Análise | Super Monkey Ball Banana Rumble

Disponível para Nintendo Switch

Super Monkey Ball Banana Rumble tem méritos, e muitos, pois é o retorno de um marco do universo da Sega, e que, desta vez, chega num título totalmente inédito. Uma nova história (campanha), adição de novos personagens, fases totalmente inéditas, diversas modalidades de jogo e muito mais. Tudo aqui é, de fato, novo! Bem diferente da edição anterior, Banana Mania (2021), que foi um remake que compilou 300 estágios dos três primeiros jogos da franquia.

Desenvolvido pelo Ryu Ga Gotoku Studio, que também é responsável por todos os jogos da franquia Yakuza, Super Monkey Ball Banana Rumble foi lançado em junho deste ano, com exclusividade para Nintendo Switch, sem que até o momento tenha qualquer sinal de que vá sair em outras plataformas tão cedo. O que é até historicamente… interessante.

Isso porque lá no passado, em 2001, o primeiro Super Monkey Ball surge num momento em que a Sega estava deixando a guerra dos consoles, aposentando no mesmo ano o Dreamcast, deixando assim de produzir hardwares, e se tornando o que é até hoje, uma empresa que desenvolve jogos eletrônicos por meio de seus diversos estúdios.

E Super Monkey Ball (2001) foi o primeiro título da empresa a sair num console que não o próprio da Sega, e ainda mais, saiu na época com exclusividade num console, de uma empresa que historicamente sempre foi sua rival: a Nintendo. Foi, alias, um dos grandes títulos que marcou a icônica biblioteca de clássicos do Nintendo GameCube.

Ou seja, Banana Rumble no Switch com essa exclusividade (temporário ou não), até soa respeitoso com a história da franquia, mesmo que diversos outros títulos da série também já tenha aparecido em diversas outras plataformas ao longo dos anos, incluindo PC, portáteis, dispositivos móveis, Xbox e PlayStation.

Para quem não conhece a franquia, Super Monkey Ball é uma série de jogos em que o jogador controla um pequeno macaco dentro de uma esfera, onde precisa vencer uma série de desafios que consiste em levar a esfera até um ponto final de um estágio suspenso no ar, com diversas plataformas, desviando de buracos e armadilhas que vão estão ali para que você caia ou seja atirado do estágio.

A série mistura gêneros, entre plataforma e puzzle, com uma jogabilidade que brinca um pouco com a física da esfera em meio a superfícies que propositalmente possuem inclinações e obstáculos para que a esfera acabe se descontrolando, seja em velocidade ou saindo do chão.

Super Monkey Ball Banana Rumble está disponível aqui no Brasil com uma ótima localização em português, com legendas para todos os diálogos da aventura presente na campanha principal, com textos dos menus e tutoriais totalmente traduzidos em nosso idioma. O que sempre digo ser louvável, especialmente para um título que facilmente consegue alcançar uma ampla faixa etária de público, das crianças aos adultos. E como os personagens usam uma linguagem própria (de grunhidos), não há que se falar na necessidade de dublagem.

Inédito, porém familiar

Como já mencionado, um dos grandes trunfos de Super Monkey Ball Banana Rumble é se tratar de uma edição com todo conteúdo 100% inédito, sem reutilização de fases de jogos anteriores, além de outras atrações, como modalidades multiplayer, local e online, vasta opções de personagens e customizações destes, uma nova história dentro do mundo destes adoráveis macaquinhos, assim como a adição de um novo movimento as mecânicas clássicas de jogabilidade, o Giro Acelerado, a qual explicarei mais a frente desta análise.

Contudo, antes de ir adiante, preciso apontar que por mais que o título traga tantos aspectos novos, a fórmula ainda permanece um tanto intocada, o que por muitas vezes acabou me passando a impressão de déjà vu. “É novo, mas sinto que já joguei isso“, sabe? Como um fã, e jogador veterano da franquia, senti que faltou algo para impressionar justamente quem é da velha guarda. E claro que para quem está chegando agora, tudo soa maravilhoso. E é. O que cria essa situação de dois pesos e duas medidas a depender da sua experiência com a franquia.

Claro que entendo que o conceito da fórmula é simples desde sua origem, e se reinventar, sem a perda da essência, talvez seja uma das tarefas mais difíceis destas franquias antigas, baseadas em personagens mascotes. Contudo, sinto que faltou um pouco mais de ousadia, alguma experimentação, especialmente quando penso que o título foi desenvolvido pelo mesmo estúdio das atuais franquias Yakuza e Like a Dragon, que apostam tanto em pontuais mecânicas criativas e inusitadas.

