Análise | Super Mario RPG (2023)

Disponível para Nintendo Switch

Super Mario RPG é uma obra prima atemporal e isso é indiscutível. Ainda assim a Nintendo foi lá e decidiu que não bastaria apenas remasterizar este clássico, e assim optou por um remake gráfico completo! A mesma aventura, o mesmo carisma, o mesmo jeitinho de jogar, porém com novos gráficos, agora numa modelagem 3D moderna, adicionando novas cenas em CGI, entre outros pequenos mimos, que servem para engrandecer mais ainda o que já era fantástico. O objetivo é bem claro: encantar uma nova legião de jogadores e também dar aos velhos fãs da obra a chance de jogar tudo de novo, com uma experiência renovada, porém bem próxima da saudosa primeira vez.

O remake chegou ao Nintendo Switch no último dia 17 de novembro, e foi feito pelo estúdio japonês ArtePiazza, mais conhecido por trabalhar em diversos jogos da série de Dragon Guest, em CG design e ilustrações, incluindo alguns remasters aprimorados da franquia. Um estúdio que não se houve falar muito por aí, mas que demonstra uma grande competência em resgatar grandes clássicos japoneses, respeitando totalmente o material original.

Contudo é preciso voltar um pouquinho mais no tempo, pois Super Mario RPG (2023) que não leva “Remake” em seu título oficial (curioso, não?) tem como base o jogo de 1996 chamado Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars, lançado no glorioso Super Nintendo e tendo sido desenvolvido pela Square, muito antes da empresa se fundir com outra companhia e passar a se chamar Square-Enix (isso só foi acontecer em 2003).

Naquela época a Square já era um estúdio de grande competência e fama, que já tinha desenvolvido muitos dos primeiros títulos da consagrada franquia Final Fantasy, a qual teve inspiração direta para o projeto de Super Mario RPG, trazendo o gênero JRPG ao universo de Super Mario, assim como o esquema de batalhas por turnos e tudo que permeava, na época, um jogo de sucesso da empresa no universo RPG: uma narrativa que draga o jogador para sua jornada, personagens cativantes com seus próprios propósitos que se unem num senso comum e ambientes maravilhosos e criativos, repleto de criaturas fantásticas e um vilão que coloca todo o grupo de heróis numa verdadeira prova de coragem. Era tudo o que a Nintendo queria quando convidou a Square para o projeto.

Mesmo assim, Super Mario RPG nunca ganhou uma sequência direta. Muitos personagens criados dentro da obra, como Mallow e Geno, nunca puderam aparecer em outros jogos, ainda que aparições e menções tenham ocorrido aqui e ali em pontuais ocasiões. O que muito se especulou na época, e assim ficou até os dias de hoje, dizia a respeito dos direitos autorais pertencentes a Square nestes personagens originais, o que impedia a Nintendo de usá-los num universo expandido de Super Mario. E é o que acontece até os dias de hoje. Será que o remake indica que algo mudou nestas duras condições contratuais? O tempo talvez nos diga mais a respeito.

O ponto é que as aventuras de Mario Bros. nos RPGs não ficou limitada a esta obra. Anos depois a Nintendo criou sua própria série RPG chamada de Paper Mario (2000), que inclusive nos planos iniciais poderia vir a receber o nome de Super Mario RPG 2, porém isso acabou não acontecendo de fato. A série Paper Mario depois veio a receber diversas sequências ao longo das décadas, ficando claro que a Nintendo não queria mais dividir os direitos de uma série com um outro estúdio terceirizado. A empresa tomou pra si essa responsabilidade.

E não só isso, alguns anos depois da estreia de Paper Mario, a Nintendo ainda criou outra nova série RPG, e a nomeou de Mario & Luigi (2003), que também recebeu várias sequências ao longo dos anos, mas atualmente encontra-se em um hiato preocupante já que o estúdio que cuidava da série,  a AlphaDream, foi extinto há alguns anos (em 2020), e a Nintendo até o momento não definiu se algum outro estúdio interno virá a assumir a série. A torcida e as expectativas são grandes, claro.

