Análise | King Arthur: Knight’s Tale

King Arthur: Knight’s Tale é um jogo de RPG tático desenvolvido pela NeocoreGames, um estúdio independente húngaro. Lançado em janeiro de 2021, o jogo mistura elementos de jogos de estratégia com uma narrativa sombria e reimaginada da lenda do Rei Arthur.

O jogo foi financiado no Kickstarter em 2020, entrou em acesso antecipado em janeiro de 2021 e lançado para Windows em 26 de abril de 2022. As versões de console PS5 e Xbox Series foram lançadas em 22 de fevereiro de 2024, sendo confiada a nós a versão do Xbox para análise.

Você é Sir Mordred, a nêmese do Rei Artur, o antigo cavaleiro negro dos contos sinistros. Você matou o Rei Artur, mas ele o abateu antes de dar o último suspiro. Os dois morreram… mas ambos voltaram à vida.

A Dama do Lago, soberana da ilha mística de Avalon, trouxe você de volta para pôr fim a um verdadeiro pesadelo. Ela quer que você parta numa missão cavaleiresca. Ela quer que você termine o que começou. Mate o Rei Artur… ou seja lá o que o monarca se tornou depois que ela levou o corpo moribundo dele para Avalon.

UM NOVO CAMPEÃO PARA CAMELOT

King Arthur: Knight’s Tale é um RPG tático baseado em turnos, ambientado em uma versão mais sombria da lendária história do Rei Arthur. Eu acho sempre interessante quando um autor adiciona elementos sombrios em histórias populares. Nesta versão, o rei e seu maior inimigo, Mordred, lutaram até a morte em uma sangrenta batalha que terminou por devastar ambos os exércitos.

Então, anos mais tarde, uma desconhecida praga cobre a terra e os mortos-vivos se levantam, liderados por ninguém menos que o próprio Rei Arthur. A Dama do Lago entra em ação e ressuscita Mordred para lutar contra essas hordas e matar o Rei Arthur de uma vez por todas. É aqui que o jogador entra, controlando Mordred e também os vários cavaleiros que se juntam à sua nova mesa redonda no caminho.

UM NOVO AMBIENTE EM CAMELOT

Visualmente, o jogo apresenta gráficos detalhados e atmosféricos, com um estilo sombrio que justamente reflete a ambientação proposta pela história, apresentando um estilo visual distinto da maioria das adaptações sobre a clássica lenda, que combina elementos de fantasia sombria com estética medieval moderna clássica, um estilo que me agrada quando bem feito como é o caso desse jogo.

O único problema da apresentação visual são alguns momentos estranhos das cenas cinematográficas, onde os movimentos dos personagens mostram o baixo orçamento do jogo nesse setor. Mas é claro que todo o resto é elaborado com tanta maestria que você não vai se importar muito com esses momentos.

O jogo adota uma paleta de cores escuras e tons soturnos, refletindo a narrativa sombria da lenda reimaginada. Cenários como castelos em ruínas, masmorras úmidas e florestas densas são retratadas com detalhes que reforçam a sensação de opressão e perigo. Claro que isso ás vezes dificulta uma boa leitura do mapa e exige muita atenção do jogador, mas nada difícil de se acostumar.

Texturas ricas e efeitos de iluminação contribuem para a ambientação atmosférica. O visual pende para um estilo mais cartunesco, com personagens estilizados e designs que combinam elementos de fantasia com características realistas. Esse meio-termo é sempre perigoso, mas é melhor que tentar ser sempre fotorrealista e cair na mesmice. Isso cria uma estética única que separa o jogo de títulos totalmente realistas ou totalmente cartunizados.

A música e os efeitos sonoros são maravilhosamente envolventes, desde as cordas graves da tela de título, até o encerramento dos créditos. Lógico que a música parece como a maioria que já escutamos em jogos do gênero, mas acho mais adequado do que se arriscar em colocar um hip-hop assim do nada. A música não vai grudar no seu ouvido mas vai cumprir bem o seu papel, trazendo a tradicional ambientação que se espera.

As vozes dos personagens, no entanto, são uma mistura, como se apenas metade fosse dublada por atores profissionais. Felizmente, a maioria das performances importantes, como Mordred e Dama do Lago, se enquadram na última categoria. O dublador de Mordred, em particular, merece elogios, capaz de fazer algumas falas dolorosamente ousadas e propositais como “Descansar. Matar. Repetir!” soarem muito menos cafonas do que realmente são.

