Análise | Super Mario Party Jamboree
Disponível para Nintendo Switch
Super Mario Party Jamboree é uma grande surpresa, no sentido de que depois do excelente Mario Party Superstars (2021) era de se imaginar que uma nova edição da franquia encontraria grandes desafios para superar algo tão bom, entretanto, não é que conseguiram? Esta nova edição apresenta ótimas novidades, incríveis novos tabuleiros, enquanto resgata diversos elementos das raízes da franquia, mantendo o apelo moderno, sem medo de usar as ferramentas que o Switch dispõem, mantendo o principal apelo de sua fórmula: a diversão!
Seu lançamento aconteceu no último dia 17 de outubro, sendo o terceiro jogo da franquia que chega de forma exclusiva ao Nintendo Switch., tendo sido desenvolvido pelo mesmo estúdio que tem cuidado da série desde 2012 (Mario Party 9, Wii), a Nintendo Cube, também conhecida como NDcube. Lembrando que, em 2010, o estúdio recebeu boa parte da equipe de talentos da Hudson Soft, que foi quem cuidou da franquia Mario Party em seu primeiro ciclo (1998 até 2010), e acabou encerrando suas atividades em 2012.
Considerando apenas as edições lançadas para consoles, Super Mario Party Jamboree é o 13º jogo da franquia, contudo, se você quiser somar também as edições de portáteis lançados desde a primeira versão para GBA (Mario Party Advance, 2005), Jamboree é a 18ª edição da popular série que mistura partidas de tabuleiro com mini games curtos no intervalo de cada rodada. O primeiro Mario Party surgiu em 1998, e levava este exato nome quando chegou ao Nintendo 64. É uma franquia com uma enorme trajetória.
Mas chega de aula de história, voltando ao foco principal desta análise, que é abordar as novidades e os motivos que tornam Super Mario Party Jamboree um lançamento que vale atenção de quem detém um Nintendo Switch, independente de ter ou não algum dos outros dois títulos da franquia disponíveis no console.
Alias, eis um aspecto interessante a se comentar, pois cada Mario Party é único no sentido de oferecer diferentes atrações, que renovam as mecânicas e jogabilidades. E isso é possível justamente pelo conceito de ser um jogo de tabuleiro interativo. Cada edição, tem diferentes tabuleiros, com diferentes ideias, e até regras e conceitos que mudam a forma de interagir das partidas. Cada edição tem diferentes mini games, agora localmente traduzidos como mini jogos, e que divertem pela originalidade e jogabilidade simples, porém competitiva. Além disso, muitas edições apresentam modos extras de jogos, com mais mini jogos e desafios extras que engrandecem o pacote ofertado.
E mesmo que hajam novas criações, a fórmula consagrada da série se mantém com estruturas intactas, que tornam fácil e simples entender as razões de ser uma franquia acessível, a qual todos podem jogar, explorando a importante ideologia de “diversão em família” a qual a Nintendo preza em suas plataformas eletrônicas.
Para quem nunca jogou, Mario Party é sobre andar num tabuleiro, após um lance de dados, coletando moedas, afim de poder comprar uma estrela, que pode mudar de local no tabuleiro após certas condições. Sendo que depois de todos os jogadores andarem no tabuleiro, a rodada termina e um mini jogo, valendo moedas, ocorre. Vence quem no final de um determinado número de rodadas, conseguir possuir mais estrelas.
Importante apontar que tal como ocorreu com a edição de 2021, Super Mario Party Jamboree chega ao mercado brasileiro com total localização em português, incluindo dublagem da figura do narrador que faz diversos anúncios nas partidas, como avisar o início e conclusão de rodadas, mini jogos, entre outros pequenos avisos e anúncios. Os personagens, Mario, Luigi, Wario, Peach, entre outros, apesar de pontuais falas aqui e ali, assim como seus icônicos gritos de celebração e derrota, permanecem com suas vozes originais em inglês.
E sim, ter um Mario Party em português faz uma ENORME diferença. Talvez nem tanto pela dublagem, ainda que fique com a impressão de que isso torna o jogo mais empolgante, porém a localização do texto, diálogos, menus, regras e suas explicações de todos tabuleiros, dos mini jogos e de todo e qualquer modo extra, faz com que qualquer criança que saiba ler, ou jogador casual, consiga com muita facilidade se levar pela brincadeira e diversão proposta. Dá a acessibilidade que é tão importante.