Toda essa história é um reforço para entender a importância de Super Mario RPG, pois é de fato o título que deu o pontapé inicial para tudo isso e que inclusive seguiu influenciando as mecânicas de combates por turno, incluindo a ativação do botão de ataque em determinado ponto do turno para um efeito bônus de dano, ou na reação de uma defesa no turno inimigo, que continuou funcionando nas série de Paper Mario e Mario & Luigi. Um clássico que fez história, mesmo nunca tendo recebido uma sequência direta.

Retornamos então para Super Mario RPG (2023), um remake inesperado, ainda que muito pedido pelos fãs, que traz a experiência original em novos gráficos e pequenos extras na jogabilidade que dão um tempero especial a este novo olhar de um clássico e que apresentarei mais ao longo desta análise. Importante apontar que como se trata de um resgate clássico, e originalmente trata-se de uma obra que nunca recebeu localização em português, o remake segue com os padrões de idioma originais, com textos somente em inglês. O que é normal nesse tipo de situação, ainda que hoje a gente saiba que existem exemplos que fogem dessa regra. Pena não ser o caso aqui.

A linguagem pode ser uma barreira aos pequenos de hoje, que não estão habituados com o inglês em jogos de RPG complexos. Contudo, acho interessante apontar que Super Mario RPG foi desenvolvido em um outro momento da indústria, onde os desenvolvedores tinham em mente que era necessário um jeito mais universal de comunicação nestes jogos, justamente para que os jogadores não se perdessem demais e conseguissem entender o que precisariam fazer a seguir ou para onde irem, sem depender dos textos em tela. Inclusive há momentos e cutscenes aqui que sequer usam o recurso do texto e do diálogos, trazendo a boa mímica e expressividade visual para tornar a narrativa muito mais fácil de ser compreendida. E funciona, garanto.

Fuga do clichê

Hoje em dia, após tantos jogos e aventuras lançadas, talvez o conceito de uma trama em que Mario não esteja metido numa busca pela princesa sequestrada por Bowser possa não ser uma surpresa tão grande assim, mas em 1996 esse conceito se mostrou muito diferente do que até então existia nos jogos principais da franquia Super Mario Bros., e não somente isso, mas é uma aventura em que o próprio Bowser e Peach se unem ao Mario para enfrentar uma ameaça muito maior que colocaria todos em risco. Para a época, essa narrativa se mostrou um ponto de virada incrível, que expandia o que poderia vir a ser as aventuras do mundo de Super Mario.

Mas a trama de Super Mario RPG faz a brincadeira do clichê em seus minutos iniciais, mostrando Bowser sequestrando mais uma vez Peach e Mario indo ao castelo do vilão para resgatar a (até então) indefesa princesa. Só que tudo muda quando uma espada gigante cai dos céus, sendo fincada bem no meio do castelo do Bowser. O impacto arremessa todo mundo pra fora do castelo, em direções diferentes. Logo o jogador descobre que há um novo vilão na área: Smithy, um ser de outra dimensão que agora planeja simplesmente dominar o mundo todo, e para isso conta com um enorme exército de criaturas muito bem treinadas para aterrorizar o reino todo.

Só que este não é o único problema. A espada gigante de Smithy quando entrou na dimensão do Reino dos Cogumelos acabou impactando a Star Road, uma enorme estrela celestial que tem o poder de gerenciar e realizar os desejos de todos os habitantes. Despedaçada, a Star Road se desfez em sete pedaços, que se espalharam pelo reino. Estes pedaços detém enorme poder, que pode inclusive ser usado para o mal. Um problemão!

Cabe agora a Mario resolver três grandes objetivos: encontrar Peach, reunir os sete pedaços da Star Road e encontrar um meio de derrotar Smithy. Será que o destemido herói e seus famosos pulos pode realizar todas estas façanhas sozinho? É desta forma que a trama de Super Mario RPG começa a se desenvolver, demonstrando muita criatividade para o tempo em que fora idealizado.

Ao longo da jornada, novos personagens são apresentados ao jogador, dentre eles, os icônicos Mallow e Geno, personagens encantadores com tramas próprias (e concluídas no título) que fizeram história no jogo original e que, como já mencionado, nunca fora reutilizados pela Nintendo. Um conto sobre um jovem adotado por uma tribo de sapos, ainda em busca de seu lugar no mundo, e o outro um boneco que ganhou vida com a missão de salvar os desejos das pessoas, em que conhecerá verdadeiros companheiros com laços que serão eternos.

