Análise | Sonic X Shadow Generations

Disponível para PlayStation, Xbox, Nintendo Switch & PC

Sonic X Shadow Generations é um combo dois em um, pois ao mesmo tempo que remasteriza a nostálgica aventura em que Sonic encontra a si mesmo, em sua versão mais pançudinha, também apresenta um jogo inédito, protagonizado por Shadow, em uma trama de origem que ocorre em paralelo aos eventos de Sonic Generations. Sim, são dois jogos, cada qual com sua campanha solo, extras e histórias. Um olhar ao passado repleto de homenagens, enquanto se vislumbra um futuro de possibilidades… essa é a proposta deste lançamento.

Seu laçamento ocorreu na temporada final de 2024, mais precisamente em 25 de outubro, estando disponível para todas as atuais plataformas da geração, PlayStation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC, enquanto também oferece suporte aos consoles de uma geração atrás, o PlayStation 4 e Xbox One.

Mesmo sendo dois jogos em uma única coleção, o desenvolvimento de Sonic X Shadow Generations ficou a cargo do estúdio Sonic Team, responsável pela franquia da Sega. O estúdio cuidou tanto da remasterização de Sonic Generations, quanto de todo o desenvolvimento de Shadow Generations, que é como os títulos se dividem dentro pacote em si.

Vale lembrar que Sonic Generations é um clássico lançado em 2011, desenvolvido na época para celebrar os 20 anos do personagem, trazendo justamente uma aventura que mesclava o passado e o presente do ouriço, com uma jogabilidade mista, entre o 2D que originou tudo, ao modelo 3D, que reinventou as aventuras até os dias atuais. Um título que veio de uma fase muito boa da franquia, na geração PS3 e X360, e sucedeu as aventuras de Sonic Unleashed (2008) – a qual acho ótimo – e Sonic Colors (2010), e que já foi remasterizado em 2021.

Considerando o atual momento da indústria dos games, que tem resgatados muitos jogos de antigas gerações, para uma larga biblioteca retrocompatível dos atuais consoles, além de uma melhoria técnica nos títulos, seja em sua resolução, ou na melhor performance diante do hardware atual, repescar Sonic Generations faz muito sentido, já que é um grande título, que justamente celebra a franquia como um todo.

E é interessante apontar que, diferente do lançamento original, Sonic X Shadow Generations chega as atuais plataformas com localização em português, com menus traduzidos, assim como legendas em todas as cutscenes de diálogos entre os personagens, tanto no jogo clássico, quanto na nova aventura de Shadow. O que, por si só, é muito maneiro.

Origem recontada

Um dos pontos mais interessantes na campanha de Shadow Generations é a oportunidade de recontar, em detalhes, as origens de Shadow, personagem que surgiu pela primeira vez em Sonic Adventure 2 (2001), em uma época em que os estúdios não eram mestres na condução narrativa, além do fato do personagem não ser exatamente o único ponto da história desse clássico do Dreamcast.

E Shadow fez sucesso, apareceu em diversas outros jogos posteriores, sempre antagonizando um pouco as coisas com Sonic, mas nunca sendo exatamente um vilão. Não esquecendo que ele também já teve uma aventura solo, em Shadow The Hedgehog, lançado em 2005, num jogo de misturava fases 3D com armas de fogo e ação em uma… moto. Foi um momento bem confuso para o personagem, e o título buscava trabalhar um pouco sua misteriosa origem. É um jogo perdido no tempo, que apesar de desejar que fosse resgatado, entendo que não teve um desempenho esperado. Houve muito estranhamento (na época) na questão de dar armas de fogo ao personagem, e por sair um pouco da fórmula dos demais jogos com o Sonic.

Até por isso que Shadow Generations é importante, pois lava a alma da Sonic Team com o Shadow, dando lhe uma nova aventura solo, com particularidades próprias, contudo, não foge totalmente da fórmula imposta pelos jogos de Sonic. Esqueça motos, ou armas de fogo. O que temos aqui é um ouriço correndo em alta velocidade em ambientes repleto de perigos que precisam ser lidados com o bom, e velho, ataque circular (homing attack). Com uns truques novos aqui e ali, claro.

Considerando esse confuso passado de Shadow, que já pode-se dizer datado, e olhando a proposta de Sonic Generations em prestigiar o passado de Sonic, é claro que se torna interessante buscar novamente as origens e passado de Shadow, colocando-o a refletir o que ele sabe de sua origem e decisões que tomou, mostrando ao jogador as pessoas importantes de sua origem, Dr. Gerald e Maria, dando ao personagem a oportunidade de reencontrá-los e lembrar tudo de bom que eles lhe ensinaram. A trágica história do personagem continua envolvente e é fácil sentir essa conexão narrativa.

