Análise DLC | Elden Ring – Shadow of the Erdtree

Disponível PlayStation, Xbox & PC

Shadow of the Erdtree é a expansão do sofrimento recompensante de um dos melhores jogos já lançados pelo estúdio que inventou a tortura em forma de videogame. Uma experiência que volta a incentivar o jogador a explorar diante de obstáculos que parecem intransponíveis, apresenta mais chefões inacreditavelmente apelões e coloca mais contexto ao intrigante enredo de um mundo moribundo. Um conteúdo para quem deseja mais desafios, pensado no fato dos jogadores já terem atingidos altos níveis com seus respectivos Maculados e ainda assim desejarem mais de tudo que Elden Ring consegue entregar.

A expansão foi lançada em 21 de junho deste ano, e complementa a experiência de Elden Ring, lançado originalmente em 2022. DLC que continua dando suporte a todas as plataformas a qual o jogo base foi lançado, ou seja, é compatível com os atuais consoles, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, assim como também dos consoles da geração anterior, PlayStation 4 e Xbox One, assim como mantém o suporte aos jogadores de PC. Desenvolvido pelos torturadores da FromSoftware, e distribuído globalmente pela Bandai Namco.

Tal como o jogo original, Shadow of the Erdtree mantém uma excelente localização em português, com suporte a textos em nosso idioma, para todos os menus, diálogos e explicações de itens e conteúdos coletados ao longo do jogo, que é uma das melhores mecânicas para entender o contexto do mundo e trama do universo de Elden Ring. O áudio dos diálogos seguem em inglês, sem dublagem.

Importantíssimo também apontar que a expansão é um conteúdo adicional que depende do jogador ter o jogo base. Não se trata de uma expansão independente. Sem o jogo de 2022 não é possível acessar o conteúdo. E mais além: trata-se de um conteúdo de acesso avançado, ou seja, exige que o jogador tenha progredido consideravelmente pela campanha principal de Elden Ring, para que se torne acessível e, até mesmo, jogável. Não é preciso tê-la concluído, mas exige um alto nível de level para que seja possível acessá-lo por meio da derrota de dois grandes chefões do jogo original (confira esse guia para entender mais).

Para esta análise evitarei alongar explicações a respeito de mecânicas básicas de Elden Ring, do tipo “como funciona a exploração livre, o combate e sistema de nível padrão pelas runas“, pois como a DLC depende do jogador conhecer a estrutura do jogo original, e tudo isso já é de conhecimento comum. Porém, para quem chegou agora, e está interessado em entender mais do básico, o texto de análise do jogo base encontra-se disponível neste artigo. O foco aqui serão as novidades do novo conteúdo.

Lore expandida

Shadow of the Erdtree apresenta uma nova jornada em uma nova região, as Terras Sombrias, diferente do jogo base que se passa nas Terras Intermediárias. Isso dá ao jogador um novo mapa para se explorar do zero, descobrindo novas regiões e seus biomas, trazendo certas mecânicas próprias da nova localidade, além de revelar respostas a alguns questionamentos do mundo de Elden Ring.

Interessante mencionar que a expansão não é uma continuidade do final da campanha original, e sim uma história intermediária, que se encaixa antes do jogador concluir um dos possíveis seis finais da história do jogo base. O enredo da DLC não impacta nada o final do jogo base, servindo como algo isolado e independente, mas ainda assim interessantíssimo aos fãs que querem saber mais do contexto de alguns personagens mencionados ao longo da aventura original.

A trama de Shadow of the Erdtree trabalha em grande parte com a história e revelações em torno de Miquella, filho da deusa e rainha Marika, que é irmão de Malenia, personagem de grande sucesso e apreciação dos fãs dentro do jogo base. Lembrando que o jogador chega as Terras Sombrias justamente por meio do ovo de Miquella, guardado ferozmente por Mohg, Lorde do Sangue, um dos chefes obrigatórios para se acessar a DLC.

Ao chegar nessa nova localidade, o jogador encontrará um mundo massacrado, com incontáveis túmulos, indicando um número altíssimos de pessoas que morreram em algum evento sangrento que parece ter definido o destino de quase todas as almas perdidas pelo reino.

