Análise | Dragon Ball: Sparking! Zero

Disponível para PlayStation, Xbox & PC

Dragon Ball: Sparking! Zero cumpre o que promete, ao trazer de volta um pontual passado icônico dos jogos baseados na grande obra de Akira Toriyama, que após um tempo com um excelente jogo de luta 2D (FighterZ) e diversos outros jogos em gêneros distintos (Xenoverse, Kakarot e The Breakers), retorna aqui a clássica fórmula dos combates 3D, com um número expressivo e impressionante de personagens e suas respectivas variações, que totalizam mais de 180 combatentes!

Lançado no dia 11 de outubro, somente para os consoles da atual geração, PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, ou seja, estão fora do ringue os consoles PlayStation 4, Xbox One e, o persistente entre gerações, Nintendo Switch. A julgar pelos gráficos e performance técnica e pirotécnica das batalhas, faz sentido as plataformas que receberam o jogo. Claro que num futuro, não é impossível pensar em uma portabilidade, mas por enquanto, nenhuma indicação ou anúncio nesse sentido foi feito.

O desenvolvimento ficou a cargo da Spike Chunsoft, mesmo estúdio responsável pela clássica trilogia Budokai Tenkaichi, cujo os jogos foram lançado nos respectivos anos de 2005, 2006 e 2007. Inclusive, há que se pontuar que Dragon Ball: Sparking! Zero é oficialmente o quarto título desta série, ainda que não leve o famoso subtítulo de como a série é conhecida aqui no ocidente.

Alias, é curioso lembrar que a trilogia clássica foi lançado neste lado do globo em parceria com a Atari, que na época atuava como publisher em alguns títulos. Foi a empresa quem provavelmente escolheu a terminologia Budokai Tenkaichi, que é como o Torneio de Artes Marciais é chamado na obra original. Uma jogada de marketing da época.

Já lá no Japão, foi a Bandai Namco quem distribuiu os três jogos, utilizando a nomenclatura “Sparking!, que tem a ver com o final da música original da primeira abertura do animê de Dragon Ball Z (Cha-La Head-Cha-La). É a palavrinha final da canção, que por sinal, não existe na clássica adaptação da abertura em português. Com essa referência os três jogos lá receberam os seguintes títulos: Dragon Ball Sparking! (2005), Dragon Ball Sparking! Neo (2006) e Dragon Ball Sparking! Meteor (2007).

Com tudo isso em mente, sabendo que é a Bandai Namco quem está trazendo a série de volta ao mundo dos games, claro que ela usaria a nomenclatura que já havia usado no passado, a qual detém o direito. Até porque talvez o registro Budokai Tenkaichi pertença a Atari, e ainda que houvesse autorização, hoje em dia não há mais essa prática de jogos receberem nomes diferentes entre o mercado oriental e ocidental. O mundo agora é globalizado e os títulos são um só. Então é Dragon Ball: Sparking! Zero, mesmo que, lá no seu coração, você ainda possa chamar de Dragon Ball Budokai Tenkaichi 4.

No que diz respeito a localização, Dragon Ball: Sparking! Zero chega ao Brasil apresentando menus e legendas dos diálogos em português, muito bem adaptados ao nosso idioma, respeitando terminologias e adaptações da obra por aqui. Infelizmente o título não conta com dublagem em português, já que raramente a Bandai Namco dubla títulos baseados em animações japonesa. Uma pena. O jogo conta com áudio em inglês e japonês, e acredito que boa parcela do público brasileiro optará pelas vozes em japonês, já que estamos mais habituado com as vozes originais do que a dublagem norte americana.

Batalhas do Sétimo Universo e além

Passado 17 anos desde o último jogo desta série de luta de Dragon Ball, o resultado aqui é uma fórmula que precisou ser atualizada e modernizada, não só em termos de gráficos ou jogabilidade, mas também dentro do próprio universo das aventuras de Goku & Cia.

Isso porque lá em 2007, quando o terceiro jogo foi lançado, toda a cronologia da franquia Dragon Ball era basicamente concluída na linha do tempo de Dragon Ball GT. Então todo o elenco de personagens jogáveis do jogo anterior contemplava até esse momento do animê. Para se ter uma ideia, o filme A Batalha dos Deuses, que culminou criando um universo expandido, e alternativo ao GT, surgiu em 2013, enquanto que a série Dragon Ball Super surgiu em 2015.