Claro que, diferente de Sonic, que tem um vilão muito versátil (e carismático), Black Doom não tem exatamente o mesmo apelo, sendo só uma entidade alienígena do mal que deveria ter outras preocupações, mas fica obcecado por um ouriço que poderes sinistros. Um vilão que surge no jogo do Shadow de 2005, e retorna aqui, em paralelo ao verdadeiro vilão temporal de Sonic Generations, a qual não é um problema do Shadow, sendo Sonic quem lida com isso em sua campanha (e jogo). E como Black Doom está legitimamente ligado a criação do Shadow, junto ao Dr. Gerald, não tem como deixar o vilão de lado.

De qualquer forma, a Sonic Team encontrou uma bela maneira de recontar tudo isso mais uma vez, de uma forma mais organizada, funcional, e emotiva. Colocando Shadow dentro do vazio, o mesmo lugar em que Sonic se encontra em sua aventura, recordando e revivendo estes momentos do passado. Só que enquanto Sonic e Tails estão tentando consertar o tempo, Shadow está preso em seu próprio passado, sendo assombrado pela perda, por uma entidade alienígena e, pensando que talvez seja possível mudar o passado e salvar àqueles que ele perdeu. É uma ótima história.

DNA parecido, só que mais sombrio

Deixando de lado o aspecto da construção existencial da trama, Shadow Generations também se destaca ao seguir observando tudo que tem dado certo nos recentes jogos 3D do Sonic, e por continuar refinando essa fórmula, enquanto a adapta para a proposta de cada nova aventura. E desta vez, os elementos da fórmula precisavam se adequar a um novo protagonista, de um ouriço mais carrancudo.

Talvez o elemento mais perceptível nesta nova aventura seja sua Direção de Arte. Enquanto os atos de Sonic Generations são mais coloridos, com cenários de cores vibrantes, as fases de Shadow Generations tomam um aspecto mais sombrio, com cores mais escuras, usando uma paleta que segue mais as próprias cores do personagem, como o preto e o vermelho, enquanto vão adicionando outros níveis de tons, como o roxo, marrom, cinza, e até mesmo quando há um verde, é em um tom mais escuro. Bem diferente da verdejante Green Hill.

E a ambientação segue um pouco desse conceito de que Shadow é um personagem que passeia por ambientes mais tenebrosos. O jogo, por exemplo, começa em uma imensa base espacial, em clima de final de aventura. Todos os mundos do jogo são baseados em ambientes utilizados em jogos do passado da franquia Sonic, tal como é com Sonic Generations, então mesmo que sejam fases totalmente novas, ainda são inspiradas em estágios do passado. Essa base espacial, por exemplo, é a Space Colony ARK, originária de Sonic Adventure 2 e Shadow The Hedgehog.

O jogador também vai passear em versões reimaginadas de Rail Canyon (Sonic Heroes, 2003), Kingdom Valley (Sonic the Hedgehog, 2006), Sunset Heights (Sonic Forces, 2017), Chaos Island (Sonic Frontiers, 2022) e Radical Highway (Sonic Adventure 2, 2001). Por sinal, gostei bastante do fato dos desenvolvedores já aproveitarem os títulos mais recentes, que não existiam quando Sonic Generations foi desenvolvido, para serem reimaginados na história de Shadow.

Posso citar como Sunset Heights ficou muito animal aqui, e combinou muito bem com o Shadow, pois é uma cidade sendo invadida por robôs enormes, que casa muito bem com sua personalidade mais explosiva, podendo correr em meio ao caos da destruição, e socando enormes robôs. Além disso, Shadow é um personagem que originalmente surge dentro de um conceito de ambientação mais urbana, mais realista, em Sonic Adventure 2, então fases com esse ar urbano, moderno, combinam perfeitamente com o personagem.

Talvez por conta desse pensamento, senti que Chaos Island não conseguiu ter o mesmo conceito estético para Shadow, e é o único mundo de sua campanha que fiquei com a sensação de não combinar bem com o resto do visual do jogo. A arte desse mundo ressoa muito a própria arte de Sonic Frontiers, e senti que faltou um toque diferente para inserir o conceito artístico de Shadow neste universo. Contudo, entendo que os desenvolvedores tentaram, principalmente porque é o momento do jogo em que uma habilidade em particular é inserida, e que funciona com a verticalidade e escalada que esse mundo inspira até mesmo no jogo original.