Por mais que ache fantástico que o Brasil finalmente tenha recebido um The Legend of Zelda em português, e um Mario & Luigi esteja a caminho em alguns dias, entendo que Super Mario Party Jamboree também estar localizado é tão ou até mais importante ao mercado brasileiro do que estes outros dois lançamentos da temporada, pois seu foco visa um público muito mais casual e não habituado com games, fazendo exatamente a preciosa ponte de novos jogadores a qual a indústria tanto precisa.
Edição bem recheada
Sabe aquela história de que uma sequência normalmente visa ser maior e melhor do que a obra anterior? Bem, Super Mario Party Jamboree parece usar um pouco desta filosofia quando se olha alguns de seus números. Dentre os dois outros jogos disponíveis no Switch, é a edição com o maior número de tabuleiros, sete no total, que o deixa confortável na média dos jogos da franquia, que geralmente ficam entre seis e sete tabuleiros.
No elenco de personagens jogáveis, outro marco, conseguindo ser a edição com o maior número em sua seleção de participantes, permitindo que o jogador possa escolher entre 22 opções de personagens: Mario, Luigi, Peach, Daisy, Wario, Waluigi, Toad, Toadette, Birdo, Yoshi, Rosalina, Donkey Kong, Bowser, Bowser Jr., Goomba, Shy Guy, Koopa Troopa, Boo, Spike*, Monty Mole* e os estreantes Pauline e Ninji.
* Curioso apontar que na localização em português, Spike foi adaptado para Espigão e Monty Mole ficou como Toupeira Monty. Eventualmente ainda vamos precisar sentar e conversar sobre adaptar alguns nomes de inimigos, enquanto outros não são, por serem mais clássicos para nós, como o Shy Guy. De qualquer forma, acho o nome Spike e Espigão, maneiro em ambas as versões.
De volta a matemática de Super Mario Party Jamboree, outro número bem impressionante é de mini jogos apresentados nesta edição: são 112 mini games contabilizados somando todos os modos existentes na edição. Alguns não estão presentes nas partidas de tabuleiro, mas ainda assim precisam fazer parte desta conta porque estão em outras modalidades, como os mini jogos que envolvem até 8 participantes, dentro da modalidade da Brigada Anti-Bowser, ou os mini jogos de chefes que estão dentro da Jornada das Tarefas, ambos modos que explicarei mais a frente.
Outro fato interessante dos mini jogos é que grande parte deles são completamente inéditos. Existem, sim, alguns retornos, como os icônicos Stamp Out! (Mario Party 4), em que os participantes precisam carimbar uma folha de papel, e Defuse or Lose (Mario Party 5), em que os participantes precisam ficar apagando o pavio para atrasar o máximo possível a explosão do King Bob-omb, contudo, são poucos os retornos.
Por outro lado, não posso deixar de comentar que fiquei bem animado em rever alguns destes mini jogos que retornam justamente da excelente trilogia de jogos da franquia lançada da era do Nintendo Game Cube. Mario Party 4 e Mario Party 6 são os títulos que mais tiveram mini jogos recriados para essa versão. Contudo, existem dois clássicos lá do primeiro Mario Party (1998) que também retornaram, Platform Peril e Treasure Divers, assim como outros mais curtinhos que estão dentro de um remix de clássicos proposto pelo Mario dentro de uma das novas mecânicas desta edição, a Dupla Jamboree, que também explicarei mais adiante.
Quanto aos novos mini jogos inéditos, senti que boa parte deles possuem essa vibe dos clássicos, em que as disputas eram simples, porém divertidas. Fique atento a algo e responda antes dos demais participantes, colete mais moedas, fuja de algum perigo, tente derrubar seus adversários etc. Sempre com o conceito de controles simples, para que qualquer pessoa consiga jogar. Use o analógico para se mover e um botão para ação. Bem objetivo e fácil de assimilar.
Apesar de boa parte dos mini jogos utilizarem controles convencionais, Super Mario Party Jamboree também incluiu nessa conta diversos mini jogos com controles de movimento, através dos joy-cons. Não são muitos, mal consegui contar vinte deles. Mas me pareceu o bastante para não serem esquecidos, da mesma forma são suficientes para não fazerem falta caso o jogador queira desligar eles, principalmente se estiver jogando com um Pro Controle ou em um Switch Lite.
