Análise | Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club

Disponível para Nintendo Switch

Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club é uma obra pensada para um público bem específico, que topa aventuras narrativas no modelo de visual novel, mediante a interação eletrônica que um videogame pode apresentar. Um gênero muito popular no Japão, e que talvez só não seja tão popular em outros lugares do mundo por conta da tímida localização que recebe em certos idiomas, isso quando recebe!

Desacelerando um pouco, primeiro as apresentações. O título foi lançado no último dia 29 de agosto, com exclusividade para o Nintendo Switch. Seu desenvolvimento foi pela própria Nintendo EDP (Entertainment Planning & Development), divisão interna da empresa, em parceria com o estúdio Mages, uma companhia que tem uma grande especialização na área musical, tanto de jogos eletrônicos quanto de animês.

Emio – The Smiling Man faz parte de uma coleção de jogos que teve início lá em 1988 (!!) numa coletânea conhecida como Famicom Detective Club, cuja a proposta era bem semelhante ao que se está sendo apresentada aqui: aventuras de crimes e mistérios, em uma narrativa de visual novel, cuja o suspensa é que prende o jogador a querer ir até o fim do emaranhado de pistas e investigações realizadas. Projeto original de Yoshio Sakamoto, um dos criadores do primeiro Metroid, e aqui faz um triunfal retorno para sua amada franquia de mistério investigativo.

Vale lembrar que este lançamento não surge exatamente do nada. Em 2021, a Nintendo já havia lançado um pacote com os dois jogos originais da Famicom Detective Club, trazendo os dois contos originais, The Missing Heir (1988) e The Girl Who Stands Behind (1989) para o Nintendo Switch em dois remakes com muita competência, com gráficos atualizados, bem semelhantes ao resultado apresentado em Emio – The Smiling Man. Certamente foi o sucesso deste resgate que viabilizou uma nova entrada inédita nesta franquia.

Bem, se lá em 2021 não tive a oportunidade de experimentar os remakes, após algumas semanas com Emio, certamente não teria qualquer problema em experimentar os jogos anteriores quando uma oportunidade futura surgir. Afinal, apesar dos títulos seguirem uma cronologia e terem os mesmos protagonistas, cada jogo funciona de forma isolada, com suas próprias tramas envolvendo crimes, mistérios e assassinatos.

Em Emio – The Smiling Man, o jogador está de volta à Utsugi Detective Agency, comandada por Shunsuke Utsugi e seus dois ajudantes, Ayumi Tachibara (19 anos), a qual seu passado faz parte intrínseca das tramas dos remakes de 2021, e um jovem rapaz cujo o nome não é mencionado, afim de permitir que o jogador tenha aquela sensação de que ele esteja na perspectiva de um avatar.

Uma barreira complicada…

Antes de seguir adiante, preciso dizer que talvez a maior barreira de Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club para o público aqui do Brasil seja a questão da localização do jogo. Para um título cuja a proposta seja acompanhar uma extensa narrativa, de aproximadamente 12 horas de gameplay, com muitos textos e diálogos, o fato do jogo não ter localização em português é uma barreira de acessibilidade que chega até ser um pecado para todos os méritos que o título possui.

Basicamente é como ir aos cinemas ver um filme em qualquer outro idioma que não seja a sua língua maternal, sem dublagem, sem legendas. Ainda vai existir o efeito visual das cenas, mas todo o resto será severamente prejudicado. Num visual novel então, onde as cenas são menos fluidas e mais estáticas, esse elemento ainda piora um pouquinho mais.

Sabe o que também não me agrada muito? O fato de Emio – The Smiling Man ter áudio para todos os diálogos de seus personagens, mas tudo está apenas em japonês! Não existe dublagem em inglês, apenas suporte em textos e legendas. Sinceramente não entendo a decisão da Nintendo de sequer colocar as vozes num idioma mais universal do planeta. É complicar ainda mais a acessibilidade da obra.

Não sou fluente no inglês, mas o domino o suficiente para me virar com a língua. Então a parte textual do jogo não me incomoda, contudo, seria muito mais agradável ouvir os personagens falando num idioma que tenha melhor compreensão, do que me obrigar apenas a ler os diálogos, já que as vozes em japonês no final servem apenas para entender a entonação das falas (surpresa, susto, preocupação etc).