Porém, mesmo com tantas vidas ceifadas, o jogador ainda irá encontrar alguns personagens zanzando pelas Terras Sombrias que, assim como você, também foram para lá em diferentes períodos. Mas uma coisa é perceptível, todos que falam sobre Miquella, o tratam como O Bondoso, e sugerem ter um grande apreço pela enigmática figura.

Qual o papel do filho de Marika nisso tudo afinal de contas? A única pista que o jogador encontra nesse momento inicial é uma enorme cruz de luz em certos Pontos de Graça, que indicam que Miquella abdicou partes de si mesmo e os espalhou pelas Terras Sombrias. Seu corpo, alma e… bem… talvez até mais. O que tudo isso significa?

Esse é o mote inicial dessa jornada expansiva. Viaje pelas Terras das Sombras, busque pelas Cruzes de Miquella, descubra o que ele abdicou em cada uma, conheça os NPCs e suas histórias, e eventualmente você entenderá o que está acontecendo nesse mundo, e então saberá quais serão seus próximos objetivos. Facções surgirão, sua intervenção fará um grande selo ser rompido e o véu que cobre esse reino será revelado.

E a expansão não se resume apenas a revelar a verdade sobre Miquella, como também apresenta outras figuras emblemáticas que irão surgir ao longo dessa jornada, dentre elas, posso destacar Messmer, outro filho de Marika e que também desempenhou um grande papel no passado das Terras das Sombrias, assim como também Rellana, irmã gêmea de Rennala, aquela que o jogador enfrentou na campanha principal quando adentrou na Academia Raya Lucaria.

Diferente dos múltiplos finais da campanha principal, a campanha de Shadow of the Erdtree só tem um único final, contudo em alguns pontos com as jornadas e conversas com os NPCs, o jogador poderá decidir entre algumas linhas de diálogos que podem influenciar as atitudes de certos personagens. E o final da história da expansão não causa qualquer impacto no final da campanha original.

Dificuldade enaltecida

Um dos fortes elementos que permeia Shadow of the Erdtree certamente é o alto nível da dificuldade dos novos chefes e muitos inimigos presentes pelo mundo da expansão. Certamente os desenvolvedores consideraram o conteúdo para ser algo após jogadores terem debulhado a campanha principal, ou ficarem bem próximos disso. Não se trata de um recomeço, e sim um desafio para que você leve seu personagem mais forte para uma nova aventura desafiadora.

Até porque sem dificuldade, não estamos falando do estúdio que criou esse gênero, detentora da trilogia Dark Souls. Com isso em mente, certamente encontrar a melhor maneira de balancear as Terras Sombrias para todos os jogadores avançados de Elden Ring deve ter sido um dos maiores pontos de complexidade para o desenvolvimento deste conteúdo.

Deveriam permitir que a progressão da campanha principal fosse ou não levada para a expansão? Isso não faria jogadores de níveis muitos diferentes terem experiências muito distintas entre si? E recomeçar tudo não seria… não recompensar os esforços de quem avançou pelo jogo, em dezenas, muitas vezes centenas de horas? Sem mencionar que reiniciar os níveis faria com que algumas armas e acessórios não fossem utilizáveis a depender dos pontos de atributos iniciais de cada um e isso criaria um outro problema, não? Pois é.

Pensando nisso a FromSoftware certamente chegou em um meio termo plausível, a qual não deixaria a progressão e construção dos jogadores serem inutilizadas pela expansão, sem que isso pudesse danificar o nível da dificuldade pela qual a mesma preza tantos em seus jogos, porém com o revés de que não daria para iniciar Shadow of the Erdtree totalmente do zero. Então veio a regra: progrida um pouco pela campanha original, derrote estes dois chefes (Mohg e Radahn), pois se você fizer isso, certamente já terá um nível onde será possível sobreviver minimamente pela expansão. Um acordo justo.

Sem mencionar que a derrota de Mohg e Radahn está inteiramente ligado a trama de Shadow of the Erdtree. Mohg é até compreensível, pensando que ele protege o ovo que serve como o portal para a DLC, porém depois você irá descobrir que a mais coisa aí e que sua derrota tem impactos narrativos dentro da expansão. E isso também serve para a derrota de Radahn, um chefe que aparentemente nada teria a ver com o acesso em si a expansão e que a mudança que sua derrota causa no jogo base também não afeta o caminho até esse conteúdo adicional. Só que Radahn é importante para a narrativa da DLC. Então pra trama funcionar, a história tem que acontecer depois de sua derrota. Bem sagaz, não?