Vou exemplificar o que estou tentando dizer para ficar mais claro. Pegue o Modo História de Super Monkey Ball Banana Rumble. 10 mundos, com 10 fases cada. A progressão por cada mundo é idêntico ao que me recordo de edições anteriores. O jogador começa na fase 1-1, bem simples, e os ambientes deste mundo vão se tornando mais complexos e intrínsecos a cada fase vencida. Cada mundo tem uma ambientação própria, e as vezes uma ou outra mecânica característica do mundo. Então quando se vai para o mundo 2-1, existe a sensação de que tudo recomeçou. Primeiras fases bem simples, e tudo vai se complicando novamente. No fim, uma progressão tradicional, básica e… óbvia.

Não existem fases especiais na forma como as coisas progridem. Não tem uma dinâmica diferenciada. O jogador pode, por exemplo, trocar o personagem a qualquer momento, sendo que cada personagem tem certos atributos, um pode ter sua esfera mais pesada, outro pode ser mais ligeiro. Pensando nisso, teria sido legal se houvessem fases especiais para personagens fixos. Seria interessante se entre estas 10 fases, mini games fosse inseridos, nem que fossem baseados nas modalidades e corridas do multiplayer. Quem sabe fases puzzles, com soluções assertivas para realizar certos objetivos.

Sabe outra coisa a qual senti falta? Fases de chefes. Algo que já existiu em edições passadas da franquia, mas que ficaram de fora nesta edição. Cada mundo vencido dá uma sensação estranha sem que haja um batalha engenhosa, envolvendo a mecânica de Super Monkey Ball. E a trama possui vilões, já que a aventura brinca com uma narrativa de artefatos especiais a qual a trupe de AiAi (o macaco que protagonista da franquia) estão coletando por diferentes regiões.

Desta forma, digo que Super Monkey Ball Banana Rumble entrega uma experiência inédita, porém básica, ao menos em termos de progressão da campanha principal. Ao menos nos aspectos mencionados. Até porque acho muito bacana que a campanha, por si só, oferece uma experiência multiplayer com até quatro jogadores cooperativamente. Mas isso é legal pela experiência coletiva, claro.

Impulso programado

Agora preciso voltar um passo e mencionar o Giro Acelerado (Spin Dash), uma nova mecânica criada para esta edição. Esse movimento permite que o jogador realize um turbo carregado da esfera, criando impulso e velocidade. É um movimento útil para situações em que, por exemplo, seja preciso subir uma rampa numa situação em que você sinta que não vai conseguir ir até o fim, ou até mesmo para dar impulso para realizar um salto.

Fazendo uma rápida comparação, nos jogos anteriores, o jogador não tinha muitas opções para os exemplos mencionados, a não ser não perder o impulso criado pelo layout da fase, não desacelerando ou passando por marcadores no chão que lhe impulsionam ao passar por eles (recurso que também existe em algumas fases desta edição). Sendo assim, o Giro Acelerado dá mais liberdade ao jogador para momentos em que é preciso impulso e velocidade, enquanto lhe dá a opção de também desacelerar para explorar em certos momentos.

Outro aspecto é que em alguns pontuais cenários, a construção do design da fase foi feito especialmente pensando na obrigatoriedade do jogador usar o Giro Acelerado para alcançar certos pontos ou colecionáveis, o que é uma boa, pois cria situações únicas dentre todo o legado da franquia.

Por fim, o Giro Acelerado também parece propositalmente pensado para cumprir um dos três requisitos especiais que existe em cada estágio: coletar um certo número de bananas, coletar a banana dourada e passar pela linha de chegada num determinado limite de tempo. E é neste último objetivo que o Giro Acelerado melhor se encaixa, ainda que haja muitos estágios em que só coletei a banana dourada graças a um bom salto com esse novo movimento.

Festa dos macacos online

Indo além da campanha, uma das atrações muito bem idealizadas de Super Monkey Ball Banana Rumble e que soa bem moderna, e dá o frescor a qual a franquia pede mesmo que exista, são as modalidades multiplayer online competitivas. Até porque, quando se olha para o passado, esse é um elemento que foi adicionado em edições mais recentes da franquia. E parece que finalmente é possível fazer algo que seja divertido dentro da proposta deste universo.

A começar pela modalidade que mais chamou a minha atenção: a corrida online com até 16 jogadores controlando seus macaquinhos, a Monkey Race! Os percursos construidos para essa competição são bem legais, e são longos, muito maiores do que as fases da campanha, cujo o limite de 60 segundos para serem finalizadas limitam seu tamanho. É diferente com os cenários construidos para a modalidade da corrida, que tem um tempo maior para serem finalizados, e um cronômetro só começa a fazer a contagem regressiva quando alguém passa pela linha de chegada.