Acho um erro a falta de localização num idioma mais universal. Independente da trama se passar no Japão e os personagens falarem idioma do local. Se fosse assim muitos filmes e séries não receberiam dublagem se precisassem seguir fielmente o idioma do cenário em que se passam as histórias. Acessibilidade é mais importante nesse aspecto.

Dito isso, Emio – The Smiling Man conta com localização em texto nos idiomas alemão, chinês, coreano, espanhol, francês, inglês, italiano e, claro, em japonês. Volto a dizer, com tantas opções, me parece um pecado deixar o português de lado, não acha?

Assassinatos & lenda urbana

Sendo um jogo onde o principal elemento é sua narrativa, Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club cumpre muito bem tal função, entregado uma trama que realmente consegue deixar o jogador preso no emaranhado de pistas e suspeitas, tentando conectar os pontos até descobrir a verdade por detrás de todo o mistério apresentado.

A história começa quando um terrível assassinato de um jovem estudante de 15 anos entra no radar da bem relacionada agência de detetive Utsugi, que passa a trabalhar com a polícia e investigadores do caso, afim de descobrir o cruel responsável por tirar a vida de um adolescente.

Contudo o mistério começa a ficar intrigante quando são revelados alguns detalhes sombrios envolvendo a morte do jovem Eisuke Sasaki, já que seu corpo foi encontrado com sua cabeça dentro de um saco de papel, com um sorriso desenhado.

Não bastasse esse fato ser bizarro por si só, as coisas ficam ainda mais estranhas quando se percebe que esse fato soa muito semelhante com uma famosa lenda urbana da região, envolvendo uma figura assustadora andando por aí com um saco de papel, que vagueia por aí procurando meninas tristes e as assassinando sob o pretexto de colocar um sorriso em seus rostos, exatamente o tal saco de papel com o sorriso desenhado. Esse estranho ser é o tal Emio, que dá título ao jogo. E diz a lenda que se você sorrir para Emio, ele te deixará viver.

Se fosse só isso, tudo bem, lendas são lendas. Contudo, o assassinado do jovem tem fortes elementos de uma série de assassinados que ocorreram 18 anos atrás, envolvendo três garotas da região. Cujo o crime nunca foi solucionado, o verdadeiro culpado nunca foi encontrado, e todas as mortes também envolveram referências a lenda de Emio e os sacos de papel com o sorriso em todas as mortes.

Tais fatos levantam uma série de perguntas. A morte de Eisuke tem alguma conexão com os assassinatos de 18 anos atrás? Trata-se do mesmo assassino nunca descoberto? E qual a conexão com a lenda urbana? E os pontos que não se conectam? Afinal no passado foram três garotas e agora foi um garoto…  será um imitador? Mas como ele teria acesso a informações que nunca foram reveladas a imprensa?

É partindo destas indagações que o jogador passa, com o auxilio do detetive Utsugi e da jovem Ayumi, a investigar o caso. Partindo do local do crime, pegando depoimento dos investigadores, pesquisando sobre os crimes de 18 anos atrás, e encontrando novas conexões e evidências que até então não estavam claras no passado. Poderia haver testemunhas? E um desaparecimento nunca resolvido pode estar relacionado a tudo isso? O jogo levanta muitas perguntas a todo momento, segurando boa parte de suas respostas para o derradeiro e chocante final.

Clique clique clique

Abri esta análise dizendo que Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club é um jogo para um público específico, afinal trata-se de um gênero de nicho, que não é tão popular pela comunidade em geral. Isso ocorre, em grande parte, por conta da jogabilidade limitada e guiada, onde o jogador não tem que demonstrar qualquer habilidade em termos de controles e reposta as controles, como outros gêneros normalmente pedem de uma forma natural e orgânica.

Aqui estamos trabalhando com uma aventura narrativa no estilo de visual novel, ou seja, telas quase sempre estáticas, com uma ou outra animação pontual, para dar vida e fluidez ao conto, onde a interação e ação do jogador normalmente se dar por meio de um menu de escolhas de ações, assim como o pressionar de um botão do controle para indicar que você já leu o diálogo em andamento.

Você não vai andar pelo cenário, escolher com quer conversar, vasculhar cenários ou resolver puzzles. Não existe nada disso nesta obra. E não digo isso como um demérito, pois dentro de seu cenário, é normal que não exista nada assim mesmo. O máximo que os jogadores irão encontrar em Emio – The Smiling Man são alguns momentos onde é possível explorar a tela estática em questão, afim de observar algumas coisas, como fotos em uma parede ou expressões incomuns de quem está sendo entrevistado, com o objetivo de liberar novas linhas de diálogos.