Isso serve para estabelecer uma barreira mínima de level para a expansão, mas e como fazer com os jogadores já em altos níveis de experiência pelo jogo base? Como segurar um pouco isso? Bom, primeiro que os inimigos de alto nível da expansão já possuem um nível de HP altíssimo, então mesmo que o jogador tenha um nível elevado de poder de ataque, ainda vai levar um tempo pra esvaziar a barra do adversário, que também parece ter bons atributos de defesa, fora ataques devastadores. Claro que estar num level absurdo ainda tornará o combate na expansão um pouco menos sofrida. O indicado é que jogadores estejam entre os níveis 120 e 150 ao adentrar na expansão, ainda que no level 100 já seja possível bater Mohg.

Até porque a grande sacada do combate em jogos soulslike, e que se faz muito presente em Elden Ring, assim como nesta DLC, é a exaustão da batalha. São combates em que você deve atacar muito e tentar ao máximo não sofre nenhum ataque, pois os chefes e inimigos de grande poder tentem a eliminar o jogador com dois ou três ataques, e na expansão há chefes que te eliminam com um único ataque. Então quanto mais tempo as batalhas perdurarem, maiores são as chances do jogador errar uma esquiva, ficar confiante demais ou simplesmente perder o ritmo do combate, que, querendo ou não, muitas vezes é conduzido como se fossem passos de uma dança. Então, por mais forte que o jogador seja, derrotar os chefes o mais rápido possível é sempre uma valiosa tática, pois quanto mais a batalha se arrastar, maiores serão as chances de um erro do jogador colocar tudo em vão.

Com tudo isso em mente, é aí que entram dois itens valiosíssimos e exclusivos de Shadow of the Erdtree e que só funcionam nas Terras Sombrias: os Fragmentos da Umbrárvore e as Cinzas Espirituais Reverenciadas. Os Fragmentos servem para turbinar os status de dano e defesa do seu personagem, ou seja, seus ataques se tornam mais eficientes diante da alta defesa dos inimigos, arrancando assim mais HP, enquanto que os ataques deles também se tornam menos devastadores, permitindo que você sobreviva depois de tomar uns sopapos. Pois, independente do seu level (100, 120 ou 150), ataques e defesas ainda são um ponto de risco na DLC até que você suba neste sistema independente através destes fragmentos.

A questão das Cinzas Referenciadas são para uma outra questão, fortalecer sua montaria e seus espíritos aliados. Os espíritos, por mais elevados que estejam por meio do sistema do jogo base, sofrem do mesmo mal que o jogador quando chega a expansão: causam pouco dano diante da alta defesa dos inimigos, e sofrem dano massivo quando atacados pelos mesmo, indicando status de defesa bem precário nessa nova região. São as cinzas que permitem balancear também isso nos espíritos, tal qual os fragmentos fazem com o personagem do jogador. Já montaria, coitada, quando chega na DLC qualquer paulada a faz desaparecer num instante, que torna o combate com o Corcel Espectral um tremendo risco ao jogador. Depois de alguns níveis, isso melhora significativamente, e até mesmo o corcel se torna mais resistente.

Entretanto, vale apontar que o sistema de nível dos Fragmentos e das Cinzas Reverenciadas não é idêntico ao sistema de runas do jogo base. No jogo base você elimina inimigos, ganha runas e utiliza elas para subir de nível. O sistema de Shadow of the Erdtree é mais parecido com o sistema utilizado para melhorar seus frascos no jogo base, você coleta a semente dourada e leva até a fogueira, e depois de alguns níveis, acaba sendo necessário mais de um deste item para subir ao próximo nível. Mesma coisa com os fragmentos e com as cinzas.

E onde o jogador irá encontrar estes dois itens, tão valiosos, pela expansão? Existem alguns locais básicos. Nos Pontos de Graça em que pode ser encontrado uma Cruz de Miquella normalmente há (pelo menos) um fragmento, as vezes até mesmo uma cinza. Há também esse pedestal, onde você encontra a primeira cinza reverenciada que também vai se repetir pelo mundo e que, se o avistar, pode ter certeza que lá terá o item em questão. Fora destes locais, ambos os itens podem estar escondidos pelo mundo, assim como serem a recompensa ao se derrotar certos chefes da expansão, sejam eles obrigatórios ou opcionais.