Ou seja, pensando nos personagens jogáveis e tudo que Sparking! Zero pode trazer de novidade em relação aos combates da trilogia clássica, está todo o universo de situações e personagens criados desde a entrada do Deus da Destruição, Beerus (Bills) ao mundo de Dragon Ball. Com isso, veio novas formas de transformação de Goku e Vegeta, que conhecemos como Deus Super Saiyajin (cabelo azul), assim como uma infinidade de novos, e poderosos personagens, incluindo o Goku Black, assim como uma nova forma para Freeza e toda uma galera que participou do Torneio do Poder, arco final do animê, onde Goku desperta mais uma forma, a do Instinto Superior (cabelo prata), assim como são apresentados personagens como Hit e Jiren.

Pensando em tudo isso, é muito legal ver que Dragon Ball: Sparking! Zero atualiza todo esse contexto do atual universo de Dragon Ball, trazendo todos estes novos personagens, dentre outros, as arenas, e até mesmo a história dos arcos que surgiram nessa nova Era de Dragon Ball. Isso, por si só, justifica atualizar essa clássica série para tempos modernos. Muito mais sensato do que, por exemplo, um remake ou remaster dos jogos antigos.

Inclusive o jogo é lançado já olhando para Dragon Ball Daima, que promete lançar ainda mais personagens nesse universo, assim como mais variações dos que conhecemos, já que diversos personagens, dentre Goku e Vegeta, se tornaram uma espécie de versão de si mesmos em miniatura (criança). Goku (Mini), por exemplo, já foi liberado no elenco de Sparking! Zero, como um bônus de pré-venda e faz parte do primeiro pacote de DLC. Vegeta (Mini) e Glorio, estarão no segundo pacote.

Ou seja, Dragon Ball: Sparking! Zero é o atual jogo de luta da franquia mais atualizado com todas as novidades do universo da obra, olhando para tudo que foi criado desde o longa animado de 2013, além de também já estar observando o novo animê, recém lançado – um dos últimos projetos em que Akira Toriyama esteve envolvido antes de falecer no início deste ano, aos 68 anos.

Prepare seu Ki para intensos combates

A estrutura da mecânica de Dragon Ball: Sparking! Zero segue bastante da influência dos jogos originais, dando ao jogador o espaço de grandes arenas tridimensionais, sendo possível voar em alta velocidade, ir para baixo d’água, explodir montanhas ou criar grandes crateras no chão. As arenas possuem diversos elementos destrutíveis, considerando a enorme forma dos personagens e das explosões de energia que podem liberar.

Os combates ocorrem num embate 3D, que em uma comparação mais moderna, lembra um poucos os jogos do universo da série Naruto Ultimate Ninja Storm (da CyberConnect2). E digo isso apenas para criar um comparativo mais atual, já que estes jogos de batalha 3D de Naruto preencheram por muitos anos a lacuna deixada por Budokai Tenkaichi, a qual claramente foi uma das inspirações.

Contudo, se tivesse que comparar ambos os jogos, diria que a série do Naruto se preocupa bem mais com a fluidez do combate, e da importância do efeito cinematográfico como resultado, enquanto que esta série de Dragon Ball tem mais a ver com quebrar o ataque, criar oportunidade para carregar seu Ki e conseguir acertar seu golpe mais poderoso continuadamente. São jogos diferentes, ainda que compartilhem certas ideias.

Dragon Ball: Sparking! Zero é justamente sobre criar uma brecha para que você possa usar um golpe especial e devastador. Por isso as arenas são enormes, quando mais longe você conseguir arremessar seu adversário, por meio de um combo de ataques normais, contra ataques, arremessos ou alguma explosão de Ki (deflexão), mais fácil fica para que você, neste momento, carregue seu Ki até explodir sua barra, ficando momentaneamente mais forte, rápido e agressivo, liberando assim o uso de seu golpe devastador, que normalmente acaba com uma barra completa das muitas barras de saúde que os personagens possuem.

E esse é o pulo do gato das batalhas, os jogadores precisam decidir entre atacar para impedir seu oponente de carregar seu Ki, ou ambos podem decidir que irão carregar seu cosmos, afim de lutarem em poder máximo, esperando que alguém vai criar uma brecha na defesa do adversário, a qual o golpe devastador possa ser encaixado, sem que o oponente defenda ou desvie do ataque.

