade termina aí. Pois nos jogos atuais temos uma complexidade gigantesca se comparada com a trilogia original de Modern Warfare.

MWIII tem muitos mais armas, modos de jogo, skins de operadores, emblemas e desafios, e ainda tem muito mais coisas chegando. E com a Sledgehammer disposta a investir na satisfação de quem comprou o jogo, tudo deve melhorar, e com isso apagar pelo menos em parte a recepção negativa de uma parcela do público.

De fato, o multiplayer de MWIII é bem mais ágil e fluído do que no título passado, trazendo de volta todo um dinamismo que fez falta em MWII. O sistema de destravamento de armas e melhorias é um tanto quanto lento e burocrático, mas recompensador por dar ao jogador uma boa capacidade de deixar seu Operador bem personalizado.

Ainda não é a gloriosa volta do Pick Ten, mas é bem melhor do que era possível anteriormente.

UM ZUMBI DIFERENTE

Outra grata surpresa é o o outro modo online de jogo, o “Zombies“. Definitivamente é bem diferente dos últimos jogos, pegando emprestado elementos de outro moderno modo de jogo, o DMZ. Em vez de mapas exclusivos, jogamos em um pedaço de Urziquistão (vindo diretamente de Warzone) com zumbis e criaturas.

Sim, isso mesmo, e também vamos atrás de melhorias de armamento, upgrades e reforçando as defesas do cenário ao seu redor, onde os trios de jogadores são livres para explorar livremente esse mapa aberto por um período de tempo. Então, eles tem que cumprir contratos em troca de recursos que devem ser extraídos ao encontrar o helicóptero ao fim da partida.

Muitos praguejam aos quatro cantos que não é Modo Zombies de verdade, mas eu aviso, não deixe isso causar uma má impressão. Sim, o modo DMZ continua divertido e agora com zumbis. Lembrando que Black Ops Cold War teve um modo Outbreak Zombies com uma certa dose de mundo aberto que foi bem interessante, outra amostra que o modo Zombies também pode evoluir.

O LEGADO DE UM SUCESSO

Manter uma série anual com uma gigantesca estrutura on-line persistente é obviamente um desafio difícil para artistas, designers e programadores dos estúdios. É uma busca para conciliar o passado glorioso de Call of Duty com a vanguarda do game design moderno.

Dentro dessas restrições difíceis e possivelmente as vezes equivocadas que acompanham todo esse esforço, o MWIII é, campanha à parte, um pequeno triunfo da engenharia e do design de jogos Triple A.

Videogame é para nos divertir, e no fiel da balança, o lado diversão de Modern Warfare III pesa muito para mim, sendo para mim o melhor multiplayer dos jogos modernos da franquia. E com alta probalidade de melhorar ainda mais com futuras atualizações.

Então sim, não importa como MWIII nasceu, por mim está sendo bem recebido mesmo em sua forma embrionária, pois novamente reforço a idéia que o jogo vai evoluir com o tempo.

1 / 14

Dando nota

É uma DLC ou não? Polêmicas a parte, tem muito conteúdo que muito jogo premium por aí... - 8
Campanha curta e mal resolvida, mas cumpre a função de contar uma pequena história dentro de um arco maior. - 6
Multiplayer é o melhor dos últimos anos! - 10
Para os fãs do Modo Zumbis, a mistura com o modo DMZ pode causar estranheza, mas vale a pena! - 9
Muitas coisa legal como skins e efeitos de armas são muito caras de se comprar. - 7

8

CoD é CoD

Um modo de campanha corrido faz a gente é correr para o multiplayer e modo zumbis, mas isso no fim é bom! É o usual tiro, porrada e bomba!

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