Agora um ponto de discussão interessante: será que esse sistema é tão eficiente quanto o tradicional de ganho de nível pelas runas? Pois essa é a pergunta de ouro para a expansão. No jogo base, o jogador se fortalece explorando o mundo e lidando com inimigos menores, ganhando runas e assim conseguindo de forma orgânica e natural ir ficando mais forte. Em Shadow of the Erdtree, mesmo que você ainda explore, elimine inimigos fracos, ganhe runas e consiga subir de nível, como já se chega a expansão com um alto nível, leva-se tempo pra subir um nível (já que é um número bem expressivo de runas necessárias para tal), e o impacto disso quase não é perceptível. Diferente quando se começa a subir o nível dos fragmentos e das cinzas. Dá para subir rapidamente para o nível 5 desse sistema novo e sentir a melhoria no ataque e defesa pelas áreas iniciais.

Parece bom então. Só que o revés disso é que o jogador precisa, num primeiro momento, explorar uma enorme área da expansão, e não só isso, diferente da praticidade de farmar runas, você precisa encontrar os itens específicos para subir de nível. Se você for péssimo em procurar, ou não tiver paciência de vasculhar, vai ter a frustração de andar, andar e andar, e não encontrar os itens na proporção do tempo que está sendo gasto. Não é como no jogo base, que você pode não sair explorando muito, e decidir ficar num local e minerar runas lutando contra os mesmos inimigos (prática inclusive aceitável neste gênero de jogo).

Quem tiver a pressa de progredir pela expansão, para abrir novas áreas, conferir a trama, pode acabar se sentido um pouco frustrado por ter que interromper sua jornada para caçar fragmentos e cinzas em regiões em que nem sempre fica óbvio onde podem estar, considerando que são realmente poucas unidades presentes na expansão toda. E a frustração aumenta mais se você explorar e não encontrar, claro. Porque afinal, trata-se de um item bem limitado da expansão. Diferente das runas, não concorda?

Mas basicamente é nesta estrutura que Shadow of the Erdtree encontrou um meio para ser desafiador, como precisa ser, diante de um público que pode querer começar Elden Ring a partir deste ano, enquanto não deixa de lado toda uma comunidade que já decorou tudo no jogo base e construiu diversas builds fortíssimas de personagens e que possui os mais altos níveis de armamentos, espíritos, talismãs e acessórios. E louvável que os desenvolvedores tenham conseguido encontrar esse caminho das pedras para que todos, novatos e veteranos, tenham uma experiência bem equilibrada nesta aventuras pela região das Terras Sombrias.

Considerações finais

Shadow of the Erdtree é realmente tudo que os fãs de Elden Ring sonhavam em ter como conteúdo adicional. Está correto em ser chamada de expansão, porque é exatamente isso que a DLC faz, adicionando mais de tudo que pode ser oferecido.

Não se trata apenas de uma nova região para ser explorada, mas há também novas armas, gestos, talismãs, equipamentos, lágrimas para misturar no elixir, cinzas de guerra, encantamentos, feitiços e até mesmo espíritos. Há um pouco de tudo, e que expande a possibilidade de novas construções de personagens, desde quem quer lutar com os punhos e se vestir como um urso, até mesmo quem apenas deseja novas armas enormes ou talismãs aprimoradas ou novas habilidades destes. Novas opções não faltam.

Inclusive, talvez seja por isso que as Terras Sombrias possui certos recursos aos montes, como Pedras de Forja, comum e sombria, para que isso torne mais fácil a decisão do jogador em trocar e testar as novas armas, já que torna mais fácil o processo de aprimoramento destes novos equipamentos. Até mesmo inimigos, como soldados, podem dar pedras de forja com muita regularidade.

E já que mencionei inimigos, novos tipos destes é o que não faltam na expansão. Sim, a DLC ainda reutiliza alguns inimigos do jogo base, em versões mais fortes, mas também há espaço para novos adversários fortes. Novos tipos de cavaleiros de elite, novos monstros e, é claro, novos e poderosíssimos chefes. Uma destas novidades que chama a atenção logo de cara chegando na nova região é o gigantesco golem de fogo, que parece uma fornalha. Ele está presente em várias áreas das Terras Sombrias e seus ataques são devastadores e atingem longuíssimas distâncias. Leva-se tempo para ter coragem em enfrentá-lo e entender seus pontos fracos.