A jornada de Super Mario RPG é um narrativa que também apresenta muitas outras histórias e uma perspectiva do Reino do Cogumelo e seus entornos até então nunca imaginada. O jogador conhece NPCs com histórias curiosas e emocionantes, locais originais e criativos, além de inimigos criados especialmente para a aventura, assim como clássicos inimigos conhecidos dos jogadores, com novos ataques e formas de causar problemas aos heróis desta aventura.

Quanto aos companheiros, Mario ainda contará com a ajuda de um Bowser compromissado em reconquistar seu castelo e súditos, nem que para isso precise se aliar ao seu arqui-inimigo, assim como uma Peach decidida a ajudar, deixando de lado o status de princesa em apuros. Para a época, essa união era algo até então inimaginável. Com isso, temos um maravilhoso quinteto de protagonistas.

RPG para iniciantes

Não entenda o título desde capítulo como algo pejorativo, pois não é nada disso. A bem verdade é que Super Mario RPG foi idealizado para ser um jogo do gênero de JRPG para ser apresentado a jogadores que nunca, à época, haviam se aventurado nos primeiros títulos de Final Fantasy, e é até por isso que a Square foi a escolhida para o projeto.

Sendo assim Super Mario RPG, foi desenvolvido nos moldes dos clássicos dessa fórmula, entregando tradicionais batalhas por turnos, visita em vilas para falar com NPCs, áreas com inimigos (ainda que não houvesse encontros aleatórios), sistema de armas e acessórios que aprimoravam os status dos personagens, lojinhas e itens para utilizar nos combates. E apesar de cinco personagens na equipe, apenas três são usado nas batalhas, com os outros dois ficando no banco de reserva do time.

Todos estes elementos comuns ao gênero tradicional de RPG dos anos 90 estão aqui envoltos de mecânicas bem simplificadas, ainda que nem sempre intuitivas. Um bom exemplo dessa simplificação é demonstrada na forma como a aventura progride, por meio de uma seleção de áreas como um mapa, como ocorre até os dias de hoje em diverso jogos da franquia Super Mario Bros. no gênero plataforma. Ao sair de uma área, o jogador vai para um mapa, e assim avança linearmente até uma próxima área.

Linear” é uma boa palavra para descrever o avanço da campanha de Super Mario RPG, ainda que essa percepção, para ser bem honesto, só tenha vindo agora, no remake de 2023. Não era uma impressão que tinha lá nos anos 90, quando jogava o original. Não só isso, mas trata-se de uma aventura que tem uma duração de 15-20 horas, bem diferente dos JRPGs atuais com mais de 100 horas de duração. Na minha memória (afetiva), Super Mario RPG era aquele jogo que fiquei mais de um ano alugando em finais de semana, na locadora do meu bairro, até que um dia finalmente o consegui concluir. Eram tempos tão diferentes…

Não que o avanço linear da história seja ruim, pois como disse, trata-se de um jogo que foi planejado para apresentar o gênero para um público não habituado com o segmento, então funcionou muito bem naquela época, e acredito que ainda funcione bem nos dias atuais, como um genuíno RPG pensado para um atual público casual, aos fãs do clássico e, claro, do universo de Super Mario.

E mesmo tão linear, o jogo ainda possui alguns locais e momentos secundários a qual os jogadores mais apressados, que não explorarem tudo, vão acabar perdendo, como a ilha dos Yoshis e o Cassino com mais alguns mini games. Existem objetivos opcionais, como descobrir a canção dos girinos que vão presentear o jogador com algumas recompensas bacanas, ainda que não essenciais para a vitória final do jogo, ou o trio fantasma se escondendo na Vila dos Monstros, em uma cena que só ocorre se o jogador resolver descansar por uma noite no hotel do local. Pequenos momentos assim são fáceis de passarem batidos.

Ataque no momento correto

Quando se olha para o sistema de batalhas por turno, Super Mario RPG tem algumas características bem peculiares, ainda que também utilizadas em antigos jogos de Final Fantasy, onde apesar das batalhas acontecerem em turnos – ou seja, cada personagem, controlável ou inimigo, tem a sua vez de executar uma ação – há um bônus de execução que pode ocorrer caso o jogador pressione um botão de comando no controle na hora exata do ataque ou da defesa.

