Análise | Warriors: Abyss
Disponível para PlayStation, Xbox Series X|S, Nintendo Switch & PC

Warriors: Abyss foi lançado mês passado, em 12 de fevereiro, para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC (Steam). Podemos observar que este já é o segundo jogo deste universo (Samurai Warriors/Dynasty Warriors) que chegou nesse ano de 2025, e em um curto espaço de tempo, já que o ultimo jogo do qual escrevi aqui foi justamente Dynasty Warriors: Origins. E, novamente, nada localização em português nas opções de idioma disponíveis.
De uma forma repentina, a Koei Tecmo lançou Warriors: Abyss como parte do evento de fevereiro da Sony, o State of Play. O jogo é um roguelike com inspirações em Vampire Survivors, jogo que particularmente gostei muito e que volta e meio dou um jogada novamente, apesar de ainda não ter conseguido vencer a morte, que sempre surge após 30 minutos de jogo, e que acaba literalmente com o jogo. Sei que existe meio de acabar com ela, mas não consegui “ainda”.
Explicando de forma bem simples, em Vampire Survivors é você sozinho no mapa contra hordas infinitas de inimigos que vão surgindo aos montes, vezes ou outra aparecem chefes de área que são mais poderosos deixam para trás itens melhores como armas e habilidades, itens especiais ainda após serem descobertos em uma fase podem aparecer mais facilmente em outra posteriormente.
Mas não estamos aqui para falar de Vampire Survivors, apenas achei interessante dar uma noção de em que pé andaremos aqui. Aqui estamos no universo dos jogos musou característica sempre presente e marcante dos jogos deste universos Samurai Warriors/Dynasty Warriors.
Dynasty Warriors se foca no romance dos três reinos livro escrito por Luo Guanzhong no século XIV, baseado nos eventos dos anos turbulentos próximos do fim da Dinastia Han e da era dos Três Reinos da China, começando em 169 e terminando com a reunificação do reino em 280. Já Samurai Warriors por sua vez é mais sombrio e retrata eventos importantes da Era Sengoku no Japão. Lançando seu foco em outra luta, uma série de eventos que moldaram uma era conhecida como Reinos Combatentes.
Em ambos os jogos é você contra um zilhão de inimigo, onde controlamos oficiais e guerreiros imponentes em seus respectivo reinos e períodos de tempo, como Nobunaga Oda, Zhang He, Cao Cao, Hanzo Hattori, Ma Chao, Liu Bei dentre muitos outros.
Uma história rápida e rasteira?
Não temos uma história complexa ou longa, sendo até extremamente básica e simples. Começamos ouvindo uma voz que é capaz de invocar almas de heróis através do tempo e das heras, o que justifica todo esse pessoal de Warriors estar disponível aqui. Boa sacada para conseguir juntar todo esse povo. O primeiro invocado é Zhao Yun, mas não precisamos jogar com ele, é somente para dar andamento na narrativa.
Quem invocou foi ninguém mais ninguém menos que o Rei Enma o governantes do submundo, ele explica que não estamos mais no mundo dos vivos, e sim no mundo dos mortos, sim, nossos personagens estão mortos. Estamos no palácio real e o rei nos diz que podemos chamar ele de Senhor Enma, tá ok então, a modéstia é grande para alguém que está pedindo ajuda.
Enma nos informa de que o inferno é a prisão do submundo para pecadores graves e que esta prisão foi tomada por Gouma, um poderoso deus antigo que havia sido banido para o sono eterno, e que sua maldade se espalhou como uma praga de gafanhotos. Sem nada para pará-lo será uma questão de tempo até que ele arranque o controle do submundo de Enma e o tome para si. Como se isso já não fosse ruim o suficiente, a fúria de Gouma deixou todos os mortos em frenesi, então nossos inimigos são exageradamente numerosos, viu só a tirada para termos um monte de inimigos pelo caminho?