Já os inimigos regulares do mundo, soldados, assassinos e grandes cavaleiros, apesar de não soarem assustadores num primeiro momento, especialmente pelos veteranos que se habituaram com inimigos parecidos no jogo base, estarão subestimando estes novos inimigos, ao menos nas horas iniciais da DLC, quando seus ataques ainda não causaram muito dano, mas os destes inimigos poderão ser fatais. Ser rodeado por alguns deles então é morte certa.

Shadow of the Edrtree também entrega novos confrontos contra alguns dragões, de classe não vista no jogo base. E aqui também é fácil ir para a batalha super confiante, por já ter enfrentados vários no jogo base, e ser massacrado em poucos minutos. Os dragões da DLC são espertos, não deixando o jogador ficar em suas pernas, tomando distância e utilizando ataques de larga escala assim que colocam o jogador na minha destes movimentos. E se há novos dragões, há novas pedras dracônicas, assim como corações, então espere um novo altar de comunhão e novos feitiços de invocação de magia draconiana.

Contudo, claro que as grandes estrelas da expansão são os chefes. Curioso apontar que chefes obrigatórios para fechar a trama da expansão são poucos, em torno de cinco, contudo a expansão conta com mais de 40 chefões únicos, com um número que pode chegar a 80 se você começar a contar versões repetidas com alterações e invasões. É um número realmente grande. E são confrontos que vão desde imensas criaturas, a confrontos contra personagens humanos, com equipamentos e sets que estão presentes no jogo. Combates únicos e, claro, com alto nível de dificuldade.

Muitos confrontos irão permitir que o jogador use seu espírito aliado, ainda que em alguns casos, topei com chefes que a expansão só permitia o confronto mano a mano. Um dos primeiros, num mausoléu, perto de onde você inicia na expansão é exatamente assim, um cavaleiro de alto nível e golpes fatais que garante seu set inteiro caso o jogador o vença. Em outros casos, também será permitido que o jogador convoque alguns dos novos NPCs que estão presente pelas Terras das Sombras. Claro que ao fazer isso, a barra de HP do chefe também irá aumentar, então é preciso pesar se vale a pena invocar esse aliado, pois se ela cair muito rápido, é o jogador que vai precisar lidar com o chefão com a barra de saúde inflacionada.

Também acho importante apontar que em alguns destes confrontos em que se pode invocar um NPC para a batalha nem sempre essa opção ficará ativa durante todo o progresso da nova campanha. Tive essa situação com a batalha contra a Fera Divina, no Castelo de Berulat, e também com Rellana no Castelo de Ensis. Em ambos os casos tentei vencer estes chefes com o auxílio da invocação, mas ainda não tinha força o suficiente. Sai para explorar o mundo e quando voltei, não havia mais as invocações.

Contudo, sei o que ocorreu para o sumiço destas invocações. Ocorre que há mudanças significativas nas Terras Sombrias quando o jogador adentra no portão da Fortaleza das Sombras, que é onde se encontra o primeiro chefe obrigatório do jogo, o Hipopótamo Dourado. Ao fazer isso, há um alerta em texto de que uma grande runa foi quebrada e o selo perdido. Isso abre certas áreas no mundo, dentre outras coisas, é inevitável a quebra da runa. Fique atento a este evento, pois ao realizar isso, NPCs vão mudar diálogos e posições no mapa. Tenha certeza de já ter conversado com todos nas áreas previamente liberadas. Fica a dica.

Indo adiante, e já abordando o mundo das Terras Sombrias, a expansão oferece uma boa diversidade de locais diferentes e muito bem desenhados por sinal. A expansão aposta bastante em verticalidade, então há locais realmente altos, sendo que o jogador em alguns casos precisa explorar e entender onde deve subir, incluindo o fato de alguns saltos nos moinhos de vento estarem selados, e para ser liberado o jogador deve descobrir onde está o selo, uma pilha específica de pedras que deve ser destruído, que normalmente fica nas redondezas de onde está o salto de vento.