Nestes momentos, talvez parece que o jogo namore um pouco o estilo apontar e clicar (point & click), mas a meu ver é um elemento super limitada e pouco recompensador. Quando penso nesse estilo em questão, penso na possibilidade de abrir gavetas, portas para indicar onde ir, interagir com objetos, como girá-los, entre outras ações que vão mudar a perspectiva e foco daquilo que se está observando ou investigando. Entretanto aqui, neste jogo, o apontar e clicar é unicamente usado quando o diálogo cessa e você precisa clicar em algo que vá dar continuidade ao mesmo. Para gerar novos diálogos. Simples assim.

Claro que pontualmente essa mecânica acaba te pegando de surpresa. Emio – The Smiling Man tem alguns momentos de diálogos que nada tem a ver com a trama, mas existem porque os desenvolvedores entender que os jogadores são curiosos por natureza e escolhem coisas inusitadas.

Por exemplo, num certo momento da trama, estou na delegacia falando com uma policial e ao invés de clicar em seu rosto, para ver o que meu personagem estava pensando a seu respeito, clico no meio da tela, onde estava seus seios. Recebo como resposta os dizeres “rapaz, meu rosto é aqui em cima“. É justo moça policial. Isso não causou nenhuma mudança na conversa que se seguiu adiante como deveria ocorrer, mas é um detalhe legal que os produtores tenham inserido de forma opcional. Em outro momento, na tela de explorar para apontar e clicar, um NPC me diz: “você está um tempo aí parada e calado, tudo bem?“.

Uma única critica que posso fazer a esta mecânica é a impossibilidade de usar a tela de toque para apontar e clicar. Entendo que no modo dock isso não seria possível, mas sendo um título tão prático de ter a experiência portátil, não seria tido de todo mal um suporte aos controles pela tela de toque. Não só nesse aspecto alias, mas em toda a jogabilidade guiada pelo menu principal.

Enfim, já que mencionei, eis que há o menu principal da jogabilidade. Esse menu é o condutor da narrativa do jogo. Aqui estão todas as principais ações que o jogador pode tomar cena a cena, conforme a disponibilidade dos atos. Chamar personagens, perguntar e ouvir questionamentos, observar o cenário (mencionado nos parágrafos acima), usar o telefone, além de uma ação que permite que ele ouça seu próprio pensamento, assim como consulta seu caderno de anotações sobre todas as pistas, pessoas e pontos importantes da cronologia do crime e de toda a investigação. E claro, uma opção para salvar manualmente sua progressão.

Apesar de tantas opções, a narrativa de Emio – The Smiling Man segue um modelo muito linear. Isso sem traduz num modelo em que boa parte das opções do menu resultam em becos sem saída. Por exemplo, você pode escolher usar o telefone na hora que estiver falando com alguém, mas seu personagem vai dizer que não é hora pra isso. Se é um momento da história em que precisa ouvir o depoimento de alguém, é preciso usar a opção do menu de perguntar/escutar até que as opções se esgotem ou você se veja num beco sem saída, onde o personagem não quer dizer mais nada. Isso significa que talvez você precise pensar sobre as informações que conseguiu ou então observar algo do cenário ou a pessoa em si. Isso irá desengatilhar novos diálogos, dando sequência a trama.

As opções de usar o telefone e chamar alguém são ações bem pontuais, que são usadas em momentos obrigatórios chaves. Enquanto isso, a opção de pensar, servirá para lhe dizer o que você deve fazer em seguida, ou será o gatilho pra próxima leva das linhas de diálogos. Então na duvida para encontrar o próximo passo, você acaba usando a ação de pensar.

Para um jogo com essa identidade investigativa, a forma como é conduzido essa jogabilidade meio que limita demais a liberdade do jogador. Você não sente que está conduzindo a investigação, sendo apenas um piloto num carro automático, indo sozinho, exigindo apenas que você siga pressionando o botão da próxima linha de texto.