Tudo isso resulta no que me pareceu um balanço saudável de mini jogos, de inéditos, alguns retornos, controles convencionais, com sensores de movimento, alguns exclusivos nos tabuleiros, outros presentes somente nos modos extras, alguns dentro de um remix de maratona de mini jogos. Tudo bem dividido e espalhado por todo o pacote. E de todos os formatos mais tradicionais, de habilidade, observação e até mesmo sorte.
Outro aspecto que me impressionou em Super Mario Party Jamboree diz respeito a quantidade de modalidades de atividades a qual o jogador pode se entreter na edição. Claro, que o modo clássico de partidas de tabuleiro ainda são o coração do título, mas fiquei admirado em encontrar outras ideias que casam perfeitamente com a apresentação do jogo, como A Jornada das Tarefas, uma espécie de campanha single player que apresenta ao jogador todos os novos tabuleiros de uma perspectiva vem diferente da habitual.
Em A Jornada das Tarefas, o jogador participar de uma mini aventura, designada por Kamek, que faz o papel de apresentador desta edição, para completar os novos tabuleiros afim das disputas poderem começar. O jogador meio que participa das obras de construção dos tabuleiros então, auxiliando Toads, Goombas e Koopas com diversas tarefas, de encontrar itens, levar recados e, claro, testar mini jogos, afim de obter estrelas, 30 no total.
O bacana nessa modalidade é poder andar livremente pelos tabuleiros em construção, sem a necessidade de rolar um dado para ver quantas casas você andará. É uma ótima forma de conhecer os caminhos e aspectos gerais de cada tabuleiro. Enquanto é apresentado aos mini jogos, e interações nos tabuleiros que depois estarão presentes nas partidas para valer. Ao final da missão de cada tabuleiro, quando coletado as devidas estrelas, rola uma espécie de mini jogo de batalha de chefe, exclusiva da campanha individual.
Também me chamou muito a atenção a Brigada Anti-Bowser. Aqui, 8 jogadores se reúnem num mapa para batalhar contra um Bowser gigante, sendo que a cooperação se torna essencial. O objetivo é quebrar caixas, coletar bombas e levar para um canhão fixo em certo ponto do mapa. Claro que inimigos, armadilhas e um Bowser gigante andando e caçando todo mundo não vai dar moleza para que o canhão fique totalmente carregado de bombas.
O tempo é curto, e a batalha se divide em 5 rodadas, e no intervalo entre rodadas, um mini jogo com 8 jogadores precisam cooperar entre si afim de garantir um bom ranking e ganhar vantagens na batalha contra o Bowser, como caminhos de turbo, raios para parar inimigos ou coração para reviver aliados. É um modo tão interessante e divertido, que facilmente poderia vir a se tornar uma ideia para um conceito maior de jogo multiplayer massivo cooperativo, viu? Tem potencial enorme. E a indústria já fez isso no passado, basta lembrar de Evolve (2015).
Já uma modalidade que me peguei sorrindo involuntariamente foi o Cozinha Rítmica. Um modo de jogo extremamente simples, mas genuinamente charmoso. A brincadeira aqui simula uma competição culinária, onde 4 jogadores devem cooperar entre si em mini jogos temáticos envolvendo cozinha e comida, afim de criar deliciosos pratos para os jurados Yoshis. A grande pegada aqui é que todos os 10 mini jogos que compõe essa modalidade são jogos de ritmo e utilizam os sensores de movimento. Cada partida apresenta 3 mini jogos dos 10 possíveis. É um modo em que a apresentação, a música e o formato traz uma alegria involuntária para quem está jogando. Um modo contagiante.
Também não posso deixar de mencionar outros dois modos exclusivos para os sensores de movimento: Aventuras Aéreas e Fábrica do Toad. No primeiro, trata-se de uma modalidade em que o jogador irá voar em uma imensa arena, utilizando os joy-cons como se fossem asas, em três atividades únicas, desde competir quem mais coleta as joaninhas no céu, para quem leva um personagem de um ponto A ao ponto B, assim como um modo de voo livre. Um modo que me lembrou um pouco aquela clássica fase do Mario voando por um tempo limitado em Super Mario 64. Tem essa vibe. E é uma modalidade que conseguiu me deixar com os braços doloridos após duas partidas. Faça pausas nessa modalidade, caso jogue de forma intensa.