Estes trajetos seguem o conceito dos estágios tradicionais da franquia, com obstáculos, pontos de plataforma, armadilhas, passarelas curtinhas, onde jogadores precisam se habilidade e agilidade para se manterem a frente dos demais jogadores, sendo que estes podem empurrar um ao outro, utilizando deste artifício para derrubar quem estiver à frente e resolva desacelerar. Inclusive o Giro Acelerado, que pode ser utilizado também nestas modalidades online.

Não só isso, mas as corridas possuem itens de trapaça, como ocorre em jogos como Mario Kart. Há itens ofensivos e defensivos, desde foguetes, barreiras e até mesmo a possibilidade de transformar alguns jogadores em bigornas, afim de deixá-los pesados e lentos. Não são itens que definem a vitória, porque o que vai contar mesmo é a a habilidade do jogador de ser rápido frente aos desafios do cenário, porém causam aquele caos gostoso que esse tipo de partida pede que exista.

E essa modalidade online não consiste apenas em corridas. Ainda existe outras quatro atividades competitivas, que vão desde coletar a maior quantidade possível de bananas, passar por arcos com diferentes tipos de pontuações, destruir robôs e até mesmo uma modalidade semelhante a brincadeira de batata quente, onde jogadores carregam bombas e precisa repassá-las a jogadores que não possuam, antes que a mesma exploda.

São modalidade extras divertidas que criam uma dinâmica diversificada em relação as corridas. A modalidade de pontuação em aros, por exemplo, tem um mapa que é uma grande rampa, com diferentes aros, diferentes pontuações, e que o jogador ficar em looping descendo, precisando decidir passar por um aro de pontuação pequena, ou se arriscar pegar aros com pontuações maiores, mas mais difíceis de serem atingidos. E como os modos são escolhidos de forma aleatório no modo online, é normal o jogo intercalar corridas com estas atividades.

Na parte técnica, as partidas comigo ocorreram de forma bem satisfatória. Existiu um tempo de espera para fechar os 16 jogadores, que consistiu em esperar entre 2 a 5 minutos em cercas ocasiões, mas essa espera é feita num hub que simula uma pista de treino, então o jogador pode relaxar coletando bananas pela arena. Simples, mas funcional. Uma vez conectado, não tive partidas desconectadas ou lentidões. As partidas rodaram sem grandes engasgos.

Também achei muito legal que a modalidade online tem uma espécie de Passe de Temporada Gratuito. Participar de partidas online rendem pontos de experiência, e quanto melhor a classificação, mais pontos são obtidos. E estes são aplicados no passe que irá lhe rendem vários itens cosméticos para personalizar seu personagem. Itens exclusivos e que só podem ser obtidos por esse passe, não estando presentes na loja que fica no menu principal e que vende itens com os recursos coletados no modo campanha.

É um excelente incentivo para apostar nas modalidades online, bem característico da forma como muitos jogos conversam com jogadores da atual geração, sempre ansiosos por estes itens cosméticos gratuitos e por recompensas pelo tempo investido pela repetição de um ciclo de partidas. E é um passe bem generoso. Fácil de ganhar níveis e itens.

Considerações finais

Super Monkey Ball Banana Rumble faz um retorno digno de uma franquia que possuiu uma história no legado da Sega. Desta vez sem reutilizar materiais do passado e apostando, sabiamente, em conteúdos totalmente novos. Trazendo um pacotão de atividades, desde um sólido e consistente modo campanha, com mais de 200 estágios, novos personagens, e uma aventura divertida nesse mundo dos símios que utilizam esferas para se locomover. Tudo devidamente localizado em nosso português.

Incluso nesse pacote está um robusto modo de multiplayer, seja local, com suporte para até 4 jogadores na campanha, no melhor modelo cooperativo, quanto em modalidades competitivas, que entregam uma ótima experiência online, com suporte para até 16 jogadores em atividades únicas, de corridas a desafios de pontuação, em cenários construidos especialmente para estas modalidades. Com uma competência técnica muito boa, sem desconexões ou engasgos truculentos nas partidas.

Os desenvolvedores também parecem entender muito bem a importância do jogador ter essa necessidade de ter um avatar que representa a sua personalidade, então ainda que o título traga diversos personagens para serem utilizados, incluindo alguns que são destravados finalizando a campanha, e outros por meio de DLCs, há também uma vasta gama de opções de roupas, acessórios e efeitos para vestir seu personagem. Desde chapéus, calçados, roupas temáticas a cores da esfera e até alguns efeitos estéticos nela.

Lembrando que estes item são cosméticos e não afetam a performance do personagem. Porém, vale lembrar que os personagens, estes sim, possuem atributos diferentes, desde peso, velocidade e aceleração do Giro Acelerado. Inclusive a Sega trouxe convidados para esta edição, então até mesmo Sonic, Tails e cia podem ser selecionados no elenco, a depender da sua edição do jogo (podendo adquiri-los via DLC também).