Esse elemento, inclusive, foi transportado para os futuros jogos de RPG dentro da franquia Super Mario, existindo tanto em Paper Mario quanto nos jogos Mario & Luigi, onde em ambos os jogos, a execução do turno acaba incentivando o jogador a acertar o tempo exato dos ataques ou das defesas, afim de criar um looping onde isso intensifica a efetividade da ação, dando mais ação e dinâmica aos turnos.

E tudo isso nasceu aqui, em Super Mario RPG, onde o jogador vai interagir com diferentes tipos de ataques, seja pressionando o botão na hora exata de um ataque, indicado por um balão de exclamação no momento exato, ou até mesmo com outras situações, como ficar pressionando para encher uma barrar, girar o analógico do controle ou simplesmente segurando o botão de ataque para soltar no momento exato em que a barra se preenche por completo. Tudo isso intensifica o ataque, e causa muito mais dano aos inimigos.

Quanto a defesa, nos ataques em que podem ser bloqueados, acertar o tempo exato faz com que o personagem receba um dano super reduzido, tipo 1 ou nem mesmo receba dano. É realmente um grande trunfo desse sistema, ainda que muitas vezes é aqui em que as coisas podem ser tornar fáceis demais. Um combate em que o jogador receba tão pouco dano na maioria das batalhas, tira um pouco do senso de perigo e desafio. Ainda que exista o desafio de acertar o tempo correto da defesa intensificada, mesmo que essa janela de tempo seja tão generosa.

Esse padrão de intensificar a ação acionando o botão no momento exato funciona tanto nos ataques padrões, quanto nos golpes especiais de cada personagem, com suas variações nestes golpes, sendo que cada personagem tem um padrão. Mario pode aprender, por exemplo, um golpe em que ele pode ficar pulando nos inimigos por centenas de vezes, enquanto o jogador estiver acertando o tempo correto do pressionar da ação. Mas estes golpes especiais vão variar de personagem a personagem, Bowser tem alguns em que se rotaciona o analógico, enquanto Geno tem golpes carregados de poder, em quê o botão precisa ser pressionado e liberado no tempo correto para causar o dano extra.

Também é interessante que no caso dos ataques padrões, os personagens vão ganhando novas armas ao longo da aventura que muda o padrão da animação destes ataques, e por consequência o tempo de ação para intensificar o dano também passar a ser diferente. Então o tempo certo de um ataque de soco do Mario é diferente quando o mesmo está com um martelo ou atirando um casco de tartaruga como uma das opções de armas para ataques principais.

E todos passam por isso, Bowser pode usar suas garras ou um Chomp arremessado por uma corrente, Mallow com seus braços que estica ou um porrete de madeira, Geno com seus braços com projéteis diferentes e Peach que tem ótimos ataques, desde dando um tapa visualmente dolorido nos inimigos ou optando por atacá-los com um amplo guarda-chuva ou um charmoso leque. Visualmente divertido porque cria uma sensação diferente, enquanto dá ritmo e dinâmica aos combates, despadronizando os mesmos.

Remake com novidades

Mesmo que Super Mario RPG (2023) seja um remake com uma grande fidelidade para com o material original, ainda assim os desenvolvedores que cuidaram dessa nova versão encontraram meios de inserir pequenas novidades que fazem completamente sentido nos dias atuais, e que em nenhum momento diminuem o material original ou a experiência do jogo em si.

A começar pelas novas cenas de animação em CGI em pontos chaves da obra. O rapto da Peach no início, a primeira aparição de Mallow e Geno, o momento em que Bowser decide se unir ao grupo, toda introdução aos chefões do jogo. São pequenas inserções, de rápidos segundos, mas que fazem uma diferença tão grande na apresentação do jogo. Tornou o jogo mais adorável do que ele já era.

Isso não significa que as pequenas animações in-game não estão presentes no jogo. Estes momentos estão ainda melhores, porque os personagens estão mais expressivos, é mais fácil ver seus rostos, ainda que a forma como se movimentam e gesticulam tenham se mantido o formato original (e que bom que fizeram isso).