Já a Fábrica do Toad, achei curioso porque assim como Aventuras Aéreas, não tem mini jogos, e funciona como uma espécie de puzzle. Aqui o jogador deve levar uma esfera, que lembra uma bola de gude, de um ponto ao outro de cada tela, utilizando plataformas movidas pelos controles de movimento, os joys-cons. Soa muito fácil no começo, mas exige um controle bem preciso dos movimentos. Achei bem desafiado e divertido. Um modo extra que adiciona um pouco de diversidade ao pacote, especialmente se o jogador quiser uma pausa das partidas de tabuleiro. Me deixou um tanto hipnotizado jogando, me dando aquela vontade de realizar todas suas fases em sequência, para ver até onde esse desafio, por mais simples que pareça, consegue ir aumentando.
Um último modo que vale a menção é Bowserathlon, que consiste em uma partida online com 20 jogadores realizando 3 mini jogos de coletar moedas para que em paralelo avance por um tabuleiro pista, com o objetivo de ficar em primeiro em relação aos demais jogadores. Quanto mais moedas coletadas, mais seu personagem anda. Ao fim dos três minutos jogos, inicia uma mini jogo com Bowser, onde os jogadores eliminados são penalizados voltando algumas casas no tabuleiro, e aí a partida recomeça, com os mesmos mini jogos, num estágio mais avançado de dificuldade. O modo ao todo possui 9 mini jogos exclusivos de pegar moedas e 5 mini jogos de eliminação com o Bowser.
Seguindo adiante, um Mario Party não estaria completo se não houve uma modalidade própria para jogar apenas os mini jogos. Aqui esse modo é chamado de Marina dos minijogos. Aqui o jogador pode conferir e treinar todos os mini jogos que já jogou nos demais modos. Sendo possível jogar os com controles convencionais, e também os exclusivos por sensor de movimento.
Pois bem, isso é o básico que Super Mario Party Jamboree tem a oferecer ao jogador. Toda uma modalidade tradicional de uma Mario Party, com sete tabuleiros, uma centena de mini jogos, além de diversos modos extras com atividades diversas, desde a experiência single player, quanto multiplayer local e online, assim como atividades criativas e que brincam com o conceito de pequenas atrações para se entreter quando quiser uma pausa das longas partidas de tabuleiro. É um pacote expressivo de conteúdo.
Dupla Jamboree, tabuleiros e Modo Pro
Claro que em se tratando de uma nova edição, é preciso que não só o conteúdo seja renovado, mas também algumas mecânicas e regras, e no caso de Super Mario Party Jamboree, talvez a adição mais chamativa seja justamente a regra da Dupla Jamboree, inserida dentro das partidas nos tabuleiros. Isso permite que um personagem se alie ao jogador, duplicando todos os efeitos causados pelo jogador em sua rodada. Ou seja, dobro de moedas, dobro do efeito de certos itens, dobro de efeitos de certos eventos, assim como a possibilidade de comprar duas estrelas de uma só vez.
Mas calma, me deixe voltar um passo antes de avançar. Talvez seja interessante dizer que a palavra Jamboree, em inglês, tem o significado de uma “grande e intensa festa“. Muitas pessoas, muita diversão. Não é uma palavra muito comum de se ouvir por aí, então acabei tendo a curiosidade de saber seu significado. E a mecânica da dupla jamboree parece ter essa intenção, de intensificar a partida, por meio dos ganhos em dobro de quem se aliar com um personagem com esse viés.
Funciona da seguinte maneira. Depois de um determinado número de rodadas, nas partidas de tabuleiro, um personagem irá chegar num ponto aleatório, dizendo que está pronto para se aliar a quem vencer seu desafio. Dos 22 personagens jogáveis, 10 possuem as funções de formar uma dupla jamboree (Mario, Luigi, Peach, Daisy, Rosalina, Wario, Waluigi, Yoshi, Donkey Kong e Bowser Jr.), sendo que serão personagens que não estão presentes na partida, sendo usados pelos jogadores ou CPU.
Interessante dizer que cada personagem que aparece para formar a dupla tem habilidades especiais distintas, tirando o fato de todos dobrarem os já mencionados efeitos da jogada do jogador. Mario, por exemplo, adiciona pontos ao dado do jogador, Peach faz o preço da estrela ser reduzido pela metade, Waluigi rouba moedas quando ultrapassado um jogador. Cada personagem jamborre tem uma habilidade passiva. Talvez por cada um tem diferentes características, só hajam 10 disponíveis, e não todo o elenco.