Para dominar de forma efetiva o combate, o jogador deve entender muito mais como esquivar e se defender de uma série de ataques, do que sobre os comandos de como atacar propriamente. Defender, esquivar e, aí sim, contra-atacar são as verdadeiras ferramentas que o levam à vitória em Dragon Ball: Sparking! Zero. Isso porque se você não conseguir realizar isso, seu oponente vai começar a lhe bater até culminar num golpe que irá lhe arremessar pra longe, e quando isso ocorre, ele abre uma janela para encaixar os golpes devastadores que todo personagem possui, e a janela para reagir e levantar, quando isso ocorre, é dificílima de se realizar. Por isso é importantíssimo interromper uma série de ataques normais, por mais que não causem tanto dano.

Para estas técnicas, o jogador conta com alguns recursos, como a própria defesa normal, que pode ser quebrada se usada demais, assim como uma deflexão automática se um botão estiver pressionado, porém só funciona se o ataque vier de frente. E aí vem os movimentos mais complexos, como a teletransporte imediato para atrás do oponente, que também pode fazer isso e ir para atrás de você nesse mesmo momento. Mas o teleporte tem limite de uso, então alguém vai dançar nessa brincadeira. É importante saber o momento de usar.

Ao ser arremessado, há também possibilidade. Você pode interromper o arremesso no ar, antes de cair, pode se levantar imediatamente quando cair, e tem até mesmo a possibilidade de ao ser arremessado, se levantar e dar um impulso no ar, colando novamente na cara do seu oponente, e pegando-o despreparado. Alguns destes movimentos não são fáceis, e exigem alguns movimentos do controle que você precisa aprender na sala de tutoriais o tempo certo para que possa ser realizado. O ponto aqui é entender que há muitos movimentos avançados, que se você dominar, conseguirá feitos notáveis no combate.

E esta é uma das grandes sacanas do sistema de batalha de Dragon Ball: Sparking! Zero. Usar os golpes mais poderosos do animê é fácil. É carregar o Ki, segurando um botão, e depois com esse mesmo botão mais um outro, dar o golpe. Tranquilo. Porém é preciso criar o momento para usá-lo, caso contrário seu adversário vai simplesmente se esquivar indo para o lado na grande velocidade que todos os personagens do jogo fazem, já que todos voam com grande tranquilidade. E para isso, você deve saber se defender e bater para criar esse momento.

Dominar esse sistema não é difícil, mas tem uma curva de aprendizado aí que exige um pouco de paciência. Quando se liga o jogo pela primeira vez, você é levado pra um tutorial de alguns minutos. Não confie nesse tutorial. Ele só vai lhe ensinar a bater. O básico do básico. Mas toda a estrutura do jogo pede para que você saiba se defender com eficiência. Vá para a sala de treino do Piccolo e faça o máximo possível de lições de defesa e contra ataque, sem que os muitos comandos bugue seu cérebro. Na dúvida, comece aprendendo a se teletransportar e a se levantar rapidamente. Isso já é grande parte do caminho para dominar os combates.

Multiplayer ou single player?

Um elemento em Dragon Ball: Sparking! Zero que me deixou impressionado é a quantidade de conteúdo apresentado no jogo. Como estamos falando de um jogo dentro do gênero luta, sempre há aquela impressão de que a experiência com o título será mais direta e objetiva, mas a equipe de desenvolvimento realmente se empenhou para oferecer um pacote de atrações que vai bem mais além do que apenas um jogo de lutinha. Existe um forte elemento multiplayer, claro, não poderia ser diferente, contudo, a experiência single player é satisfatoriamente grande e prazerosa.

A começar por um muito bem idealizado modo história, chamado Batalha de Episódios. Talvez você ache cansativo a ideia de jogar novamente todos os arcos de Dragon Ball Z em mais um jogo dessa franquia, afinal nem faz tanto tempo assim que, por exemplo, Dragon Ball Z: Kakarot foi lançado justamente para fazer isso. E entendo essa sensação, contudo, Sparking! Zero encontra um ótimo meio termo para entregar um modo história que faça sentido ao jogo.