Não vou pontuar cada um dos estágios e mundos do jogo, pois me alongaria demais, entretanto, preciso dizer que achei o máximo o retorno do trem perseguindo o personagem em Rail Canyon, porque dá um contraste muito bom com a clássica City Escape, em que Sonic foge (em direção a tela) de um caminhão, e também é fantástica na releitura feita em Sonic Generations. Da mesma forma como Kingdom Valley é mais sombria para Shadow, num contraste perfeito da relação de Sonic e Green Hill. A única forçação de barra desse mundo são os gaviões levando o personagem de um lado para o outro, mas isso também já era forçado no jogo de origem.

Só que Shadow Generations não se limita apenas a reimaginar clássicos mundos de jogos anteriores. Em alguns momentos, destes estágios, existe uma espécie de mudança de senso de percepção sensorial, que é um efeito visual de jogabilidade que não existe em Sonic Generations. Certamente porque algo assim não seria possível com o hardware dos consoles da época do lançamento original.

Trata-se de um efeito em que a fase retorce seus cenários e objetos, a ponto de tudo ficar abstrato e surreal, e todo o ambiente ao redor do jogador reescreve algumas leis da física. Numa comparação visual, é algo semelhante aos prédios entortando no filme Inception (A Origem, 2010).

Isso ocorre porque o alien que está perseguindo Shadow causa esse efeito, quase que alucinógeno, fazendo com que o personagem tenha sua percepção alterada, enquanto corre em pistas retorcidas, em trilhos de ponta cabeça (é sensacional), com diversos buracos e obstáculos que precisam ser desviados. E o mais incrível é que toda essa mudança de perspectiva ocorre em tempo real, enquanto o jogador está ali correndo, sem loading, sem engasgo na taxa de quadros. O estágio muda enquanto se está jogando nele!

E se no passado essas loucuras causava uma confusão ao jogador, fazendo com que ele caísse do cenários, Shadow Generations faz um belo serviço no sentido de não dar aquela sensação de que você perdeu o controle do volante em alta velocidade. A construção do layout é muito bem feito para que Shadow se mantenha no trilho do estágio em alta velocidade, sem que os muros invisíveis da fase sejam “quebrados” ou até mesmo ultrapassados.

Seguindo adiante, outro elemento inédito que o jogo apresenta são novas habilidades que Shadow recebe ao longo de sua aventura. Contudo, são habilidades que normalmente são usadas em momentos pontuais e bem específicos dos estágios. Não é algo que vai mudar significativamente a jogabilidade caso decida, por exemplo, rejogar um estágio em que ainda não havia desbloqueado a mesma.

Dentre os destaques dessa habilidades, está um movimento que permite que Shadow atire uma lança de energia em 5 alvos ao mesmo tempo, imobilizando-os por alguns segundos, ou um par de asas para um dash aéreo ou planar momentaneamente, assim como ele também irá se transformar num monstro gosma para nadar por um líquido roxo gosmento. Há também uma sequência de golpes físicos em que ele arremessa um inimigo para o alto e sobe atrás do mesmo, permitindo que ele atinja uma área que caso contrário não conseguiria. São habilidades temporárias, que em certo sentido, lembra um pouco o conceito de Sonic Collors (ativado pelos Wisps).

Estas habilidades permitem criar estes elementos que distinguem os estágios e mundos. Não fica só aquela coisa de correr em frente e pronto. Quando uma habilidade é desbloqueada, a fase posterior acaba sendo construída pensando na possibilidade da utilização de tal movimento. Kingdom Valley, por exemplo, ocorre logo depois de Shadow conseguir criar uma espécie de arraia negra para surfar na água. Então o estágio tem todo um seguimento dentro de um riacho. Dá uma dinâmica legal a progressão da aventura.

Por outro lado, no hub da aventura, onde fica o Mundo Vazio, estas novas habilidades brilham bastante. Aqui os desenvolvedores total se inspiraram no conceito da exploração livre e tridimensional apresentada em Sonic Frontiers. A liberdade para se explorar essa central de fases, com diversos desafios extras, argolas, locais para usar e muitos baús espalhados, dá uma sensação de recompensa muito satisfatória a navegação.

Chega a ser uma evolução impressionante quando colocada em contraste com o hub 2D lá de Sonic Generations. É uma evolução inesperada na forma como centralizar a campanha, suas fases e todo o resto, como NPCs e desafios adicionais. Shadow Generations acerta demais em modernizar o Mundo Vazio para um modelo tridimensional.