Dentre as mecânicas também houveram ajustes e novidades. Um modo Super Fácil foi criado, ainda que o modo Normal seja fácil o bastante para qualquer um. Sendo bem sincero, acredito que teria sido um pouco mais interessante se os desenvolvedores do remake tivessem optado por um modo Difícil. Pois, tendo vencido no modo Normal, tenho que admitir que em nenhum momento o jogo me fez suar. Sim, me diverti com a nostalgia, porém queria sentir aquela dificuldade que sentia quando crianças, e isso, infelizmente não ocorreu. É um jogo tranquilo de se progredir. Sem inclusive a necessidade de grinding (ficar repetindo batalhas apenas para subir de nível). Em certo momento até parei de enfrentar os mesmos inimigos já derrotados inúmeras vezes.

Os sistema de combate também recebeu alguns novos aspectos. O esquema de pressionar o botão na hora do ataque no momento correto tem dois pontos de efetividade, sendo que um é bem amplo e fácil de acertar, como no jogo original, porém tem um outro momento ainda mais preciso, que se acertado, cria uma onda de dano que acerta todos os inimigos da área com um dano reduzido em relação ao inimigo que recebeu o ataque, mas ainda assim é um ataque extremamente eficiente.

Contudo, essa efetividade no raio amplo de ataque acaba causando um efeito negativo na jogabilidade a meu ver, pois o jogador passar a acertar os ataques dessa forma e não se preocupa tanto em usar os golpes especiais, que no jogo original eram amplamente utilizados para atacar todos os inimigos de uma só vez. Só que como eles gastam mana, ou seja, a barra de magia, você meio que passa a preservar isso mais do que necessário.

Outra mudança no esquema de batalha é a possibilidade de poder trocar o membro da equipe em tempo real, sem isso inclusive ocasione a perda do turno em que isso ocorra. É um recurso extremamente útil porque outra novidade do título é um bestiário de monstros que é liberado ao final do jogo, e para isso é necessário que o jogador escaneie todos os inimigos do jogo, e para isso é necessário usar uma habilidade do Mallow. Possibilitando essa troca, o jogador não precisa ficar com ele fixo na equipe, especialmente porque o Mario é um membro da equipe que não pode ficar no banco dos reservas (poderia, deveria, mas não pode).

E as novidades em batalhas ainda não terminaram, pois também foi inserido no remake um medidor de combo, que conta quantas vezes o jogador acertou o tempo correto da ação de bônus de ataque ou defesa, sem errar. Cada acerto no combo, gera status adicionais, como melhora nos ataques, magias e defesas. Além de encher uma barra circular que ao atingir 100% permite um ataque poderoso entre o trio de personagens ativo em sua equipe, que ocorre por meio de uma linda animação CGI.

Esse ataque especial possui então seis variações, a depender de quem estiver fazendo parceria com Mario na equipe ativa. E os especiais podem ter efeitos diferentes, sejam para atacar inimigos ou então para oferecer suporte ao jogador, curando todo mundo ou criando um escudo perfeito que pode sofrer um ataque inimigo que não causará dano ao jogador.

Mas é claro que os mais legais são os especiais ofensivos, em especial um com o Mario, Bowser e Peach em que eles arremessam o Bowser com uma estrela de invencibilidade pra cima dos inimigos e outra com Mario, Bowser e Mallow onde eles sobem na clássica navezinha de uma hélice do Bowser e começam a arremessar projéteis nos inimigos. É muito legal! Claro que o jogador que se cansar das animações existe também a opção de pular elas, deixando rolar apenas o ataque final in-game.

As novidades não param por aí. Após terminar o jogo, ao contrário do original em que as atividades se encerravam, o jogo retorna ao ponto antes da última batalha final e abre para o jogador uma nova quest em que pode enfrentar alguns dos chefes do jogo com um desafio mais elevado, além de um chefe secreto, assim como é liberado o bestiário e uma jukebox para ouvir as canções do jogo. Também é possível realizar qualquer tarefa secundária que tenha ficado para trás ou revisitar qualquer uma das áreas da aventura e combater novamente os inimigos.

A respeito das canções, acabei não comentando, mas foi providenciado para este remake um novo arranjo musical para todas as trilhas da obra, que respeitam muito as originais, mas com arranjos mais modernos e orquestrados. Contudo, para quem deseja sentir a nostalgia, a trilha clássica foi mantida, podendo ser acionado em tempo real durante toda a progressão da campanha. E após o final, com a jukebox liberada, é possível ouvir ambas as versões em uma lista realmente muito prática.