Além disso, para aumentar a longevidade desse ecossistema online, um passe de temporada gratuito se faz presente, dando diversas recompensas cosméticas de uma forma bem generosa a cada partida completada. Um modelo que conversa muito bem com a atual geração de jogadores.

Já em outros aspectos, agora mais técnicos, na parte gráfica, Super Monkey Ball Banana Rumble não é exatamente um título que se sobressai em relação aos seus antecessores. Sua direção de arte chega a ser bem competente nos mundos avançados, contudo, não atualiza a arte característica da franquia, apresentando aquela sensação de lugar comum, sem conseguir impressionar. E como estamos no Nintendo Switch, os gráficos estão no que o console normalmente entrega em sua performance normal.

Falando no Nintendo Switch, achei bacana que o título permite duas modalidades de controles, os tradicionais, com botões e alavancas, porém todo o game e seus modos tem suporte aos sensores de movimento e giroscópio dos joy-cons. Fica a critério de cada jogador qual utilizar, contudo, fico com a sensação de que o modo tradicional é como foi concebido para a grande parte dos estágios. Nesse sentido, acredito que teria sido interessante se houvessem algumas fases especiais cuja só houvesse a obrigatoriedade do uso dos sensores, pois teriam sido construidas com isso em mente. No mais, os controles respondem perfeitamente.

Também faço elogios ao valor de replay quando observado todo o pacote de conteúdo presente no título. O modo aventura com 10 mundos praticamente dobra quando a campanha é finalizada, com mais 10 fases extras baseadas em cada bioma, sendo novos estágios mais desafiadores em relação aos originais. É bem impressionante nesse sentido.

Fora que cada estágio tem as três metas, e em grande parte destes estágios não é possível realizar todos numa única tentativa. Coletar bananas exige tempo, enquanto que bater o tempo requer ignorar as bananas em certos cenários. Então muitos estágios, por mais que sejam de 60 segundos, exigirá diversas tentativas do jogador para cumprir todas as três tarefas opcionais.

Adiciona mais valor quando se observar que mais personagens são destravados ao final da campanha, permitindo revisitar estágios com alguns atributos diferentes da vitória original, além de toda a longevidade da parte multiplayer, e da busca por todos os itens cosméticos da loja padrão e do passe de temporada em vigor.

Tudo isso para dizer que Super Monkey Ball Banana Rumble é um grande adição a franquia, que precisava mesmo de novos conteúdos, personagens e estágios. Talvez seu único ponto crítico seja a falta de uma evolução na fórmula, que aposta demais naquilo a qual os fãs já conhecem, e traz poucas novidades em termos de novas mecânicas ou até mesmo em sua direção de arte. Não são grandes problemas, mas impedem que esta edição faça uma performance além do que talvez se esperasse. O resultado é uma sequência sem grandes surpresas, ainda que mantenha uma grande qualidade ao apresentar um conteúdo totalmente inédito.

Galeria

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Dando nota

Retorna em uma sequência com todo seu conteúdo inédito - 9
Talvez siga demais a fórmula estabelecida, deixando aquela sensação de déjà vu aos jogadores veteranos - 7
Visualmente entrega uma direção de arte sem muita ousadia, entregando apenas mais do mesmo - 7.5
Entrega uma divertida campanha, que vai melhorando a cada mundo e tem alto valor de replay - 8.5
Giro Acelerado, a única mecânica nova, é uma boa adição a jogabilidade, mas não impressiona - 7.5
Multiplayer online para 16 jogadores é divertido, com boas ideias e sagaz ao premiar partidas com itens cosméticos sazonais - 8.8
Ótimo suporte a customização, além de oferecer personagens diferentes, com atribudos únicos refletidos no gameplay - 8.8

8.2

Ótimo

Super Monkey Ball Banana Rumble faz uma aposta segura em sua fórmula já restabelecida, enquanto encontra meios de apresentar uma sequência com conteúdos inéditos, com 200 novos estágios. Consolida uma boa campanha que diverte, com suporte a experiência single player e multiplayer, enquanto expande a experiência para novas modalidades competitivas online, com corridas e competições, até mesmo com direito a passe de temporada gratuito! Um pacote que manda bem em pequenos detalhes, desde a nova mecânica do Giro Acelerado, aos mundos extras após concluído a campanha, até mesmo as opções de personagens e as muitas opções de customizações do mesmos. Tem desafio, tem diversão, tem conteúdo. Bom para quem está chegando agora, mas talvez fãs de longa data sintam falta de uma certa ousadia em se reinventar.

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