A começar pelo excelente formato que condensa a longa história da série. Nada de ficar assistindo muitas cenas já sabiamente conhecidas e recriadas em tantos jogos do passado. Aqui um narrador resume o principal de cada arco e entrega ao jogador as mais importantes batalhas de cada um. Nada de enfrentar o mesmo vilão 15 vezes, como ocorre no animê. Coisa de 15, 20 minutos e você já viu um dos arcos clássicos. E o jogo cobre do início de Dragon Ball Z até o último arco de Dragon Ball Super, deixando de lado qualquer evento de Dragon Ball GT, o que admito que adoraria que tivessem condensado essa pérola também.

Outro elemento bem interessante é a forma como essa apresentação é feita. Esse modo divide toda a campanha em Episódios de Personagens, então você seleciona Goku, por exemplo, e todas as batalhas da história serão com ele. Ao todo são 7 personagens chaves (Goku, Vegeta, Gohan, Piccolo, Trunks, Freeza e Goku Black), cada uma com diferentes variações de duração, algumas são curtinhas, outras maiores, a depender do quanto cada personagem está presente nos arcos e nas respectivas batalhas.

Goku, claro, é o que tem mais batalhas e participa de todos os arcos, logo tem a maior campanha. E a coisa que mais achei interessante ao jogar seu episódio é que ao final dele já tinha apreendido suas diversas variações e transformações. Isso porque o personagem tem diversas opções de escolha, a depender justamente destas variações, onde cada uma levará a diferentes golpes especiais. Isso torna mais fácil entender porque diversos personagens apresentam tantas variações no rol de 180 personagens jogáveis. Não dá pra somente um Goku realizar todos os golpes clássicos que ele utiliza ao longo da série. O jogador acaba vendo o sentido na decisão de ter versões e variações semelhantes, porém não idênticas de diversos personagens, dentre Vegeta, Piccolo, Gohan e Freeza.

A campanha por episódios ainda possui uma outra nuance que vale a menção, que são as ramificações alternativas. Todo episódio é ilustrado por uma mapa de estágios, e alguns destes estágios tem condições alternativas que levam a histórias alternativas e até mesmo a finais “e se…?“. Por exemplo, e se o Goku conseguisse derrotar Cell? Na história original, ele acaba se sacrificando quando Cell resolve se auto destruir, mas se o jogador derrotar ele antes do tempo da batalha, Goku e Gohan retornam para casa, e rola uma espécie de final feliz.

Há diversas ramificações assim nas Batalhas de Episódios, e que normalmente podem ser ativadas quando a história dá duas opções de diálogos para o jogador escolher, ou nas batalhas de tempo, em que você precisa sobreviver até um certo evento ser ativado, mas acabar derrotando o adversário antes disso acontecer. E um detalhe, ir para uma ramificação nem sempre vai levar a continuidade da campanha do episódio. Se você chegar a um final “e se...?” vai ser necessário voltar ao mapa e ver onde o ponto se ramificou e refazer a batalha com as condições que levem ao roteiro original.

Indo além dessa modalidade, Dragon Ball: Sparking! Zero também oferece diversas outras opções de diversão e entretenimento. Na esfera single player, certamente vale a pena espiar o modo de Batalhas Personalizadas, a qual a comunidade monta uma espécie de episódio especial, podendo reunir personagens em batalhas que nunca ocorreram na franquia, ou até que ocorreram, mas não estão presentes na campanha dos episódios, como Goku e Broly, que só ocorre nos longas animados.

Inclusive o jogo vem com algumas Batalhas Personalizadas criadas pela própria equipe de desenvolvimento, dentre elas uma muito maneira com o Goku criança e o Mestre Kame, que simula um dia de treinamento entre eles, com o Mestre dizendo como Goku deve derrotá-lo, sendo esta a condição de vitória, não dando certo se você o derrotar de outra forma, sendo que ele fica mudando a decisão do golpe final ao longo de toda a batalha.

Esse é a grande sacada das batalhas personalizadas, poder definir regras, qual a arena, os personagens participantes, incluindo alguns diálogos e até mesmo o título do tal episódio em que o jogador está criando. E além das batalhas que foram criadas com o jogo e são fixas, há ainda uma vasta biblioteca de batalhas criadas online, pela comunidade, em que os jogadores podem acessar, sendo até mesmo divididas entre novidades do dia, da semana, do mês e até as melhores e mais bem avaliadas.