Considerações finais

Super Mario RPG (2023) é um marco e demonstra um pouco dessa boa fase a qual a Nintendo tem vivido nestes últimos anos com a franquia Super Mario e com o Nintendo Switch como um todo. Num mesmo ano em que os fãs são agraciados com a repaginada maravilhosa de Super Mario Bros. Wonder é o mesmo em que podemos reviver essa aventura nostálgica de 1996 com um novo visual, mais agradável aos tempos atuais. É fantástico!

Como um remake, o título se comporta muito bem em diversos de seus aspectos. O visual é bonito, muito mais moderno, repleto de detalhes que o original não podia reproduzir com tanta exatidão, e com muito capricho aos detalhes em si, a forma como a modelagem foi idealizada na época e reproduzida aqui. Não houve mudança em câmeras, em ângulos ou até mesmo no estilo artístico, com personagens todos mais baixinhos do que normalmente são. Se manteve todo o charme original.

Talvez o único ponto crítico que pudesse ser feito neste remake diz respeito a ausência de vozes para os personagens em certos momentos da história. Tudo bem, o jogo original é só texto, não tem voz, mas aqui estamos, em 2023, com uma obra que ganhou novas animações CGI (e legendas sem som), com um filme da franquia que deu voz ao Mario nos cinemas, com a troca do eterno Charles Martinet, então por que não aproveitar e dar um pouquinho de voz à Super Mario RPG? Fiquei com a impressão que esse era um limite que poderia ter sido realizado. Se faltou alguma coisa aqui, certamente foi isso.

Como uma obra atemporal, o jogo consegue manter um bom ritmo e uma boa dinâmica aos tempos de hoje. Claro, não é um JRPG moderno, nem longo como as obras atuais são, mas é uma excelente aventura de introdução ao gênero, do mesmo jeito que entrega uma narrativa com coração, mesmo não sendo complexa como aventuras em RPG de Mario que vieram posteriormente com as séries Paper Mario e Mario & Luigi, que tiveram a inspiração daqui, onde tudo começou.

Ao fim, saio com a impressão que esta nova versão de Super Mario RPG é um daqueles jogos que aquece o coração de todo mundo que é fã da Nintendo. Baseado em uma obra que quebrou barreiras em seu tempo, mas que não é o intuito deste remake repetir. A função deste novo lançamento é recordar, atualizar e reapresentar um clássico a uma nova geração, usando o melhor que a tecnologia pode apresentar, afim de não deixá-lo com aspectos datados pela passagem das décadas de seu lançamento original. E funcionou muitíssimo bem! É uma viagem pela história das grandes aventuras de um dos mais icônicos personagens dos videogames. Imperdível!

Galeria

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Dando nota

Apresentação e Direção de Arte deste remake ficou impecável, novos gráficos super charmosos - 10
Jogabilidade atemporal, segue como um excelente RPG para jogadores novatos neste gênero - 9.5
Ótimas adições, como cenas CGI, atualizações no sistema de combate e conteúdo pós fim de jogo - 9
Memória afetiva engana em sua longevidade, é mais curto do que você vai se lembrar - 8.5
Duas trilhas sonoras de alta qualidade, modernizada e a original de 1996, podendo mudar a qualquer momento - 9.5
Modo normal já é tranquilo suficiente, desnecessário um modo mais fácil. E cadê o modo difícil? - 7.5
Personagens originais tem um peso emocional muito grande, é um jogo com muita criatividade, afrente de seu tempo - 9

9

Fantástico

Super Mario RPG (2023) é um remake jogo que relembra, de uma maneira bem eficiente, porque o jogo original de 1996 foi um marco a frente de seu tempo e porque tem influenciado outros jogos de RPG do Mario desde então. O visual atualizado trás o jogo para os dias de jogo, a jogabilidade segue funcionando para apresentar o gênero a novatos no formato, e a aventura? Segue tão encantadora como sempre foi. A jogabilidade está um pouco mais amaciada, deixando os veteranos com a vontade de um modo que fosse mais difícil, porém a nostalgia parece suprir um pouco esse desejo. As novas adições funcionam, assim como é um mimo bacana o conteúdo pós fim de jogo que dá mais algumas horinhas nessa linda obra atemporal.

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