Dividido em capítulos, de tempos em tempos os personagens da agência irão se reunir para verificar as informações coletadas ao final de cada dia. E aí entra uma espécie de puzzle, em que o jogador terá que responder perguntas com base naquilo que descobriu ao longo do dia. Acertar ou errar irá impactar um quadro de acertos no final do jogo, contudo não irá mudar nenhum caminho narrativo ou o desfecho da trama, sendo que o jogo tem apenas um único final.

Aliás, acho curioso que nesse quiz, tem alguns momentos que as perguntas exigem que você escreva a palavra chave que case com a resposta desejada. Pode errar, que os personagens vão lhe corrigir, mas ter escrever em outro idioma não é algo tão comum assim em jogos.

Falando em respostas e decisões, ao longo da estrutura narrativa de Emio – The Smiling Man irão existir alguns momentos em que a trama finge dar ao jogador o poder de decidir algum evento, mas é só um disfarce, que no máximo gera algumas linhas de diálogo secundários, enquanto a trama se acerta para voltar ao trilho necessário, afim de não gerar resultados errados na condução narrativa.

Dou um exemplo bem simples, que ocorre logo no começo da aventura. Envolvendo uma decisão de ligar ou não para pedir um táxi, numa área remota, quando o jovem protagonista da agência está muito longe de casa. O jogo dá ao jogador a decisão de pedir ou não esse táxi, com base em alguns elementos em que talvez ao fazer isso vá ocasionar uma consequência. Bem, independente da sua decisão, essa consequência não irá existir. Pedir ou não, de toda forma virá um táxi. Decidir entrar ou não, não importa. No final das contas, você entrará no táxi. Porque há uma cena ali importante que lhe dará uma pista que conduzirá a narrativa posteriormente. Ou seja, o jogo faz toda essa volta pra um evento que vai acontecer, independente da suas escolhas.

Emio – The Smiling Man não é um jogo como Life is Strange onde pequenas decisões vão impactar a forma como a narrativa terá consequências futuras. Aqui as decisões são apenas estéticas, afim de você ouvir algumas linhas de diálogos alternativas, mas que não te levar a nenhum cenário ou evento diferente. No fim, tudo ocorre como preciso acontecer.

O jogo realmente é como um livro interativo. Você apenas vai clicando para ver o desenrolar de uma trama já estabelecida e planejada. As pequenas opções são apenas para causar um efeito fumaça. Deixar pensar que você está no controle da situação, mas realmente não está.

Não acho ruim, ter uma trama fixa e linear permite que os desenvolvedores escrevam um roteiro sólido, coerente, e impactante. Com personagens bem idealizados e com muitos momentos de mistério e tensão. Talvez uma qualidade que não seria possível se o jogo tivesse muitas ramificações de diálogos ou diversos finais. Acabaria gerando uma situação que nunca iria agradar a todos, enquanto uma boa história sempre será boa quando bem estruturada. E no caso de Emio – The Smiling Man, a narrativa é bem conduzida e tem uma conclusão que tem agradado a todos que chegaram ao seu final.

Contudo, na questão da jogabilidade, talvez mereça uma crítica quando a estrutura de ficar clicando na mesma opção do menu, para dar continuidade a conversa, ou nas vezes em que não fica óbvio para qual opção ir. O que faz com que o jogador clique em diversas ações que levam a nada, até que se acerte de fato a opção a qual a narrativa quer que você selecione para dar continuidade aos diálogos. Uma mecânica que acaba sendo pouco refinada por conta dessa valsa dos cliques de tentativa e erro, e que não gera realmente nenhum propósito útil.

Considerações finais

Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club é uma intrigante aventura narrativa, repleta de tensão, mistério e muitos suspeitos, trazendo de volta uma série de jogos que tem todo um potencial para despertar a atenção de toda uma nova geração de jogadores. Contudo, faz isso num gênero bem seletivo, num modelo em que a jogabilidade é bastante limitada. Na atual era dos games, certamente é uma experiência que poderia evoluir um pouco mais.

Contudo, acho que a maior crítica que pode ser feita ao título nesta análise é a falta de localização em português. Isso compromete toda a experiência de boa parte do público que não tem tanta habilidade com o inglês, e que muitas vezes se vira com o confuso espanhol. Especialmente num jogo que tem seu principal elemento estrutural a leitura de uma história envolvente. É um jogo textual, não há como pensar diferente.