E este modelo mais aberto de hub central funciona porque o jogo, tal como Sonic Generations, apresenta uma enorme galeria de conteúdo de extras que precisam ser coletados pelo jogador durante a aventura, só que aqui as artes, músicas e documentos de história são todos focados em Shadow. O jogador precisa encontrar certos tipos de moedas pelas fases, e com estas moedas, encontrar os baús espalhados pelo mundo central.

Gosto em particular da coleção de documentos que apresenta a história do Shadow da perspectiva de todos os jogos em que ele participa, desde sua origem em Sonic Adventure 2, passando por Sonic Heroes e até mesmo pelo Sonic The Hedgehog de 2006. E como o jogo está localizado em português, significa que todos estes documentos extras estão traduzidos ao nosso idioma. É um conteúdo muito bacana para quem é fã. Alias, o diário do Dr. Gerald, contando sobre sua história, é outro documento de história incrivelmente valioso para esse universo. Suas páginas também estão espalhadas pela aventura inédita. Um verdadeiro tesouro!

Gerações remasterizada

Deixando de lado um pouco o material inédito deste título, Sonic X Shadow Generations também reapresenta todo o material de Sonic Generations, em uma versão totalmente remasterizada para as atuais plataformas de consoles. Lembrando que remasterizar não é a mesma coisa que um remake, quando os gráficos são recriados para o que a atualidade tem a oferecer.

Isso quer dizer que o conteúdo já existente nesse pacote, no que diz a toda a campanha de Sonic, não tem a mesma beleza técnica da campanha inédita de Shadow. O resultado são gráficos bonitos e relativamente condizentes com o que se espera de um remaster. Os cenários e objetos entregam uma profundidade maior de detalhes, e evitam texturas estouradas. A taxa de quadro se mantém estável e o jogo roda suave e sem engasgos.

Contudo, se elogiei a construção do layout tridimensional das novas fases da campanha de Shadow, o mesmo não pode se aplicar na aventura original de Sonic Generations. A evolução inserida no material inédito não se aplica no conteúdo que já existia na obra original. As fases 3D com Sonic acabam soando datadas, com o jogador facilmente quebrando os muros invisíveis, não sendo incomum cair de alguns estágios 3D em momentos pontuais.

Não é que os estágios 3D de Sonic Generations sejam ruins, pois não são, mas o contraste com as fases de Shadow demonstram com bastante clareza a evolução da própria Sonic Team na fórmula da franquia, e de como a jogabilidade antiga não tinha a fluidez orgânica e flexível que possui em tempos atuais. Faz parte da experiência entre dois jogos reunidos, porém que foram desenvolvidos em décadas distintas.

Isso também fica gritante quando colocando o hub do Mundo Vazio em comparação com ambas as campanhas. Enquanto a de Shadow oferece uma experiência 3D de grande porte, com muita exploração e cantos para correr, saltar e explorar, o Mundo Vazio de Sonic é bidimensional, com um 2D óbvio e singelo. Os desafios extras ficam bem delineados em plataformas superiores ao mundo e não tem qualquer senso de exploração como uma recurso adicional dessa estrutura.

Contudo, há uma mudança interessante na campanha de Sonic Generations, um elemento que não existia lá em 2011: desta vez, toda a aventura está completamente localizada com legendas em português! Méritos de um mercado mais consciente da acessibilidade linguística entre diferentes países, e do próprio crescimento do mercado nacional de games, que tem exigido cada vez mais esse tipo de atenção em sua comunidade. Remasterizações normalmente não possuem tal cuidado com jogos antigos, mas fico feliz que este é um caso que foge a tal regra.

Colocado tais pontos na mesa, ainda penso que é um título obrigatório para qualquer um que se considere um fã do ouriço da Sega, seja dos tempos clássicos de Mega Drive, sendo dos jogos 3D atuais. O título mesclam muito bem passado e presente, mantendo ambos os modelos da fórmula, encontrando um ótimo meio tempo para todos os pontos positivos de game estilo de jogabilidade.

Ainda é uma aventura incrível, que diverte pela trama incomum de dois designs de Sonic se encontrando no espaço tempo, cada qual com seu estilo próprio de jogabilidade. Além disso, a seleção de fases clássicas, selecionadas a dedo para a campanha original é fantástica. Tanto quanto é toda a trilha sonora selecionado para as fases, que mistura a trilha clássica com novas versões.