Obviamente os guardas pessoais de Enma não foram suficientes para deter tal rebelião e por isso nosso herói foi invocado para ajudar. Nosso destino agora é ajudar o rei a retomar o controle a força desta prisão. A história está aí, mas você vai passar por cima dela rapidamente e tirando alguns momentos de escolha de opções nos diálogos com Enma (escolhas estas que não vão mudar a história em si, somente a visão de Enma sobre o seu herói escolhido), será somente o próprio Enma que vai falar às vezes, geralmente lhe dando um tutorial de como as coisas funcionam, até que tenha aprendido um pouco de tudo.
Opções infinitas de jogabilidade?
As escolhas para a proposta de um jogo como este poderiam se limitar apenas alguns personagens mais conhecidos da franquia, mas não estamos falando apenas dos nomes famosos que citei a pouco. Isso porque além de vários personagens disponíveis logo no começo, que já são 24 opções diferentes para iniciar a jornada, contando todos os personagens que podemos desbloquear, cada qual com troféus respectivos para essa grande missão, podemos ter nada mais, nada menos que 105 personagens jogáveis!
Isso, por si só já nos possibilitaria 105 jogadas únicas, já que cada personagem conta com armas e características próprias, somado ainda a isso temos as formações das equipes. Então a Koei Tecmo não estava brincando, quando no trailer de lançamento, sugere que existiriam 16 milhões de possíveis combinações de jogabilidade.
Vejamos, vamos explicar um pouco. Começamos com um herói e temos que derrotar 30 inimigos na primeira sala/andar. Ao conseguirmos, poderemos recrutar outro herói para nosso grupo, que vai obviamente aumentar o poder de ataque do grupo como um todo, que será usado mais tarde quando tivermos mais heróis para invocar todos e dar um golpe espalhafatoso disparado quando a barra de musou do grupo estiver cheia facilmente ao pressionar o R2.
Após recrutar mais 1 herói, teremos mais 3 opções que seriam fases, ou andares, podemos escolher o que vamos ganhar ao concluir a fase seguinte, chance de recrutar um novo herói, basicamente aleatório, mas geralmente será um “aleatório” dentro de alguns heróis específicos, geralmente os que se encaixam em algum elemento, aqui chamados de emblemas, como fogo, velocidade, força, vigor e etc.
Isso vai fortalecer tal emblema de nosso herói e se formos sempre pegando heróis do mesmo “grupo” vamos fortalecer o mesmo, que pode gerar efeitos como congelar inimigos, causar esquivas mais rápidas, causar dano cortante (sangramento), danos de fogo e etc. Alguns heróis, por sua vez, ganham bônus por estarem com colegas de equipe, grupo, período, associação ou seja lá o que for, algo que seja um vínculo entre eles. Os guerreiros associados a Nobunaka Oda, por exemplo, vai aumentar o dano cortante contra os inimigos e vão se fortalecendo entre si, então ao invocamos os grupos de heróis para nos ajudar, eles serão mais poderosos juntos do que no começa quando estão sozinhos.
Dentro de cada fase ainda podem surgir missões especiais como derrotar uma quantidade X de inimigos que vão nos dar bônus, como aumentar defesa, ataque, ou nos dar alguma das duas “moedas” que temos aqui e lá vamos para mais uma explicação.
Karma Embers (chamas de karma) servem para desbloquear conteúdos no Hall of Bonded Souls, uma loja disponível no menu principal, onde poderemos adquirir novos guerreiros e formações, A forma como nosso aliados irão aparecer quando forem invocados para dar o golpe final especial. Essas formações vão nos dar bônus, aumentar algum atributo permanentemente e também algumas podem ativar bônus que vão subindo conforme vamos adquirindo novos heróis de determinada facção, ou que sejam do elemento da formação.