Na parte técnica, Emio – The Smiling Man não tem pontas soltas. Visualmente o jogo é um primor, com telas que lembra animações 2D de alta qualidade, com pequenas cenas que dão vida e fluidez ao conto. Tudo muito bem desenhado. Na parte técnica, apesar de achar um erro a falta de áudio em inglês, admito que a dublagem em japonês também impecável, e todo o trabalho de som do jogo, da trilha ao efeitos sonoros, quando necessários, estão bem afinados. E como sua proposta é ser um visual novel interativo, o jogo não apresenta qualquer problema que seja comum a outros gêneros, como bugs ou queda na taxa de quadros. Tudo roda bem fluido, sem engasgos e sem telas de carregamento.

Contudo, preciso alertar que passei por uma situação bem chata com o sistema de salvamento. Acreditei que o título tinha salvamento automático em certos pontos fixos da condução narrativa, em paralelo ao salvamento manual existente no menu principal da história. Isso porque há um ícone que lembra um loading em certos pontos da aventura que surge no canto da tela. Ledo engano, é só realmente um ícone de algo sendo carregado. Pois numa situação em que precisei reiniciar o Nintendo Switch para uma atualização, acreditando que o jogo tinha salvado meu progresso após esse ícone, acabei perdendo mais de uma hora de progresso na aventura. Argh!

No departamento da jogabilidade, Emio – The Smiling Man não tem muita complexidade, dada o gênero a qual pertence. É um botão, apenas para indicar que o diálogo pode continuar, e um menu interativo, que por mais que haja diversas opções, tem uma certa ordem certa para utilização. E a maior crítica fica justamente por esse menu, que não é intuitivo como precisa ser, e as muitas tentativas e erros para dar continuidade aos diálogos não tem nada de divertido ou atrativo, soando apenas uma burocracia sem sentido. Dentro do gênero, há outros jogos que trabalham melhor essa dinâmica de múltipla ações.

No fim, fica claro que Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club tem como ponto forte justamente a continuidade de uma série clássica, dentro de um gênero pequeno, mas que ainda tem sua relevância, entregando uma trama inédita, que é muito bem costurada com suspense, tensão, mistérios, trazendo personagens complexos, curiosos e intrigantes.

Há a discussão de temas fortes e adultos, enquanto há a violência de um assassinado, mas sem aquela gratuidade core que muitas vezes existem em jogos assim. Acho que é parte daquele selo de qualidade a qual a Nintendo tanto preza. Pode ser um jogo mais adulto? Claro que pode, mas os temas precisam da seriedade necessária e a violência é medida por esse fator, sem virar algo pelo simples entretenimento vazio.

Nesse ponto, penso que Emio – The Smiling Man acerta demais na maturidade de sua narrativa. Consegue deixar o jogador imerso na história, enquanto tenta encontrar as pistas e reviravoltas que lhe aguardam até o desfecho derradeiro do mistério proposto. O resultado é uma obra ímpar, que honra o legado da própria franquia.

Galeria

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Dando nota

Narrativa densa, que traz uma história madura, personagens complexos e muito mistério - 9.5
Para um Visual Novel é graficamente charmoso, com pequenas animações e personagens bem expressivos - 8
Jogabilidade não é um fator expressivo, com cliques desnecessários pelo menu até encontrar a opção certa - 7
Com uma trama linear, as pequenas respostas e decisões solicitadas ao jogador não entregam qualquer impacto na experiência - 6.5
Falta de localização em português, para este gênero, cria uma barreira gigante ao público daqui - 3
É bacana que os personagens possuam voz, e todos os diálogos tenha dublagem, pena que seja somente em japonês - 6
Honra o legado da franquia, contudo não moderniza o gameplay e nem arrisca novidades para a fórmula de seu gênero - 7.5

6.8

Nichado

Emio – The Smiling Man: Famicom Detective Club é uma continuidade muito bem vinda de uma clássica série de jogos de mistérios, oriundo de um passado distante dos games, pertencente a um gênero para poucos, mas sempre aberto a novos entusiastas. A trama inédita é robusta, entregando ótimos personagens, tensão e uma narrativa linear complexa e madura, é certamente o ponto forte da obra. Enquanto que os tropeços ficam por conta da falta de localização ao nosso idioma, que faz uma tremenda falta neste caso específico, além de uma jogabilidade sem grandes atrativos, pensando que há diversos recursos atuais que poderiam trazer um ar mais moderno ao formato. Honra seu legado, mas encontra barreiras para sair de seu próprio nicho.

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