Para a época, o jogo encontrou os desafios opcionais como um formato para alongar a campanha e a experiência como um todo, o que acho ótimo. São até um pouco mais diversificadas e criativas do que os desafios que foram criados para o Shadow, nesse elemento talvez Sonic Generations leve uma certa vantagem.

Como o Xbox atual tem uma boa biblioteca de títulos retrocompatíveis, cheguei a jogar a versão do Xbox 360 há alguns anos, e colocando a memória para funcionar, não senti uma evolução gigantesca nesta remasterização. Está mais bonito, roda mais fluído, mas no geral é a mesma experiência oferecida no passado. A vantagem deste título certamente é o conteúdo adiciona inédito. Contudo, quem nunca jogou esse clássico, certamente é a melhor versão a se apostar em ter.

Shadow da telona para o game

No momento em que esta análise está sendo publicado, a Sonic Team e Sega também já lançaram o DLC adicional que apresenta um conteúdo extra para a campanha de Shadow que é inspirado em Sonic 3 – O Filme, que se encontra atualmente nas bilheterias dos cinemas do mundo inteiro.

O DLC Movie Pack adiciona um estágio totalmente novo, inspirada na cena de ação que ocorre em Tóquio no terceiro filme da franquia. O que é curioso é que ao contrário da campanha padrão, o Shadow dos games atravessa um portal – a argola dos filmes – e assume sua forma cinematográfica (peludinha), ou seja, é uma nova skin. Ficou bacana esse conceito, e conectou muito bem o universo do filme e game. Talvez seja um teste drive  para sentir se o design dos personagens dos filmes cabem num jogo temático baseado no mesmo? Quem sabe, quem sabe.

Só é uma pena que a skin deste Shadow só possa ser utilizada nesta fase específica em Tóquio, além de seus dois desafios que fazem parte da DLC. Seria interessante se o jogo permitisse mudar isso e usar a skin nos demais estágios da campanha dele, porém não encontrei nenhum opção ou aviso dentro do jogo que me permitisse isso. Talvez um patch possa mudar essa decisão? Talvez dependa do quanto a comunidade mencione isso nas redes sociais da Sega e também do Sonic.

A DLC também não demonstra nenhum dos outros personagens presentes no filme. Então não espere ver Sonic, Tails ou Knuckles em suas skins do filme. Que peninha.

Mas enfim, no geral essa DLC, inclusa no pacote Deluxe do jogo principal, mas também vendida à parte para quem adquiriu apenas a versão base, é bem curtinha mesmo. Quase como um aperitivo. Divertida, interessante e repleta de potencial para futuros projetos da franquia. Válida porque promove tanto o jogo com Shadow, quanto o filme que está nos cinemas. Duas mídias de entretenimento distintas conversando entre si, o que por si só é maneiro demais.

Considerações finais

Sonic X Shadow Generations funciona em duas frentes, tanto na proposta de remasterizar a aventura clássica, quanto na oportunidade de embarcar no projeto que está levando Shadow para os cinemas, tornando a ocasião perfeita para que ele tenha esse destaque aqui, criando esta aventura solo compartilhada com a narrativa de Generations, a qual sua origem é novamente revisitada, tornando-a melhor elaborada.

Entendo que é uma situação de ganho duplo ao jogador, que passa a ter acesso a um dos maiores clássicos do ouriço, enquanto também tem acesso a um enorme conteúdo inédito no pacote, que pode ser tão longo quando a campanha do Sonic, a depender do jogador querer coletar todos os colecionáveis que a campanha de Shadow tem a oferecer.

Entretanto, vale pontuar que as campanha não possuem o mesmo número de mundos e estágios. Sonic Generations entrega 9 mundos, com seus distintos atos 2D e 3D, enquanto a campanha de Shadow possui apenas 6 mundos, não contado o estágio da DLC que mencionei mais acima. E ambas as campanhas possuem inúmeros desafios, que são mini estágios, além da exploração tridimensional na campanha do Shadow. Minha impressão é que os conteúdos estão bem equilibrados. Duram o suficiente, e possuem um valor de replay aceitável.

Também é uma destas situações em que sempre alguém vai levantar a questão sobre ser válido adquirir o título, independente de já ter jogado Sonic Generations em 2011. Para estes, o que posso dizer é que o conteúdo inédito com Shadow tem um peso muito grande para tomar essa decisão, e que ele praticamente se sustenta como um jogo solo. Ainda que você não queira rejogar o título original, vai gastar de 6 a 8 horas fácil com a campanha do Shadow. Mais se quiser colecionar tudo.