Cada qual conta com suas respectivas explicações, mas como está tudo em inglês, o que talvez acabe complicando para quem lide bem com o idioma do jogo. Além disso, suas Karman Embers não são perdidas em caso de derrota, e vão se acumulando. Então juntar a quantidade necessária para comprar tudo não é algo tão impossível quanto parece ao primeiro acesso ao Hall of Bonded Souls.
Tears of Blood (lágrimas de sangue) por sua vez são adquiridos de várias formas, derrotando inimigos cumprindo missões ou como um bônus inicial (depois de certo progresso sempre começaremos com 2 mil destes). Eles são usados nos caldeirões que são lojas entre as fases, ao acessá-las você pula uma fase e pode adquirir novos companheiros, novas formações (você estará adquirindo elas apenas para a jogada atual, mas para que elas estejam disponíveis para compra você deverá desbloquear as mesmas no Hall of Bonded). Todas as suas Tears of Blood, que não forem usadas, serão perdidas ao final de cada partida.
A diferença para outros jogos nesse estilo, como o próprio Vampire Survivors, é que aqui os inimigos tem fim, eles vão surgindo, mas após você derrotar a quantidade exigida na fase, todos os restantes desaparecem e você pode seguir adiante. Temos aqui 4 áreas distintas e cada uma delas é composta por 8 “fases” e após concluir elas teremos o chefe de área.
Caso você opte por visitar a loja entre as fases, que vai usar Tears of Blood como moeda, você vai acabar pulando 1 fase, então nem todas as vezes você vai jogar 8 especificamente. A pegada aqui é que se você morrer no chefe ou na fase após o chefe, terá que jogar tudo novamente, não tem save entre as áreas do jogo, então prepare-se para jogar 32 fases e encarar 4 chefes até chegar ao confronto contra Gouma.
Reiterando, se você perder em qualquer momento dentro dessas 32 fases, ou em qualquer um dos 4 chefes, vai ter que fazer tudo novamente. Sim, é aí que mora a dificuldade! Em média uma jogada completa, incluindo todos os chefes, leva em torno de 1 hora, a sua derrota não será totalmente em vão pois seu personagem vai subir de level e seus atributos também, então mesmo perdendo você estará chegando cada vez mais próximo da vitória. Bônus comprados na loja vão se acumulando, então quanto mais comprar itens da loja mais próximo estaremos de dar um fim de vez em Gouma.
Obviamente os chefes, são projetados para serem substancialmente mais desafiadores, e é aqui que Warriors: Abyss mostra seus dentes roguelike. Você quase certamente irá falhar em várias tentativas no primeiro chefe, mas depois você terá a chance de usar os recursos que coletou para fortalecer seu personagem e, eventualmente, você será capaz de ficar de igual para igual com o chefe. É uma rotina, sim, mas é um loop agradável o suficiente para lhe fazer jogar mais uma vez antes de largar o controle.
E já que mencionei o controle… estes são os básicos de jogos musou. Joguei a versão do PS5, mas temos botões específicos para o ataque normal, o ataque carregado, ataque musou (individual), a esquiva (evasão) e o ataque assemble (o golpe musou composto pelos seus 6 mais poderosos guerreiros, sendo respectivamente os que estão com você na formação), lembrando que cada ataque musou (individual e em grupo) possui sua própria barra de musou que vai enchendo o longo das batalhas.
Após algumas jogadas e algumas compras na “lojinha”, poderemos invocar heróis da formação individualmente para darem um golpe musou exclusivo deles usando o botão R1 (gatilho superior direito), eles também podem aparecer por conta própria para lhe dar uma ajuda conforme conseguimos sequências de ataques consecutivos.
Então prepare-se para amassar e muito os botões do seu controle, mas fica uma dica, desviar nem sempre é sinônimo de fraqueza, às vezes desviar é uma pausa para retornar a batalha com maiores chances e com mais sangue nos olhos. Você vai agir instintivamente e rapidamente, principalmente nas fases finais onde teremos que derrotar 1 mil inimigos para prosseguirmos na jornada.