SOBREVIVENDO EM CAMELOT

King Arthur: Knight’s Tale mistura estratégia e RPG em sua narrativa, trazendo vários elementos que já vimos em vários jogos do gênero. Imagine um xadrez medieval sangrento. As batalhas se desenrolam em turnos, exigindo que você planeje a movimentação, habilidades e ataques de seus heróis, escolhidos entre mais de 30 heróis de 5 classes diferentes.

Saber se posicionar bem é crucial. Para se dar bem nos embates é preciso usar a cobertura para sua vantagem, flanquear inimigos e explorar o ambiente para obter vantagem tática de acordo com a classe de combatentes, embora as classes sejam meio desequilibradas. Então depois de um certo tempo você vai ter as suas classes de estimação e vai ser difícil querer utilizar outras.

A jogabilidade é dividida em várias seções. A maior parte do tempo é ocupada por missões, cada uma delas ocorrendo em um mapa dedicado. Cada um tem um punhado de batalhas táticas, acionadas em determinados pontos do mapa, e sua conclusão é necessária para terminar a missão. Um número limitado de fogueiras também pode ser encontrado, usado para restaurar alguma armadura ou saúde da equipe entre as lutas, enquanto a exploração cuidadosa revelará pequenos esconderijos de itens ou dinheiro espalhados pelo mapa. Além disso, batalhas ou eventos opcionais também podem ser descobertos.

Depois de completar uma missão, os cavaleiros voltam para Camelot para reabastecer, treinar e cuidar dos feridos. Um cavaleiro ferido pode precisar de várias missões para curar nas instalações apropriadas. Mordred pode usar os recursos obtidos em missões para construir e atualizar uma variedade de edifícios necessários para servir suas tropas. Isso inclui a lendária mesa redonda, que inicialmente acomoda apenas quatro cavaleiros, mas pode ser atualizada para uma dúzia de cadeiras.

Antes de partir para outra missão, eventos opcionais dão aos jogadores a oportunidade de tomar decisões difíceis que não só impactam o seu reino, mas também a moralidade de Mordred. A moralidade é monitorada por meio de dois eixos. A primeira mede como Mordred governa, como tirano ou como líder legítimo. A segunda mede se ele apoia o Cristianismo ou a Fé Antiga. Várias missões secundárias e habilidades são abertas à medida que o jogador avança na tabela de moralidade.

Então, prepare-se para dilemas complexos durante a história. Suas escolhas moldam a narrativa, a lealdade dos seguidores e o destino final de Mordred. Cada decisão contribui para a atmosfera sombria do jogo. A redenção de Mordred ou sua completa corrupção? A escolha é sua…

Em resumo, King Arthur: Knight’s Tale oferece uma mistura de estratégia por turnos, exploração, recrutamento, desenvolvimento de personagens e gerenciamento de recursos. As decisões morais pesam muito na narrativa, tornando sua jornada como Sir Mordred única e cheia de consequências.

SUA ESTALAGEM O AGUARDA

Se você ficar entediado após as quase 60 horas de conteúdo de RPG que o jogo oferece, você também pode tentar enfrentar outros oponentes através dos recursos multijogador de King Arthur: Knight’s Tale. Neles, você poderá enfrentar outros estrategistas em lutas 4v4 em vários modos de jogo. Os cenários em que você pode lutar são praticamente os mesmos que você encontrará na campanha principal, juntamente com alguns novos.

Claro, se você quiser adicionar ainda mais desafios, você sempre pode tentar o modo Roguelike do jogo. Este modo essencialmente adiciona morte permanente a você, o que significa que sua missão pode chegar a um fim abrupto enquanto você luta. Claro, se as escolhas importavam muito quando eu jogava no modo Normal, você pode imaginar como as coisas podem ficar complicadas quando o modo roguelike do jogo está ativado.

Mesmo que depois que fechar o jogo, há coisas assim a se fazer, embora não pareçam tão bem acabadas quanto a campanha normal, dando aquela sensação de algo que não ficou a tempo e foi colocado as pressas para estender a vida útil do jogo de maneira artificial.

BRANDINDO A ESPADA

King Arthur: Knight’s Tale é uma ótima opção para jogadores que procuram um RPG tático desafiador e imersivo com uma história sombria e reimaginada da lenda do Rei Arthur. Uma abordagem grotescamente atmosférica das lendas arturianas que explora as dicotomias de uma era da Inglaterra quando ela estava dividida entre os remanescentes de seus antigos deuses de ouro e a recém-nascida religião cristã. A Neocore fez um excelente trabalho com este jogo e tenho certeza que muitos fãs de RPGs táticos irão desfrutar deste jogo por dezenas de horas.

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