É um modo de jogo com um replay imenso.E claro, quem se sentir criativo, pode criar suas próprias batalhas, em diferentes dificuldades, situações, cenários e personagens. Sendo que a única regra para publicar ela online, para que outras pessoas joguem, basta que o criador consiga vencer a batalha.

Outra modalidade, que também funciona no single player, é o Modo Torneio. E é exatamente o que o nome sugere, a possibilidade de criar diferentes torneios, baseado nos muitos torneios que existem dentro da cronologia dos arcos originais. O jogo pode escolher os competidores, e as regras, segundo algumas opções pré-definidas, ou você pode criar um torneio completamente do zero. E é um modo que funciona completamente offline, e também com uma opção online.

Falando de Online, Dragon Ball: Sparking! Zero oferece várias opções no departamento do multiplayer. Contudo, enquanto as modalidades solo vão de batalhas de campanha, e revisão da história da franquia, as partidas online são mais objetivas, sendo o combate em sua mais pura essência. As batalhas podem ser individuais, em equipe em que o jogador escolhe alguns personagens e usa todos, respeitando um medidor de poder geral da equipe, e também dentro da modalidade do torneio.

Entretanto, devo admitir que não me entretive tanto no multiplayer quanto gostaria. Isso porque o jogo utilizada um processo bem arcaico de salas de jogadores, o que torna a organização das partidas bem burocráticas. Até mesmo na partida rápida, você vai para uma sala e ambos os jogadores precisam dar ok para continuar. Tive várias sessões em que entrei numa sala, e o criador da sala simplesmente não deu a continuidade a partida, quase como se estivesse apenas deixado a sala em aberto e não estivesse prestando atenção para dar continuidade.

Sei lá, acredito que o ideal é o matchmaking ocorrer de forma imediata. Juntou dois jogador? Vá direto para o embate. Esse conceito de ir para uma sala é muito 20 anos atrás. Ao fim, acabei conseguindo jogar algumas partidas na modalidade do torneio, onde foi possível ver várias salas e escolher algumas em que já tinha diversos jogadores aguardando. As partidas online rodaram relativamente bem, contudo, houve uma ocasião em que o jogo travou e fechou no meio da mesma.

Em uma perspectiva geral, fico com a impressão de que Dragon Ball: Sparking! Zero cumpre todos os requisitos para ofertar um enorme pacote de conteúdo, tanto single player, quanto multiplayer. Sendo que o conteúdo para o jogador solitário é bem farto e divertido, enquanto que o multiplayer tem uma estrutura um pouco mais ultrapassada com certos jogos de luta da atualidade. Não é terrível, mas também não chega perto do que acho ideal. Salas e ID? Não, né.

Considerações finais

Fazendo um balanço geral, posso afirmar com muita tranquilidade que Dragon Ball: Sparking! Zero é de longe a melhor entrada da série Budokai Tenkaichi, colocando-a de voltar ao radar de muito fã que sonhou por 17 anos de que isso eventualmente aconteceria. E de fato aconteceu.

Não consigo afirmar que é o melhor jogo de Dragon Ball de todos os tempos, até porque a Bandai Namco andou experimentando bastantes formatos e gêneros para a franquia, contudo, acho no quesito das lutas 3D que emulam aquela experiência do animê, Sparking! Zero figura facilmente dentre os melhores já feitos. Entretanto, continuo acreditando que Dragon Ball FighterZ ainda consegue ser o melhor jogo de 2D da franquia. Dois títulos, diferentes estilos, ambos com grandes acertos.

Dito isso, preciso pontuar que Dragon Ball: Sparking! Zero não é isento de pequenas críticas e tropeços numa perspectiva geral em relação ao pacote oferecido. Há pontos fracos aqui e ali. Os menus, por exemplo, são visualmente lindos, mas o formato não é tão prático após certa apresentação inicial. Cada aba do menu principal tem uma pequena animação de transição de uma aba para outra. Então ficar alternando entre as abas leva alguns segundos e que em determinado momento, me deixou cansado do tempo gasto ali, especialmente procurando a opção dentre tantas que estaria buscando.

Os menus do multiplayer, então, são ainda mais cansativos, com tantas opções de personalizações, busca por salas, formatos de batalhas, e mesmo desejando um botão de “partida rápida“, o que até existe, mas apenas me leva pra um lobby que precisa ser confirmado por outro jogador, me faz pensar que no fim não resulta em uma navegação limpa e objetiva. As vezes deixar tudo bonito demais, complica a usabilidade da ferramenta.