Não só isso, mas para formar um dupla é preciso que algum jogador alcance esse personagem no local em que ele se encontrar no tabuleiro, caso contrário, após algumas rodadas ele vai embora. No entendo, se alguém conseguir passar pelo personagem, o mesmo o convida para um desafio, e aí todos participam. Quem ganhar, se torna parceiro do personagem jamboree. Ou seja, não é quem alcance o local, mas quem vence o desafio que ele impôs!
Cada um dos 10 personagens tem seu próprio desafio. Waluigi convida todo mundo para uma longa partida de pinball, enquanto Wario coloca todo mundo num quiz que lembra um pouco seus desafios de micro games de WarioWare, já Mario recorda alguns clássicos mini jogos dos primeiros Mario Party, enquanto Luigi tem um desafio que lembra muito o clima de Luigi’s Mansion, com os jogadores resolvendo puzzles enquanto andam de sala em sala até chegar ao ponto final do desafio. Todos apresentam desafios bem interessantes e diversificados.
E as regras continuam dessa nova mecânica continuam. Então é possível formar dupla com o personagem jamborre mesmo que não seja você que chegou até ele no tabuleiro, contudo, quem faz o contato com o personagem detém uma vantagem na hora do desafio. Por exemplo, no desafio do Luigi, o jogador que iniciou esse contato, já tem o primeiro desafio resolvido e pode avançar para o segundo de imediato.
Mas não vá pensando que sua dupla jamboree é fiel aos seus ideias para sempre. Tem uma regra bem sacana quando se coloca um personagem jamboree no tabuleiro, que pode se tornar uma faca de dois cumes para o jogador. Isso porque se alguém passar por um jogador que formou a dupla, ele automaticamente ROUBA seu parceiro e obtém o personagem jamboree pra si! Claro, se na próxima rodada você passar por quem o roubou, você pega o parceiro de volta. Mas grandes estragos podem ser feitos dessa forma.
Ao fim, depois de algumas rodadas, o parceiro jamborre, que pode acabar lhe traindo com essa regra de um jogador passar pelo outro no tabuleiro, irá embora. No geral, cada partida em média permite a entrada de dois personagens jamboree, um na primeira fase da partida e um segundos nos momentos finais da partida, o que torna mais caótico as chances de virada de algum jogador.
Essa nova dinâmica é bem interessante, ainda que não seja uma grande mudança na jogabilidade padrão da franquia. Isso porque muitas vezes, vai de alguém desejar ir até o personagem jamboree, em detrimento de deixar de correr atrás da estrela posicionada no mapa. Nas vezes em que joguei, fiquei com a impressão de que o personagem nunca aterrissa no caminho até a estrela, quase sempre fazendo um caminho na contramão de onde todos estão indo. A exceção fica para o tabuleiro do autódromo, que tem uma pista circular, e por isso é mais fácil topar com o personagem jamboree.
Alias, falando dos novos tabuleiros, tenho que dizer que todos os novos possuem particularidades e características próprias que tornam as partidas bem diferentes a depender do tabuleiro escolhido. Já que mencionei o Autódromo Lança-Dados, este é um perfeito exemplo de como cada um oferece uma experiência diferentes. Nele os jogadores andam em karts, sendo a pista que mais oferece dados múltiplos para que jogador ande muitas casas e dê diversas voltas na pista. Só há dois locais onde a estrela surge, e ambos se alternam, deixando fácil para os jogadores saberem onde a próxima estrela estará. Contudo, a pista tem eventos que podem fazer com que fosse passe pela estrela sem que possa comprá-la.
Já um tabuleiro que achei muito mais legal é o chamado Shopping Arco-Íris, que possui três andarem e diversas lojas espalhadas pelo tabuleiro. Vendendo diversos itens, além de ser muito fácil acumular moedas. É o tabuleiro onde os jogadores mais conseguem comprar estrelas, além de roubarem. Um mapa bem dinâmico, com eventos de promoções de itens em duas ocasiões por partida. Com um elevador central que permite corta o caminho entre o primeiro e último andar, pagando uma taxinha de 5 moedas.