Visualmente dentro do esperado
Não que os jogos do estilo musou se destacam por terem gráficos ultrarrealistas, até porque o que os caracteriza é justamente conseguirem mostrar centenas de inimigos na tela ao mesmo tempo, e é isso que Warriors: Abyss faz.
Sua apresentação visual é simplificada o máximo possível. Lembrando que temos apenas 4 temáticas/biomas de fases diferentes e não temos uma trilha sonora memorável também. Mas não vejo isso como um problema terrível, até porque com a loucura do campo de batalha e com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, você dificilmente vai arranjar tempo para ficar admirando a paisagem por mais do que alguns segundos.
No PlayStation 5 é tudo rápido o suficiente para não ter telas de loadings carrancudas que demoram para passar, tudo flui naturalmente, mas na versão do Nintendo Switch parece que as coisas ficam mais lentas entre uma fase e outra pelo que andei observando nos sites, o que também não é nenhuma surpresa considerando o hardware do híbrido console.
Considerações finais
Sendo bem sincero, não sou particularmente muito fã de roguelikes, com exceção de Vampire Survivors, pois acho que perder tudo toda vez é chato pra caramba e nunca sabemos quanto tempo vamos levar para jogar até morrer em si. Mas aqui temos um jogo que me prendeu, os personagens são poderosos, tem golpes espalhafatosos e após derrotar Gouma uma vez, parece que as coisas ficam mais acessíveis e dá gosto jogar mais vezes e conseguir derrotar ele mais vezes com novos personagens.
Você não perde exatamente o seu progresso, pois um personagens com o qual você venceu Gouma vai fornecer bônus maiores caso você consiga recrutar ele como membros da sua formação mesmo estando controlando outro personagem, então você vai querer recrutar aqueles com os quais já terminou o jogo anteriormente. Justamente enquanto experimente outros personagens ainda não testados, o que ainda em muito o valor de replay da experiência proposta.
O Rei Enma também deixa claro que devemos derrotar Gouma várias vezes para prender ele de vez no sono profundo, mas quantas vezes será que são necessárias? Nas conquistas e troféus temos uma que é adquirida ao derrotar Gouma 20 vezes. Será que esse é o número necessário para derrotar ele de vez? Pois é, estou tentando conseguir derrotá-lo 20 vezes para descobrir, mas isso vai demorar um pouco. E não estou nem um pouco preocupado com isso, aliás estou até gostando, pois isso vai fazer com que eu jogue o jogo mais vezes.
E saber que em média cada partida leva em torno de 1 hora para derrotar tudo, é de grande ajuda no planejamento do que poderei jogar no dia. Porque ser adulto tem desta as vezes, o tempo fica contra a gente, e se perder num roguelike que não sabe lhe recompensar nem sempre é agradável. Felizmente, no caso de Warriors: Abyss, os desenvolvedores colocaram isso em reflexão e conseguiram que cada partida, vencida ou perdida, tenha seu valor ao jogador. Ufa!
Galeria
Dando nota
Mais de 100 personagens para escolher - 9
Começa e continua difícil, mas o jogador vai ficando melhor a cada jogada - 9
Possibilidade de milhares de construções diferentes para a sua jornada - 9
História muito básica e sem desenvolvimento - 7
Demora um pouco para literalmente engrenar - 7
Combate no estilo musou é facilmente assimilado pelo jogador - 8
Visualmente básico e simples - 7
8
Bacana
Warriors: Abyss me veio como um presente após ter jogado Dynasty Warriors: Origins, e apesar de estar moendo meu controle, com certeza é um jogo para se jogar todo dia um pouco, nem que seja apenas para descarregar as possíveis frustrações da vida e das correrias do dia a dia adulto. Um roguelike que dá satisfação de evoluir de pouquinho a pouquinho, após cada partida, apresentando um elenco enorme de personagens únicos e incontáveis possibilidades de equipes de suporte. Essencial para qualquer fã desse universo musou.