Fora isso, esse novo conteúdo apresenta muita coisa nova e interessante a fórmula da franquia. Coloca a aventura em pé de igualdade com os jogos da atual geração, com estágios que se movimentam e sofrem alterações gigantescas na percepção da jogador em tempo real, dá habilidades interessantes ao Shadow, e coloca a jogabilidade das fases 3D em uma qualidade moderna, sem que o jogador fique constantemente caindo da fase ou batendo em muros invisíveis. Os estágios se desenvolvem muito bem, com múltiplos caminhos e segredos. A Sonic Team segue de parabéns por conseguir continuar evoluindo a franquia.

Agora quem procura uma experiência evoluída da campanha de 2011 de Sonic Generations, talvez se decepcione um pouco, pois mesmo com os gráficos remasterizados para os atuais monitores, o jogo segue bem idêntico a sua versão original. Está mais bonito sim, mas a jogabilidade já demonstra certo envelhecimento, especialmente com a campanha do Shadow lado a lado do pacote. É um título grande pra franquia, mas certamente pelo seu valor sentimental dos fãs.

O que este pacote deixa bem claro é que o conceito criado para Sonic Generations, de revisitar e recriar estágios de jogos clássicos, ainda é muitíssimo bem vindo. Shadow Generations é um frescor nessa ideia, é quase como uma sequência que os fãs sempre sonharam. E que consegue deixar aquele gostinho de “quero mais“. Se a Sega e a Sonic Team um dia decidir que um Sonic Generations 2 pode acontecer, certamente este lançamento é uma prova real de que a atualização da jogabilidade entregue no conteúdo de Shadow é a direção a se seguida.

Por fim, saio da experiência de Sonic X Shadow Generations com esse gostinho de saudosismo e experiência. Não é que aprecie novos jogos do Sonic com novas mecânicas, porque é claro que sim, porém, também acho que existem tantos títulos em seu passado que poderiam ser resgatados, recriados e reapresentados, a qual velhas ideias e fórmulas, consegue sobreviver ao tempo e são aperfeiçoadas novamente. Shadow Generations faz exatamente isso.

É uma aventura que chega num momento oportuno ao universo do ouriço, que mesmo tendo saído no finalzinho de 2024, ainda deve repercutir por todo o primeiro semestre de 2025 e quem sabe além, pois com o sucesso de Sonic 3 – O Filme nos cinemas, um público além dos videogames deve procurar mais sobre Shadow, e que melhor convide do que este? Com sua origem revisitada e uma jogabilidade que combina com o personagem, modernizando tudo e finalmente dando ao personagem a aventura solo que ele sempre mereceu.

Galeria

Este slideshow necessita de JavaScript.

Dando nota

Dois games, um remasterizado e um totalmente inédito num único pacote - 8.5
Sonic Generations continua deslumbrante, mas a jogabilidade 3D dá seus sinais de envelhecimento - 7.8
Contudo, todos os estágios 2D sobrevivem fortemente a passagem de mais de uma década - 8.5
Shadow Generations, por outro lado, acerta na jogabilidade muito bem refinada nas fases 3D - 8.8
Alteração da realidade e percepção das fases em tempo real é fantástico - 9.5
Hub central de Shadow Generations em 3D demonstra uma enorme evolução com Sonic Generations - 9
Revisitar estágios icônicos dos jogos passados também é feito com maestria em Shadow Generations - 8.5

8.7

2em1

Sonic X Shadow Generations combina o melhor de duas possibilidade, a de resgatar um clássico e do criar algo novo, e para isso a decisão de remasterizar o excelente Sonic Generations vem bem a calhar, e como sua proposta revisita o universo de Sonic, é ideal para Shadow estrear sua própria aventura em Shadow Generations, para organizar suas origens e contar tudo uma nova vez, aproveitando sua estreia em outra mídia, com um filme nos cinemas. Oportunidade perfeita. Não só isso, mas a Sonic Team segue evoluindo a fórmula dos jogos 3D do ouriço, dando ao Shadow uma jogabilidade afinada com os jogos atuais, com estágios que mudam em tempo real, novas habilidades e deixando um ótimo vislumbre aos futuros jogos do próprio Sonic. Quanto ao Ouriço azul, sua aventura de 2011 mostra um pouco sinais do tempo, mas segue provando que a proposta da homenagem ainda é incrivelmente atraente e bem divertida.

Isso também pode lhe interessar
Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Dê uma ajuda ao site simplesmente desabilitando seu Adblock para nosso endereço.