Outro ponto interessante no design deste novo território é a forma como certas áreas são acessadas, e neste caso é o contrário do relato acima, no que diz respeito as áreas mais baixas do mapa. Em alguns casos o jogador deve seguir por cavernas ou catacumbas, afim de encontrar a saída que dará acesso ao ponto mais baixo do mapa, sendo que o acesso pelas áreas superiores não é viável. Estas trilhas são longas, e por mais que não sejam óbvias, tornam a exploração ainda mais recompensadora. Inclusive, uma das áreas secretas do mapa, só é acessível por meio de uma parede invisível e após dormir num caixão.

Dito isso, nem toda área esplêndida aguarda grandiosos eventos, ao menos não num primeiro momento. Posso dar como exemplo um local nas Terras Sombrias que é repleta de enormes construções rochosas em formado de dedos, lar de salamandras e aquelas mãos macabras. Uma região um tanto vazia, ainda que guarde alguns itens interessantes, porém carente de algum evento de maior proporção. Entretanto, independente de alguns locais assim, há muitos outros bem interessantes por toda a região das Terras Sombrias.

Grandes planícies fúnebres, diversas regiões florestais, um litoral impressionantemente bem iluminado por campos de flores florescentes, covis de dragões, enormes castelos e fortalezas, riachos com enormes quedas d’água e até mesmo uma impressionante área subterrânea que você precisa descer muito até chegar lá.

Ao fim, há grandes méritos que podem ser dados a Shadow of the Erdtree. A dificuldade que é tradição das obras da FromSoftware, e também um dos astros de Elden Ring, consegue ser mantida com louvor na DLC, independente do jogador estar chegando agora, sendo obrigado a passar pelo jogo base até certo ponto, seja um veterano que já passou por todos os pontos possíveis e ainda assim as Terras Sombrias sabe intimidar e desafiar tal jogador.

Fora isso, a expansão entrega um enredo digno do universo apresentado pelo jogo base. Trabalha com personagens que só haviam pistas e indícios sobre suas motivações e refina alguns elementos que foram apresentados na história principal, especialmente no que diz respeito a Miquella e Malenia, e dão peso a Mohg e Radahn, justificando as barreiras para acesso ao conteúdo.

Shadow of the Erdtree também consegue fazer exatamente o que se espera de um conteúdo adicional pago, entregando ao jogador mais de tudo que a obra original tem a oferecer. Seja de equipamentos, itens, mais opções para construir seu personagem, novos locais, inimigos e chefes. E tudo sem soar como algo reciclado. Na real, se não fosse o caráter um pouco menor do que o jogo base, este conteúdo poderia quase soar como uma sequência do jogo de 2022.

E todo o tempo de espera pelo conteúdo agora faz sentido e pode ser dito que valeu a espera. A expansão te suga de volta ao mundo de Elden Ring. Te faz querer explorar não só tudo que a DLC tem a oferecer, mas até mesmo a aplicar os novos recursos, armas, espíritos, talismãs e etc diretamente no jogo base, até mesmo num New Game Plus. Demorou para ser lançado, porém parece ter sido lapidado exatamente como os fãs sonharam nestes últimos dois anos. Como é bom voltar a esse universo!

Galeria

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Dando nota

Importante sistema de barreira, que exige certo nível do jogador para começar a DLC - 10
Novo mapa não é tão grande quanto a do jogo base, mas ainda assim é muito maior do que se pode imaginar - 10
Mais de tudo: armas, talismãs, lágrimas, encantamentos, vestimentas, itens de aprimoramento, espíritos, cinzas de guerra etc - 10
Sistema próprio de nível faz um bom balanceamento na dificuldade geral, porém exige boa exploração para caçar estes itens - 9
Traz novos inimigos e poderossísimos novos chefes e guerreiros de elite - 10
Manda bem no design e layout de castelos e fortalezas, assim como a trajetória entre certas regiões do mapa - 9
Expande muito bem a lore desse universo e trabalha com personagens que os fãs já estavam curiosos para saber mais - 10

9.7

Fantástico

Shadow of the Erdtree é a expansão que os fãs tanto desejaram para Elden Ring nestes últimos dois anos, cumpre todas as expectativas em diferentes níveis, expandindo a lore do universo, trazendo novas ferramentas para construção de mais personagens com diferentes estilos de combate, dentro de um novíssimo território, repleto de novos ambientes, inimigos, chefes e desafios que conseguem se balancear independentemente do level de cada jogador, graças a um novo sistema de reforço de nível que só funciona aqui na expansão. Um conteúdo que valeu a pena esperar.

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