No conceito de tabuleiros mais tradicionais, tem os também inéditos Floresta do Mega Wiggler e Ilha Goomba, ambos tabuleiros bem grandes, a qual se leva um tempo entre algumas rodadas para dar a volta em todo o tabuleiro. Ambos com eventos que mudam ou bloqueiam passagens. No tabuleiro da floresta, um Wiggler gigante muda o caminho cada vez que se toca um dos sinos do tabuleiro, e caso os jogadores consigam enfurece-lo, as casas em suas costas se tornam vermelhas, e penalizam quem cair nelas.
Já a Ilha Goomba é um destes tabuleiros em que as passagens podem mudar a depender de onde os jogadores pisarem, com casas de eventos que podem mudar a maré ao redor da ilha, enquanto que o vulcão pode entrar em erupção e espalhar elementos que podem conceder ou tirar moedas dos jogadores. É um tabuleiro dinâmico, que exige que o jogador esteja sempre atento ao melhor caminho, enquanto ele está liberado para ser usado.
Por fim, o último tabuleiro inédito é a Fortaleza do Bowser, que como o nome sugere é um dos tabuleiros mais penosos de ser conquistado. É o tabuleiro com mais armadilhas e casas de eventos que vão tentar de tudo para tirar moedas dos jogadores. Um Bowser impostor está presente no meio do mapa, sempre pra sacanear os jogadores. É também um tabuleiro que pode contar com alguma sorte, pois há um cofre em que estrelas e moedas roubadas pelo impostor são armazenadas. Se você descobri a senha de dois dígitos, pode abrir o cofre e obter tudo que foi roubado!
Com 5 tabuleiros inéditos, Super Mario Party Jamboree também consegue olhar um pouco para o passado da franquia, e traz o remake de dois tabuleiros clássicos da franquia, Povoado Faroeste (Mario Party 2) e Castelo Arco-Íris do Mario (do primeiro Mario Party). E de fato são duas boas escolhas, pois ambos os tabuleiros apresentam mecânicas únicas que também tornam as partidas bem diferentes dos demais tabuleiros inéditos.
Para quem não se recorda, em Povoado Faroeste, há um trem que pode andar pelo tabuleiro, atropelando todos os jogadores que estejam pelo caminho, obrigando-os a reiniciar desde a casa inicial desse tabuleiro. É um pesadelo quando isso ocorre, especialmente quando a estrela está longe do começo. Para isso, o jogador também pode entrar no trem, pagando uma taxa, e ir até a estação final, atropelando quem ainda não tiver sido atropelado. Para evitar isso, há rodas alternativas e pontos seguros em que o trem não passa, além de um portão fechado que pode ser aberto mediante uma chave que pode ser comprado na lojinha.
Já no tabuleiro Castelo Arco-Íris do Mario, o problema não é chegar até a estrela, que fica sempre num ponto fixo do tabuleiro, sua torre, mas quem estará lá quando você a alcançar. Um Toad e o Bowser impostor trocam de lugar na torre com frequência. O jogador que chegar lá e encontrar o Bowser, se virá obrigado a comprar com ele a pechincha de uma Ztar, que é uma estrela negra que não vale… nada! É moeda jogada fora e a obrigação de ter que recomeçar o caminho todo novamente. Uma mecânica bem diferente dos demais tabuleiros, convenhamos. Um clássico do jogo de 1998.
Por fim, vale mencionar que cada tabuleiro possui alguns itens de trapaça únicos, vendidos nas lojinhas ou obtidos em casas especiais do tabuleiro, que são utilizados antes da vez de cada um dos participantes. Esta é a edição com a maior quantidade de itens da franquia. Ao todo são 37 itens, sendo que muitos deles são inéditos e fazem sua estreia nesta edição.
Itens vão desde ativar um evento no tabuleiro, como um sino para o Wiggler gigante ou uma concha para ativar a maré, como também para sacanear adversários, como uma etiqueta de aumento de preço para tornar as estrelas e itens mais caros para um oponente, ou diversos tipos de dados, dos que retiram números altos dos dados do oponente, para aqueles que permitem usar o mesmo dado múltiplas vezes. Há itens que teletransportam para casas aleatórias, que troca de lugar com algum jogador, que rouba itens e até mesmo estrelas. Adquirir um item e saber quando utilizá-lo pode se tornar essencial para um vitória.
Por fim, não posso deixar de mencionar que Super Mario Party Jamboree apresenta dois modos de partidas de tabuleiro que fazem muita a diferença para certos jogadores, o Modo Clássico e o Modo Pro. No primeiro, como o nome sugere, são as regras simples que todos que já jogaram algum título da franquia sabem como é, 10 turnos, itens ilimitados, mini jogos aleatórios e outras facilitadores normais dessa modalidade. Sendo que algumas destas regras podem ser ajustadas manualmente antes do começo de cada partida.