E já que abordei novamente o multiplayer, preciso dizer que outro aspecto que me incomoda um pouco é saber que Dragon Ball: Sparking! Zero não tem funcionalidades cross play. E não parece que isso será resolvido após o lançamento, pois o produtor do jogo deu declarações dizendo que é uma função difícil demais de ser implementado. Esse tipo de coisa me quebra, porque tem tanto jogo de luta, inclusive na esfera dos jogos independentes, que apresenta esse tipo de recurso, que sempre fico abismado como alguns estúdios japoneses tem essa dificuldade de acompanhar tendências globais.

E é óbvio que isso divide a comunidade que está jogando Sparking! Zero. Se em uma plataforma não está sendo fácil fechar partidas, talvez essa mesma experiência não ocorra em outra plataforma, a qual o jogo possa ter vendido mais. O resultado é uma experiência que acaba não sendo universal em todas as plataformas. Não tem mais justificativa nos dias atuais para que jogos não ofereçam o suporte de partidas multiplataformas.

Não é como se tivéssemos falando de comprometer o balanceamento do jogo, afinal, com 182 personagens (no lançamento), dentre os mais poderosos do universo da série, junto aos mais fraquinhos (nível Yamcha) é claro que o elenco, por si só, já ofereça certo desbalanceamento proposital entre golpes e poderes. Não estou dizendo que Yamcha não possa vencer o Goku no jogo, mas isso depende muito mais da habilidade entre os jogadores, do que a matemática do dano que cada personagem causa com seu moveset, já que isso vai, certamente, favorecer o Deus Super Saiyajin.

Enfim, indo adiante, tem um outro aspecto no título que também me incomodou um pouco. Apesar de ter feitos diversos elogios a campanha de Batalhas de Episódios, em seu formato e grande poder se síntese na forma como se consegue condensar os muitos arcos e batalhas da franquia, só preciso lamentar como é estranho a decisão do narrador que apresenta esse resumão não ter áudio, sendo realizado essa apresentação somente em legendas de texto. O que é bizarro, e vi diversas discussões em comunidades, relatando essa mesma sensação.

Durante as cenas das batalhas de episódios, nos momentos em que os personagens tem linhas de diálogos, estas falas apresentam as vozes originais dos mesmos, e do nada, quando é o narrador que tem que dar continuidade a síntese dos eventos, fica esse silêncio incomodo, apenas com música ao fundo da tela. Muito estranho. Quase como se devesse ter uma voz ali, mas não tem. Fiz o teste nos áudios em inglês e em japonês, em nos dois casos, não consegui que o narrador tivesse áudio em sua voz.

No mais, acredito que é isso que poderia pontuar como elementos mais fracos presentes na experiência de Dragon Ball: Sparking! Zero. Tem outros aspectos estruturais de menus e personalizações que também não me agradam, mas não acredito que causem um impacto ruim no jogo. Por exemplo, você pode personalizar o personagem, com técnicas e trajes opcionais, contudo isso só pode ser feito no menu da loja, mesmo que você aplique isso ao personagem em diversos modos. Porque, não deixar fazer isso direto pela tela de seleção de lutador? Pequenos detalhes que muitas vezes não tem muito sentido do porque serem assim.

Falando na loja, gosto como ela é apresentada. O jogador ganha zeni, dinheiro do mundo de Dragon Ball, realizando qualquer atividade em qualquer modo. Esse dinheiro é gasto na loja, afim de acelerar o desbloqueio de personagens, ainda que tecnicamente todos parecem que são destraváveis jogando tudo que o jogo tem a oferecer, só leva-se um tempo, claro. E na loja também tem trajes alternativos, técnicas para customizar os personagens, itens de personalização do seu cartão de jogador, algumas músicas e mais um monte de coisas. O legal é que tudo adquirido com zeni, sem a necessidade usar dinheiro de verdade. Inclusive não é possível comprar zeni. Para ganhar a moeda do jogo, somente jogando-o.

Isso não significa, claro, que não haja conteúdo pago para Dragon Ball: Sparking! Zero. Já existe um Passe de Temporada, para novos personagens via DLC (20 no total), tem pacotes pagos de faixas de músicas do anime, assim como alguns itens de melhoria da versão base, que concede alguns itens cosméticos premium. E até aí, normal. Nada absurdo.