Mas é no Modo Pro em que as coisas começam a ficar mais interessantes. É uma modalidade criada para tornar as partidas bem mais competitivas. Itens, por exemplo, são limitados nas lojas, e uma vez que se esgotem, é para sempre. As partidas sempre se ficam em 12 turnos, e os mini jogos são escolhidos pelo voto dos jogadores, nada de seleção aleatória. Nada de blocos ocultos no tabuleiro e o Toad anuncia no começo da partida, qual é a estrela bônus ao final do jogo, dentre três possíveis, quem andou mais casas, quem tirou os menores números nos dados em toda a partida ou de quem pisou em mais casas de evento.
E tem mais, antes da partida iniciar, cada jogador pode escolher um item para começar o jogo. Casas de sorte dão duas opções ao jogador, 10 moedas ou um Dado Duplo, enquanto que casas de azar sempre irão retirar 7 moedas de quem pisar e dar para o último colocado na partida. Duelos, quando iniciarem no estágio final da partida, permitem que jogadores apostem estrelas (!!), e os espaços das casas do Bowser também tomam estrelas de quem cair nelas. Se o jogador não tiver nenhum estrela, Bowser automaticamente roubará metade de suas moedas.
Outro aspecto que acho muito maneiro nessa modalidade: todos os pontos de ressurgimento das estrelas são marcados no mapa, por meio de plaquinhas. Se uma estrela for obtida num destes pontos, a placa fica cinza, indicando que ela não irá aparecer mais ali até que todos os demais pontos seja utilizados. É perfeito para criar estratégias e chutar as chances de onde a próxima estrela irá aparecer.
Deu para entender que o Modo Pro sempre terá partidas acirradas e disputadas, né? É um modo renovado e que oferece o real desafio dos novos tabuleiros, para quem está habituado com as regras tradicionais de um Mario Party e quer a surpresa do inesperado.
Considerações finais
Super Mario Party Jamboree é o ápice da franquia no Nintendo Switch. Não tenho a menor dúvida disso. É a edição com o maior pacote de conteúdo de jogos e modalidades a qual irei me lembrar das edições mais recentes. Preza tanto a fórmula clássica das partidas de tabuleiro, quanto também abraça com forma o conceito de mini jogos e modos extras que funcionam como um pequeno laboratório de ideias.
Em termos comparativos, acredito que este lançamento consegue ser tão obrigatório quanto Mario Party Superstars (2021) é, pois ambos os títulos se auto combinam. Um não elimina o outro. Em parte porque a edição de 2021 faz um compilado de tabuleiros e mini jogos resgatados de todo um legado da franquia. Não apresenta nada de novo, mas revigora a série que não tinha ido tão bem na edição de 2018. Enquanto que é a edição de 2021 quem constrói os alicerces para que Super Mario Party Jamboree possa chegar com tanto conteúdo inédito.
Penso que justamente foi nesse resgate de muita coisa que é boa no passado de Mario Party que arrancou esse band-aid da nostalgia para com a franquia, deixando o campo livre para que Jamboree conseguisse apostar em tantos tabuleiros e mini jogos novos. Contudo, como é uma franquia com tantos títulos, também é importante que cada edição recorde um pouquinho desse passado, e por isso que o retorno de alguns mini jogos e dois tabuleiros do início da franquia certamente é o suficiente para esse aspecto da memória afetiva.
Nos aspectos técnicos, Super Mario Party Jamboree cumpriu tudo que esperava de um título do Nintendo Switch. Gráficos condizentes com tudo que o console tem apresentado. Boas animações, cenários bem detalhados, que entendem muito bem o universo de Super Mario e com diversas situações que combinam com seu universo. A trilha sonora apresenta a boa qualidade de sempre, com trechos que advém dos clássicos, assim como dos jogos atuais, tudo num tom agradável, entre os efeitos sonoros, falas de personagens, e claro, uma bela dublagem em português do narrador que anuncia partidas e rodadas.
Em relação a dublagem, acho que vale a curiosidade de mencionar no original em inglês, essa figura que anuncia as partidas e jogos, é feita por uma voz feminina, Erin Fitz, enquanto que na versão em português, optaram por uma voz masculina, neste caso, foi escolhido a voz de Gregory Shibuta. Diferente da versão de 2021, em que a dublagem se manteve com uma voz feminina em português (Cecília da Costa). Achei uma decisão interessante essa mudança na versão PT-BR, deu uma característica única a nossa versão, e total funciona uma voz masculina fazendo os anúncios do jogo.
Indo adiante, Super Mario Party Jamboree se prova interessante no sentido de que demonstra que ainda existem boas ideias para uma franquia com tantas edições. A Brigada Anti-Bowser é um modo de jogo com pleno potencial para expandir esse conceito para um jogo solo. Pode não acontecer, o que não o deixa menor interessante, pelo contrário, especialmente por só existir nesta edição.
Nesse sentido, os demais jogos rítmicos também são um belo adendo ao conteúdo. Os jogos culinários e da fábrica em particular, pois encontram meios criativos para a utilização dos joy-cons. Conceitos que poderiam ganhar novos conteúdos adicionais, ainda que a Nintendo não tenha revelado qualquer plano para DLCs ou expansões, e considerando que nem na edição de 2021 isso ocorreu, acho difícil que ocorra aqui também.
Ao fim, encerro a análise de Super Mario Party Jamboree pensando que o título conseguiu cobrir tudo que se espera de um novo Mario Party, trazendo muitas novidades, tabuleiros criativos, mini jogos inéditos que conseguem mantém a tradição da franquia, enquanto experimenta de tudo um pouco, modos adicionais, controles de movimento, entrega multiplayer local e online, que vai até 20 jogadores em certos modos, da mesma forma que oferece uma boa experiência single player, com uma pequena campanha divertida que te coloca nos bastidores da criação de um tabuleiro da série, assim o modo tradicional com CPU em diversos níveis de dificuldade.
Ao amantes da franquia, com certeza o Modo Pro, é uma grande adição a fórmula, trazendo novas regras, mais competitividade, as partidas, oferecendo mais desafios e chances de reviravoltas. E nesse sentido, a mecânica personagem jamboree, também causa essa imprevisibilidade que tornam as partidas de Mario Party tão surpreendentes quanto qualquer jogo convencional de tabuleiro. Há estratégia e planejamento sim, mas no final, vencedores são decididos também pelo lançar dos dados. Será que é hoje que a sorte lhe favorecerá?
Galeria
Galeria de Mini Jogos
Dando nota
Edição surge com muito conteúdo inédito e diversos modos de jogo - 10
Também faz um pontual apelo nostalgico com 2 remakes de tabuleiros e alguns minis jogos - 8.8
Alta contabilidade, 7 tabuleiros, 22 personagens jogáveis, 112 Mini jogos e diversos modos extras - 9.5
Pequena campanha single player é bem curiosa e divertida, permite conhecer melhor os novos tabuleiros - 8.5
Brigada Anti-Bowser é um modo de jogo extra com muito potencial para ser um jogo online próprio - 9.5
Balanceia muito bem controles convencionais com os sensores do joy-con, e ganha pontos pelo divertido Cozinha Rítmica - 9
Modo Pro renova o tradicionalismo da fórmula, colocando mais competitividade e desafios as partidas de tabuleiro - 9.5
9.3
Excelente
Super Mario Party Jamboree é o ápice da franquia no Nintendo Switch, trazendo uma versão com grande parte de seu conteúdo inédito, e de alta qualidade, mas que ainda encontra espaço para resgatar dois tabuleiros clássicos e alguns poucos mini jogos. Contudo, o destaque da edição fica para as novidades, tabuleiros interessantes e divertidos, a modalidade pro que traz partidas mais competitivas e desafiadoras, assim como a mecânica da dupla jamboree, que na mesma pretensão de ser uma grande vantagem, pode ser facilmente roubada e se tornar um problemão. Nos modos extras, a Brigada Anti-Bowser se destaca muito como uma ideia que poderia vir a se tornar um jogo próprio, enquanto a edição também sabe aproveitar bem os sensores de movimento dos joy-cons, sem que isso comprometa o formato clássico de controles. Uma edição repleta de personagens jogáveis, modalidades de jogo, pequena campanha single player, tabuleiros e mais de 100 mini jogos, e que também chega ao nosso mercado com localização em português, com dublagem. Este é um ótimo momento para ser fã de Mario Party, com certeza.