Por fim, para chegar aos finalmente desta longa análise, volto a afirmar que a espera de 17 anos valeu a pena. Dragon Ball: Sparking! Zero entrega muito do que os fãs sempre pediram e sonharam com o retorno da prestigiada série Budokai Tenkaichi. As batalhas estão incríveis, com toda aquela sensação de estar lutando os confrontos como ocorrem no animê, em pleno céu, destruindo tudo, utilizando golpes fantásticos e altamente destrutivos, com um elenco que traz todo tipo de personagem, de herói a vilão, em suas mais distintas variações e transformações.

A jogabilidade exige um pouco de esforço do jogador para ser assimilada, volto a dizer que é importante realizar os tutoriais, para aprender todas as nuances das regras das batalhas, especialmente das defensas e contra ataques, que são essencial para não tomar uma surra vergonhosa de outros jogadores e até mesmo da CPU. Perca um tempo aprendendo, pois essa curva irá valer a pena para aproveitar melhor a experiência do jogo.

Visualmente o título honra os gráficos da atual geração, com uma arte que tem um estilo mais de animação mesmo, quase como um desenho, contudo é notável que o jogo tem cuidado aos detalhes, mantendo os cenários destruídos até o final das batalhas, com muitos efeitos legais de explosões e raios de luz, com a transição dos golpes especiais em tela de forma fluida e sem quase na taxa de quadros. Tudo roda muito bem, e olha que os teste que realizei para a análise ocorreram num Xbox Series S, que tem uma performance mais tímida em relação ao PlayStation 5 ou o Series X.

Dragon Ball: Sparking! Zero consegue, assim, cumprir tudo que prometeu, e vai além, entregando muito conteúdo single player, bastante diversão, em uma jogabilidade que não se mostra muito simples, mas que é possível aprender e pegar o básico necessário para vencer, assim como ir além e domá-la com maestria. O grande trunfo da edição certamente é toda a atualização do mundo de Dragon Ball, que não existia há 17 anos, resgatando boa parte do elenco da trilogia clássica, mas também trazendo muitos personagens novos, possibilitando criar muitos novos confrontos que até então, só poderiam ser feitos no imaginário dos fãs. É um sonho que virou realidade. E nem precisamos reunir as 7 Esferas do Dragão para que isso acontecesse.

Galeria

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Dando nota

Depois de 17 anos adormecido, houve muito conteúdo inédito que revigora a proposta da série - 9.5
Batalha dos Episódios e as Personalizadas são um ótimo conteúdo para quem procura uma experiência solo - 8.8
Vasto elenco de personagens (182), quase todo mundo está aqui, em diversas variações e transformações - 9.2
Jogabilidade tem uma curva de aprendizado obrigatória, mas depois que se pega o jeito, vicia e diverte imensamente - 8.5
Multiplayer online com salas, ID e sem cross play dá um tom ultrapassado, vencido isso, as batalhas sempre vão empolgar - 7.2
Visualmente bonito, parecido bastante com a arte em animê, e condizente com a atual geração de consoles - 8.2
Oferece um ótimo conteúdo no jogo base, sem microtransações, com alto valor de replay - 8

8.5

Robusto

Dragon Ball: Sparking! Zero faz um triunfal retorno, após 17 anos, da icônica série de batalhas 3D de Budokai Tenkaichi, atualizando seu elenco de personagens jogáveis, recordando o passado de DBZ, mas também olhando para o que existe na atual realidade de Goku e seus amigos, graças a expansão causada por Dragon Ball Super. O jogo oferece uma sólida experiência single player, que se torna divertida por ser objetiva na hora de recontar tudo mais uma vez, trazendo diversos modos de jogo, batalhas extras e até mesmo a possibilidade de ver histórias alternativas. O multiplayer online também se faz presente, mas essa resistência de alguns desenvolvedores japoneses na velha metodologia de partidas por salas e ID, além da ausência de cross play, enfraquece um pouco certos elementos. Ainda dá para jogar e se divertir, mas é perceptível que o potencial não é atingido na esfera online, e que poderia ir muito além. De qualquer forma, é um dos maiores e melhores jogos de batalha 3D de todos os tempos do Sétimo Universo, e isso, por si só, já diz muita coisa!

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